Lição 9
22 a 28 de novembro
Herdeiros das promessas, prisioneiros da esperança | 4º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: JZ 9
Verso para memorizar: “Voltem para a fortaleza, ó prisioneiros da esperança! Também hoje anuncio que lhes restituirei tudo em dobro” (Zc 9:12).
Leituras da semana: Gn 3:17-24; Dt 6:3; Js 13:1-7; Hb 12:28; Lv 25:1-5, 8-13; Ez 37:14, 25

Os capítulos 13 a 21 de Josué contêm longas listas de fronteiras e divisões de terras destinadas às tribos de Israel. Para muitos leitores de hoje, essas descrições podem parecer irrelevantes, mas elas têm um significado teológico importante. Essas listas mostram que a Terra Prometida não era apenas uma ideia distante, mas uma promessa concreta e real. Deus queria ensinar aos israelitas que o território prometido era algo tangível, e eles precisavam agir com fé para tornar essa promessa uma realidade.

A terra seria dada aos israelitas como herança, um presente que cumpria a promessa feita por Deus a seus antepassados: “Eis aqui a terra que Eu pus diante de vocês; entrem e tomem posse da terra que o Senhor, com juramento, deu a seus pais, a Abraão, Isaque e Jacó, a eles e à sua descendência depois deles” (Dt 1:8).

Nesta semana, vamos explorar alguns conceitos teológicos relacionados à Terra Prometida e refletir sobre sua relevância espiritual para aqueles que, hoje, confiam nas promessas de Deus em Jesus.

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Domingo, 23 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 10
Éden e Canaã

1. Leia Gênesis 2:15; 3:17-24. Quais foram as consequências da queda em relação à duração de vida do primeiro casal?

Na criação, Deus colocou Adão e Eva em um ambiente perfeito, repleto de abundância e beleza. O casal conheceu seu Criador em um lugar que supria todas as suas necessidades físicas. Além da palavra falada de Deus, o jardim do Éden servia como um centro de aprendizado, onde adquiriram uma compreensão profunda do caráter divino e da vida que o Senhor desejava para eles. No entanto, ao quebrar o relacionamento de confiança com o Criador, essa conexão com o jardim também se desfez e, como consequência, tive-ram que deixá-lo. Perderam o território que Deus havia confiado a eles. O jardim do Éden passou a simbolizar a vida abundante, uma imagem que redescobriremos no tema da Terra Prometida.

2. Como os patriarcas entendiam a promessa da Terra Prometida? Leia Gênesis 13:14, 15; 26:3, 24; 28:13. O que significa, para nós adventistas, viver como herdeiros das promessas? Hb 6:11-15

Quando Abraão chegou ao território que Deus lhe havia indicado, aquele lugar, pela fé, tornou-se a Terra Prometida para ele e seus descendentes. No entanto, por 400 anos, essa terra permaneceu apenas como promessa. Os patriarcas não chegaram a possuí-la de fato; não tinham posse que pudessem passar para seus filhos como herança. A terra pertencia a Deus, assim como o jardim do Éden Lhe pertencia. Da mesma forma que Adão e Eva não fizeram nada para merecer o Éden, Israel também não fez nada para merecer aquele território. A Terra Prometida foi um presente de Deus, fruto de Sua iniciativa. Israel não tinha nenhum direito natural ou reivindicação sobre a posse da terra (Dt 9:4-6); somente pela graça de Deus poderiam desfrutá-la.

Os patriarcas eram herdeiros das promessas até que elas se cumprissem. Da mesma forma, como seguidores de Cristo, herdamos promessas ainda maiores (Hb 8:6), que se realizarão se formos “imitadores daqueles que, pela fé e pela paciência, herdam as promessas” (Hb 6:12).

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Segunda-feira, 24 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 11
A terra como dádiva

3. Leia Êxodo 3:8; Levítico 20:22; 25:23; Números 13:27; Deuteronômio 4:1, 25, 26; 6:3; Salmo 24:1. Qual era o relacionamento especial entre Deus, Israel e a Terra Prometida?

No aspecto mais básico, o território oferece à nação uma identidade física. Ao definir sua localização, ele também determina a profissão e o modo de vida do povo. Por outro lado, os escravos não possuem raízes e não pertencem a lugar algum; outra pessoa se beneficia do fruto de seu trabalho. Ter um território significa liberdade. A identidade do povo escolhido estava profundamente conectada à sua permanência na terra.

Havia uma relação especial entre Deus, Israel e a terra. Israel recebeu a terra de Deus como um presente, não como um direito inalienável. O povo escolhido só poderia habitar na terra enquanto mantivesse uma aliança com Yahweh e seguisse os preceitos dessa aliança. Em outras palavras, eles não poderiam desfrutar a terra e suas bênçãos sem a aprovação divina.

Além disso, a terra funcionava como uma janela pela qual Israel tinha uma visão mais ampla de Deus. Viver ali lhes recordava constantemente de que Deus era fiel, cumpria Suas promessas e era digno de confiança. Nem a terra, nem Israel existiriam sem a iniciativa divina, que era a base de sua existência. No Egito, eles dependiam do Nilo e de sistemas de irrigação, aliados ao trabalho árduo, para garantir as colheitas necessárias à sua subsistência. Canaã, no entanto, era diferente. Lá, a prosperidade das colheitas dependia da chuva, e apenas Deus controlava o clima. Dessa forma, a terra reforçava a lembrança da contínua dependência de Israel em relação a Deus.

Embora Israel tenha recebido a terra como um presente de Yahweh, em última análise, Deus permanecia o verdadeiro dono. Como Senhor de toda a criação (Sl 24:1), Yahweh tinha o direito de dar a terra a Israel ou retirá-la. Se Deus é o proprietário, os israelitas – e, por extensão, todos os seres humanos – são apenas estrangeiros e peregrinos. Em outras palavras, somos hóspedes permanentes de Deus em Seu mundo.

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À luz de 1 Pedro 2:11 e Hebreus 11:9-13, o que para você significa viver como um estrangeiro e peregrino, aguardando a cidade cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus?
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Terça-feira, 25 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 12
O desafio da terra

4. Leia Josué 13:1-7. Embora a terra de Canaã tenha sido um presente de Deus, quais foram alguns dos desafios enfrentados ao tomar posse dela?

Considerando que os israelitas viveram como escravos por séculos, suas habilidades militares eram limitadas para conquistar a Terra Prometida. Mesmo os egípcios, com seus exércitos treinados e bem armados, não conseguiram ocupar Canaã de forma duradoura. A conquista total da região foi impossível para eles devido às cidades muradas, que eram praticamente intransponíveis. Agora, uma nação composta por ex-escravos enfrentava a tarefa desafiadora de conquistar uma terra que seus antigos senhores não conseguiram dominar. Se algum dia eles conquistassem essa terra, seria unicamente pela graça de Deus, e não por seus próprios esforços.

Os capítulos 13 a 21 de Josué tratam da divisão da terra entre as diversas tribos de Israel. Essa distribuição não apenas indicava o que lhes era concedido, mas também destacava o que ainda precisava ser ocupado dentro daquele território. Os israelitas tinham a promessa de viver com segurança na herança que Deus lhes estava proporcionando. Eles eram, na verdade, inquilinos legítimos da terra que pertencia ao Senhor. Entretanto, a iniciativa de Deus precisava ser acompanhada por uma resposta ativa da parte deles. A primeira metade do livro narra como Deus entregou a terra ao desapropriar os cananeus; a segunda metade relata como Israel tomou posse da terra ao colonizá-la.

Essa complexidade da conquista ilustra o processo da salvação. Assim como Israel, não podemos fazer nada para conquistar nossa salvação (Ef 2:8, 9). Ela é um presente de Deus, assim como a terra era uma dádiva, fundamentada no relacionamento de aliança que Israel tinha com Ele. Isso, sem dúvida, não se baseava em seus próprios méritos (ver Dt 9:5).

Contudo, para que os israelitas pudessem desfrutar desse presente divino, era necessário que assumissem todas as responsabilidades que vinham com a vida na Terra Prometida. Essa dinâmica é semelhante ao processo de santificação que vivenciamos, resultado da nossa obediência de amor, como cidadãos do reino de Deus. Embora os dois processos não sejam idênticos, existem paralelos entre receber a terra pela graça e receber a salvação pela graça. Fomos agraciados com um presente maravilhoso, mas é algo que podemos perder se não cuidarmos dele com responsabilidade e vigilância.

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De que maneira os cristãos hoje enfrentam desafios semelhantes aos que surgiram durante a ocupação da Terra Prometida? (Leia Fp 2:12, Hb 12:28.)
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Quarta-feira, 26 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 13
O ano do jubileu

A Terra Prometida era tão essencial para a identidade de Israel como povo de Deus que não poderia ser dividida de maneira ampla e sem critérios. Sua repartição precisava ser feita entre tribos, clãs e famílias (Nm 34:13-18) para garantir que não ficasse nas mãos de algumas elites dominantes.

5. Leia Levítico 25:1-5, 8-13. Qual era o propósito do ano sabático e do ano do jubileu?

Ao contrário do Egito, onde as pessoas frequentemente perdiam suas terras e se tornavam servas do faraó, o propósito de Deus para os israelitas era garantir que eles nunca ficassem em uma situação de desvantagem permanente. A terra que cada família recebia não poderia ser possuída por ninguém de fora do seu clã ou família original. Na verdade, segundo o plano de Deus, a terra não poderia ser vendida; ela só poderia ser arrendada, e seu valor seria determinado com base nos anos restantes até o próximo ano do jubileu. Isso significava que, se alguém tivesse que “vender” sua propriedade familiar, seus parentes tinham a responsabilidade de resgatá-la antes do jubileu (Lv 25:25).

A forma como a terra foi distribuída nos ajuda a entender melhor a intenção no coração de Deus. Como nosso Pai celestial, Ele queria que Seus filhos fossem generosos com os que estavam em dificuldade, permitindo que as terras sus-tentassem todos a cada sete anos. O ano sabático aplicava a ideia do descanso do sábado em uma escala maior. Além de valorizar e encorajar o trabalho duro, a propriedade da terra exigia que as pessoas se respeitassem e cuidassem umas das outras, especialmente em tempos de dificuldade financeira.

As leis sobre a propriedade da terra ofereciam a cada israelita a chance de se libertar de situações opressivas, herdadas ou causadas por escolhas erra-das, e de ter um novo começo.

No fundo, essas leis transmitiam uma das verdades mais importantes sobre o propósito do evangelho: eliminar as divisões entre ricos e pobres, empregadores e empregados, privilegiados e desfavorecidos, reconhecendo que todos precisamos da graça de Deus.

Infelizmente, Israel não seguiu o padrão estabelecido por Deus e, após séculos, as advertências de Deus se tornaram realidade (2Cr 36:20, 21).

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Como os princípios da distribuição de terras israelitas e do sábado podem nos lembrar que, aos olhos de Deus, todos nós somos iguais? De que maneira o sábado pode nos ajudar a evitar os ciclos de exploração e compulsão do consumismo que assolam muitas sociedades?
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Quinta-feira, 27 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 14
A terra restaurada

6. Leia Jeremias 24:6; 31:16; Ezequiel 11:17; 28:25; 37:14, 25. Qual era a promessa de Deus a respeito do retorno de Israel à Terra Prometida e de que forma ela se concretizou?

Durante o exílio em Babilônia, os israelitas enfrentaram não apenas a dolorosa realidade de não ter raízes, mas também a promessa de que seu relacionamento com Deus – embora concretizado pela promessa da terra – não estava condicionado nem limitado à posse física dela. Quando confessaram seus pecados, se arrependeram e buscaram o Senhor de todo o coração, Deus cumpriu Sua promessa e os trouxe de volta à sua terra como um sinal de restauração. Ou seja, Ele ainda era seu Deus, mesmo na ausência da terra.

Entretanto, a promessa de Israel de possuir a terra para sempre era condicional (Dt 28:63, 64; Js 23:13, 15; 1Rs 9:7; 2Rs 17:23; Jr 12:10-12). Da mesma forma, a promessa de reassentamento e prosperidade na terra após o exílio também dependia de condições. Ao mesmo tempo, os profetas do AT apontaram para uma restauração que seria trazida pelo futuro Rei descendente de Davi (Is 9:6, 7; Zc 9:9, 16). Essa promessa se concretizou na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, em quem se cumprem todas as promessas feitas ao antigo Israel.

Embora o NT não mencione diretamente a Terra Prometida, ele afirma que as promessas de Deus se realizaram em Jesus Cristo e por meio Dele (2Co 1:20; Rm 15:8). Assim, à luz de Cristo, a Terra Prometida é reinterpretada e se torna um símbolo das bênçãos espirituais que Deus planeja conceder ao Seu povo fiel, tanto agora quanto na eternidade (Ef 2:6).

O cumprimento final da promessa divina de descanso, abundância e bem-estar na Terra Prometida ocorrerá na nova Terra, livre do pecado e de suas consequências. Nesse sentido, como cristãos, nossa esperança se fundamenta na promessa de Cristo de que Ele voltará e, após um período de mil anos no Céu, estabelecerá Seu reino eterno na Terra renovada. Esse será o cumprimento final de todas as promessas relacionadas à Terra Prometida.

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Leia João 14:1-3; Tito 2:13 e Apocalipse 21:1-3. Qual é a esperança final apresentada nesses versos e de que maneira a morte de Jesus assegura o cumprimento dessa esperança?
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Sexta-feira, 28 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 15
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 555-560 (“A vitória do amor”).

“Seremos salvos eternamente quando entrarmos pelas portas para a cidade. Então poderemos nos regozijar de estar salvos, eternamente salvos. Até então, porém, precisamos atender à exigência do apóstolo, e temer ‘que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás’ (Hb 4:1). Ter certo conhecimento de Canaã, cantar os hinos de Canaã, regozijar-se na perspectiva de entrar em Canaã, não levou os filhos de Israel às vinhas e olivais da Terra Prometida. Eles só os podiam tornar realmente seus pela ocupação, cumprindo as condições, exercendo fé viva em Deus, apoderando-se de Suas promessas” (Ellen G. White, Para Conhecê-Lo [CPB, 1965], 5 de junho).

“Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada ‘pátria’ (Hb 11:14-16). Ali o Pastor celestial conduz Seu rebanho às fontes de água viva. [...] Ali as extensas planícies se expandem na direção de lindas colinas, e as montanhas de Deus erguem seus majestosos cumes. Nessas planícies pacíficas, ao lado daquelas correntes cristalinas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 558).

Perguntas para consideração

1. Pense na Terra Prometida como um símbolo da vida abundante que Cristo prometeu a Seus seguidores em João 10:10. Como os benefícios de viver na Terra renovada mostram as bênçãos da salvação?

2. A cidadania influencia o estilo de vida? O que significa viver como parte do reino de Deus?

3. Muitas vezes, ficamos decepcionados por promessas não cumpridas, até mesmo as que fazemos a nós mesmos. Por que podemos confiar nas promessas de Deus?

4. Como a promessa da nova Terra pode se tornar parte do nosso futuro de forma real e concreta, mesmo agora?

Respostas às perguntas da semana: 1. Após a queda, a duração da vida humana foi progressivamente reduzida, marcando o início do processo de degeneração física e espiritual. 2. Os patriarcas entendiam a promessa da terra como aliança eterna, e nós, como adventistas, vivemos como herdeiros espirituais dessa promessa, aguardando “uma pátria superior, isto é, celestial”. 3. A Terra Prometida estava envolvida no relacionamento entre Deus e Seu povo. A terra era dádiva de Deus, mas permanecia Sua propriedade, exigindo fidelidade de Israel como condição para habitá-la. 4. A conquista foi progressiva, com desafios incluindo territórios não dominados, nações hostis e a necessidade de distribuição equitativa entre as tribos. 5. O ano sabático e o ano do Jubileu ensinavam dependência de Deus, justiça social e restauração da herança familiar – princípios do reino de Deus. 6. As promessas de retorno foram cumpridas parcialmente após o exílio, mas apontam para a restauração escatológica sob o Messias, que serão plenamente realizadas no reino eterno.

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Resumo da Lição 9
Herdeiros das promessas, prisioneiros da esperança | 4º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Zc 9:12

FOCO DO ESTUDO: Gn 3:17-24; Dt 6:3; Js 13:1-7; Hb 12:28; Lv 25:1-5, 8–13; Ez 37:14, 25

ESBOÇO

Introdução: As Escrituras enfatizam a conexão entre o povo de Deus e a terra, do começo ao fim. A terra é um tópico importante no estudo das primeiras coisas (protologia) e das últimas coisas (escatologia). A dimensão teológica da terra foi examinada da perspectiva da conquista. Na parte central do livro de Josué, após descrever a tomada inicial da terra, o autor lida com a divisão da terra entre as 12 tribos. Embora alguns leitores possam achar os detalhes geográficos tediosos, eles são cruciais para transmitir a mensagem do livro, demonstrando como Deus estava cumprindo a promessa feita aos antepassados de Israel.

Neste contexto, a terra era um espaço literal e físico, em que Israel poderia escrever um novo capítulo. No entanto, à medida que a história da redenção se desenrola, o caráter tipológico da terra se torna mais aparente. Depois de centenas de anos, a própria nação de Israel enfrentava o exílio, e a esperança de um retorno era despertada durante o cativeiro babilônico. Judá retornou à terra, mas não encontrou descanso permanente. Tal descanso podia ser encontrado apenas nas realizações do Messias. Em Jesus, a realidade presente do descanso espiritual não anulava o futuro retorno literal ao lar, quando o povo de Deus possuir á a terra novamente. Em Jesus, a realidade atual do descanso espiritual não nega o futuro retorno literal à terra. Enquanto isso, estamos exilados de nosso lar, viajando em direção à nossa terra real que é definida, não por limites geográficos, mas pela habitação de Deus entre Seu povo.

COMENTÁRIO

A teologia da terra: entre a criação e a nova criação

O gráfico a seguir resume a teologia bíblica da terra de Gênesis a Apocalipse:

lição

No plano original de Deus, a humanidade foi projetada para subjugar a terra (Gn 1:28) e habitar em um lugar de prazer eterno chamado jardim do Éden (Gn 2:8), onde Adão e Eva poderiam desfrutar o contato direto com o Criador (Gn 3:8). Nesse estado sedentário, eles desfrutariam a vida eterna, condicionada à sua lealdade ao Senhor. No entanto, o pecado interrompeu esse plano original, levando ao primeiro deslocamento na história humana. Sob juízo, Adão e Eva experimentaram o exílio, saindo do jardim (Gn 3:23, 24). De um ponto de vista teológico, o movimento do lugar projetado por Deus marcou a consequência da desobediência. Nesse sentido, Adão e Eva se tornaram também os primeiros refugiados espirituais, vivendo como nômades, esperando para retornar à sua terra.

O primeiro sinal de um possível retorno apareceu no chamado de Abraão, no qual Deus lhe ordenou: “Saia da sua terra […] e vá para a terra que Eu lhe mostrarei” (Gn 12:1). Na história da salvação, a importância do chamado de Abraão pode ser apreciada somente quando se percebe que ele marcou uma transição do juízo para a promessa. Embora a família de Abraão tenha permanecido nômade por vários séculos, sua obediência deu início a uma jornada em direção à Terra Prometida. Ao longo do caminho, Abraão experimentou períodos de exílio, deixando temporariamente a terra e retornando mais tarde (Gn 12:10-20; Gn 20:1-17). Da mesma forma, seus descendentes também passaram por ciclos de saída e retorno, como quando se tornaram refugiados no Egito e, mais tarde, escravos, até que Deus interveio em seu favor (Êx 6:5). Jacques Doukhan enquadra adequadamente o significado teológico dessas jornadas nômades: “Por meio das jornadas nômades da família-semente – nunca chegando, nunca plenamente satisfeita, sempre ansiando por um lar –, o livro de Gênesis pulsa com a vibração da esperança. Apesar de experimentarem as bênçãos divinas, evidências do fiel cumprimento das promessas de Deus, Adão, Noé e os patriarcas continuaram a esperar pela vitória definitiva de Deus sobre o mal e a morte. Somente essa vitória poderia restaurálos, assim como a nós e toda a criação, ao Jardim do Éden” (Doukhan, Gênesis, The SDA International Bible Commentary [Nampa, ID: Pacific Press; Silver Spring, MD: Review and Herald, 2016], p. 37). 

A peregrinação de 400 anos dos descendentes de Abraão culminou na jornada de 40 anos pelo deserto, durante a qual o discurso final de Moisés, registrado em Deuteronômio, preparou Israel para a transição da promessa à restauração, de um estado nômade para um estado sedentário. Sob a liderança de Josué, Israel retornou à terra de Deus. No entanto, esse retorno não implica que Canaã seja a localização literal do jardim do Éden. A terra de Deus não é definida por limites geográficos, mas pela presença divina em seu meio (Êx 25:8; Êx 33:14).

Assim, o livro de Josué também marcou uma transição importante na história da salvação, quando o povo de Deus deveria subjugar a terra e desfrutar o descanso. Infelizmente, em apenas uma geração, Israel começou a viver em desobediência, e seu domínio sobre a terra se tornou tênue (Jz 2:10-15). Do tempo descrito no livro de Josué até 2 Reis, Israel lutou a maior parte do tempo para manter o controle sobre a terra. Perto do fim desse período, Deus enviou profetas para alertar Seu povo sobre o juízo iminente por causa da quebra da aliança, mas ele não ouviu (Jr 7:23-27). Sob juízo, Israel e Judá foram exilados do lugar que Deus havia projetado para eles (2Rs 17:7-40; 2Rs 25:1-26). Durante o exílio, eles se tornaram nômades mais uma vez, deixando a terra e indo na direção oposta à de Abraão (Sl 137).

No entanto, o exílio não deveria durar mais do que 70 anos (Jr 25:11, 12). Nos livros proféticos, a promessa de um retorno estava intimamente ligada à mensagem imutável de juízo. Esse retorno era equivalente a uma nova criação (Is 65:17), com conotações edênicas (Is 51:3; Ed 36:35). As duas figuras mosaicas de Esdras e Neemias levariam o povo de Deus de volta a Canaã, com a promessa de que Deus abençoaria seus esforços para restaurar Jerusalém. Da Babilônia, agora uma província persa, o povo de Deus fez uma peregrinação em direção à terra (Ed 1; Ne 2). Apesar de encontrar forte oposição (Ed 4), o povo finalmente conseguiu reconstruir Jerusalém (Ne 11; 12). No entanto, durante todo o processo, Esdras e Neemias precisaram lutar contra a apostasia que atormentava o povo de Israel (Ed 10, Ne 13). Apesar do reavivamento inicial e da reforma espiritual, a posse da terra tornou-se incerta mais uma vez, e os judeus que retornavam enfrentaram tempos difíceis sob opressão estrangeira durante o período intertestamentário.

Com a vinda do Messias, a luz brilhou novamente. O primeiro verso do NT mostra que Jesus representava um novo começo para a humanidade (Mt 1:1). Jesus veio para vencer onde Adão havia sido derrotado. A rejeição de Cristo à oferta do diabo de dar a Ele todos os reinos da terra não significa que Jesus não conquistaria esses reinos, mas simplesmente mostra que Ele os conquistaria à maneira de Deus (Mt 4:8-10). Como um novo Adão, Ele Se tornou o governante de todas as nações cujo reino não passará (1Co 15:22-26). Essa universalização da terra é evidente no conceito do reino de Deus, que Jesus inaugurou. Essa ideia não é uma espiritualização nem uma reinterpretação do conceito de terra do AT. Na verdade, ela está em sintonia com o aspecto universal da aliança abraâmica já evidente no contexto original (Gn 12:3; Gn 17:6, 16). O que o NT faz é explicar quando e como as promessas seriam cumpridas. 

A inauguração do reino de Deus por meio de Jesus introduziu uma tensão que nem sempre era clara no AT. Embora Cristo tenha trazido a restauração definitiva, Seu povo ainda permanece em peregrinação. De certa forma, os seguidores de Cristo já pertencem ao Seu reino, pois Deus “juntamente com Ele nos ressuscitou e com Ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2:6). No entanto, Seus discípulos ainda eram nômades em um mundo ao qual não pertenciam (Jo 17:11-19), esperando o cumprimento da promessa em sua forma consumada.

A experiência nômade do povo de Deus em direção ao seu lugar de descanso definitivo termina na Nova Jerusalém. Essa peregrinação é claramente descrita não apenas como um retorno à Terra Prometida, modelada de acordo com a história do Êxodo, mas também como um retorno ao Éden. O rio da vida flui pelo meio da cidade, regando a árvore da vida, que é acessível a todas as nações. Como no Éden, não há espaço para a maldição do pecado e da morte, e Deus mais uma vez reside com Seu povo (Ap 22:1-5). Aqui, a história da redenção retorna para onde começou. No centro de tudo está a cruz, onde o Messias garantiu a passagem de volta com Seu sangue. O novo Adão é Aquele que trará Seus filhos refugiados de volta para casa. Ah, que dia glorioso será esse!

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Terra e esperança

No contexto bíblico, terra e esperança estão intrinsecamente conectadas. Essa conexão é evidente em Zacarias 9:12, em que Deus convida os “prisioneiros da esperança” a retornar. Esses indivíduos estavam esperando por esse chamado durante os longos anos de exílio, e finalmente havia chegado a hora de retornarem a Jerusalém.

1. De modo pessoal, o que a imagem de “prisioneiro da esperança” transmite para você? 

2. Que paralelos você encontra entre a experiência dos exilados na Babilônia e sua experiência espiritual, particularmente no contexto da iminente segunda vinda de Jesus?

Esperança, amor e fé

Agostinho de Hipona disse: “Não há amor sem esperança, nem esperança sem amor, nem amor nem esperança sem fé” (Agostinho de Hipona, The Enchiridion: On Faith, Hope, and Love [Washington, D.C.: Gateway, 1996], p. 9). Esses três elementos também aparecem juntos na canção escrita por Benjamin Gaither, Jeff Silvey e Kim Williams.

Sou prisioneiro da esperança, preso pela fé Algemado ao Teu amor, cercado pela graça Sou livre para partir, mas jamais irei 

Maravilhosamente, voluntariamente,

Livremente, prisioneiro da esperança.

(The Gaither Vocal Band, “Prisoner of Hope” [Prisioneiro da Esperança, em tradução livre], 2008).

De que forma você vê a relação entre esperança, amor e fé em sua jornada espiritual?

Vivendo como refugiado

De acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, há aproximadamente 44 milhões de refugiados no mundo todo. A maioria deles foi forçada a fugir de seus países por causa da violência, instabilidade política e guerra. Na lei do AT, a experiência de Israel como estrangeiro no Egito deveria impactar o modo pelo qual os israelitas deveriam tratar os peregrinos entre eles (Êx 23:9).

De que modo sua própria experiência como peregrino espiritual deve impactar a maneira como você lida com os refugiados hoje?

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Aventura no Equador

Chile | Maria

Maria embarcou em uma nova jornada de fé depois que sua irmãzinha, Angel, se recuperou do câncer de fígado. Ela acreditava que o Deus dos adventistas do sétimo dia havia respondido suas orações, e ela e sua família se uniram à Igreja Adventista.

Mas entrar para a igreja não parecia ser suficiente. Deus havia feito muito por ela, e ela queria fazer algo a mais por Ele.

Maria estava ajudando crianças em situação de risco como assistente social no Chile. Era um bom trabalho, ela recebia um bom dinheiro e tinha bons amigos.

Certo dia, um amigo perguntou: “Você gostaria de se mudar para outro país para trabalhar como missionária?”.

O amigo convidou Maria para se inscrever no Serviço Voluntário Adventista, o programa mundial da Igreja para voluntários missionários.

Então, Maria participou de um congresso de jovens adventistas onde o orador também fez um apelo para os missionários.

Maria não podia recusar. Ela orou: “Aqui eu estou. Envia-me, Senhor”.

Maria encontrou-se servindo por um ano com o Serviço Voluntário Adventista no Equador. Ela deveria usar sua experiência no serviço social para aconselhar crianças e dar aulas em uma escola adventista em Santo Domingo, a quarta maior cidade do Equador.

No início, foi difícil para Maria se adaptar à vida em um novo país. Ela sentia muita falta de seus pais e de suas duas irmãs.

Ela também lutou para se adaptar ao ambiente. Equador e Chile estão no mesmo continente sul-americano, mas eles parecem mundos separados. Por um lado, ela achou as refeições equatorianas saborosas, mas muito diferentes. No Chile, as pessoas comiam um café da manhã leve com iogurte, pão, chá e talvez frutas. No Equador, o desjejum consistia em arroz, feijão e banana frita. O grande desjejum equatoriano parecia mais um almoço para a missionária do Chile. 

E então, havia mosquitos. As pragas pareciam estar por toda parte. Maria usava repelente para mosquitos, mas parecia não ajudar. Picadas cobriam seu corpo.

O clima também era diferente. Maria também estava acostumada com os verões quentes e secos do Chile e os invernos frios. O Equador sempre foi tropical, com alta humidade e muita chuva.

Enquanto as semanas passaram, Maria começou a se ajustar ao novo ambiente, e ela amava servir a Deus na escola.

Muitas crianças da escola vinham de um povo indígena conhecido como Tsáchila, que significa “povo verdadeiro”. Os homens indígenas tingiam o cabelo de laranja avermelhado e usavam saias pretas e brancas com listras na horizontal. As mulheres usavam saias de cores vivas com listras horizontais.

As crianças aprendiam sobre Jesus na escola e no clube de desbravadores da igreja. Então, elas iam para casa e ensinavam seus pais sobre o que tinham ouvido. Maria ficou maravilhada ao ver as crianças e seus pais se aproximando de Deus por meio de seu trabalho na escola.

As atividades de Maria foram muito além do ensino. Ela se juntou a um grupo da igreja que visitava um centro de reabilitação para alcoólicos todas as semanas. No centro, ela dava estudos bíblicos e brincava com as pessoas. Várias daquelas pessoas entregaram seus corações a Jesus através do batismo.

Maria também visitava regularmente um orfanato, onde contava histórias bíblicas e fazia encenação com as crianças.

À medida que o ano passava, Maria ficou surpresa ao ver que Deus estava revelando dons espirituais que ela não sabia que tinha. Ela compreendeu que tinha o dom de alcançar as mentes por meio do ensino, mas não havia percebido que também tinha o dom de alcançar os corações por meio da exortação (ver Romanos 12:6-8). Ela sempre foi tímida, mas agora estava aprendendo a falar sobre Deus na escola e em outros lugares. Ela compartilhou seu testemunho pessoal em várias igrejas. Ela contou como tinha orado para Deus salvar a vida de sua irmãzinha quando ela estava doente com câncer no fígado. Ela descreveu como Deus respondeu suas orações e ela e sua família passaram a fazer parte da Igreja Adventista. Maria ficou surpresa ao ver que um testemunho simples como o dela poderia mudar corações com a ajuda do Espírito Santo.

Foi difícil quando o ano acabou. Maria não queria ir embora do campo missionário. Mas então ela encontrou um novo campo de missão. Depois de voltar ao Chile, ela recebeu uma oferta de trabalho como orientadora e professora na Universidade Adventista do Chile. Ela ficou encantada!

“Cumpri a missão no Equador, e agora este é meu campo missionário”, disse ela.

Parte da oferta deste trimestre, também conhecida como oferta para projetos missionários, irá para a Universidade Adventista do Chile, onde Maria leciona. A universidade planeja abrir um centro de Serviço Voluntário Adventista que enviará 30 missionários a diferentes partes do mundo todos os anos. O centro terá cinco salas de aula para a formação de alunos missionários e um auditório com 250 lugares. Muito obrigado por planejar uma oferta generosa.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre a América do Sul e Chillán, Chile, no mapa.

•Tsáchila se pronuncia como: SA-chi-la.

•Faça o download das fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2025

Tema geral: Josué

Lição 9 – 22-28 de novembro

Herdeiros das promessas, prisioneiros da esperança

Autor: Volney da Silva Ribeiro

Editoração: Lucas Diemer de Lemos

Revisão: Rosemara Santos

 

Herança dos salvos

Em Zacarias 9:12, Deus convida Seus filhos a voltarem para a fortaleza, símbolo da Sua presença e proteção, mesmo quando se sentem prisioneiros das circunstâncias. A esperança, nesse contexto, não é simples otimismo, mas confiança viva em um Deus que restaura e cumpre o que promete. Assim também acontece em Josué: as longas listas de fronteiras e divisões da terra, aparentemente técnicas, tornam-se prova concreta de que o Senhor é fiel e que Suas promessas não falham. O que foi prometido a Abraão séculos antes se materializa diante do povo.

A Terra Prometida de Josué aponta para a herança eterna dos salvos. Cada fronteira, cada tribo e cada concessão de terra lembram que o plano de Deus é ordenado, justo e abrangente, e que há lugar para todos os que O seguem com fidelidade. O povo de Deus hoje é chamado a viver a mesma confiança, não em um território físico, mas na promessa da Nova Jerusalém, onde a restauração será completa.

Éden e Canaã: dádivas da graça

Éden e Canaã estão ligados por um fio teológico profundo: ambos representam o ideal de comunhão entre Deus e Seu povo. No Éden, Adão e Eva desfrutavam vida plena, livres de dor e de separação. O pecado, porém, trouxe a perda do jardim, o afastamento da presença divina e o início da mortalidade. O homem, criado para cultivar a terra em alegria, passou a lutar por ela em sofrimento. O Éden, então, tornou-se símbolo daquilo que foi perdido pelo pecado, mas também daquilo que Deus promete restaurar.

A Terra Prometida também foi uma dádiva da graça. Abraão e os demais patriarcas receberam a promessa de um território, mas o verdadeiro valor não estava no solo, e sim no relacionamento com o Deus da promessa. Eles viveram como peregrinos, sustentados pela fé em algo que ainda não possuíam. Tudo isso representa uma imagem da jornada espiritual dos crentes hoje. Para nós, ser “herdeiro das promessas” é viver com os olhos na Canaã celestial, certos de que Deus cumprirá Suas palavras no tempo certo.

Terra: símbolo da aliança e da soberania divina

A relação entre Deus, Israel e a Terra Prometida era profundamente espiritual. A terra, mais do que um espaço geográfico, era um sinal da aliança e um lembrete constante da soberania divina. Diferentemente das nações vizinhas, Israel dependia totalmente da fidelidade de Deus. Assim, tudo que lhes ocorria reafirmava que o Senhor era o verdadeiro dono da terra e que o povo só permaneceria nela enquanto vivesse em obediência.

Sob a luz do Novo Testamento, essa relação ganha uma dimensão espiritual ainda mais ampla. Como lembra 1 Pedro 2:11, o cristão é chamado a viver como estrangeiro e peregrino, consciente de que esta terra não é seu lar definitivo. Assim como os patriarcas habitaram em tendas, aguardando a cidade cujos fundamentos são eternos (Hb 11:10), também nós caminhamos rumo à Canaã celestial, a verdadeira herança do povo de Deus. Viver como peregrinos não é viver sem propósito, mas com o olhar fixo em um propósito superior e eterno. É reconhecer que tudo o que temos pertence ao Senhor e que estamos apenas administrando o que Lhe pertence, com gratidão, fidelidade e esperança.

Promessa e conquista

A narrativa de Josué 13:1 a 7 revela um aspecto teológico essencial: a promessa de Deus é perfeita, mas seu cumprimento envolve cooperação humana. Embora a terra já tivesse sido “dada” por Deus, ainda havia partes não conquistadas. Deus havia garantido a posse da terra, mas Israel precisava avançar, lutar e permanecer fiel. O mesmo princípio se aplica à vida espiritual: a salvação é um ato consumado em Cristo, mas sua plena realização depende de uma jornada contínua de fé e obediência. A promessa divina também não elimina a responsabilidade humana.

Esse texto revela a natureza pedagógica de Deus. O Senhor poderia ter expulsado os inimigos de uma vez, mas permitiu que o povo enfrentasse desafios para desenvolver confiança e maturidade espiritual, a fim de evitar que o povo perdesse a dependência de Deus no meio da prosperidade. Essa lição é atemporal. A Igreja hoje corre o risco de desejar as bênçãos da promessa sem a disciplina da fidelidade. A experiência de Canaã ensina que as promessas de Deus são sustentadas pela graça, mas mantidas pela perseverança, e que o verdadeiro triunfo não está em possuir território, mas em permanecer em aliança com o Doador da terra.

Lições do Jubileu

O Ano Sabático e o Ano do Jubileu revelam um Deus que valoriza a justiça, a dignidade humana e a restauração. O Senhor estabeleceu em Israel um sistema que impedia a desigualdade permanente. O Jubileu lembrava que a terra pertencia a Deus (Lv 25:23) e que cada israelita era apenas um mordomo temporário. A cada cinquenta anos, as terras deveriam retornar às famílias originais, e cada um tornaria à sua possessão e à sua família. Essa prática ensinava que a liberdade e o sustento do povo dependiam exclusivamente da graça divina. O descanso da terra e o cancelamento de dívidas apontavam para o caráter misericordioso do Criador, que desejava um povo equilibrado, solidário e consciente de sua dependência Dele.

Para os fiéis de Deus hoje, o sábado e o Jubileu continuam sendo lembretes de que pertencemos a Deus e somos iguais perante Ele. O sábado interrompe o ciclo da ambição e do consumismo, recordando que o valor do ser humano não está em produzir, mas em pertencer e em depender. Em uma sociedade movida pela pressa e pela desigualdade, o princípio do Jubileu nos chama a viver com contentamento, generosidade e compaixão, reconhecendo que tudo o que possuímos é dom divino e que toda verdadeira liberdade nasce do descanso em Deus e da restauração que Ele realiza em Cristo.

De volta ao lar

No exílio babilônico, Deus ensinou a Israel que Sua presença não estava limitada a fronteiras geográficas. Ele permaneceu o Deus da aliança, disposto a restaurar Seu povo mediante o arrependimento e a fé. A volta a Jerusalém representou o sinal de que o relacionamento com Deus podia ser renovado. No entanto, essa restauração nacional era apenas parcial, um prenúncio da redenção plena que viria com o Messias prometido, o descendente de Davi. Em Jesus Cristo, a promessa da terra alcança sua dimensão espiritual e universal: Ele é o Rei que não apenas conduz Seu povo de volta a um território, mas o reconduz à própria presença de Deus, inaugurando um Reino eterno que transcende qualquer fronteira humana.

À luz do Novo Testamento, a Terra Prometida é reinterpretada como símbolo da comunhão definitiva entre o Criador e os remidos. Por meio de Cristo, todas as promessas feitas ao antigo Israel encontram cumprimento, pois é Nele que o povo de Deus recebe as bênçãos espirituais e a garantia de uma pátria eterna. A morte e a ressurreição de Jesus são a base dessa herança, o selo de que o pecado e o exílio espiritual foram vencidos. Assim, a esperança cristã não se limita a um passado glorioso, mas projeta-se para o retorno de Cristo e o estabelecimento de uma nova Terra, livre de sofrimento e morte. Nessa Canaã restaurada, Deus habitará com Seu povo, e as antigas promessas se transformarão em realidade eterna.

Conclusão

A lição desta semana ressalta a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas e conduzir Seu povo à herança preparada desde a antiguidade. Em Josué, as fronteiras e as repartições da terra revelam um Deus justo, organizado e fiel, que cumpre Sua palavra. Assim como o Éden e Canaã simbolizaram a comunhão perdida e restaurada, a Canaã celestial representa o clímax da redenção e o cumprimento definitivo da aliança divina. Hoje, somos chamados a viver como peregrinos, sustentados pela esperança e pela confiança na herança eterna conquistada por Cristo, cuja morte e ressurreição asseguram o fim do exílio humano e a restauração final.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.