Copie Filipenses 3:12-21 na versão bíblica de sua preferência. Se estiver com pouco tempo, copie somente Filipenses 3:12-14. Você também pode reescrever as passagens com suas próprias palavras ou fazer um esboço do texto.

Algumas pessoas ficam um pouco receosas quando ouvem expressões como discipulado, evangelismo ou trabalho missionário. Claro que devemos ser cautelosos se estivermos preocupados apenas com crescimento numérico, metas administrativas e treinamentos estratégicos. No entanto, foi Jesus mesmo quem implantou o método do discipulado. Qual era Seu alvo? “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” (Lc 6:40). O alvo do discipulado é ser semelhante a Cristo em caráter e comportamento. Jesus ensinou como essa mudança deve acontecer:

“Nisto todos conhecerão que vocês são Meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros” (Jo 13:35, NAA). Jesus queria que Seus discípulos fossem conhecidos por uma característica em especial, o amor. Não em sua forma abstrata e na teoria, mas na prática real do amor. O texto bíblico indica um amor altruísta pelas pessoas, esse é um dos maiores argumentos de que Cristo vive em Seus discípulos. Não é natural assumir saldos negativos em favor de outra pessoa sem receber nenhum benefício em troca, mas é exatamente isso que o amor faz. Pense, por exemplo, nos pais que não têm nada do que se beneficiar de seus cuidados para com o bebê indefeso. Eles são privados de sono, tempo para eles, dinheiro, sossego, e muitas outras coisas! No entanto, por causa do amor, os pais assumem todos esses “saldos negativos” em favor do bebê.

O exemplo de Jesus no contexto do discipulado pode nos transformar em alguém que realmente ama os outros de maneira altruística, sem esperar nada em troca.

“Então Jesus disse aos Seus discípulos: ‘Se alguém quiser acompanhar-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me’” (Mt 16:24). De maneira semelhante ao primeiro ponto, o cristão deve não apenas assumir um saldo negativo em favor de outra pessoa, mas também negar a si mesmo. Essa não é alguma forma de masoquismo espiritual. Pelo contrário, é simplesmente o que significa ser nobre, altruísta, abnegado. Novamente, o que levaria alguém a abrir mão de um saldo positivo para si? Nada. Mas o exemplo de Jesus no discipulado pode nos transformar em abnegados.

“Jesus lhes disse: ‘Venham comigo, e Eu farei com que sejam pescadores de gente’” (Mc 1:17, NAA). Além de amar os outros e negar a si mesmo, Cristo também transformou Seus discípulos em pescadores de gente. Geralmente confiamos em programas, estratégias e métodos para evangelizar. Tudo isso tem seu lugar, mas Cristo não está dando uma ordem, e sim prometendo que, se O seguirmos, Ele realizará essa transformação em nós por intermédio de Seu Espírito. O que faz com que alguém assuma a árdua tarefa de levar outras pessoas a Deus? Nada. Mas o exemplo de Cristo no discipulado pode nos transformar em missionários.

Embora os cristãos devam ser amorosos, abnegados e conquistadores de almas, os verdadeiros discípulos são amorosos, abnegados e conquistadores de almas. O relacionamento deles com Cristo os transforma radicalmente, levando-os a ser simplesmente como Jesus.

Existem várias ideias sobre o que é discipulado. Para alguns, seguir Jesus significa somente ser uma pessoa legal, que sorri e é gentil. Para outros, seguir Jesus significa literalmente vender tudo e se tornar um hippie espiritual. E ainda há aqueles que incluem ativismo social, crescimento acadêmico, etc.

As Escrituras pintam um quadro em que seguir a Jesus inclui vários elementos. Filipenses 3 apresenta alguns dos mais importantes elementos do discipulado. Primeiramente, Paulo enfatizou o crescimento espiritual: “Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo” (Fp 3:12). Crescer em caráter semelhante ao de Cristo é um processo contínuo em que o discípulo amadurece em sua compreensão do amor de Deus. Segundo, o discipulado implica “[esquecer-me] das coisas que ficaram para trás” (v. 13). Renúncia a comportamentos, valores, identidades e relacionamentos passados. Terceiro, “avançando para as [coisas] que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (v. 13, 14). Aceitar e seguir Cristo deve ser nosso slogan e lema contínuos, nossa declaração de missão e alvo ao longo da vida como discípulos. Por fim, Paulo disse: “Sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos” (v. 17). Discipulado implica conquistar outros para Cristo e envolvê-los no processo de discipulado.

Em suma, discípulos estão constantemente crescendo, amando, negando a si mesmos e conquistando pessoas para Cristo. Discipulado não é meramente uma questão de foro íntimo entre uma pessoa e seu Deus. Ele se torna contagiante quando discípulos ajudam novos discípulos a crescer, negar a si mesmos, aceitar e seguir Jesus repetindo Seu chamado a outros discípulos.

Embora a vida semelhante à de Cristo comece com hábitos de comunhão com Deus, dependência da Palavra, testemunho da verdade e ministério de amor, ela também inclui relacionamentos, família, mordomia, saúde, modéstia, e assim por diante. O discipulado busca integrar todos os aspectos de nossa vida. Essa é a abrangência do discipulado: viver como Cristo em todas as circunstâncias!

A batalha clássica na igreja é entre o compromisso interno e o externo. Alguns argumentam que não têm condições de se comprometerem com a missão externa (evangelismo) até que cumpram a missão interna (edificação espiritual da igreja). Outros criticam que muitas igrejas somente mantêm o foco em si mesmas e não exercem praticamente nenhuma influência na comunidade ao seu redor. Você já ouviu alguma dessas discussões em sua igreja?

Aqueles que enfatizam a missão externa se concentram na comunidade. Costumam usar expressões como evangelismo, conquista de almas, serviço voluntário, atendimento aos necessitados e crescimento de igreja. Os que enfatizam a missão interna destacam a edificação na fé, o ensino, a espiritualidade e a santificação como prioridades.

A realidade é que ambos são necessários e alimentam um ao outro. É semelhante às pernas: uma delas nos impulsiona para a frente, para que a outra consiga movimentar todo o corpo. Trabalhando em conjunto, elas são inseparáveis. “Quanto mais alguém se esforça para explicar a Palavra de Deus a outros, com amor pelas pessoas, mais clara ela se tornará para ele próprio. Quanto mais usarmos nosso conhecimento e exercitarmos nossas habilidades, maior conhecimento e capacidade teremos” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 354). “Que os pastores ensinem aos membros da igreja que, a fim de crescer em espiritualidade, devem levar o fardo que o Senhor colocou sobre eles – a responsabilidade de conduzir pessoas à verdade” (Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 69).

O cuidado com os membros não pode ser desenvolvido sem treinar e equipar uns aos outros para se envolverem na conquista de pessoas para Cristo. Essa tarefa não pode ser realizada se não amarmos e cuidarmos uns dos outros. Por outro lado, amar e cuidar não podem acontecer se não seguirmos Cristo como nosso Senhor e Mestre. Não existe edificação da igreja sem evangelismo, nem evangelismo sem edificação da igreja. O discipulado é um processo contínuo que começa antes do batismo, prossegue após o batismo e leva o discípulo a se tornar mais parecido com Jesus.

Responsabilidade pessoal, atividade pessoal em buscar a salvação de outros, essa é a educação que deve ser ministrada a todos que chegaram recentemente à fé. [...] A fé individual deve ser vivida e colocada em prática, cultivada a santidade pessoal, e a mansidão e humildade de Cristo devem se tornar parte de nossa vida prática. É necessário que ocorra um trabalho completo e profundo no coração de cada instrumento humano.

“Aos que professam receber a verdade e crer nela, deve ser mostrada a influência mortal do egoísmo e seu poder infeccioso e corruptor. O Espírito Santo precisa trabalhar no instrumento humano; do contrário, outro poder irá controlar a mente e o discernimento. [...]

“O povo de Deus deve experimentar nobre e generosa simpatia por todo ramo de serviço levado avante no grande campo da seara. Por meio dos votos batismais todos estão comprometidos a fazer esforços dedicados e abnegados para promover, nas partes mais difíceis do campo, a obra de salvar [...] os desamparados e oprimidos. [...]

“A graça divina nos recém-convertidos é progressiva. É uma graça crescente, que é recebida, não para ser escondida debaixo de um cesto [veja Mt 5:15], mas transmitida, para que outros sejam beneficiados. Aquele que está verdadeiramente convertido irá trabalhar para salvar outros que se encontram em trevas. Uma pessoa realmente convertida se esforçará com fé para salvar outra e mais outra. Aqueles que fazem isso são instrumentos de Deus, Seus filhos e filhas. [...]

“Pessoas humildes, simples de coração, confiantes, podem realizar uma obra que produzirá alegria no Céu entre os anjos de Deus. Sua obra no lar, na vizinhança e na igreja será, em seus resultados, vasta como a eternidade. [...]

“Quando pessoas se convertem, coloque-as para trabalhar imediatamente. E, ao trabalharem segundo a sua capacidade, elas se tornarão mais fortes. É enfrentando as influências antagônicas que somos confirmados na fé. Quando a luz brilha em seu coração, espalhem elas os seus raios. Ensine aos recém-convertidos que devem manter comunhão com Cristo, serem Suas testemunhas e tornarem-No conhecido ao mundo.

“O melhor remédio que você pode ministrar à igreja não é pregar ou fazer sermões, mas providenciar trabalho para os membros. Caso se envolvesse nesse trabalho, o abatido logo esqueceria seu desânimo, o fraco se tornaria forte, o inculto inteligente, e todos estariam preparados para apresentar a verdade tal como é em Jesus. [...]

“Os que estão empenhados mais ativamente em realizar, com fidelidade e comprometimento, sua obra de ganhar pessoas para Jesus Cristo são os mais desenvolvidos em espiritualidade e devoção. Seu próprio trabalho ativo proporcionou os meios à sua espiritualidade” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 354-356).

DISCUSSÃO

Compartilhe com sua classe o que você extraiu desta lição. Por exemplo: descobertas, observações, dúvidas e pontos principais.

Perguntas sugestivas para ser discutidas:

• Em sua vida cotidiana, você imita mais a Cristo ou outra pessoa?
• Quais são os atributos do caráter e as características do estilo de vida de Jesus que mais impressionam você? Quais estão em desarmonia com sua vida?
• Em que as definições gerais de discipulado divergem da definição bíblica?
• Por que alguns discípulos de Cristo parecem não crescer, nem negar a si mesmos, amar os outros e conquistar pessoas para o Reino de Deus?
• De que maneira é possível manter o equilíbrio entre a edificação espiritual da igreja e a necessidade de evangelizar?
• Em quais áreas sua igreja mais precisa desenvolver o discipulado?