Copie o primeiro capítulo de Daniel na versão bíblica de sua preferência. Se estiver com pouco tempo, copie somente Daniel 1:8, 17. Você também pode reescrever as passagens com suas palavras ou fazer um esboço do capítulo.
______________________________________
1. Leia Lucas 24:25-27, João 5:39 e 2 Coríntios 1:19, 20. Em que aspectos Cristo é o centro das Escrituras?
Não há dúvida de que Cristo é o centro das Escrituras, e isso também inclui o livro de Daniel. Por exemplo: o primeiro capítulo mostra, ainda que de maneira limitada e imperfeita, que a experiência de Daniel é análoga à de Cristo, que deixou o Céu para viver neste mundo pecaminoso e confrontar os poderes das trevas. Além disso, Daniel e seus companheiros foram dotados de sabedoria semelhante à de Jesus para enfrentar os desafios da cultura babilônica.
Portanto, tenhamos em mente que Jesus Cristo é central no texto de Daniel. Em cada capítulo do livro há alguma experiência ou ideia que aponta para Ele.
Daniel e seus três amigos foram levados como escravos pelos babilônios. No entanto, eles não ficaram encarcerados em uma prisão nem reféns de trabalhos forçados e desumanos. Eles tiveram o privilégio de ser educados na cultura e ciência dos caldeus a fim de servir na corte do rei Nabucodonosor.
Imagine o primeiro dia desses jovens no refeitório do palácio real. Diante deles estavam as mais finas iguarias preparadas pelos chefes de cozinha do rei. “Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles” (Dn 1:8).
Talvez não existiria o livro de Daniel se ele e seus três amigos tivessem cedido à pressão e se alimentado daquelas comidas e iguarias tão prejudiciais à saúde. Devido a seus hábitos estritos de temperança e confiança em Deus, os quatro jovens hebreus se tornaram física e intelectualmente superiores a todos os outros. Contudo, “Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos” (Dn 1:17).
O capítulo 1 apresenta a correlação existente entre essa notável demonstração de temperança e o discernimento espiritual adquirido por esses jovens. Além disso, também destaca a relação entre temperança e excelência acadêmica. O rei Nabucodonosor achou os jovens hebreus dez vezes mais sábios do que todos os outros.
Na verdade, a ênfase do capítulo na questão da temperança é a ligação que ela possui com o discernimento espiritual: “A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência” (Dn 1:17). Em outras palavras, a temperança traz benefícios físicos, intelectuais e espirituais. A prática da temperança em todas as áreas da vida deve ter como objetivo principal glorificar a Deus. Se assim fizermos, receberemos bênçãos sem medida.
O livro de Daniel é profético. O capítulo 1 inicia com um teste de temperança e termina com um discernimento espiritual sem precedentes. A lição é clara: para entendermos as profecias de Daniel precisamos praticar a temperança de Daniel.
Partes do livro de Daniel foram escritas em hebraico e outras partes em aramaico. A seção em aramaico (capítulos 2–7) revela uma estrutura que reforça a mensagem central dessa seção e do livro.
2. Que grande esperança estes textos apresentam em relação às nossas perspectivas de longo prazo?
Dn 2:44; Sl 9:7-12; 2Pe 3:11-13
O que é temperança? Ellen White declarou que temperança consiste em “dispensar inteiramente todas as coisas nocivas e usar de forma prudente o que é saudável. […] O apetite deve estar sempre sob o domínio das faculdades morais e intelectuais. O corpo deve ser o servo da mente, e não a mente a serva do corpo” (Patriarcas e Profetas, p. 562). Em outras palavras, a temperança consiste em abster-se do que é ruim e usar com moderação o que é bom.
Quais eram os problemas com a comida do rei?
A bebida era alcoólica. A palavra para “vinho”, na Bíblia, pode se referir ao suco de uva fermentado e ao não fermentado. A Bíblia é clara em sua posição quanto ao suco fermentado: “Não se deixe atrair pelo vinho quando está vermelho, quando cintila no copo e escorre suavemente! No fim, ele morde como serpente e envenena como víbora” (Pv 23:31, 32). Certamente, o vinho e as demais bebidas servidas eram alcoólicas.
A comida era oferecida a ídolos.
O sangue dos animais abatidos não era drenado. “Não comam carne que ainda contenha sangue” (Lv 17:12, NIRV, tradução livre).
O cardápio incluía carnes imundas. Daniel e seus companheiros conheciam as leis a esse respeito (Lv 11).
Qual foi a alimentação de Daniel?
“Peço-lhe que faça uma experiência com os seus servos durante dez dias: Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber” (Dn 1:12). A palavra “vegetais” é derivada da palavra para “semente”, é uma referência à alimentação provida para Adão e Eva logo após a criação. “Disse Deus: ‘Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês’” (Gn 1:29). O livro de Daniel começa com a escolha de Daniel e seus amigos de seguir a dieta edênica.
Não somos salvos pelo regime alimentar. Entretanto, Daniel revela que há uma relação entre o regime alimentar e o discernimento espiritual. A chave para a compreensão desse livro profético não se limita somente à dimensão intelectual, mas inclui também a dimensão física, ou seja, o que escolhemos introduzir em nosso corpo.
As visões de Daniel são de natureza diferente da maioria das mensagens proféticas do Antigo Testamento. As profecias apocalípticas apresentam algumas características peculiares que as diferenciam das chamadas profecias clássicas:
3. Leia Jonas 3:3-10. Essa é uma profecia clássica ou apocalíptica? Justifique sua resposta. E quanto a Daniel 7:6?
4. Alguns esperam que os eventos finais da história ocorram no Oriente Médio. O que há de errado com essa interpretação? Como o conhecimento da diferença entre profecias apocalípticas e clássicas nos esclarece essa questão? Os 3:4, 5; Am 8:11; Zc 9:1
Descubra a relação das passagens abaixo com o texto bíblico-chave (Daniel 1) da lição desta semana:
Gênesis 10:8-10; 11:1-9
Levítico 11
1 Coríntios 6:19, 20; 10:31
Quais outras passagens lhe vêm à mente em conexão com Daniel 1?
5. Leia Números 14:34 e Ezequiel 4:5, 6. Em linguagem profética, o que um “dia” geralmente representa?
Ao estudarmos o livro de Daniel, também devemos ter em mente que o tempo profético é medido de acordo com o princípio do dia/ano.
Romanos 12:1 diz: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês”. Paulo classificou a temperança como uma resposta dentro do contexto de um relacionamento, não de um negócio.
A passagem usa a palavra “portanto”, o que implica uma conclusão. Em outras palavras, Paulo usou toda a parte anterior da sua carta aos romanos para apresentar a salvação pela graça, por meio da fé, que somente é possível em Jesus Cristo.
A salvação é gratuita e não pode ser adquirida por esforços humanos. Assim, o apóstolo fez seu apelo após discorrer sobre as infindáveis misericórdias divinas nos capítulos anteriores: “Portanto, […] ofereçam o seu corpo como sacrifício vivo” (Rm 12:1, NAA). Em outras palavras, nosso corpo e tudo que somos devem ser ofertados a Deus em resposta às Suas misericórdias que se renovam cada manhã em nossa vida.
A temperança não é um meio de salvação. Ela é a resposta do coração que foi tocado pelas misericórdias do Senhor. Nosso corpo deve ser dedicado a Deus como um “sacrifício vivo, santo e agradável”. A temperança é o meio pelo qual respondemos ao amor divino. Paulo concluiu o verso 1 com a frase: “Este é o culto racional de vocês”.
Em vista das misericórdias de Deus, oferecer-nos inteiramente a Ele é algo “racional”. A temperança não compra nossa salvação, ela é nossa resposta racional à salvação.
Embora tenha sido escrito há mais de 2.500 anos, o livro de Daniel continua sendo relevante para o povo de Deus no século 21.
6. Qual é o interesse de Deus em nossas lutas? Dn 9:23; 10:11, 12; Mt 10:29-31
Observaremos três áreas em que Daniel pode ser relevante para nós:
1. Deus continua sendo soberano em nossa vida. Mesmo quando tudo dá errado, o Senhor atua por entre os caprichos das ações humanas para proporcionar o melhor para Seus filhos.
2. Deus dirige o curso da História. A mensagem de Daniel é que Deus está no controle.
3. Deus apresenta para Seu povo um exemplo do tempo do fim. Daniel e seus amigos servem como exemplos para nós em uma sociedade em desacordo com a Bíblia. Pressionados a transigir com sua fé, eles permaneceram fiéis à Palavra de Deus.
"Na corte de Babilônia estavam reunidos representantes de todas as terras, homens extremamente talentosos, com muitos dons naturais e a melhor cultura que o mundo podia oferecer. Apesar disso, entre todos eles os jovens hebreus foram inigualáveis. Em força e beleza física, em vigor mental e dotes literários, eles eram únicos. A postura ereta, o passo firme, a fisionomia agradável, os sentidos aguçados, o hálito puro – tudo isso eram certificados mais que suficientes de bons hábitos, insígnia da nobreza com que a natureza honra aos que são obedientes às suas leis.
“Na aquisição da sabedoria dos babilônios, Daniel e seus amigos foram muito mais bem-sucedidos do que seus colegas. Sua cultura, porém, não foi fruto do acaso. Eles obtiveram o conhecimento mediante o fiel uso de suas faculdades, sob a orientação do Espírito Santo. Colocaram-se em conexão com a Fonte de toda a sabedoria, tornando o conhecimento de Deus o fundamento de sua educação. Oraram com fé por sabedoria e viveram de acordo com suas orações. Puseram-se onde Deus poderia abençoá-los. Evitaram o que poderia enfraquecer suas faculdades e aproveitaram toda oportunidade para que se tornassem entendidos em todo ramo do saber. Seguiram as regras da vida que não poderiam falhar em lhes dar força de intelecto. Procuraram adquirir conhecimento para um propósito específico: honrar a Deus. Compreenderam que, para que pudessem permanecer como representantes da verdadeira fé no meio das falsas religiões do paganismo, deviam ter clareza de intelecto e aperfeiçoar o caráter cristão. E o próprio Deus era seu Professor. Orando constantemente, estudando com dedicação e mantendo-se em contato com o Invisível, andavam com Deus como Enoque andou.
“O verdadeiro sucesso em cada setor de trabalho não é o resultado do acaso, acidente ou destino. É a atuação da providência divina, a recompensa da fé e da prudência, da virtude e da perseverança. Qualidades mentais refinadas e moral elevada não se adquirem por acaso. Deus dá oportunidades; o sucesso depende de como as aproveitamos.
“Enquanto Deus estava realizando em Daniel e seus companheiros ‘tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade’ (Fp 2:13, ARA), eles estavam desenvolvendo a própria salvação (v. 12). Aqui podemos ver o princípio divino da cooperação, sem o qual nenhum verdadeiro sucesso pode ser alcançado.
“Assim como o Senhor cooperou com Daniel e seus amigos, Ele cooperará com todos os que se esforçarem para fazer Sua vontade. E pela concessão de Seu Espírito, fortalecerá cada propósito sincero e cada nobre resolução. Os que andam nos caminhos da obediência encontrarão muitas dificuldades. Influências fortes e sutis podem ligá-los ao mundo; mas o Senhor é capaz de fazer com que cada esforço feito para derrotar Seus escolhidos não tenha nenhum efeito.” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 485-487).
DISCUSSÃO
Compartilhe com sua classe o que você extraiu desta lição, por exemplo: descobertas, observações, dúvidas e pontos principais. Perguntas sugestivas para ser discutidas:
- Como tenho experimentado as misericórdias divinas em minha vida?
- Qual tem sido minha prática com respeito aos princípios bíblicos de temperança e cuidado com meu corpo?
- De que maneira o fato de considerar a temperança como resposta ao amor de Deus muda a perspectiva sobre ela?
- Em algum momento você percebeu que a intemperança afetou sua mente e espiritualidade?
- Como a cultura popular considera a temperança?
- Alguns praticam a temperança como forma de obter a salvação. Outros dizem que não importa o que comemos ou bebemos porque já estamos salvos. Quais são os perigos contidos nessas posições?