Lição 11
05 a 11 de setembro
Pescadores de gente
Prévia da semana: Lugar escuro e malcheiroso A história da arca de Noé e o dilúvio é uma das mais conhecidas da Bíblia, mesmo entre pessoas não cristãs. No entanto, o que se passou dentro da arca raramente é mencionado. Animais exalam odores e cheiros terríveis. Imagine então, espécies das mais variadas, convivendo juntas num barco gigante durante mais de um ano! Embora o modelo da arca tenha sido dado por Deus, e os antediluvianos tivessem inteligência avançada, pense na logística que foi necessária para acomodar, cuidar e alimentar todos esses “hóspedes” nesse tempestuoso “cruzeiro”. Não conhecemos todos os detalhes dessa experiência, e em vários aspectos somente podemos imaginar. Apesar do mau odor dos animais, da escuridão dos aposentos e da agitação das águas, o lugar mais seguro do planeta, durante o dilúvio, era aquele enorme navio. Enquanto “toda carne” era exterminada do lado de fora (Gn 6:17; 7:21; 9:11, ARA), a arca foi o refúgio para a vida. Embora dentro dela não fosse confortável, lá fora era muito pior. De forma semelhante, a igreja às vezes pode parecer um ambiente difícil de se conviver, com mau odor e turbulência. No entanto, quando comparada com as trevas espirituais e a atuação das potestades do mal que reinam neste mundo, a igreja de Deus é o único lugar seguro aqui na Terra.
Leitura adicional: João 21:1-14
Domingo, 06 de setembro

Copie João 21:1-14 na versão bíblica de sua preferência. Se estiver com pouco tempo, copie somente João 21:3-6. Você também pode reescrever as passagens com suas próprias palavras ou fazer um esboço do texto.

Mãos à Bíblia

1. Leia Marcos 8:22-26. Em sua opinião, por que Cristo curou o cego em duas etapas? Sendo testemunhas de Jesus, quais lições essa história nos ensina?

É possível que também não vejamos as pessoas claramente. Será que às vezes as vemos mais como “árvores andando”, em formas vagas e indistintas, do que como candidatas ao reino de Deus? Em sua opinião, o que às vezes nos leva a não ver as pessoas nitidamente?

Segunda-feira, 07 de setembro
“Esquenta-banco” ou discípulo?

Em algum momento da caminhada espiritual é preciso reavaliar os conceitos religiosos. Situações de dor e sofrimento nos levam com maior frequência a refletir sobre fé e espiritualidade. Em outros casos, simplesmente nos deparamos com novas questões ou entramos em um novo estágio em que nossas necessidades mudam. Não há nada de errado em reavaliar nossas crenças. A questão é como fazemos isso.

O padrão adventista consiste em verificar tudo à luz da Bíblia. Por exemplo, nesta série de estudos, estamos analisando o conceito de discipulado. Alguns cristãos podem estar vivendo uma experiência religiosa bastante superficial, presumindo que ser membro da igreja e ser discípulo de Cristo é a mesma coisa.

Por isso, nosso conceito de “igreja” também precisa ser testado. Todo verdadeiro discípulo de Cristo se torna um “pescador de gente” (Mc 1:17, NAA). O discípulo não se contenta somente em ouvir sermões e assistir a programações no banco da igreja, mas se dispõe a trabalhar na seara do Senhor, cuidar de pessoas (At 14:21-23). Em meio à rotina do exercício do discipulado pode ocorrer impaciência, desânimo e até fracasso. Mas isso ressalta ainda mais a necessidade de um processo de orientação no qual o recém-convertido possa aprender dos cristãos mais experientes (2Tm 2:2).

Discípulos fazem discípulos, que geram mais discípulos. Esse é o processo do Ciclo de Crescimento, o modelo discipulador de Cristo. Quando esse processo se completa, e a adição se transforma em multiplicação, esse mecanismo torna a igreja poderosa (Ef 4:11, 12). Em outras palavras, a igreja é o povo de Deus que trabalha com amor, buscando alcançar os corações para fazer crescer o Reino de Deus.

Essa visão dinâmica de igreja é muito diferente do modelo de consumidores sentados em bancos, no qual as pessoas vêm, ouvem um sermão e vão embora até repetirem o processo na semana seguinte, deixando todo o trabalho para os “profissionais pagos”. Igreja é a plataforma na qual estamos envolvidos no discipulado com Cristo. Em nossos dias de nômades digitais, nossa geração deve perceber que conectar-se a Cristo envolve ligar-se ao Seu corpo – a igreja. Identificar-se com a igreja e sua história, desfrutar da comunhão com seus membros e envolver-se em sua vida e ministério são componentes vitais do discipulado orgânico, autêntico e centrado em Cristo.

Mãos à Bíblia

Ao exemplificar para os discípulos o que significava enxergar cada indivíduo de uma nova perspectiva, Jesus ensinou-lhes a ver as pessoas pelos olhos do Céu. Sua visão das pessoas era radical. Ele não via o que elas eram, mas o que poderiam se tornar.

2. Leia João 4:3-34. Como Jesus Se aproximou da mulher samaritana? Qual foi a reação da mulher à conversa de Cristo com ela? Qual foi a reação dos discípulos a essa experiência e como Jesus ampliou a visão deles?

A eterna lição que Jesus desejava ensinar aos Seus discípulos e a cada um de nós é simplesmente esta: “Aqueles que têm o Espírito de Cristo verão todos os homens pelos olhos da compaixão divina” (Ellen G. White, The Signs of the Times, 20 de junho de 1892).

Pense Nisto
Como você enxerga a igreja? Como você se conecta com a igreja?
Mãos à obra
- Volte ao texto que você copiou (Jo 21:1-14) e estude a passagem. - Faça um círculo em torno das palavras/frases/ideias repetidas. - Sublinhe palavras/frases que você achou importantes. - Desenhe setas ligando palavras/frases a outras palavras/frases que estão associadas ou relacionadas. - Escolha um verso favorito do texto-chave desta semana. Escreva-o para ajudar na memorização.
Terça-feira, 08 de setembro
Discípulos escatológicos

Embora o discipulado também seja praticado por outras denominações, o discipulado no contexto adventista tem algumas diferenças. Primeiramente, ele leva em consideração o contexto do tempo do fim. A expressão teológica seria “discipulado escatológico”. O discipulado adventista deve refletir a missão e a mensagem distintiva de nossa igreja. Por mais simples que isso possa parecer, nem sempre é tão óbvio. A mensagem distintiva, confiada à igreja remanescente e solidamente fundamentada na Bíblia, é o alicerce da nossa fé.

Os discípulos do fim dos tempos devem ser ensinados por meio da Bíblia como Deus levantou o movimento adventista do sétimo dia. Eles precisam compreender sua identidade como parte de um movimento profético que teve seu surgimento em um momento específico da história (Dn 8:14; Ap 10) com uma mensagem e uma missão peculiares (Ap 12:17; 14:6-12).

A Igreja Adventista tem quatro níveis administrativos os quais a diferem das outras estruturas eclesiásticas tradicionais:

1. Igreja local: um grupo de membros sob a supervisão de líderes leigos locais (eleitos a cada um ou dois anos) e do pastor distrital.

2. Associação ou Missão: um grupo de igrejas, distritos e pastores distritais de uma região específica (um estado ou parte dele) sob a supervisão dos administradores e departamentais da Associação ou Missão (geralmente eleitos a cada quatro anos).

3. União: um grupo de Associações e/ou Missões
de uma região específica (um estado, um conjunto de estados ou um país) sob a supervisão dos administradores e departamentais das Uniões (geralmente eleitos a cada cinco anos).

4. Associação Geral: órgão administrativo mundial da igreja, tendo como apoio várias Divisões (sedes continentais), com líderes eleitos a cada cinco anos.

A igreja se reúne em assembleia mundial a cada cinco anos, tendo como uma de suas principais responsabilidades eleger os líderes da Associação Geral para o quinquênio seguinte e revisar o Manual da Igreja. Esse livro contém os princípios e as práticas eclesiásticas que são aprovadas por representantes da denominação de todas as partes do mundo (incluindo pastores e leigos). Ao contrário dos ensinos bíblicos, que são imutáveis, ele está sujeito a revisão e mudança ao longo do tempo.

“Sua principal preocupação é colocar em prática um plano de discipulado ativo que inclua tanto a nutrição espiritual da igreja como o trabalho de planejar e promover o evangelismo.

“Dentre as responsabilidades da Comissão da Igreja estão:

“1. Um plano de discipulado ativo.
“2. Evangelismo em todas as suas fases.
“3. Nutrição espiritual e mentoreamento dos membros.” (Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016], p. 132.

Mãos à Bíblia

Alguém disse, e com razão: “Na vida, o único lugar de onde devemos começar é o ponto em que estamos, pois não há outra opção.” Jesus enfatizou esse princípio em Atos 1:8.

3. Leia João 1:40, 41; 6:5-11; 12:20-26. O que essas passagens revelam sobre a visão espiritual de André e sua abordagem ao testemunho? Assinale a alternativa correta:

A. (   ) André sempre pensava em levar as pessoas a Jesus.
B. (   ) Ele se preocupava apenas em evangelizar os judeus.

A experiência de André fala muito a nós. Ele começou com sua família. Primeiramente compartilhou sua fé em Cristo com seu irmão Pedro. André desenvolveu um relacionamento cordial com um garotinho que depois providenciou para Jesus o material para um milagre. Além disso, ele soube exatamente o que fazer com os gregos. Em vez de debater teologia, ele percebeu a necessidade daqueles homens e os apresentou a Jesus.

Pense Nisto
- Observando o texto bíblico que você copiou e marcou, que ideia principal você destacaria? - Quais perguntas surgem em sua mente? - O que João 21 tem que ver com o discipulado da igreja?
Quarta-feira, 09 de setembro

Descubra a relação das passagens abaixo com o texto-chave (Jo 21:1-14) da lição desta semana:

  • João 18:15-18
  • Marcos 1:16-22
  • Êxodo 18:17-27

Quais outras passagens lhe vêm à mente em conexão com todo o Ciclo de Crescimento?

Mãos à Bíblia

Jesus era Mestre em lidar com pessoas difíceis. Por Suas palavras e ações, Ele demonstrava aceitação. Ouvia com sensibilidade as preocupações das pessoas, fazia perguntas e gradualmente revelava verdades divinas. Reconhecia o desejo interior nos corações endurecidos e via potencial nos pecadores mais vis. Para Jesus, ninguém estava além do alcance do evangelho.

4. Leia Mateus 4:18, 19; Marcos 12:28-34; Lucas 23:39-43. Quais são as semelhanças nos apelos de Cristo a Pedro e André, ao escriba e ao ladrão na cruz?

Peça ao Senhor que torne você sensível ao trabalho que o Espírito Santo está fazendo na vida de outras pessoas. Ele coloca diante de você todos os dias a oportunidade de compartilhar sua fé. A vida terá um significado totalmente novo. Você terá uma sensação de satisfação e alegria que nunca experimentou antes. Somente os que trabalham em favor das pessoas conhecem a satisfação que isso pode trazer.

Quinta-feira, 10 de setembro
Fogueira

O Evangelho de João apresenta uma bela narrativa que está dividida em duas partes, ligadas por uma palavra grega: anthrakia, que significa fogo ou fogueira. A palavra “antraz” deriva desse termo e designa uma rara infecção bacteriana que causa cicatrizes que parecem carvão em brasas.

Essa palavra aparece pela primeira vez em João 18:16-27, quando Simão Pedro nega Jesus três vezes. Na primeira negação, Pedro está diante de uma anthrakia, uma fogueira acessa. João destaca que estava frio (ele estava presente), talvez associando a temperatura com a condição do coração de Pedro. As pessoas estavam “ao redor de uma fogueira que haviam feito para se aquecerem” e “Pedro também estava em pé com eles, aquecendo-se” (Jo 18:18). No momento em que Pedro deveria estar junto com outra Pessoa, ele se distanciou.

A fogueira é mencionada pela segunda vez em João 21:3-19. Pedro era um discípulo que havia sido chamado por Jesus. Porém, após os incidentes do sofrimento e morte de Cristo, Pedro abandonou seu chamado e voltou à vida de pescador (Jo 21:3). Sendo o líder do grupo, outros ex-pescadores o seguiram retornando à única profissão que conheciam. Apesar de terem passado a noite inteira trabalhando, não pegaram nenhum peixe. Eles achavam que eram bons pelo menos nisso, mas fracassaram.

Provando ser o Senhor dos peixes, da pescaria, dos pescadores de toda a criação, Jesus operou mais um milagre na vida dos Seus discípulos. Sem falar ­muito, Jesus mostrou que sem Ele, não se poderia pescar peixes nem gente, apesar da experiência que tinham. Pedro havia falhado terrivelmente e estava com ­muita vergonha, mas Cristo novamente lhe ofereceu a oportunidade de pastorear Seu rebanho (Jo 21:15-19).

A igreja é formada por “Pedros” que estão desanimados, sentem vergonha de sua condição e de ter decepcionado Jesus. E, nessas experiências com Jesus, esses “Pedros” podem novamente obter sucesso espiritual e pescar 153 peixes grandes!

Mãos à Bíblia

5. Leia Atos 8:26-38. O que esses versos ensinam sobre como Filipe estava aberto à orientação de Deus e acerca da capacidade dele de responder às oportunidades dadas por Deus? Assinale a alternativa correta:

A. (   ) Filipe duvidou da voz de Deus e não Lhe obedeceu.
B. (   ) Filipe estava sensível à voz do Senhor e foi se encontrar com o etíope.

“Um anjo guiou Filipe àquele que procurava a luz e que estava pronto para receber o evangelho; e hoje anjos guiarão os passos dos obreiros que permitirem ao Espírito Santo santificar sua língua e educar e enobrecer seu coração.

O anjo enviado a Filipe poderia ter ele mesmo feito a obra pelo etíope, mas essa não é a maneira de Deus agir. Seu plano é que homens e mulheres trabalhem por seus semelhantes” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 109).

Sexta-feira, 11 de setembro
Comprometidos com a missão

"Outro dever, muitas vezes considerado levianamente, o qual precisa ser explicado aos jovens, para que tenham noção daquilo que Cristo exige, é sua obrigação para com a igreja. A relação entre Cristo e Sua igreja é muito íntima e sagrada: Ele é o noivo, e a igreja, a noiva; Ele, a cabeça, e a igreja, o corpo. A ligação com Cristo, portanto, envolve a ligação com Sua igreja.

“A igreja foi organizada para o serviço, e, numa vida de serviço dedicado a Cristo, a ligação com a ­igreja é um dos primeiros passos. A lealdade para com Cristo exige o fiel cumprimento dos deveres perante a igreja. [...] E uma igreja impregnada pela vida do Mestre conduzirá diretamente ao esforço em favor da humanidade” (Ellen G. White, Educação, p. 268, 269).

“Um lugar após outro deve ser visitado; uma igreja após outra ser estabelecida. Os que se colocam do lado da verdade precisam ser organizados em igrejas, e então, o pastor deve se dirigir a outros campos igualmente importantes. 

“Logo que seja organizada uma igreja, o pastor deve colocar os membros para trabalhar. Eles precisarão ser ensinados a trabalhar com êxito. [...]

“O poder do evangelho deve sobrevir aos grupos já formados de crentes, habilitando-os para o serviço. Alguns dos novos conversos serão de tal modo cheios do poder de Deus que se porão imediatamente a trabalhar. Trabalharão com tanta diligência que não terão tempo nem vontade de enfraquecer as mãos de seus irmãos com críticas descorteses. Seu único desejo será levarem a verdade às regiões que lhes estão à frente” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 19, 20).

“Os que estão empenhados mais ativamente em realizar, com fidelidade e comprometimento, sua obra de ganhar pessoas para Jesus Cristo são os mais desenvolvidos em espiritualidade e devoção. Seu trabalho ativo proporciona os meios à sua espiritualidade. Há risco de a religião perder em profundidade o que adquire em amplitude. Não é necessário que seja ­assim, se, em vez de longos sermões, for ministrada sábia instrução aos recém-convertidos à fé. [...] Faça-os sentir que não devem ser carregados pelos outros e apoiar-se na igreja, mas devem ter raízes em si mesmos. Eles podem, segundo suas várias habilidades, ser úteis à igreja em muitos sentidos, ajudando-a a se aproximar mais de Deus e trabalhando de várias maneiras para atuar fora da igreja, o que será um meio de trazer muitos benefícios sobre ela” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 356).

DISCUSSÃO

Compartilhe com sua classe o que você extraiu desta lição, por exemplo: descobertas, observações, dúvidas e pontos principais.

Perguntas sugestivas para ser discutidas:

  • Como sua igreja pode se tornar um lugar mais acolhedor?
  • Quais outros conceitos, definições e expectativas existem a respeito da igreja?
  • O que é necessário para realizar mudanças em sua igreja a fim de atender a esses conceitos, definições e expectativas?
  • Você tem conhecimento das atividades locais e globais da Igreja Adventista?
  • Por que a organização eclesiástica é necessária?
  • Como podemos ajudar a “noiva” de Cristo?
Pense Nisto
- O que Jesus está dizendo a você por meio desses textos? - Você passou a ver Jesus sob nova perspectiva depois desta lição? - Como você reage ao ver Cristo dessa forma? - Depois do estudo de João 21:1-14, nesta semana, quais aplicações você pode fazer em sua vida? - Quais práticas você pretende adotar na escola, na família, no trabalho e na igreja?