Lição 8
12 a 18 de novembro
A esperança do Novo Testamento
Sábado à tarde
Ano Bíblico: At 19-21
Verso para memorizar: “O testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está no Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5: 11, 12).
Leituras da semana: 1Co 15:12-19; Jo 14:1-3; 6:26-51; 1Ts 4:13-18; 1Co 15:51-55

Embora escrevessem em grego, todos os escritores do NT (com exceção de Lucas) eram judeus e, é claro, abordavam a natureza do ser humano a partir da perspectiva hebraica integral, e não de acordo com a visão grega pagã.

Assim, para Cristo e os apóstolos, a esperança cristã não era nova, mas o desdobramento da antiga esperança alimentada pelos patriarcas e profetas. Por exemplo, Cristo mencionou que Abraão previu o Seu dia e se alegrou (Jo 8:56). Judas afirmou que Enoque profetizou sobre a segunda vinda de Jesus (Jd 14, 15). O livro de Hebreus fala que os heróis da fé esperavam uma recompensa celestial que não receberiam até que recebêssemos a nossa (Hb 11:39, 40). Essa declaração não teria sentido se a alma deles já estivesse com o Senhor no Céu.

Ao enfatizar que somente aqueles que estão em Cristo têm a vida eterna (1Jo 5:11, 12), João refutava a teoria da imortalidade natural da alma. Verdadeiramente, não há vida eterna à parte de um relacionamento salvífico com Cristo. Portanto, a esperança do NT é centralizada em Cristo, sendo a única esperança de que esta existência mortal um dia se tornará imortal.

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Domingo, 13 de novembro
Ano Bíblico: At 22, 23
Esperança além desta vida

Heródoto, historiador grego (485-425 a.C.), escreveu sobre uma tribo em que, quando alguém nascia, começava um período de luto, pois eles previam o sofrimento que a criança enfrentaria na fase adulta. Parece um ritual estranho, mas há lógica nele.

Milênios depois, no início do século 20, um anúncio nos Estados Unidos dizia: “Para que viver, se você pode ser enterrado por dez dólares?”

A vida pode ser difícil, mesmo que acreditemos em Deus e na eternidade. Imagine, porém, quão difícil é para os que não têm esperança de nada além desta curta e conturbada existência. Muito se fala sobre a falta de sentido da existência, uma vez que não apenas morremos, mas temos a percepção de que vamos morrer. Essa percepção torna a vida aparentemente insignificante e vazia. Um pensador se referiu aos seres humanos como nada além de “pedaços de carne estragada em ossos em desintegração”. Bastante macabro, porém, é difícil argumentar contra a lógica.

Em contraste com isso, temos a promessa da vida eterna. Essa esperança está em Jesus e no que Sua morte e ressurreição oferecem. Caso contrário, o que nos resta?

1. Leia 1 Coríntios 15:12-19. Segundo Paulo, qual é a relação entre a ressurreição de Cristo e a esperança de nossa própria ressurreição?

Paulo foi claro: nossa ressurreição está ligada à ressurreição de Cristo. E, se os mortos não ressuscitam, significa que Cristo não ressuscitou, e se Cristo não ressuscitou, o que ocorre? “É vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados”. Em outras palavras, quando morremos, permanecemos mortos para sempre, e, portanto, tudo isso é sem sentido. Paulo afirmou em 1 Coríntios 15:32 “Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.

"“Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta” (Sl 90:10). Se tudo der certo, se não fumarmos nem comermos muitos hambúrgueres, podemos viver alguns anos a mais. No entanto, se nossa existência como protoplasma à base de carbono é tudo o que existe, estamos em uma situação bem difícil. Não é de admirar que Ellen
G. White tenha escrito: “O Céu vale tudo para nós, e se o perdermos, tudo perderemos” (Filhos e Filhas de Deus [MM 1956/2005], p. 349)."

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Nossa esperança é preciosa. Por que devemos preservá-la, pela graça de Deus?


Segunda-feira, 14 de novembro
Ano Bíblico: At 24-26
Virei outra vez

2. Leia João 14:1-3. Já se passaram quase 2.000 anos desde que Jesus pro- meteu voltar. Como podemos ajudar as pessoas a ver que essa promessa é relevante até mesmo para nossa própria geração?

Quatro vezes no livro do Apocalipse, Jesus declarou: “Venho sem demora!” (Ap 3:11; 22:7, 12, 20). A expectativa de Sua breve vinda impulsionou a missão da igreja apostólica e encheu de esperança incontáveis cristãos ao longo dos séculos. Mas geração após geração passou, e esse evento prometido ainda não ocorreu. E, assim, muitos se perguntam: por quanto tempo mais teremos que pregar que “Jesus voltará em breve”? Essas palavras geraram uma expectativa irreal? (Veja 2Pe 3:4).

Muitos cristãos se queixam do longo “atraso” (compare com Mt 25:5). Mas como nós, de fato, sabemos que é um longo “atraso”? Qual teria sido o tempo “certo” para Cristo retornar? Teria sido há 50 anos, 150, 500? O que de fato importa é a promessa bíblica: “O Senhor não retarda a Sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, Ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).

Apesar dos longos séculos passados desde que Jesus ascendeu ao Céu, a promessa de Sua vinda permanece sendo relevante até hoje. Por quê? Porque tudo o que temos é uma vida curta (Sl 90:10), seguida por um descanso inconsciente na sepultura (Ec 9:5, 10), e então a ressurreição final, sem nenhuma oportunidade posterior de mudar nosso destino (Hb 9:27). No que diz respeito aos mortos (conforme a lição 3), visto que todos eles estão dormindo e inconscientes, a segunda vinda de Cristo não tarda mais que alguns instantes depois que morrem. Para você (assim como para todo o povo de Deus de todas as épocas), o retorno de Cristo não tardará mais do que alguns instantes após sua morte. Isso significa muito em breve, não é?

Cada dia que passa é um dia a menos para a gloriosa aparição do Senhor Jesus Cristo nas nuvens do céu. Embora não saibamos quando Ele virá, podemos ter certeza de que Ele virá, e isso é o que realmente importa.

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Um pastor pregou um sermão argumentando que não se importava com o tempo que faltava para que Cristo voltasse, contanto que Ele voltasse. Essa lógica funciona para você? Ela pode ajudá-lo se estiver desanimado porque Jesus ainda não retornou?


Terça-feira, 15 de novembro
Ano Bíblico: At 27, 28
Eu o ressuscitarei

Em um de Seus milagres, Jesus alimentou cinco mil pessoas com apenas uma pequena quantidade de pães e peixes (Jo 6:1-14). Percebendo que a multidão pretendia proclamá-Lo Rei (Jo 6:15), navegou com Seus discípulos para o outro lado do mar da Galileia. Mas, no dia seguinte, a multidão O seguiu até lá, onde proferiu Seu poderoso sermão sobre o Pão da Vida, com ênfase especial no dom da vida eterna (Jo 6:22-59).

3. Leia João 6:26-51. Como Jesus associou a dádiva da vida eterna com a ressurreição final dos justos?

Em Seu sermão, Jesus destacou três conceitos básicos em relação à vida eterna. Primeiro, Ele Se identificou como “o pão que desce do Céu e dá vida ao mundo” (Jo 6:33, 58). Ao declarar “Eu sou [gr. eg? eimi] o pão da vida” (Jo 6:35, 48), Jesus Se apresentou como o grande “EU SOU” do AT (Êx 3:14). Em segundo lugar, Jesus explicou que a vida eterna pode ser assegurada Nele: “quem vem a Mim” e “quem crê em Mim” terá essa bênção (Jo 6:35). E, finalmente, vinculou o dom da imortalidade com a ressurreição final, assegurando três vezes: “E Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:40, 44, 54).

Jesus também fez esta promessa incrível: “Em verdade, em verdade lhes digo: quem crê em Mim tem a vida eterna” (Jo 6:47). Assim, o dom da vida eterna já é uma realidade presente. Contudo, isso não significa que o crente nunca morrerá, pois a própria expressão “ressuscitarei” (Jo 6:40) pressupõe voltar à vida.

O quadro é claro. Sem Cristo, não há vida eterna. Mas, mesmo depois de aceitar a Cristo e ter a certeza da vida eterna, continuamos, por ora, sendo mortais e, portanto, sujeitos à morte natural. Na Sua segunda vinda, Jesus ressuscitará os mortos que creram Nele e, naquele momento, dará a eles o dom da imortalidade. O dom é garantido, não por causa de uma suposta imortalidade natural da alma, mas por causa da justiça de Jesus, que vem a nós pela fé Nele.

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Jesus disse que, se você crer Nele, tem a vida eterna! Como essa promessa maravilhosa pode ajudá-lo a lidar com a dolorosa realidade de nossa mortalidade presente, embora temporária?


Quarta-feira, 16 de novembro
Ano Bíblico: Rm 1-4
Ao som da trombeta

“Os tessalonicenses tinham se apegado fortemente à ideia de que Cristo viria para transformar os fiéis que estivessem vivos até a Sua segunda vinda. Haviam protegido cuidadosamente a vida de seus amigos, para que não morressem e perdessem assim a bênção que eles aguardavam: o encontro com o Salvador prestes a voltar. Porém, um após outro, seus amados foram separados deles. Com angústia, os tessalonicenses tinham contemplado pela última vez o rosto de seus entes falecidos, quase não ousando esperar encontrá-los na vida futura” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 164).

4. Leia 1 Tessalonicenses 4:13-18. Como Paulo corrigiu o equívoco relacionado com a falta de esperança?

Há uma tendência histórica de ler na expressão “trará, na companhia Dele, os que dormem” (1Ts 4:14) mais do que o texto está dizendo. Muitos que aceitam a teoria da imortalidade natural da alma sugerem que Cristo, em Sua segunda vinda, trará consigo do Céu as almas dos justos mortos que já estão no Céu com Deus. Desse modo, essas almas poderão ser reunidas com seus respectivos corpos ressuscitados. Mas tal interpretação não está em harmonia com os ensinos de Paulo sobre o assunto.

Leia as palavras deste teólogo não adventista sobre o real significado desse verso: “A razão pela qual os cristãos tessalonicenses podem ter esperança ao prantear os membros mortos de sua igreja é que Deus os trará, isto é, Ele ressuscitará esses crentes falecidos e fará com que estejam pre- sentes na volta de Cristo, de modo que estarão ‘com Ele’. O que se sugere é que esses crentes mortos não estarão em algum tipo de desvantagem na parousia de Cristo, mas estarão ‘com Ele’ de tal forma que compartilhem igualmente com os crentes vivos da glória associada ao Seu retorno” (Jeffrey A. D. Weima, 1 2 Thessalonians, Baker Exegetical Commentary on the New Testament [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2014], p. 319).

Se a alma dos justos mortos já estivesse com o Senhor no Céu, Paulo não precisaria mencionar a ressurreição final como a esperança cristã; ele poderia ter apenas mencionado que os justos já estavam com o Senhor. Mas, em vez disso, afirmou que, “mediante Jesus”, “os que dormem” (1Ts 4:14) serão ressuscitados dos mortos no fim dos tempos.

A esperança da ressurreição final trouxe conforto aos tessalonicenses enlutados. A mesma esperança nos ajuda a enfrentar os momentos dolorosos em que as garras frias da morte tiram de nós pessoas amadas.

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Quinta-feira, 17 de novembro
Ano Bíblico: Rm 5-7
O encontro eterno

5. Leia 1 Coríntios 15:51-55. Sobre qual “mistério” Paulo explicou?

Alguns pregadores populares sugerem que esse “mistério” (1Co 15:51) é o “arrebatamento secreto” da igreja, que deve ocorrer sete anos antes da gloriosa segunda vinda de Cristo. Nesse “arrebatamento secreto”, os cristãos fiéis são repentina, silenciosa e secretamente levados para o Céu enquanto todos os outros permanecem aqui indagando o que ocorreu com eles. Pessoas poderão, de repente, estar em um carro sem motorista, porque o motorista foi arrebatado para o Céu, e tudo o que “restou são suas roupas”. O best-seller de 16 volumes Deixados para Trás, transformado em quatro filmes, promoveu esse falso ensinamento, expondo milhões de pessoas a ele.

Nenhuma passagem bíblica endossa uma distinção tão artificial entre o arrebatamento e a segunda vinda. O “mistério” ao qual Paulo estava se referindo é a transformação dos justos vivos para se juntarem aos justos ressuscitados no retorno de Cristo. Esse é o “arrebatamento”. Não há “arrebatamento secreto” porque a volta de Jesus será visível a todos os vivos (Ap 1:7), e tanto a ressurreição dos mortos quanto a transformação dos vivos ocorrerão ao som da trombeta (1Co 15:51, 52).

Na segunda vinda ocorrerá o encontro mais incrível de todos os tempos. Os justos vivos são transformados “num momento, num abrir e fechar de olhos” (1Co 15:52). À voz de Deus, eles são glorificados, são feitos imortais e, com os santos ressuscitados, são arrebatados para encontrar o Senhor nos ares. Os anjos “reunirão os Seus escolhidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mt 24:31). “Crianças serão levadas pelos santos anjos aos braços de suas mães. Amigos separados pela morte, por longo tempo, se encontrarão para nunca mais se separarem e, com cânticos de alegria, subirão juntos para a cidade de Deus” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 534).

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Essa é uma promessa tão incrível, tão diferente de tudo que experimentamos que é difícil de entender. Mas pense na vastidão do cosmos, bem como na complexidade da vida. A criação testifica do incrível poder de Deus. O que isso nos ensina sobre o poder de Deus para transformar os vivos e ressuscitar os mortos?


Sexta-feira, 18 de novembro
Ano Bíblico: Rm 8-10
Estudo adicional

Texto de Ellen G. White: Atos dos Apóstolos, p. 162-170 (“As cartas aos tessalonicenses”), p. 201-205 (“Chamado a um padrão mais elevado”).

“Os romanos”, escreveu Stephen Cave, “conheciam bem a crença dos cristãos de que um dia ressuscitariam fisicamente da sepultura e faziam tudo o que podiam para zombar dessa esperança, bem como impedi-la. Um relatório de uma perseguição na Gália em 177 d.C. registra que os mártires foram primeiro executados, depois seus cadáveres foram deixados para apodrecer, sem serem enterrados, por seis dias antes de ser queima- dos e as cinzas jogadas no rio Ródano – ‘Agora vamos ver se eles se levantarão novamente’, teriam dito os romanos” (Stephen Cave, Immortality: The Quest to Live Forever and How It Drives Civilization [New York: Crown Publishers, 2012], p. 104, 105).

Esse exemplo de ceticismo é irrelevante, pois não provou nada sobre a promessa bíblica da ressurreição. O poder que ressuscitou Jesus também pode fazer o mesmo por nós, independentemente do estado do nosso corpo. Afinal, se esse poder criou e sustenta o cosmos, pode transformar os vivos e ressuscitar os mortos.

“Deus, mediante Jesus, trará, em Sua companhia, os que dormem’ (1Ts 4:14). Muitos dão a essa passagem a interpretação de que os que dormem serão trazidos com Cristo do Céu; mas Paulo queria dizer que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim Deus chamará de suas sepulturas os santos que dormem e os levará Consigo para o Céu” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 164, 165).

Perguntas para consideração

  1. Alguém disse: “A morte aniquila você. [...] Ser aniquilado completamente destrói o sentido da vida.” Que esperança temos contra essa falta de sentido?
  2. Como harmonizar a busca da perfeição (Fp 3:12-16) com o fato de que somente na segunda vinda de Cristo receberemos uma natureza incorruptível (1Co 15:50-55)?
  3. Como ajudar alguém a ver o erro do ensino do “arrebatamento secreto”?
  4. Que evidência temos de que os mortos estão dormindo, e não estão no Céu com Jesus? (1Co 15:12-19). Que sentido esses versos têm se os justos mortos estão no Céu?

Respostas e atividades da semana: 1. Se Cristo ressuscitou, também seremos ressuscitados. 2. Para os que cre- em em Jesus, Seu retorno não tardará mais do que alguns instantes após a morte. Cada dia que passa é um dia a me- nos para a volta de Cristo. Não sabemos quando Ele virá, mas temos certeza de que Ele virá. 3. Na segunda vinda, Jesus nos ressuscitará e, então, nos dará o dom da imortalidade. 4. Paulo disse que, como Cristo ressuscitou, assim s que dormem e os levará para o Céu. 5. A transformação dos justos vivos para se juntarem aos justos ressuscitados na segunda vinda de Cristo.

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Resumo da Lição 8
A esperança do Novo Testamento

A esperança do Novo Testamento

TEXTO-CHAVE: 1Co 15:20

As passagens do NT sobre a ressurreição dos mortos, sejam de Paulo, dos outros apóstolos ou do próprio Jesus, não dizem nada sobre almas ou espíritos imortais já estarem no Céu. A esperança do NT está na ressurreição e na segunda vinda de Cristo.

Nesta lição, são mencionadas as seguintes passagens relacionadas ao estado dos mortos:

  • Hebreus 11:39, 40: os heróis da fé não receberão sua recompensa celestial até que recebamos a nossa.
  • 1 João 5:11, 12: esse texto ensina que somente aqueles que estão em Cristo têm a vida eterna. Portanto, as implicações são claras: não somos dotados de “alma” imortal, pois somente aqueles que escolhem a Cristo receberão a vida eterna.
  • 1 Coríntios 15:12-19: nossa esperança de ressurreição e vida eterna vem da ressurreição de Jesus. Se não ressuscitarmos naquele momento, significa que Cristo não ressuscitou. Se isso for verdade, então todos morreremos e permaneceremos mortos para sempre.
  • João 14:1-3: Jesus prometeu preparar um lugar para nós e voltar para nos buscar. Essa promessa seria desnecessária se os mortos já estivessem no Céu.
  • João 6:35-54: Jesus disse quatro vezes que, no último dia, Ele ressuscitaria quem cresse Nele. Se os seres humanos serão ressuscitados, então precisam voltar à vida após a morte, o que os impossibilita de viver em outro lugar como almas/espíritos.
  • 1 Tessalonicenses 4:13-18: Deus ressuscitará os crentes falecidos, e eles se encontrarão com os que estiverem vivos naquele momento. A ressurreição final não teria significado se as almas já estivessem no Céu.
  • 1 Coríntios 15:51-55: o “mistério” é a transformação dos justos que estiverem vivos por ocasião da segunda vinda de Cristo. A ressurreição dos mortos e a transformação dos justos vivos acontecerão ao mesmo tempo.

COMENTÁRIO

Façamos uma leitura mais atenta de 1 Coríntios 15, pois duas das passagens estudadas nesta lição são desse capítulo. O capítulo 15 está repleto de informações sobre a ressurreição de Jesus, sobre a nossa ressurreição e a respeito de como todos seremos transformados e receberemos corpos imortais na segunda vinda de Jesus (1Co 15:35-44). Mesmo assim, só teremos a imortalidade por causa do poder sustentador de Deus. “A ausência de morte não significa que a vida humana será independente de Deus, o único que possui imortalidade inerente, não emprestada (1Tm 6:16). Os seres humanos glorificados continuarão a depender do Criador para seu sustento vital” (Roy E. Gane, “At-one-ment Forever in God’s New Heaven and New Earth”, em Salvation: Contours of Adventist Soteriology, editado por Martin F. Hanna, Darius W. Jankiewicz e John W. Reeve [Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2018], p. 254).

O rio da vida e a árvore da vida, mencionados em Apocalipse 22, demonstram que os seres humanos sempre serão dependentes da Fonte da vida, Deus. Ele também será a luz deles (Ap 22:5), embora isso não signifique que o Sol e a Lua não estarão lá. O fato de que os seres humanos comerão frutas da árvore e beberão água do rio demonstra que serão ressuscitados com formas corpóreas, e não serão simplesmente espíritos desencarnados. Os seres humanos serão ressuscitados “para viver para sempre em forma corpórea, não com o presente corpo (soma) natural/não espiritual (do grego psuchikos) que se decompõe e morre, mas com o corpo (soma) que é imortal porque é espiritual (pneumatikos; 1Co 15:44; cf. o contexto nos versos 42, 43, 45-54). O corpo é transformado (v. 52), mas a pessoa não se torna um espírito desencarnado” (Gane, “At-one-ment Forever in God’s New Heaven and New Earth”, em Salvation: Contours of Adventist Soteriology, p. 254).

1 Coríntios 15

Em 1 Coríntios 15, Paulo aborda a falsa crença de que não haveria ressurreição futura do corpo. Esse erro derivava da crença gnóstica helenística em uma alma imortal que alguns, ou muitos, crentes coríntios devem ter abraçado. Paulo argumentou que negar a ressurreição corporal para os crentes era negar a ressurreição corporal de Jesus. Se as pessoas não forem ressuscitadas corporalmente, então está claro que Jesus também não ressuscitou (1Co 15:12-19). E, se esse for o caso, devemos ter pena de nós mais do que de qualquer outra pessoa, pois cremos em uma mentira e, consequentemente, nenhum de nós será perdoado dos nossos pecados. Nessa linha de pensamento, os crentes que estiverem vivos e aqueles que faleceram, portanto, não têm esperança de vida eterna.

Em vez disso, Jesus é chamado de as “primícias” daqueles que dormem (morreram). “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (1Co 15:22, 23). A metáfora vem da primeira colheita. Assim como primeiramente vinham os primeiros frutos/produtos que sinalizavam que toda a colheita estava para vir em seguida, assim Cristo foi o primeiro, e então viria a colheita. A colheita será de todos aqueles que “são de Cristo”.

A palavra grega para “primícias” é aparche e significa, em primeiro lugar, “primícias”, e, depois, “dádiva proporcional” dos ganhos (uma oferta de gratidão); poderia significar também “uma oferta”. Os israelitas apresentavam as “primícias”, o primeiro molho da colheita no templo, e um sacerdote o movia diante do Senhor. Todas essas ações aconteciam no dia 16 de nisã e eram um lembrete da promessa de uma colheita completa.

É fascinante o fato de que Jesus tenha ressuscitado em 16 de nisã. Portanto, Ele serviu como penhor, o primeiro molho, as primícias, da colheita completa de todos os crentes que serão ressuscitados também um dia. Mas é importante notar que a colheita só será feita “na Sua vinda”. Portanto, não há colheita que já esteja sendo realizada fisicamente no Céu, exceto para aqueles a respeito de quem somos informados de que foram ressuscitados ou levados diretamente para o Céu, como Enoque, Elias e Moisés, e aqueles que foram ressuscitados dos mortos durante a ressurreição de Cristo (Mt 27:52). A “novidade de vida” de Jesus (Rm 6:4) aponta para a nova vida e ressurreição de todos os crentes.

Embora Paulo tenha dito que “todos serão vivificados”, ele de modo algum sugeriu que todos receberão a vida eterna. Paulo não acreditava na salvação universal (Rm 2:5-12; Ef 5:6; 2Ts 1:6-10) e deixou claro que aqueles que serão ressuscitados na segunda vinda são os que estão “em Cristo”. O apóstolo usou a expressão “em Cristo” em suas cartas para indicar um estreito relacionamento e unidade entre o crente e Jesus. Ele enfatizou que a ressurreição de Cristo realizou mais do que Seu próprio retorno à vida. A ressurreição de Cristo ofereceu vida eterna a todos os que exercerem fé Nele.

“E então virá o fim” (1Co 15:24). O fim é caracterizado pela destruição de “todo principado bem como toda potestade e poder” que se referem aos principados e potestades de Satanás. Paulo usou os termos potestade e poder para denotar autoridade humana e poderes demoníacos (Rm 13:1-3; Ef 1:21; 6:12). Na segunda vinda de Cristo, o juízo divino é executado sobre Satanás, incluindo todos os que pertencem a ele e escolheram seguir o caminho do mal e da destruição. Paulo acrescentou: “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15:26). Essa erradicação não ocorrerá até depois do milênio (Ap 20:1-10), quando os ímpios serão trazidos de volta à vida e será mostrado a eles que Deus é justo ao destruir o mal. Então eles perecerão no fogo final, que é considerado eterno porque seus resultados duram para sempre. Dessa morte não há retorno.

Paulo explicou que, de fato, o corpo será ressuscitado. Ele usou a metáfora de uma semente lançada, a qual crescerá na forma de uma planta viva, mesmo que seja enterrada. Depois de fazer essa declaração, ele passou a afirmar que o corpo ressuscitado será novo. (1Co 15:35-41). A semente não revela a planta que crescerá, nem mesmo se parece com ela, mas se transformará em planta. Da mesma forma, receberemos um novo corpo.

Nesse ponto, Paulo destacou quatro diferenças que podem ser previstas em comparação com a ressurreição dos justos mortos. Primeiro, o corpo na Terra é corruptível – sujeito à doença e à morte –, mas se tornará incorruptível. Segundo, da desonra iremos para um corpo glorificado – desonra porque somos pecadores, mas o corpo ressuscitado não terá limitações do pecado; ele será perfeito. Terceiro, nosso corpo é fraco, pois o pecado afetou tudo, inclusive nossa capacidade de resistir ao pecado; mas nosso novo corpo será muito forte. Por último, um corpo natural será transformado em um corpo espiritual.

Nos versos que se seguem, Paulo explicou a diferença entre um corpo natural e um corpo espiritual. Primeiro, não devemos presumir que Paulo tenha dito que somente o corpo natural é um corpo real, e o corpo espiritual não, simplesmente porque o corpo espiritual estará livre da maldição do pecado. Herdamos o corpo natural de Adão pósqueda (com limitações como doença, fome, dor, fadiga e morte), enquanto o corpo espiritual vem por meio de Jesus. “O primeiro homem, Adão, se tornou um ser vivente. Mas o último Adão é espírito vivificante” (1Co 15:45). Adão recebeu vida, mas Cristo dá vida. Ele não apenas recebeu passivamente a vida, mas concede a vida eterna a todo aquele que Nele crê. O corpo que será dado aos crentes é um corpo espiritual e celestial, o que significa que é dotado da natureza espiritual de Cristo e não da natureza humana pecaminosa.

Após essa explicação, Paulo conduz os leitores através de uma exegese do “mistério”, que é o ensino de que “todos seremos transformados” (1Co 15:51). Na segunda vinda de Cristo, aqueles que serão transportados para as nuvens com Jesus serão compostos por dois grupos da Terra: aqueles que morreram e aqueles que ainda estiverem vivos. A “mudança” significará uma ressurreição corporal para os mortos em Cristo e uma transformação corporal dos justos vivos. Ambos os grupos terão uma transformação de mortais para imortais “num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta” (1Co 15:52).

A morte perderá seu aguilhão e sua vitória (1Co 15:55). O pecado causa a morte. É um veneno mortal. Mas, por causa da morte de Cristo na cruz e Sua ressurreição, Ele conquistou a vitória sobre o pecado e a morte. Temos a promessa segura de uma vida eterna, de corpos celestiais transformados e do fim do pecado e da morte, tudo porque Cristo ressuscitou dos mortos.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Que esperança há em 1 Coríntios 15 especificamente para você? Que versos falam a você, e por quê?
  2. Jesus foi as primícias da colheita, o que nos garante a realidade de que haverá mais colheita dos crentes que serão ressuscitados. Na segunda vinda de Cristo, os crentes serão ressuscitados e levados para o Céu. O que você espera na segunda vinda do Senhor? Ver Jesus? Ver seus entes queridos? Aprender sobre o que aconteceu nos bastidores? Outras coisas? Compartilhe suas esperanças e seus anseios com a classe.
  3. Na segunda vinda de Jesus, todos seremos transformados. Nosso corpo perecível e mortal será transformado em imperecível e imortal. O desenvolvimento de nosso caráter no presente importa para o futuro? Explique. Saber que um dia seremos ressuscitados pode nos ajudar a fazer melhores escolhas agora?

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Solomon, o transformador do mundo

Solomon

Papua-Nova Guiné | 12 de novembro

Solomon pensou que conhecia a Bíblia muito bem. Ele ouviu o pregador ler a Bíblia na igreja da aldeia em Papua-Nova Guiné. Ele cria no Deus do Céu como representado pela Bíblia, mas realmente não estudou a Bíblia por si mesmo.

Um dia, um missionário adventista do sétimo dia apareceu na aldeia montanhosa e presenteou Solomon com um livro branco intitulado World Changers Bible [Bíblia dos Transformadores do Mundo]. “Vim para compartilhar a Palavra de Deus em sua aldeia”, disse o missionário.

Solomon ficou feliz por receber uma Bíblia. O nome o intrigou: World Changers Bible. Ele se perguntou o que significava ser um transformador do mundo. Ele examinou a Bíblia com atenção. Era a Nova Tradução Viva [versão inglesa]. Ele viu que as palavras eram fáceis de ler. Isso também o agradou. Como muitos outros aldeões na casa dos 20 anos, ele ainda estava na escola.

O missionário percebeu o interesse de Solomon e convidou-o para participar de um grupo de estudo bíblico. “Vamos ler sobre Jesus”, disse ele. “O estudo bíblico dura 15 ou 20 minutos.”

Na primeira reunião, o missionário convidou Solomon e os outros a abrirem suas Bíblias em Marcos 1. Antes de lerem, o missionário orou: “Querido Deus, por favor, guie-nos. Obrigado”.

Após a oração, ele pediu a Solomon que lesse o primeiro capítulo de Marcos. Solomon leu sobre João Batista, um pregador vestido com pelos de camelo que comia mel silvestre e batizou Jesus no rio Jordão. Quando terminou de ler a história, o missionário pediu a outra pessoa que lesse a história novamente. Depois disso, o missionário pediu a outra pessoa para recontar a história sem olhar para a Bíblia. Então, o missionário disse que eles discutiriam isso. “O que você ouviu que era novo para você?”, ele perguntou.

Depois de discutir o que era novo para eles, Solomon e os outros foram questionados sobre o que os havia surpreendido na história e se havia algo que eles não haviam entendido. Então, o missionário perguntou se a história oferecia alguma informação que eles pudessem obedecer ou aplicar em suas vidas. Alguém disse que parecia importante ser batizado. Jesus foi batizado na história.

Quando o estudo bíblico terminou, o missionário perguntou: “O que você vai compartilhar desta história com alguém esta semana?” Então, ele orou: “Querido Deus, obrigado por Sua Palavra. Ajude-nos a segui- Lo. Amém!” Solomon gostou do estudo bíblico. Ele sentiu como se tivesse tido um novo vislumbre de Jesus.

Ao longo do ano, o amor de Solomon por Jesus cresceu à medida que ele frequentava os estudos bíblicos. Cada estudo bíblico seguia um formato semelhante. O grupo começava com uma breve oração. Então, duas pessoas liam a mesma história da Bíblia, e uma terceira pessoa recontava a história com suas próprias palavras. Em seguida, o missionário perguntava se eles haviam aprendido algo novo, se haviam se surpreendido com alguma coisa ou estavam lutando para entender algo. Ele perguntava o que eles poderiam obedecer ou aplicar da história e os desafiava a compartilhar a história durante a semana. Finalmente, ele ou outra pessoa orava.

Solomon soube que o missionário estava seguindo um programa de estudo bíblico chamado Discovery Bible Reading [Leitura Bíblica de Descoberta], desenvolvido pela Divisão do Pacífico Sul. Ele também soube que sua Bíblia branca nova veio de um programa da Divisão do Pacífico Sul que buscava distribuir 200.000 Bíblias para jovens. Ele finalmente aprendeu o significado do título da Bíblia: World Changers Bible. Ele aprendeu que um transformador do mundo é um seguidor de Jesus que deseja viver como discípulo e fazer mais discípulos.

Após um ano de estudos bíblicos, Solomon decidiu que queria transformar o mundo. Ele seguiu o exemplo de Jesus em Marcos 1 e foi batizado.

Hoje, Solomon, de 26 anos, é um aluno da décima série, que está liderando um grupo de jovens na construção de uma nova Igreja Adventista em sua aldeia. Ele também é um missionário, usando sua World Changers Bible para dar estudos bíblicos a membros da família e outros aldeões. “Agora que sou adventista, é meu grande desejo ver mais membros da minha família se juntarem à igreja de Deus”, disse ele.

Obrigado por sua oferta missionária que ajuda a espalhar o evangelho em Papua-Nova Guiné e em toda a Divisão do Pacífico Sul.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Saiba que o projeto World Changers Bible começou como uma iniciativa do Ministério Jovem da Divisão do Pacífico Sul, sob a liderança do doutor Nick Kross. Seu sonho era fornecer a 200.000 jovens de 15 a 23 anos no Pacífico Sul uma Bíblia e um kit de discipulado a um custo de mais de 1 milhão de dólares australianos (US$ 736.500). Hoje, mais de 225.700 Bíblias foram distribuídas em toda a divisão quando os missionários entraram em novos vilarejos em Papua- -Nova Guiné, Ilhas Salomão, Samoa, Fiji e outros lugares. Leia mais: bit.ly/worldchangersbible.
  • Leia mais sobre o programa Discovery Bible Reading: bit.ly/discoverybiblereading.
  • Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
  • Baixe publicações e fatos rápidos sobre a missão da Divisão do Pacífico Sul: bit.ly/spd-2022.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2022

Tema geral: Vida, morte e eternidade

Lição 8 – 12 a 19 de novembro de 2022

A esperança do Novo Testamento

 

Autor: Sérgio H. S. Monteiro

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

Ao estudar qualquer tema do Novo Testamento, precisamos ter em mente a continuidade essencial, temática e histórica com a Bíblia Hebraica. Como mencionado ne lição 4 deste trimestre, há uma linha contínua de verdade que une ambos os testamentos. As páginas em branco entre os dois testamentos nas Bíblias impressas não devem passar mensagem maior do que conveniência editorial. Devemos buscar, portanto, sempre preservar essa clara ideia ao abordar qualquer texto ou tema de cada parte constituinte das Escrituras.

Com isso em mente, torna-se fácil entender que a esperança neotestamentária precisa ou deve ser abordada como uma continuidade da esperança veterotestamentária. E, como vimos na lição quatro, a esperança da Bíblia Hebraica é centralizada na ação divina de ressuscitar seus santos e não em uma imortalidade natural deles. Assim, nenhum texto do Novo Testamento pode ser realmente entendido como uma referência a um estado consciente entre morte e ressurreição. Aliás, a própria noção de ressurreição se torna extremamente desnecessária frente a essa suposta imortalidade, uma vez que ambas cumpririam o mesmo papel: recompensa.

O período intertestamental, entretanto, presenciou a entrada no judaísmo da concepção imortalista, emprestada do helenismo, mas transformada pela teologia judaica pós-exílica e seu contato com os persas. Isso significa, efetivamente, que as noções de imortalidade e ressurreição às vezes se confundiam tanto no período imediato como na literatura e tradições posteriores. Um estudo amplo sobre as concepções de imortalidade e ressurreição na literatura judaica, feito por Erin Russo (Erin Russo, Redefinition of Immortality of the Soul with Respect to the Resurrection of the Body), ainda que com algumas ressalvas, aponta para a variação da teologia da morte e ressurreição, demonstrando como, mais para o final do período entre os testamentos, a imortalidade começou a aparecer de forma mais constante na literatura judaica. O livro de Sabedoria de Salomão, por exemplo, é recheado de declarações que podem ser vistas como fortemente sugestivas de uma noção de imortalidade da alma, enquanto a literatura talmúdica da tradição de Jerusalém contém apenas referências à ressurreição. O Tratado Ketubot do Talmud de Jerusalém, por exemplo, afirma que “As vestimentas postas nos que foram sepultados, retornarão com ele [...] quando o Messias vier” (T. Ketubot 12.34d.64-12.35a.14; 534-536).

É nesse contexto de concepções diversas que a teologia neotestamentária se desenvolve, sem, contudo, deixar de lado a continuidade das definições antropológicas e salvíficas da Bíblia Hebraica, com sua ênfase na ressurreição e não na imortalidade. Isso ocorreu porque o Espírito Santo assim preservou a verdade integrada das Escrituras. Não há no Novo Testamento qualquer menção a uma esperança de imortalidade que não passe pela ressurreição. Jesus, por exemplo, direciona a esperança de Seus discípulos para a ressurreição quando de Seu retorno, em João 5:28, 29, ao afirmar que, por ouvirem Sua voz, os mortos ressuscitarão. De igual forma, ao responder aos saduceus sobre a situação da mulher que se casou sete vezes, Ele apontou para a ressurreição futura, informando que Deus é Deus de vivos e não de mortos, ou seja, Ele não apenas promete, mas garante a ressurreição, para que os mortos, que não O podem louvar (Sl 115:17, 18), então o façam. No episódio da ressurreição de Lázaro, encontra-se, ademais, uma prova contundente de que a esperança judaica não estava baseada na imortalidade da alma, mas na ressurreição. Todo o diálogo de Jesus com Marta, a partir do verso 21, está estruturado em torno da ressurreição. Marta não demonstra nenhuma esperança ou mesmo conhecimento de uma consciência de seu irmão naquele momento em que se encontrava no túmulo. Ao contrário, ela focaliza sua fala na expectativa da ressurreição no último dia, e no poder de Cristo de proporcionar e garantir essa ressurreição.

A esperança da igreja nascente centrava-se fortemente na ressurreição, garantida pela ressurreição de Jesus. Em Atos 4:2, em resultado da cura do paralítico na porta Formosa, os saduceus se enfureceram porque Pedro pregava a ressurreição dos mortos em Jesus. Para Paulo, era essencial pregar a ressurreição dos mortos porque esta fazia parte do conjunto de crenças compartilhadas por cristãos e judeus fariseus, como pode ser visto em Atos 23:8. É por isso, também, que em suas várias cartas às igrejas por ele plantadas, de uma forma ou de outra Paulo expunha essa esperança. Aos coríntios, na sua primeira carta, ele dedicou um capítulo inteiro (1Co 15) para falar sobre essa esperança e consolou os de Tessalônica com a mesma promessa (1Ts 4:14-17), enquanto consolava a si mesmo, próximo da hora de sua morte, com a mesma certeza: a de que o Senhor Jesus lhe daria a coroa da vida, quando voltasse à vida novamente, pela ressurreição, como expresso em 1 Timóteo 4:7, 8.

Essa centralidade da ressureição no pensamento neotestamentário pode ser vista de forma ainda melhor quando consideramos também que o linguajar de ressurreição é comum ao texto. As palavras gregas que expressam a ideia aparecem um total de 51 vezes, sendo distribuídas da seguinte forma: anástasis ocorre 40 vezes, sendo o termo mais comum, cujo significado é levantar, sendo algumas vezes utilizada no sentido de erquer-se após cair. Em segundo lugar, o termo aftharsia, cujo sentido é de incorruptibilidade, imortalidade, ocorre sete vezes, sendo a mais importante a de 1 Coríntios 15:42 em diante, onde é descrito o estado resultante da ressurreição. Com três usos, o próximo termo, athanasia, que etimologicamente significa “não morrer”, é encontrado apenas nos escritos paulinos, sendo o principal uso, novamente, encontrado em 1 Coríntios 15, no qual está associado com o termo afthasia. É interessante notar que, na discussão de 1 Coríntios 15, nem aftharsia nem athanasia são predicados naturais da alma, ou do ser humano, mas passam a existir pelo ato de revestir ou levantar, traduzidos de endusetai e egueiros, respectivamente. Ou seja, alguém, colocará sobre aquele que foi semeado em corrupção na morte, a incorruptibilidade e a imortalidade.

No contexto bíblico, essa ação de revestir e levantar é um resultado da fé em Cristo, ou seja, de estar em Cristo, como claramente exposto ainda em 1 Coríntios 15, mas antes mesmo, pelo próprio Jesus, em João 11. A ênfase neotestamentária, portanto, é que a esperança da ressurreição está intrinsicamente ligada à comunhão do crente com Cristo e à aceitação Dele como seu Salvador e Ressuscitador. Esse é o mais básico ensino do evangelho, conforme o autor de Hebreus (Hb 6:1), pois “Deus amou o mundo de tal forma, que deu Seu Filho único, para que todo que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16).

 

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia Bíblica, cursa doutorado em Bíblia Hebraica pela Theologische Universiteit Apeldoorn. Pastor da Brazilian Adventist Community Church na Associação do Norte da Nova Zelândia e membro da Adventist Theological Society, International  Organization for the Study of the Old Testament, Society for Biblical Literature e Associação dos Biblistas Brasileiros.