A crucifixão e a ressurreição de Jesus são o clímax do Evangelho de João. Os capítulos 1 a 10 cobrem cerca de três anos e meio da vida de Cristo; os capítulos 11 a 20, por outro lado, abrangem cerca de uma a duas semanas.
Os evangelhos apresentam a morte de Jesus de formas diferentes. Embora os relatos estejam em harmonia, os autores enfatizam eventos ligados aos temas centrais dos livros. Mateus enfatiza o cumprimento das Escrituras; Marcos destaca o paralelo entre o batismo de Jesus e a cruz; e Lucas concentra-se na cruz como fonte de cura e salvação (veja, por exemplo, a história do ladrão na cruz).
João, no entanto, apresenta a cruz como a entronização (ou glorificação) de Jesus, ligada ao conceito de “hora”, mencionado no livro (Jo 7:30; 8:20; 12:27). O conceito de entronização é uma imagem irônica, uma vez que a crucifixão era a forma de morte mais vergonhosa usada pelos romanos. Este contraste de João é irônico: Jesus morre em desprezo, mas isso representa a Sua entronização como Salvador.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Em João 18:28-32, o julgamento de Jesus não é descrito em detalhes. Em vez disso, o foco está na cena em que Ele é levado diante de Pôncio Pilatos.
1. Leia João 18:33-38. Sobre o que Pilatos e Jesus conversaram?
Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o Rei dos judeus (Jo 18:33). Foi a primeira ocorrência desse título em João, mas não a última. Jesus questionou Pilatos se aquela pergunta tinha vindo dele mesmo ou se outras pessoas haviam dito que Ele era o Rei. A pergunta reverteu a situação contra Pilatos, indagando se ele compreendia a quem estava interrogando. O leitor já sabe que Jesus é o Rei. Será que o governador sabia?
Pilatos respondeu com sua própria pergunta (Jo 18:35). Essa foi uma evasiva, enraizada na irritação pela aplicação estrita da pergunta de Jesus. Foi o primeiro passo do governador em seu afastamento da verdade. Pilatos deixou o preconceito bloquear sua percepção.
Jesus respondeu que Seu reino não era deste mundo (Jo 18:36). Pilatos então deduziu, de maneira bastante perspicaz, que Jesus afirmava ser rei (Jo 18:37). Isso levou à importante explicação de Jesus de que Ele havia nascido para dar testemunho da verdade e de que todo aquele que “é da verdade” ouve a Sua voz.
Pilatos então perguntou: “O que é a verdade?” (Jo 18:38). Mas não esperou pela resposta. Em vez disso, saiu para tentar salvar Jesus da multidão.
A verdade é um dos temas centrais do Evangelho de João. Como o Verbo eterno (em grego, Logos; Jo 1:1-5), Jesus é a luz e a verdade. Isso é o oposto de trevas e erro. Cristo é cheio de graça e de verdade (Jo 1:14). A graça e a verdade vieram por meio Dele (Jo 1:17). João Batista deu testemunho da verdade (Jo 5:33). Jesus afirmou que Seu Pai é “verdadeiro” (Jo 7:28). O próprio Jesus ouviu a verdade de Seu Pai (Jo 8:40). Jesus é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). A Palavra de Deus é “a verdade” (Jo 17:17). Ainda que tenha feito aquele questionamento, Pilatos perdeu a oportunidade de conhecer a verdade por causa de seu preconceito, de suas decisões anteriores e das pressões que enfrentava.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
2. Leia João 18:38–19:5. Como Pilatos tentou persuadir o povo a pedir a libertação de Jesus?
Pilatos não esperou que Jesus respondesse o que é a verdade. Em vez disso, voltou para tentar persuadir o povo. Ao dialogar com aquelas pessoas, em vez de apenas libertar Jesus, Pilatos colocou-se em desvantagem. Os líderes religiosos reconheceram que podiam manipular o governador por meio da multidão.
Pilatos se referiu ao costume de libertar um prisioneiro na Páscoa e perguntou se o povo queria que ele libertasse o “rei dos judeus” (Jo 18:39). É surpreendente e irônico que pediram a libertação de um criminoso, em vez do inocente Jesus.
Então começou a zombaria e a humilhação de Jesus. Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram um manto púrpura sobre Ele e O aclamaram, em tom de deboche, como rei dos judeus. Essa saudação dos soldados era semelhante à forma como cumprimentavam o imperador, mas nesse momento foi feita com zombaria.
Ao manipular a religiosidade do povo, Pilatos aparentava buscar um modo de libertar Jesus. Ele trouxe Jesus usando a coroa de espinhos e o manto púrpura. Nessa cena, sobre a qual João não faz comentários adicionais, Jesus usava uma falsa veste real, e Pilatos disse ao povo: “Eis o Homem!” (Jo 19:5). Isso lembra as palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). É irônico que o governador pagão apresentasse o Messias naquele traje diante de Israel.
No entanto, as pessoas clamavam pela crucifixão de Jesus por causa de Sua afirmação de ser o Filho de Deus (Jo 19:6-16). Isso assustou Pilatos, que procurou ainda mais libertá-Lo. Mas os líderes selaram o destino de Cristo alegando que libertá-Lo seria opor-se a César. Eles sabiam que a lealdade de Pilatos a César significava que ele não libertaria alguém que reivindicasse o mesmo papel. Os líderes disseram que não tinham rei, senão César. O ódio deles por Jesus superava as aspirações nacionais. Eles sacrificariam as reivindicações de autonomia nacional só para se livrarem Dele.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Pilatos mandou preparar uma inscrição em latim, grego e hebraico que dizia: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus” (Jo 19:17-22). Os líderes desejavam que o texto fosse alterado, mas Pilatos ignorou seus pedidos. Essa inscrição foi um testemunho silencioso da verdade sobre Jesus e um dos indicadores de que Ele estava entronizado na cruz. Jesus, o Rei dos judeus, estava na cruz como se fosse um criminoso comum.
“Um poder mais alto que Pilatos ou que os judeus dirigia a colocação daquela inscrição acima da cabeça de Jesus. No propósito divino, ela devia despertar reflexão e o estudo das Escrituras” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 600).
3. Que cena tocante com a mãe de Jesus ocorreu junto à cruz? Jo 19:25-27
Ao pé da cruz encontravam-se João, o discípulo amado, junto com Maria, a mãe de Jesus, e outras pessoas. Muitos anos antes, Simeão havia predito essa experiência quando José e Maria levaram Jesus ao templo para dedicá-Lo ao Senhor (Lc 2:34, 35). Agora, em Seus últimos momentos, Jesus disse à própria mãe: “Mulher, eis aí o seu filho”, e disse a João: “Eis aí a sua mãe” (Jo 19:26, 27).
4. Leia João 19:28-30. O que significam as palavras que Jesus disse antes de morrer: “Está consumado”?
O verbo grego tele? (“terminar”, “completar”, “executar”), que ocorre no verso 28 (“tudo já estava consumado”), é o mesmo verbo usado no versículo 30 (“Está consumado!”). Além disso, uma palavra relacionada, teleio? (“terminar”, “aperfeiçoar”), também aparece no verso 28 em referência ao cumprimento das Escrituras (“para que se cumprisse a Escritura”). Por mais horrível que fosse a cena, tudo estava sendo cumprido, realizado, completado.
Quando Jesus disse: “Está consumado!”, Ele estava concluindo ou cumprindo a obra que o Pai Lhe tinha dado para fazer.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
5. Qual é a relevância para nós do que é retratado em João 20:1-7?
Jesus morreu no fim da tarde de uma sexta-feira e ressuscitou no domingo bem cedo. Como o sábado estava próximo (Jo 19:42), o sepultamento foi feito às pressas e não foi concluído. Por mais que amassem Jesus, Seus seguidores guardavam o sábado e não foram ao túmulo (Mc 16:1; Lc 23:56). Depois do sábado, as mulheres compraram especiarias para levar ao túmulo no domingo. Para surpresa delas, a pedra tinha sido removida, e o túmulo estava vazio.
Maria Madalena chegou cedo ao túmulo. Ela correu para contar a Pedro e João o que tinha visto. Os dois homens correram para lá. João ultrapassou Pedro e chegou primeiro. Abaixando-se, viu ali caídos os lençóis (Jo 20:6, NAA) ou faixas (NVI) com os quais Jesus havia sido enrolado. Mas não entrou antes que Pedro entrasse.
Pedro, porém, entrou e viu as faixas de linho estendidas, mas o lenço que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, cobrindo Seu rosto, estava dobrado e separado das faixas.
6. Leia João 20:7-10. João viu que o lenço que cobria o rosto de Jesus estava dobrado. Por que esse fato é importante?
João entrou, viu e creu. Por que ver as faixas e o lenço separado e dobrado levaria João a crer que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos?
Para responder a essa pergunta, é necessário refletir por que o túmulo estaria vazio. A resposta mais natural seria a ação de ladrões de túmulos. Mas essa explicação não pode ser aceita por três razões: (1) o túmulo estava guardado por uma escolta (Mt 27:62-66), tornando inviável o roubo; (2) ladrões de túmulos normalmente roubam objetos de valor, não corpos em decomposição; (3) ladrões de túmulos costumam agir com pressa e não se preocupam em dobrar as vestes funerárias. Não é de admirar que, quando João viu o lenço dobrado, creu que Jesus havia ressuscitado.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
7. Leia João 20:11-13. Qual situação mostra que Maria Madalena ainda não entendia o significado do túmulo vazio?
Na última referência a Maria antes desse texto, ela relatou a Pedro e João sobre o túmulo vazio (Jo 20:2). Eles correram para o túmulo, e ela voltou um pouco mais tarde. Depois que Pedro e João inspecionaram o túmulo, eles o deixaram. Contudo, Maria voltou e ficou ali, chorando. Sem dúvida, Maria tinha chorado muito nos últimos dias por causa da morte de Jesus. E agora, o corpo Dele havia desaparecido! Inclinando-se, ela olhou para dentro.
Para sua surpresa, dois anjos vestidos de branco estavam no túmulo, sentados onde estivera o corpo de Jesus. Eles lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?” (Jo 20:13). Sua dolorosa resposta foi que alguém havia levado seu Senhor, e ela não sabia onde O haviam colocado.
8. Leia João 20:14-18. O que mudou tudo para Maria?
Com os olhos marejados de lágrimas, Maria se virou e viu alguém parado atrás dela. Com palavras semelhantes às dos anjos, o Estranho perguntou: “Mulher, por que você está chorando? A quem você procura?” (Jo 20:15). Ela imaginava estar conversando com o jardineiro e então pediu sua ajuda para encontrar o corpo de Jesus.
O Estranho disse apenas uma palavra: “Maria!” (Jo 20:16). Essa revelação transformou o mundo. De repente, Maria percebeu que era o Jesus ressurreto que falava com ela. Jesus insistiu para que ela não O detivesse, pois Ele devia subir para o Pai. Mas a tarefa dela era ir e contar aos discípulos que Ele estava subindo para o Seu Pai e o Pai dos Seus seguidores, para o Seu Deus e o Deus de Seus seguidores (Jo 20:17). Maria cumpriu sua missão. Ela disse aos discípulos que tinha visto o Senhor e contou todos os demais detalhes que Ele havia compartilhado com ela (Jo 20:18).
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 610- 616 (“‘Está consumado!’”); p. 627-632 (“Sepultura vazia”); p. 633-637 (“Lágrimas enxugadas”). Veja também Clifford Goldstein, Risen: Finding Hope in the Empty Tomb (Nampa: Pacific Press, 2020).
“Pilatos desejava libertar Jesus. Contudo, viu que não podia fazer isso e ainda conservar sua posição e honra. Em vez de perder seu poder no mundo, escolheu sacrificar uma vida inocente. Quantos, para escapar de prejuízo ou sofrimento, também sacrificam um princípio! A consciência e o dever apontam um caminho, e o interesse egoísta indica outro” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 758).
“Cristo não entregou Sua vida antes que realizasse a obra que viera fazer, e, ao morrer, exclamou: ‘Está consumado!’ (Jo 19:30). Ele tinha ganhado a batalha. Sua destra e Seu santo braço haviam alcançado a vitória. Como Vencedor, fixou Sua bandeira nas alturas eternas. Que alegria entre os anjos! Todo o Céu triunfou na vitória do Salvador. Satanás foi derrotado e sabia que seu reino estava perdido.
“Para os anjos e os mundos não caídos, a frase: ‘Está consumado!’ teve profundo significado. A obra da redenção havia sido realizada tanto para o nosso benefício quanto para o benefício deles” (O Desejado de Todas as Nações, p. 610).
Perguntas para consideração
1. Que escolhas nos ajudam a evitar os erros cometidos por Pilatos?
2. Com base na Bíblia, por que Jesus teve que morrer em nosso lugar?
3. Qual é a relação entre as evidências bíblicas e as evidências históricas a respeito da ressurreição de Jesus? Quais evidências históricas confirmam a ressurreição Dele?
4. Reflita sobre 1 Coríntios 15:12-20. Se aqueles “que adormeceram em Cristo” vão imediatamente para o Céu após a morte, por que, sem a ressurreição de Cristo, “os que adormeceram em Cristo estão perdidos” (1Co 15:18)? Paulo confirma a verdade de que os mortos estão inconscientes até a ressurreição?
Respostas às perguntas da semana: 1. Sobre o reinado de Jesus. Pilatos perguntou se Ele era o rei dos judeus. Jesus disse que Seu reino não é deste mundo. Jesus falou que Sua missão era dar testemunho da verdade. Pilatos perguntou o que é a verdade, mas não esperou para ouvir a resposta de Jesus. 2. Pilatos disse que não tinha encontrado crime algum em Jesus e lembrou que era costume libertar alguém na Páscoa. 3. Jesus confiou João à Sua própria mãe, e Sua mãe a João. 4. Jesus concretizou a obra que havia recebido do Pai. A palavra grega tetelestai, traduzida na expressão “está consumado” pode significar “está cumprido”, “está terminado” e “está pago”. Jesus havia terminado a obra de salvação e tinha pago o preço da nossa salvação com o Seu sangue. 5. Maria Madalena, Pedro e João foram as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus, o fundamento da fé cristã. O túmulo vazio foi a primeira evidência da ressurreição. 6. Esse fato mostra que o corpo de Jesus não poderia ter sido roubado por ladrões. Essa é mais uma forte evidência de Sua ressurreição. 7. Maria achava que alguém tivesse levado o corpo de Jesus. Por isso, ficou chorando à entrada do túmulo. 8. Jesus apareceu para ela, chamando-a pelo nome.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
FOCO DO ESTUDO: João 18:28-40; 19:1-5, 30; 17:4; 20:1-10
ESBOÇO
Introdução: Encontramos um claro contraste entre a visão de mundo de Pilatos e a de Cristo. A cosmovisão do governador romano se baseava em um rei e um reino temporários, mas a cosmovisão de Jesus é fundamentada em um reino espiritual e eterno. Apesar disso, era evidente que Pilatos reconhecia a singularidade do Homem diante dele. Ao contrário dos líderes judeus e da multidão, Pilatos não via Jesus como alguém merecedor de uma execução cruel.
Na breve, mas significativa interação entre os dois, Jesus disse a Pilatos que tinha vindo a este mundo para “dar testemunho da verdade”. Ele declarou: “Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz’” (Jo 18:37). O vacilante Pilatos nunca tinha ouvido alguém falar sobre a verdade com tanta convicção e autoridade. Em resposta, Pilatos fez então a pergunta que é sempre atual: “O que é a verdade?” (Jo 18:38). Pilatos, porém, não esperou a resposta de Jesus a essa pergunta crucial. Só podemos imaginar qual teria sido a resposta de Cristo se Ele tivesse tido a oportunidade de responder.
Será que repetimos a impaciência de Pilatos? Fazemos algumas boas perguntas a Deus, mas frequentemente não esperamos Suas respostas. A nossa vida seria bem diferente se déssemos mais atenção ao que Deus tem a nos dizer. Infelizmente, muitas vezes somos centrados em nós mesmos, em vez de em Cristo. Imagine todos os insights úteis que Deus poderia nos dar se simplesmente ficássemos quietos e O ouvíssemos mais atentamente.
É interessante notar que a crucifixão, a morte mais vergonhosa e humilhante, é apresentada por João como um acontecimento muito glorioso. Pela Sua morte, Jesus, como o segundo Adão, derrotou Satanás, cumprindo a missão de salvar a humanidade pecadora. Tendo Jesus cumprido a missão de salvação, Seu Pai aceitou Seu sacrifício, abrindo o caminho para a salvação de todos os que creem no Filho.
COMENTÁRIO
O que é verdade? (Jo 18:28-38)
Ao questionar “O que é a verdade?” e se afastar sem esperar uma resposta, Pilatos perdeu a oportunidade de ouvir sobre a verdade diretamente da Verdade, que estava diante dele. Sua indagação sobre a verdade é particularmente relevante nos dias de hoje, pois vivemos em um mundo em que as verdades são distorcidas ou descartadas. A escuridão da mentira e a confusão que ela gera estão se espalhando descontroladamente. Evitar, contornar ou falar de maneira ambígua se tornaram práticas aceitáveis e normalizadas. Essa degradação da verdade é tão prevalente que muitas pessoas se veem compelidas a fazer a mesma pergunta que Pilatos fez: “O que é a verdade?”.
Ao seguirmos os passos de Jesus, Ele nos capacita a ser portadores da verdade. Jesus não apenas proclama a verdade, Ele é a própria verdade. Afinal, Ele testificou: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). Que nosso testemunho seja uma luz nas trevas da mentira e conduza outros à radiante verdade de Cristo. Que possamos fazer com que outros saibam que a verdade ainda pode ser encontrada em Cristo e nos Seus seguidores.
Eis o Homem! (Jo 18:38–19:5)
Pôncio Pilatos é digno de compaixão por sua indecisão e concessão em relação àquilo que sabia ser a verdade. Ele tentou agradar a todos, mas acabou não agradando a ninguém. Tornou-se alvo de ódio tanto dos judeus quanto do poder romano. Foi exilado pelo imperador para a Gália e despojado de todas as suas honrarias. Logo após, acabou tirando a própria vida no exílio. Pilatos buscou apelar para o senso de justiça e compaixão dos líderes judeus, mas eles estavam determinados a ver Jesus crucificado. Ao ordenar a flagelação de Jesus, Pilatos esperava despertar a compaixão do povo.
Numa última tentativa de salvar Jesus, Pilatos ofereceu aos líderes religiosos a escolha entre dois prisioneiros, como era o costume. Quem Pilatos deveria libertar: Cristo ou Barrabás? Os judeus escolheram Barrabás, o criminoso mais vil, um verdadeiro representante de Satanás. É triste dizer que, quando Pilatos finalmente percebeu que os líderes eram inflexíveis quanto à crucifixão de Jesus, ele cedeu relutantemente aos desejos deles. Uma pequena concessão o levou a concessões maiores, até chegar a um ponto sem retorno. Durante esse processo, no entanto, Pilatos questionou a si mesmo e a injustiça dos procedimentos judiciais, declarando três vezes que Jesus era inocente, mas acabou por condená-Lo à morte.
Que trágica figura era Pilatos! No entanto, como pagão, ele tentou salvar um Judeu do próprio povo Dele, enquanto eles clamavam por Sua morte. Todas essas coisas aconteceram na Páscoa.
A missão de Jesus era ser sacrificado como o Cordeiro Pascal, morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para morrer, mas Sua morte não precisava estar nas mãos de Pilatos. As últimas palavras de Pilatos para a multidão foram: “Eis o Homem!” (Jo 19:5). Inadvertidamente, Pilatos resumiu, nessas palavras aparentemente simples, a profundidade e a amplitude da salvação, e qual era a essência dela. Ao contemplar Jesus, somos transformados. E, nas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Contemplemos o Filho do Homem e sejamos salvos. Olhemos para Ele e vivamos.
“Está consumado” (Jo 19:30; 17:4)
Em João 17:4, Jesus diz ao Seu Pai: “Eu Te glorifiquei na Terra, realizando a obra que Me deste para fazer”. Em favor de quem Jesus realizou a obra? O contexto para essa declaração foi a oração sumo-sacerdotal de Jesus em favor dos Seus discípulos. Jesus os menciona 40 vezes durante a oração.
Ele, de fato, glorificou Seu Pai na preparação de Seus discípulos.
Jesus os capacitou para levar adiante Sua obra consumada de redenção. “Cristo havia concluído a obra que Lhe fora dada para fazer. Tinha reunido os que teriam de continuar Sua missão entre os homens. E disse: ‘Neles, Eu sou glorificado’” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 16). A conclusão da obra de Cristo na preparação de Seus discípulos seria seguida posteriormente pela conclusão de Sua obra de salvação. Em João 19:30, lemos: “Quando Jesus tomou o vinagre, disse: – Está consumado! E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”.
O sacrifício perfeito de Cristo significa que não devemos acrescentar nem diminuir à Sua obra, mas simplesmente aceitá-la. A salvação é um presente da graça. Recebemos esse presente pela fé e, ao confiar na justiça de Cristo, somos capacitados a viver uma vida obediente e vitoriosa.
O túmulo vazio (Jo 20:1-10)
A ressurreição de Cristo, que ocorreu cedo, no primeiro dia da semana, foi crucial para a fé de Seus seguidores. Cristo devia ressuscitar conforme Ele havia predito e como tinha sido profetizado no AT. Nenhum poder maligno poderia manter Cristo no túmulo. Pelo poderoso comando de Seu Pai para que Ele Se levantasse, as forças do mal foram completamente derrotadas. O apóstolo Paulo declara em 1 Coríntios 15:17: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados”. Além disso, no versículo 19 do mesmo capítulo, ele continua: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo”.
Por que “mais infelizes”? Porque a gloriosa esperança da ressurreição não seria possível e os mortos em Cristo não ressuscitariam se não fosse pela Sua ressurreição. No entanto, a ressurreição ocorreu na manhã do primeiro dia da semana, e o túmulo vazio foi testemunhado por Maria Madalena, Pedro e João. Os soldados romanos também testemunharam Cristo saindo do túmulo pouco antes disso e caíram por terra como mortos diante da deslumbrante manifestação de Sua glória. Eles ficaram tão maravilhados com o que testemunharam com os seus próprios olhos que correram para informar aos líderes religiosos o que havia acontecido.
Mas os líderes estavam tão determinados contra Jesus que rejeitaram completamente qualquer evidência clara da Sua gloriosa ressurreição. Eles, porém, sabiam com certeza que Cristo havia ressuscitado; caso contrário, por que subornar os soldados com dinheiro? Mateus descreve o que realmente aconteceu: “Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes: – Digam isto: ‘Os discípulos dele vieram de noite, enquanto estávamos dormindo, e roubaram o corpo’. E, se isto chegar ao conhecimento do governador, nós o convenceremos e faremos com que vocês não tenham maiores preocupações” (Mt 28:12-14).
Assim, é evidente que os líderes religiosos estavam perpetuando uma clara mentira que contradizia as evidências diante deles. Seria plausível que todos os soldados romanos estivessem dormindo ao mesmo tempo, permitindo que os discípulos roubassem o corpo de Jesus Cristo? Isso é impossível! Nem ladrões nem os discípulos de Cristo roubaram Seu corpo; o Salvador ressuscitou gloriosamente do túmulo. Até mesmo o pano que cobria Seu rosto estava cuidadosamente dobrado e colocado de lado, demonstrando que não houve perturbação no túmulo ou um roubo apressado.
Jesus e Maria (Jo 20:11-17)
Maria teve o privilégio singular de ser a primeira a testemunhar o túmulo vazio antes de qualquer um dos discípulos. Ela também foi a primeira a ver e ouvir Jesus após a ressurreição. Ficando perto do túmulo vazio, relutando em sair, ela entrou e viu inesperadamente dois anjos sentados onde o corpo ressurreto de Cristo estivera. Eles perguntaram por que ela estava chorando.
Ao se virar, ela ficou face a face com um Homem que ela pensava ser o jardineiro, sem perceber que Ele era o Senhor ressurreto. Ao vê-la chorar, Jesus lhe perguntou: “Mulher, por que você está chorando? A quem você procura?” (Jo 20:15). A atenção de Maria estava totalmente focada no corpo desaparecido de Jesus, até que Jesus disse o nome dela. Ao ouvi-Lo, ela de repente percebeu quem Ele era e o chamou de “Raboni”.
Maria correu até os discípulos e compartilhou a boa notícia de que tinha visto o Senhor. Jesus apareceu a ela em Sua humanidade, assim como mais tarde apareceu aos discípulos, preparando o desjejum para eles e permitindo que Tomé tocasse Suas cicatrizes. Por nossa causa, Jesus manterá Sua humanidade para sempre, estabelecendo um vínculo inquebrável conosco.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere as seguintes questões e comente com a classe:
1. É verdade que Jesus teve que morrer para salvar a humanidade pecadora. Mas por que Ele teve que morrer de modo tão cruel? Por que uma morte “normal” não seria suficiente?
2. Mais do que nunca, as pessoas fazem a mesma pergunta que Pilatos fez a Jesus: “O que é a verdade?” Por que a verdade está sendo deixada de lado em nossos dias? Quais são alguns dos fatores sociais que contribuem para essa tendência?
3. Reaja a estas afirmações: Olhe para cima e viva, olhe para baixo e morra. Nunca desista, mas sempre olhe para cima e veja a luz no rosto de Jesus. De que maneiras práticas você pode “contemplar o Homem”?
4. Jesus concluiu Sua obra de capacitação dos discípulos para compartilhar o evangelho pouco antes de completar Sua obra de redenção na cruz. O que isso significa? Que obra você acredita que Ele ainda precisa concluir em sua vida?
5. Que lições práticas aprendemos com a experiência de Maria? Inicialmente, ela estava tão imersa na dor e nas lágrimas que não conseguiu reconhecer o Cristo ressurreto. De que maneira, às vezes, ficamos tão sobrecarregados com nossos fardos que não percebemos a presença de Jesus em nossa vida? Como corrigir essa situação?
6. Reflita por um momento sobre o fim trágico da vida de Pilatos. Que lições podemos aprender da maneira pela qual ele se comportou, especialmente na forma como se relacionou com os judeus, as autoridades romanas e com Jesus?
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Buddy System* eterno
Alasca | Micah
Estar em um acampamento no Alasca parecia interessante para Micah.
Ele tinha 11 anos de idade e vivia em Oregon. Seu professor da Escola Sabatina havia lido uma história missionária do Acampamento Polaris, um acampamento de verão adventista próximo a Dillingham, Alasca. A história era sobre os garotos nativos do Alasca que tinham medo de fantasmas até que aprenderam que Jesus era mais poderoso.
A história fascinou Micah. Ele não sabia que havia crianças nos Estados Unidos que tinham medo de fantasmas e que não conheciam a Jesus. Quando chegou o décimo terceiro sábado, ele deu alegremente uma oferta para ajudar as crianças do Acampamento Polaris.
Mal sabia Micah que seis anos depois ele trabalharia no Acampamento Polaris. Mal sabia ele que teria sua própria oportunidade de compartilhar Jesus com garotos nativos do Alasca que não O conheciam.
Foi exatamente isso que aconteceu.
Micah, um estudante de 17 anos da Oklahoma Academy, foi para o Alasca para trabalhar durante um verão como conselheiro de acampamento.
No Acampamento Polaris, ele ficou responsável por seis garotos de 10 a 15 anos em um dos chalés construídos com a ajuda das ofertas do décimo terceiro sábado que ele havia dado quando criança. Ele orou diariamente por uma chance para compartilhar Jesus.
Certa tarde, Micah abriu sua Bíblia em Romanos 8:38 para o culto na cabana. Ele leu: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes” (NAA).
Olhando para cima, Micah disse: “O que vocês acham disso? Deus está sempre conosco e é nosso Amigo”.
Os garotos ponderaram a ideia por um momento. Então, um garoto disse: “Jesus é o nosso buddy system eterno”.
Os outros garotos riram. O Acampamento Polaris opera sob um buddy system no qual nenhuma criança vai a nenhum lugar sozinha. Se um garoto quiser ir a algum lugar, ele terá que ir com outro garoto. Isso significa que se ele quiser ir a ao banheiro, precisará ir com um amigo. Se ele quiser encher a garrafa de água no bebedouro externo, precisará ir com um amigo. Se ele quiser voltar à cabana para pegar algo que esqueceu, precisará ir com um amigo. Os garotos só praticavam o sistema de camaradagem no acampamento. Mas o verso bíblico sugeria que Jesus era seu Amigo Eterno que os acompanhava por todos os lugares.
“É isso mesmo!”, Micah exclamou. “Jesus é nosso buddy system eterno. Não importa o que façamos, Jesus está sempre conosco. Às vezes, esquecemos um amigo no banheiro, mas não precisamos nos preocupar com a possibilidade de Jesus Se esquecer de nós.”
Os sorrisos dos garotos se abriram. Eles gostaram da ideia de Jesus ser seu Amigo Eterno.
Micah perguntou se algum garoto gostaria de orar. Silêncio. Então um garoto se pronunciou.
“Eu costumava a orar”, disse ele, timidamente. “Mas já faz um tempo que não oro. Eu me esqueci como orar.”
Micah disse: “Podemos orar juntos agora. Eu posso ajudar você a orar. Apenas repita comigo”.
Micah curvou sua cabeça e orou: “Querido Deus, obrigado pelo dia”.
“Querido Deus, obrigado pelo dia”, o garoto repetiu.
“Mantenha-nos seguros esta noite.”
“Mantenha-nos seguros esta noite.”
“Obrigado por tudo o que o Senhor fez por nós.”
“Obrigado por tudo o que o Senhor fez por nós.”
“E obrigado por toda a diversão que tivemos hoje.”
“E obrigado por toda a diversão que tivemos hoje.”
“Amém.”
“Amém.”
Mais tarde, quando todos os garotos estavam acomodados em seus sacos de dormir nos beliches, Micah foi até o garoto que havia orado. “Apenas converse com Jesus como com um amigo”, ele sussurrou. “Conte a Ele o que aconteceu durante o dia.”
O garoto acenou com a cabeça.
Micah estava radiante de alegria enquanto ia para a cama. Ele se sentiu espetacular! Ele havia orado todos os dias para ter a chance de compartilhar Jesus. E foi uma tarde maravilhosa.
Obrigado pela oferta de 2015 que ajudou a melhorar o Acampamento Polaris com novos chalés e chuveiros e banheiros de verdade. Você também pode compartilhar o amor de Jesus com as crianças nativas do Alasca neste trimestre dando uma oferta que irá para Bethel, Alasca. Obrigado por sua oferta generosa.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre às crianças a localização de Dillingham, Alasca, no mapa. O Acampamento Polaris está localizado próximo a Dillingham. Mostre também a localização de Bethel, onde parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir um centro de influência.
- Leia a história que tocou o coração de Micah, de 11 anos: bit.ly/Alaska-ghosts.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Norte-Americana: bit.ly/nad-2024.
* “Buddy system (sistema de camaradagem) é um procedimento no qual dois indivíduos, os 'amigos', operam juntos como uma única unidade para que possam se monitorar e se ajudar mutuamente [...] no que diz respeito à segurança mútua em uma situação de perigo” (https://www.unitedworldproject.org/pt-br/workshop/buddy-system-parapresidente/).
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024
Tema geral: Temas do Evangelho de João
Lição 12 – 14 a 21 de dezembro
A hora da glória: a cruz e a ressurreição
Autor: Manolo Damasio
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
No Evangelho de João, a crucifixão é apresentada como o clímax da glória divina, transformando o ápice da vergonha humana no momento de maior exaltação de Jesus. Enquanto os outros evangelhos destacam aspectos como o cumprimento das Escrituras ou a cruz como fonte de salvação, João retrata a cruz como a entronização de Cristo, vinculada à “hora” de Sua glorificação. Essa ironia se intensifica em João 12:28, quando Deus Pai declara: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente”, apontando para a cruz como o lugar em que o caráter redentor de Deus seria plenamente revelado. Apesar de ser um instrumento de morte vergonhosa, a cruz é exaltada como o trono em que Jesus reina como Salvador, trazendo redenção ao mundo e revelando a glória de Deus de forma surpreendente e paradoxal.
Pilatos
Como já foi mencionado em lições anteriores, o julgamento de Jesus e o diálogo com Pilatos ganham um certo relevo na narrativa de João. No julgamento de Jesus diante de Pilatos, o governador romano se viu diante de um homem que desafiava sua indiferença habitual. Ao ser levado ao tribunal, Jesus impressionou Pilatos com Sua serenidade e nobreza, contrastando profundamente com a hostilidade dos acusadores. Pilatos, ciente de que o Sinédrio carecia de base legal para condená-Lo, interrogou Jesus em particular. Nesse diálogo crucial, Pilatos perguntou: “Você é o Rei dos judeus?” (Jo 18:33). Jesus respondeu afirmando que Seu reino não era deste mundo, deixando claro que Sua autoridade transcendia o poder político romano. Apesar de perceber a inocência de Jesus e ser alertado pela esposa para não condenar um Homem justo, Pilatos hesitou, buscando evitar uma decisão definitiva.
Para escapar de sua responsabilidade, Pilatos tentou várias estratégias: enviou Jesus a Herodes, propôs um castigo “moderado”, ofereceu libertá-Lo em troca de Barrabás e até lavou publicamente as mãos, declarando-se inocente do sangue de Cristo. Contudo, todas essas ações revelaram sua fraqueza diante da pressão popular e sua incapacidade de fazer justiça. A cena demonstra não apenas a coragem silenciosa de Jesus, mas também a tragédia de um homem que resistiu à verdade e rejeitou a oportunidade de transformação divina.
Parte desse diálogo e das razões que levaram Jesus diante de um tribunal romano acabam por “vazar” quando uma inscrição multilíngue é colocada no topo da cruz, o que nas palavras de Ellen G. White havia sido colocado por “um poder mais alto que Pilatos ou [dos] judeus” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 600). “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus” (Jo 19:19).
Embora para a maioria das pessoas, se não para todos, o evento “cruz” parecesse o fim de todas as esperanças, Jesus sabia que exatamente para aquela hora Ele tinha vindo (Jo 12:27). Não há em Jesus, apesar de toda a Sua angústia, nenhum traço de desespero, nenhuma dúvida quanto ao cuidado paterno. Mesmo sendo “moído” (Is 53:5), sofrendo a condenação (Rm 5:16-18), fazendo-Se “pecado por nós” (2Co 5:21), Ele entrega a Sua vida e vê nesse ato a realização de uma tarefa ao dizer: “Está consumado” (Jo 19:30). E, ao contemplar “o fruto do penoso trabalho de Sua alma”, ficaria satisfeito (Is 53:11).
Os lençóis
A morte e ressurreição de Jesus estão entre os episódios mais importantes das Escrituras. Mas, por alguma razão, a narrativa bíblica preserva detalhes, num primeiro momento, dispensáveis.
São mencionadas faixas de linho e especiarias usadas no sepultamento de Jesus, de acordo com os costumes judaicos. Esses textos evidenciam o cuidado e respeito dados ao corpo de Jesus após Sua morte, com menção específica aos lençóis ou faixas de linho usadas no sepultamento.
Os quatro evangelhos citam o cuidado com o corpo inerte de Jesus e como ele foi preparado, parcialmente, para a sepultura (Mt 27:59; Mc 15:46; Lc 23:53; Jo 19:40). Mas, quando parte de Seus discípulos mais devotos espera o sábado acabar para concluir o ritual, acontece o evento da ressurreição.
Em toda a sua magnificência, recheada de espanto e profundo significado, o relato da ressurreição, na perspectiva de Lucas e de João, menciona os lençóis que envolveram o corpo do nosso Senhor.
Por que a Bíblia menciona os lençóis? Mais ainda, por que Jesus Se preocupou em dobrá-los? Ele não saiu esbaforido, às pressas. Antes de deixar o recinto do Seu descanso, para sair triunfante e vencedor sobre a morte e o diabo, Jesus Se preocupou em dobrar a própria roupa!
Para o Criador do Céu e da Terra, que sob Seu olhar, nas palavras de Ellen G. White, “guia semelhantemente a estrela e o átomo”, “nada há sem importância. Ordem e perfeição se manifestam em toda a Sua obra.”
A presença do lençol dobrado sugere que a saída de Jesus foi ordenada e planejada. Não foi resultado de um roubo nem de uma fraude, mas da ação de Alguém que tinha tudo sob controle.
Maria Madalena
Maria Madalena teve um papel singular na narrativa da ressurreição de Jesus, sendo a primeira a vê-Lo vivo e a anunciar Sua vitória sobre a morte. Após relatar a Pedro e João que o túmulo estava vazio, Maria retornou ao local, permanecendo ali, consumida por lágrimas e angústia. Em meio à sua dor, encontrou dois anjos no túmulo e, em seguida, o próprio Jesus, embora inicialmente não O tivesse reconhecido. Ao ouvir Seu chamado pelo nome, “Maria”, ela imediatamente percebeu que estava diante do Senhor ressuscitado. Esse encontro marcante revela não apenas o privilégio de Maria em ser a primeira testemunha da ressurreição, mas também a prioridade que Jesus deu a esse momento antes de subir ao Pai, para confortá-la e dar-lhe uma missão.
Jesus confiou a ela a tarefa de anunciar a ressurreição aos discípulos. Maria obedeceu prontamente, declarando: “Eu vi o Senhor”. Ela compartilhou as palavras que Ele havia dito. Esse episódio destaca a ternura e a intencionalidade de Jesus em escolher Maria para essa missão, conferindo a ela um papel central na proclamação da mensagem que transformaria o mundo: Cristo está vivo e glorificado.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se bacharel em Teologia pelo Unasp-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É mestre em Liderança pela Universidade Andrews e pós-graduado pelo Unasp, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.