Embora a compaixão de Deus seja frequentemente reconhecida e admirada, muitos acham perturbadora a ideia de Sua ira. Para alguns, parece contraditório que um Deus de amor possa expressar ira. No entanto, essa noção é equivocada, pois a ira divina é uma manifestação direta de Seu amor.
Alguns afirmam que o Deus do AT é um Deus de ira, enquanto o Deus do NT é um Deus de amor. Mas existe apenas um Deus, revelado como o mesmo em ambos os testamentos. O Deus que é amor manifesta ira contra o mal – precisamente por causa de Seu amor. O próprio Jesus expressou profunda ira contra o mal, e o NT ensina repetidamente sobre a ira justa e apropriada de Deus.
A ira de Deus representa sempre Sua reação justa e amorosa diante do mal e da injustiça. Essa ira divina é uma justa indignação provocada pela bondade e pelo amor perfeitos, buscando o pleno desenvolvimento de toda a criação. A ira de Deus é, em essência, a resposta adequada de amor ao mal e à injustiça. Assim, o mal desperta a paixão de Deus em defesa das víti- mas e contra os responsáveis pelo mal. Portanto, a ira divina é outra manifestação do amor divino.
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Deus ama a justiça e odeia o mal. O pecado e o mal despertam ira, uma emoção expressa em favor dos injustiçados, mesmo nos casos em que o mal afeta principalmente a própria pessoa. Deus odeia o mal porque ele causa dor às Suas criaturas, inclusive quando é causado por elas mesmas. Deus é repetidamente provocado à ira pelo que os estudiosos chamam de “ciclo da rebelião”:
1. O povo se rebela contra Deus e pratica o mal, incluindo atrocidades horríveis, como o sacrifício de crianças e outras ações abomináveis aos olhos do Senhor.
2. Deus Se afasta em resposta às escolhas do próprio povo.
3. O povo é oprimido por nações estrangeiras.
4. Ele clama a Deus por libertação.
5. Em Sua graça, Deus concede libertação ao povo.
6. O povo volta a se rebelar contra Deus, às vezes errando de uma forma ainda mais gritante.
7. Diante desse ciclo de maldade e infidelidade, Deus enfrenta repetidamente a infidelidade humana, mas mantém Sua fidelidade sem fim, longanimidade inabalável, graça extraordinária e profunda compaixão.
1. Leia o Salmo 78. O que essa passagem revela sobre a resposta de Deus diante das frequentes rebeliões de Seu povo?
Amor e justiça estão interligados. A ira divina é a resposta adequada do amor contra o mal, pois o mal sempre causa sofrimento a quem Deus ama. Não há nenhum caso nas Escrituras em que Deus fique irado de forma arbitrária ou injusta.
E embora o povo de Deus O tenha abandonado e traído repetidas vezes ao longo dos séculos, Ele continuou pacientemente a conceder compaixão além de todas as expectativas razoáveis (Ne 9:7-33), demonstrando assim a profundidade insondável de Sua compaixão longânima e de Seu amor misericordioso. Na verdade, de acordo com o Salmo 78:38, Deus, por ser “misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; muitas vezes desvia a Sua ira e não desperta toda a Sua indignação”.
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Deus fica irado diante do mal porque Ele é amor. O Senhor é tão compassivo e cheio de graça que um profeta bíblico chegou a criticá-Lo por ser misericordioso demais!
2. Reflita sobre a reação de Jonas ao perdão de Deus aos ninivitas. O que isso nos diz sobre Jonas e sobre Deus? Jn 4:1-4; Mt 10:8
A reação de Jonas revela dois fatos principais. Primeiro, mostra a severidade de Jonas. Ele odiava tanto os assírios pelo que haviam feito a Israel que não queria que Deus lhes demonstrasse misericórdia alguma.
Que lição para nós! Devemos ter cuidado com essa atitude, mesmo que pareça lógica. As pessoas que receberam a graça de Deus deveriam ser as primeiras a reconhecer que essa graça é imerecida e, assim, estar dispostas a estendê-la aos outros.
Em segundo lugar, a reação de Jonas reforça o fato de que a compaixão é central no caráter de Deus. Jonas estava tão familiarizado com a misericórdia de Deus que sabia que Ele desistiria de trazer juízo contra Nínive (Jn 4:2). Deus trata de forma justa e misericordiosa a todos os povos e nações.
A expressão traduzida como “tardio em irar-Se” (NAA) ou “paciente” (NTLH) significa literalmente “ter um nariz comprido”. No hebraico, a ira era associada metaforicamente ao nariz, e o comprimento do nariz representa quanto tempo alguém leva para ficar irado.
Referências a Deus como tendo um “nariz comprido” significam que Ele é tardio em irar-Se e muito paciente. Enquanto podemos ficar irados rapidamente, Deus é longânimo e paciente, concedendo Sua graça de maneira generosa. No entanto, isso não significa justificar o pecado ou fechar os olhos à injustiça. Pelo contrário, o próprio Deus, na cruz, realizou expiação do pecado e do mal, para que pudesse ser justo e, ao mesmo tempo, declarar justos aqueles que creem em Jesus (Rm 3:25, 26).
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Embora haja muitas formas inadequadas de ira, a Bíblia também ensina que existe uma “indignação justa”.
Imagine uma mãe observando a filha de três anos brincando no parquinho e, de repente, um homem ataca sua filha. Ela não deveria ficar irada? Claro! A ira é a resposta adequada do amor em tal circunstância. Esse exemplo nos ajuda a compreender a “justa indignação” de Deus.
3. O que a reação de Jesus à forma como o templo estava sendo usado nos diz sobre a ira de Deus contra o mal? Mt 21:12, 13; Jo 2:14, 15
Jesus demonstrou um “zelo piedoso”, a justa indignação com aqueles que haviam profanado o templo de Deus, transformando-o em um “covil de salteadores”, e, com isso, explorando viúvas, órfãos e pobres (Mt 21:13; compare com Jo 2:16). Em vez de simbolizar o perdão gracioso de Deus e a purificação dos pecadores, o templo e os rituais religiosos estavam sendo utilizados para enganar e oprimir as pessoas mais vulneráveis. Diante dessa atitude abominável, não seria justo que Jesus ficasse irado?
Marcos apresenta outros dois exemplos de Sua justa indignação. Quando trouxeram crianças a Jesus e “os discípulos os repreendiam”, Ele “indignou-Se”. E então lhes disse: “Deixem que os pequeninos venham a Mim” (Mc 10:13, 14).
Em outra ocasião, quando os fariseus aguardavam para acusar Jesus de violar o sábado ao curar nesse dia, Jesus lhes perguntou: “É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?” Ele olhou “em volta, indignado e entristecido com a dureza de coração daquelas pessoas”, e então curou o homem (Mc 3:4, 5). Nessa passagem, a ira de Cristo está associada à tristeza pela dureza de coração. Trata-se da justa indignação do amor, assim como a ira atribuída a Deus no AT. Como poderia o amor não se abalar diante do mal, especialmente quando o mal causa sofrimento às pessoas amadas?
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Deus demonstra repetidamente Sua preocupação com os oprimidos, assim como Sua justa indignação contra os que causam sofrimento. Se o mal não existisse, Deus não Se iraria. Sua ira é exclusivamente dirigida contra o que prejudica Suas criaturas.
“Não é do Seu agrado trazer aflição” (Lm 3:32, 33, NVI). O texto hebraico diz, literalmente, que Deus “não aflige do Seu coração”. Ele não deseja trazer juízo contra os malfeitores, mas, em última análise, o amor demanda justiça.
Essa verdade é vista na persistência de Deus em perdoar o povo e conceder-lhe oportunidades de reconciliação. Por meio dos profetas, Deus chamou o povo inúmeras vezes, mas ele se recusou a ouvir e se arrepender (Jr 35:14-17; Sl 81:11-14).
4. Por que Deus trouxe juízo a Jerusalém por meio dos babilônios? Por que Ele puniu os babilônios depois? Ed 5:12; 2Cr 36:16; Jr 51:24, 25, 44
Depois que o povo, de maneira persistente e impenitente, provocou a ira de Deus, Ele finalmente Se afastou e “entregou” o povo “nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Ed 5:12). Mas Deus fez isso somente quando “não houve mais remédio” (2Cr 36:16). E mais tarde trouxe juízo sobre Babilônia por causa da destruição excessiva que havia infligido a Judá (Jr 51:24, 25, 44; Zc 1:15).
Muitos juízos descritos nas Escrituras como provenientes de Deus são explicados como situações em que Ele “entrega” o povo aos seus inimigos (Jz 2:13, 14; Sl 106:41, 42), em decorrência das decisões do povo de abandonar o Senhor e servir aos “deuses” das nações (Jz 10:6-16; Dt 29:24-26). A ira de Deus contra o mal, que resultará na erradicação definitiva e completa da maldade, brota do Seu amor por toda a humanidade e do Seu desejo de alcançar o bem final do Universo. Tal ira reflete não apenas a preocupação de Deus com o destino humano, mas também o envolvimento do próprio Universo no problema do pecado, da rebelião e da maldade.
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Embora a ira divina seja “aterradora”, não é de forma alguma imoral ou desprovida de amor. Pelo contrário, tanto no AT quanto no NT, Deus expressa Sua ira contra o mal exatamente por causa de Seu amor. A ira divina é aterradora em razão da natureza traiçoeira do mal, contrastando com a pura bondade e majestade de Deus.
Nesse sentido, o amor é fundamental para Deus, mas a ira não. Onde não há mal ou injustiça, a ira divina não é necessária. No fim das contas, a ação mais amorosa de Deus, a erradicação do mal do Universo, também eliminará efetivamente toda a ira. Isso ocorrerá porque não haverá mais injustiça ou maldade no mundo. Para sempre, existirá apenas a eternidade de felicidade, justiça e um relacionamento amoroso perfeito. Não haverá mais ira divina, pois nunca mais haverá necessidade dela. Que verdade maravilhosa!
5. Alguns têm receio de que a ira divina seja interpretada erroneamente como justificativa para a vingança humana. Como a Bíblia alerta contra a vingança humana? Dt 32:35; Pv 20:22; 24:29; Rm 12:17-21; Hb 10:30
Deus tem o direito de exercer juízo e, quando o faz, sempre o realiza com perfeita justiça. Tanto o AT quanto o NT reservam explicitamente a vingança para Deus. Como Paulo escreveu em Romanos 12:19: “Meus amados, não façam justiça com as próprias mãos, mas deem lugar à ira de Deus, pois está escrito: ‘A Mim pertence a vingança; Eu é que retribuirei, diz o Senhor’” (ele cita Dt 32:35).
Embora Deus, no desfecho da história, traga juízo contra a injustiça e o mal, Cristo abriu um caminho para todos os que creem Nele. “Jesus [...] nos livra da ira vindoura” (1Ts 1:10; Rm 5:8, 9). E isso está de acordo com o plano divino: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5:9). A ira divina não é anulada, mas aqueles que têm fé em Jesus são libertos dessa ira por meio da obra redentora de Cristo.
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 266-279 (“O bezerro de ouro”).
“Os israelitas haviam sido culpados de traição contra um Rei que tinha dado a eles tantos benefícios, e a cuja autoridade voluntariamente haviam se comprometido a obedecer. Para que o governo divino pudesse se manter, a justiça devia ser executada sobre os traidores. No entanto, até nisso foi vista a misericórdia de Deus. Ao mesmo tempo que Ele mantinha Sua lei, concedia a todos liberdade de escolha e oportunidade de arrependimento. Só foram eliminados aqueles que persistiram na rebelião. [...]
“Executando justiça sobre os criminosos, Moisés, como instrumento de Deus, devia deixar registrado um protesto solene e público contra seu delito. Quando, dali em diante, os israelitas tivessem que condenar a idolatria das tribos vizinhas, seus inimigos lançariam contra eles a acusação de que o povo que afirmava ter a Jeová como seu Deus fizera um bezerro e o adorara em Horebe. Então, embora fossem obrigados a reconhecer a infeliz verdade, Israel poderia indicar o terrível destino dos transgressores, como prova de que seu pecado não havia sido aprovado nem desculpado.
“O amor, não menos que a justiça, exigia que o juízo fosse aplicado sobre esse pecado. [...] A fim de salvar a muitos, Ele tinha de castigar a poucos” (Patriarcas e Profetas, p. 273, 274).
Perguntas para consideração
1. Por que tantas pessoas enfrentam dificuldades para compreender a ideia da ira divina? O que o ajudou pessoalmente a entender melhor esse conceito?
2. Quais são os problemas da vingança humana, ao contrário da vingança de Deus?
3. O juízo sobre Israel após a rebelião do bezerro de ouro foi um exemplo de Sua misericórdia? Que exemplos bíblicos mostram que o juízo divino é um ato de amor?
4. Deus fica indignado com o mal e administra juízos com perfeita justiça. Isso nos dá o direito de condenar os outros? Reflita sobre essa questão à luz de 1 Coríntios 4:5.
Respostas às perguntas da semana: 1. Mesmo quando o povo de Deus era rebelde, Ele continuava a mostrar Sua compaixão. 2. Jonas ficou indignado. Ele sabia que Deus é tardio em irar-Se e deixa de enviar Seus juízos quando as pessoas se arrependem. 3. Deus manifesta Sua justa indignação quando é desonrado ou quando Suas criaturas são injustiçadas. 4. Quando o povo rebelde ultrapassou os limites da misericórdia, Deus permitiu que seus inimigos invadissem Judá. 5. Deus é o único que tem o direito de retribuir todas as ações, pois somente Ele é capaz de exercer um juízo perfeitamente justo. Os seres humanos não devem buscar vingança por si mesmos, mas confiar na justiça de Deus e aguardar o livramento pela ação divina.
TEXTO-CHAVE: Salmo 78:38
FOCO DO ESTUDO: Salmo 78; Mateus 21:12, 13; João 2:14, 15
ESBOÇO
Introdução: A ira de Deus é uma expressão de Seu amor, que punirá o mal e o pecado.
Temas da lição: A lição desta semana destaca duas ideias principais.
1. A ira de Deus é a Sua resposta santa e paciente ao pecado – Essa ira não se baseia numa iniciativa arbitrária, descontrolada ou vingativa. Pelo contrário, é sempre uma reação amorosa e firme contra o mal e a injustiça. A ira de Deus é uma resposta ao pecado contínuo e rebelde, que causa dano à Sua criação. A ira divina é mais uma das expressões de Seu amor, seja para punir pessoas más pelos seus pecados ou para libertar Seu povo das garras do mal. Nas Escrituras, a ira de Deus deve ser compreendida no contexto da narrativa bíblica mais ampla, como vemos no Salmo 78. Apesar de todos os sinais e maravilhas realizados por Deus, Seu povo O esqueceu, tornando-se teimoso e rebelde, tendo coração impenitente .
2. A ira de Deus é uma indignação amo- rosa e justa – Nas Escrituras, encontramos descrições bastante vívidas da ira de Deus, como uma indignação amorosa e justa contra a opressão e o sofrimento de Seu povo. O Senhor intervém ativamente para punir o mal, dada a Sua justa indignação, que é motivada por perfeita bondade e amor. Sua ira é a resposta adequada de amor contra o mal, já que o mal fere as criaturas que Ele ama.
Aplicação para a vida: Levando em conta a resposta completamente adequada de Deus à injustiça e ao mal, como devemos trabalhar para, de maneira concreta, eliminar a injustiça e diminuir o sofrimento dos outros?
COMENTÁRIO
A ira de Deus é a Sua resposta santa e paciente ao pecado
Devemos compreender o ensino bíblico sobre a ira de Deus no contexto das narrativas em que ela é mencionada. O Salmo 78, que é o segundo salmo mais longo do Saltério (depois do capítulo 119), destaca eventos específi cos da história de Israel, especialmente o êxodo e as peregrinações no deserto. Nessa narrativa poética, Asafe encoraja o povo de Deus a ser fi el ao Senhor, em contraste com as gerações rebeldes do passado. Diferentemente de muitos salmos, o Salmo 78 não é dirigido a Deus, na forma de um cântico de oração, mas ao povo, na
forma de um cântico de instrução (veja a nota sobre o Salmo 78, de Adele Berlin e Marc Zvi Brettler, em The Jewish Study Bible, 2. ed. [Oxford University Press, 2014], p. 1353). Muito provavelmente, o salmista pretendia ajudar o povo a se lembrar dos atos poderosos e amorosos de Deus, quando cantassem essa narrativa poética, garantindo assim que não se esquecessem de Suas ações, como havia acontecido com a geração do deserto (veja a nota introdutória sobre o Salmo 78, de C. John Collins, em Bíblia de Estudo NAA [Sociedade Bíblica do Brasil, 2018], p. 982).
O verbo hebraico traduzido como esquecer (yishkehu) é usado duas vezes nesse Salmo. No Salmo 78:7, a ênfase em não esquecer os feitos do Senhor está associada à “confiança em Deus” e à obediência aos Seus “mandamentos”. Por outro lado, esquecer-se das obras de Deus significa ser uma “geração obstinada e rebelde” e revelar o problema mais profundo de um “coração inconstante”, isto é, um espírito que “não foi fiel
a Deus” (Sl 78:8). Apesar de todas as maravilhas e bênçãos que os israelitas receberam no deserto, eles, de maneira rebelde, “continuaram a pecar” (Sl 78:17), “tentaram a Deus no seu coração” (Sl 78:18) e “falaram contra Deus” (Sl 78:19). É em resposta a esse pecado que encontramos a referência à ira divina no Salmo 78:21: “Ouvindo isto, o Senhor ficou indignado; acendeu-se fogo contra Jacó, e também se levantou o Seu furor contra Israel.” A razão da ira do Senhor é resumida no versículo seguinte: “Porque não creram em Deus, nem confiaram na Sua salvação” (Sl 78:22), apesar de todos os sinais e maravilhas que havia realizado diante dos olhos deles.
Da mesma forma, a próxima referência à ira divina acrescenta que “apesar de
tudo isso, continuaram a pecar e não creram nas maravilhas de Deus” (Sl 78:31, 32). Na verdade, o salmo ainda aponta que, quando o Senhor os atingia, eles começavam a buscá-Lo novamente e a se lembrar de que Ele era a sua salvação (Sl 78:34, 35).
Essa reação, no entanto, não era genuína. De fato, “com a boca O adulavam, com a língua O enganavam, mas o coração deles não era sincero; não foram fiéis à Sua aliança” (Sl 78:36, 37, NVI). É precisamente nesse contexto que encontramos a descrição mais bela e amorosa da ira de Deus presente nesse salmo: “Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; muitas vezes desvia a Sua ira e não desperta toda a Sua indignação” (Sl 78:38).
Asafe também lembrou ao povo de Deus que a ira divina os havia libertado da opressão no Egito, quando Seus juízos sobrevieram contra os egípcios (Sl 78:49, 50). Mas, depois dessa libertação maravilhosa, os israelitas “tentaram o Deus Altíssimo, e a Ele resistiram, e não Lhe guardaram os testemunhos” (Sl 78:56). Entre os mandamentos divinos, é dada ênfase especial ao pecado da idolatria: “Eles O irritaram com os santuários locais; com os seus ídolos Lhe provocaram ciúmes” (Sl 78:58, NVI). É interessante observar que a ira de Deus é descrita, nesse contexto, em termos de abandono: “Por isso, [o Senhor] abandonou o tabernáculo de Siló” (Sl 78:60) e “entregou o Seu povo à espada” (Sl 78:62).
A narrativa poética do Salmo 78 indica que a ira de Deus não é uma iniciativa arbitrária, nem uma reação descontrolada. Pelo contrário, Sua ira é uma resposta firme ao pecado contínuo e rebelde.
A ira de Deus é uma indignação amorosa e justa
As narrativas dos evangelhos sobre a purificação do templo feita por Jesus oferecem um exemplo inestimável que mostra que devemos compreender a ira divina como uma indignação justa e adequada, em vez de uma atitude arbitrária e impulsiva da parte de Deus (Mt 21:12, 13; Mc 11:15-17; Lc 19:45-48; Jo 2:14, 15). No capítulo 16 (“Corrupção na Casa de Deus”) do livro O Desejado de Todas as Nações, Ellen G. White apresenta observações bastante esclarecedoras para nossa reflexão sobre a ira de Deus. Nesse capítulo, ela argumenta várias vezes que não foi apenas o Homem Jesus que realizou a purificação do templo. Nas palavras dela, “a purificação do templo era uma manifestação de poder sobre-humano” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 121). Além disso, “olhando para Cristo, [as pessoas] viram a divindade irradiando através das vestes da humanidade” (p. 117, 118).
Ellen G. White explica que “os mercadores exigiam preços exorbitantes pelos animais vendidos e dividiam o lucro com os sacerdotes e líderes, que enriqueciam à custa do povo”. Assim, em vez de agirem verdadeiramente como representantes de Deus perante o povo, corrigindo os “abusos no pátio do templo”, os sacerdotes e líderes buscavam os “próprios interesses de lucro”. Como ela ressalta: “Deviam ter dado ao povo um exemplo de integridade e compaixão”, considerando as “necessidades dos adoradores” e estando “prontos para ajudar os que não tinham condições de comprar os sacrifícios exigidos” (p. 116). No entanto, deixaram a ganância endurecer o coração.
Ellen G. White descreve aqueles que iam ao templo como “pessoas que estavam sofrendo, em necessidade e aflição [...]. O cego, o paralítico e o surdo estavam ali. Alguns eram levados em macas. Muitos eram pobres demais para comprar a mais humilde oferta para o Senhor; pobres demais até para obter o alimento com que saciassem a própria fome” (p. 116, 117). Mas os sacerdotes não tinham “solidariedade nem compaixão” por eles. “Seus sofrimentos não despertavam piedade no coração dos sacerdotes” (p. 117).
Em contraste com os sacerdotes, Jesus vai ao templo e vê as “transações desonestas” e a “aflição do pobre”. Ellen G. White usa a linguagem da indignação para enfatizar as reações de Jesus: “Ao contemplar a cena, Sua fisionomia mostrou indignação, autoridade e poder.” É nesse contexto de indignação que ela destaca que a divindade de Cristo irradiou através de Sua humanidade. Enquanto aqueles que “estavam empenhados no comércio profano” olhavam para Ele, sentiram-se como se estivessem “perante o tribunal de Deus para responder por seus atos” (p. 117). Ela qualifica a ação de Jesus em derrubar as “mesas dos cambistas” como “zelo e severidade nunca antes demonstrados” por Ele (p. 118).
É importante observar que essa ira não pode ser adequadamente compreendida sem a ênfase na “compaixão de Cristo para com os pobres”, que foi “despertada” pelo comércio no templo. “Com lágrimas nos olhos, dizia para as trêmulas criaturas que O cercavam: ‘Não temam; Eu livrarei vocês, e vocês Me glorificarão. Para isso vim ao mundo’” (p. 120).
Essa narrativa bíblica, explorada por Ellen G. White com tamanha beleza, mostra, em termos cristológicos, que a ira de Deus é uma indignação amorosa e justa contra a opressão e o sofrimento de Seu povo. Por fim, essa indignação divina desencadeia uma poderosa libertação do povo, como resultado do juízo contra os opressores.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
No artigo “Reflections on the Wrath of God” [Reflexões Sobre a Ira de Deus], Marvin Moore analisa as reações divinas à injustiça. O autor menciona uma história, que vamos adaptar e resumir. Um dia certa mãe foi ao quintal buscar alguma coisa e encontrou seu filho adolescente sendo agredido sexualmente pelo tio. Diante disso, será que a mãe deveria ir para o quarto e apenas orar por essa situação, ou deveria intervir para deter tanto o pecado quanto o pecador? (Veja Journal of the Adventist Theological Society, v. 15, no 2 [2004], p. 118-127, especialmente p. 121, 122; disponível em: <https://tinyurl. com/342xey6a>). Com essa história em mente, peça aos membros de sua classe que discutam as questões a seguir:
1. Como você acha que Deus deveria agir ao ver todos os abusos e injustiças cometidos contra Seu povo? Ele é capaz de sentir ira intensa?
2. A ira de Deus é uma expressão de Seu amor? Explique. Ele deveria intervir para deter o pecado e o pecador? Por quê?
3. Em que situações você já agiu, de maneira concreta, para eliminar a injustiça ou para diminuir o sofrimento de outros?
4. A Bíblia aconselha: “Fiquem irados e não pequem” (Ef 4:26). Com essa ideia em mente, dê exemplos concretos em sua vida diária em que a ira pode ser uma expressão de amor.
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Buscando respostas - Parte 1
Mongólia | Bold Batsukh
Nota do editor: Esta é a história de como Bold Batsukh, o primeiro pastor adventista do sétimo dia da Mongólia, entregou seu coração a Deus no início dos anos 1990.
Sempre que Bold tinha uma pergunta, ele corria até seu pai na Mongólia.
"Tenho medo do escuro", ele dizia. " Por que tenho medo do escuro?"
"Está tudo na sua imaginação", o pai dizia.
Então o menino ouviu alguém falando sobre Deus e o diabo. Ele correu para o pai.
"Existe algo como o diabo e Deus?" ele perguntou.
"Está tudo na sua imaginação", o pai dizia.
Bold confiava em seu pai. Ele tinha visto o pai ler muitos livros, então ele sabia que tinha adquirido muito conhecimento.
Mas ele continuava com medo do escuro. Ele também não tinha tanta certeza de que Deus não existia. Ele não entendia o motivo, mas sentia que Deus devia estar vivo em algum lugar do Universo.
Apesar de Bold ser jovem, ele era muito sério. Ele pensava seriamente sobre seu futuro. Quando pensava em seu futuro, ele pensava na morte.A morte o assustava.
"Por que morremos?" ele se perguntava. "O que acontece após a morte? É isso?" Um dia, o pai adoeceu. Ele entrou e saiu do hospital para tratamento por vários meses. Durante uma hospitalização, Bold notou marcas nas costas do pai devido às injeções dadas pelas enfermeiras.
"Por que elas precisam aplicar tantas injeções?",ele perguntou.
"Estou doente, então tenho que tomá-las", disse o pai.
Bold sentiu pena de seu pai.
O pai ficou cada vez mais fraco. Por fim, ele não conseguia comer sozinho, e sua comida era amassada como comida de bebê e misturada com água. Alguém o alimentava com uma colher, massageando sua garganta para ajudá-lo a engolir.
Uma tarde, um amigo correu até Bold enquanto ele brincava do lado de fora de sua casa.
"Seu pai está morto! Seu pai está morto!", gritou o menino.
Bold pensou que o menino estava tentando fazer uma piada e ficou indignado.
"Por que você precisa brincar assim?",ele disse.
"É a verdade", disse o menino. "Eles estão procurando por você."
Bold correu para casa. Uma ambulância estava do lado de fora do prédio. Ninguém o deixava entrar para ver seu pai. Bold percebeu que seu pai havia falecido. Ele tinha apenas 45anos. Bold tinha 3 anos.
O menino chorou e perguntou: "Por quê? Por quê?"
Ele não recebeu resposta.
Pela primeira vez, ele falou com o Deus que seu pai dissera que não existia. Ele disse: "Não vejo motivo para isso acontecer".
Ele não recebeu resposta.
Bold tinha sido próximo do pai e não conseguia imaginar a vida sem ele. Ele se perguntou: "Se todo mundo vai morrer, qual é o sentido de viver?"
Ele não recebeu resposta.
Bold tinha medo do escuro. Mas agora seus medos aumentavam, pois, na escuridão da noite, ele tinha sonhos perturbadores sobre seu pai. Em seus sonhos, ele perguntava ao pai:" Porque você nos deixou?"
Ele não recebeu resposta. Como ele desejava que seu pai estivesse por perto para responder às suas perguntas.
O pai era o único sustento da família. Sem ele, os tempos eram difíceis. Bold também sentiu ressentimento. Ele pensou: "Meu pai poderia estar vivo se tivesse se cuidado melhor e ido ao hospital mais cedo".
A mãe também sentia muita falta do pai. Ela também tinha dúvidas. Ela começou a visitar um mestre de uma religião tradicional mongol que afirmava ter respostas.
Bold notou que a mãe parecia mais feliz após cada visita. Ele estava curioso para descobrir se o professor conseguiria responder às suas perguntas.
"Posso ir vê-lo?", ele perguntou.
"Vamos juntos", respondeu a mãe.
Ore pelo povo da Mongólia que, assim como Bold, está procurando respostas. Parte da oferta deste trimestre ajudará a abrir um centro recreativo em Ulan Bator, Mongólia, para outras crianças que têm perguntas não respondidas. Obrigado por planejar uma oferta generosa.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2025
Tema geral: O amor e a justiça de Deus
Lição 5 – 25 de janeiro a 1º de fevereiro
“A ira do amor divino”
Autor: Erico Tadeu Xavier
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Relatos concernentes à matança de pessoas no Antigo Testamento têm sido um fator de questionamentos por parte de muitos leitores da Bíblia. Estaria Deus sendo incoerente, promovendo a mortandade e ao mesmo tempo proibindo o homem de matar? (Êx 20:13.) Há vários termos bíblicos alusivos à matança dos povos no Antigo Testamento: ira, justiça, juízo, julgamento, vingança, desolação, destruição, dia do Senhor, entre outros.
Entendendo a ira de Deus
Um aspecto geralmente relacionado a essa matança é a ira ou castigo divino. Essa ira é apresentada na forma de pragas, enfermidades, vento, sol, chuva, crises agrícolas, fome, humilhação e morte (Êx 7–10; Nm 16:30-35; Dt 28:15-62; Jr 14:1-6; Jn 4:8). Há morte de adultos, jovens e crianças (1Sm 15:3; 2Rs 23; 24); morte do estrangeiro e do próprio povo de Deus. A morte atinge a casa de Faraó bem como a casa do sacerdote Eli (Êx 12:29; 1Sm 2:27-34; 4:11). Mortes também são observadas por operação direta de Deus, como é o caso do Dilúvio; e por instrumentalidade humana, como em algumas guerras. Os amalequitas e cananeus, por exemplo, foram meios de punição capital (Nm. 14:42-45). Por meio de Sansão, muitos filisteus foram mortos (Jz 16:29, 30).
Há matança e vitória sobre os inimigos por meio do fogo, água, espada e fenômenos naturais (Nm 16:28-33; 1Sm 7:10). Grandes cidades, tais como Sodoma e Gomorra, foram destruídas, assim como grupos menores: os 450 profetas de Baal, a família de Acã, ou mesmo indivíduos, como Belsazar. O castigo podia afetar os descendentes dos culpados e outros bens (Nm 16:22; Dt 13:15, 16; 32:25; 1Sm 15:3). Dessa forma, podia ter um caráter preventivo para um povo que valorizava a família (Êx 20:5, 6; 34:7; Nm 14:18; Dt 5:9; Js 7:24; Jr 32:18).
Motivos para castigar ou manifestar a ira
Um estudo atento da Bíblia apresenta duas classes de motivos para castigar pessoas e povos, no Antigo Testamento: um motivo geral e motivos específicos. Como motivo geral, lembramos a depravação total do ser humano (Gn 6:5; Sl 14:2, 3; Rm 1:29; Ef 4:18, 19).
Entre os motivos específicos podem ser enumerados alguns pecados: Feitiçaria (Êx 22:18; Dt 18:11, 12), idolatria (Nm 25:1-9; 1Reis 18:22-40), zombaria (2Rs 2:23, 24), murmuração (Nm 14:26-45; 21:5, 6), rebelião (Nm 16:1-33), irreverência (1Sm 2:12-17; Nm 16:35). Em Ezequiel 18:10 a 12, os motivos da matança podiam ser roubo, crime, adultério, opressão, idolatria e agiotagem. Levítico 20:9 a 17 contém uma classificação de atos imorais que deveriam ser punidos com a morte. Acrescente-se ainda a perseguição ao povo de Deus como razão da matança. É o caso dos exércitos de Faraó destruídos no Mar Vermelho, entre outras ocorrências.
Houve, portanto, a causa remota e a próxima. A remota foi a queda inicial e geral da humanidade. A próxima foi a manifestação da queda em diversas expressões de perversidade e ofensa ao Deus santo e justo.
Base bíblica
Há dois fundamentos escriturísticos, a partir do Antigo Testamento, para esse ato estranho de Deus (Is 28:21). O primeiro fundamento é a aliança de Deus com Seu povo. Ao organizar Seu povo escolhido, a nação santa, Deus estava montando uma representação de Si mesmo na Terra, por intermédio desse povo eleito. Era a implantação do regime teocrático, no qual Ele mesmo governava diretamente.
Israel deveria representar a Pessoa e o caráter de Jeová. Como o Senhor havia assegurado a Abraão que a terra da promessa seria possuída, qualquer obstáculo a essa conquista teria que ser removido, ainda que fosse necessária a matança dos inimigos (Êx 14:27-30; Jz 11:27, 32, 33). Assim, o conceito de justiça se aproxima do conceito de amor. Para preservar o povo eleito, era lícito eliminar adversários rebeldes.
Sobre a destruição de Jericó, Josué declarou: “Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Js 6:21).
“A destruição total do povo de Jericó era apenas o cumprimento das ordens previamente dadas por intermédio de Moisés, relativas aos habitantes de Canaã: “Quando […] o Senhor, teu Deus, as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás” (Dt 7:1, 2). “Das cidades destas nações […], não deixarás com vida tudo o que tem fôlego” (Dt 20:16). Para muitos, essas ordens parecem ser contrárias ao espírito de amor e misericórdia ordenado em outras partes da Bíblia. Mas, na verdade, essas foram instruções de sabedoria e bondade infinitas. Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, para desenvolver entre os hebreus uma nação e um governo que fossem uma demonstração de Seu reino na Terra. Eles deveriam não só ser os herdeiros da verdadeira religião, mas também disseminar seus princípios por todo o mundo. Os cananeus tinham se entregado ao mais detestável e degradante paganismo, e era necessário que a terra fosse limpa daquilo que, seguramente, impediria o cumprimento dos misericordiosos planos de Deus.
“Os habitantes de Canaã tinham recebido muitas oportunidades para se arrepender. [...] Assim como os antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar do Céu e contaminar a Terra. Tanto o amor quanto a justiça exigiam que esses rebeldes para com Deus e inimigos da humanidade fossem imediatamente destruídos” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 429).
A soberania de Deus
Não apenas a aliança justifica interferências drásticas. A soberania de Deus deve ser respeitada. Do princípio ao fim, a Bíblia está marcada por pronunciamentos e ações do soberano Deus, a quem não temos razões para replicar (Rm 9:20).
Como o Altíssimo, Deus “tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer” (Dn 4:17, 25, 34; 5:21; 7:14). Davi, rei de Israel, reconheceu: “Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque Teu é tudo quanto há nos Céus e na Terra” (1Cr 29:11). Deus é o “único soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores” (1Tm 6:15; Ap 19:16). A soberania de Deus, portanto, expressa a Sua própria natureza: onipotente, todo-poderoso, apto para cumprir Seus propósitos, Sua vontade, e guardar Suas promessas.
Os registros de morte relatados no Antigo Testamento não anulam as inconfundíveis provas do amor de Deus. Nele, não existe contradição. O Deus que castiga é o mesmo que ama (Dt 7:7, 8; 23:5; 1Rs 10:9; Os 6:1). O caráter divino mantém Sua unidade na diversidade de Seus atributos.
A ira escatológica de Deus
A ira de Deus é Sua reação justa e santa contra o pecado. Dessa forma, mesmo tendo que exterminar o pecado, a misericórdia de Deus acompanha o pecador, dando a punição em conformidade com os atos praticados, de acordo com as obras de cada um (Mt 25:31-46; Lc 12:47, 48; Ap 20:13). Ellen G. White explica essa situação da seguinte forma:
“Satanás precipita-se para o meio de seus seguidores e procura instigar a multidão à atividade. Mas fogo de Deus, procedente do Céu, derrama-se sobre eles e os grandes homens, e os homens poderosos, os nobres e os pobres e miseráveis, todos são juntamente consumidos. Vi que alguns foram destruídos rapidamente, enquanto outros sofreram mais tempo. Foram castigados segundo as ações feitas no corpo. Alguns ficaram muitos dias a consumir-se e, enquanto havia uma parte deles a ser consumida, permanecia toda a sensação do sofrimento. Disse o anjo: ‘O verme da vida não morrerá; seu fogo não se apagará enquanto houver a mínima partícula para ele devorar!’” (Primeiros Escritos [CPB, 2022], p. 270).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Erico Tadeu Xavier é Pós-doutor em Teologia Sistemática e Missão Integral pela FAJE (Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta de BH), Doutor em Ministério pela FTSA, Faculdade Teológica Sul-Americana e Doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica do RJ). Iniciou seu ministério em 1991 como pastor distrital e atuou em três diferentes regiões. Foi professor do Seminário Adventista de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia, da Faculdade Adventista da Bahia (antigo IAENE), e da FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Noemi Pinheiro Xavier, Doutora em Educação. O casal tem dois filhos: Aline (psicóloga) e Joezer (designer gráfico).