Otema do Deus de missão percorre toda a Bíblia. É o fio condutor da história humana e demonstra o propósito de Deus para Sua criação. Além disso, consolida a revelação divina com um foco : a restauração da imagem de Deus em Seus filhos caídos (compare com Cl 3:9, 10; 1Jo 3:2).
A missão divina também funciona como o pano de fundo através do qual devemos ver e entender a Palavra divina para nós. Quando lemos a Bíblia, podemos identificar um Deus que nos busca intencionalmente. Apesar da separação causada pelo pecado (Is 59:2), Deus continua , por meio de Sua missão, restaurando o relacionamento quebrado com a humanidade até o momento glorioso em que Ele fará “novas todas as coisas” (Ap 21:5).
Enquanto isso, Deus decidiu Se manifestar a nós de tal forma que possamos entender Sua natureza e Seu propósito e, acima de tudo, ter um relacionamento real e duradouro com Ele. Em outras palavras, não apenas chegamos a conhecê-Lo, como também compartilhamos com outros nossa experiência com Seu amor salvador.
Então, nas Escrituras, Deus nos dá os elementos básicos de Sua missão.
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A missão de Deus nas Escrituras tem Jesus na frente e no centro como o único caminho para a salvação. O próprio Cristo declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim” (Jo 14:6). Mas Jesus também nos ajuda a entender a centralidade do Deus triúno para Sua missão.
Tudo o que Cristo fez foi para Seu Pai celestial ou teve origem no Pai (Jo 4:34; 5:30; 12:45). No entanto, devemos sempre lembrar que a missão de Jesus não começou quando Ele veio ao mundo. Ele a havia recebido do Pai mesmo antes da criação do mundo (compare com Ef 1:4; 1Pe 1:20).
Portanto, Deus planejou buscar a humanidade mesmo antes de lançar as bases do nosso planeta, e intencionalmente entrou na história para cumprir esse propósito.
O Filho criou o mundo (Jo 1:3) e, na “plenitude do tempo” (Gl 4:4), Deus demonstrou Seu amor enviando o Filho para a Terra (Jo 3:16, 17). O Filho veio, morreu na cruz e venceu a morte. Então, enviado pelo Pai, o Espírito veio aqui (Jo 14:26; 16:7), convence o mundo (Jo 16:8-11) e dá continuidade à missão do Pai e do Filho capacitando e enviando o povo de Deus para a missão (Jo 14:26; 16:13, 14).
1. Leia João 20:21, 22. Como a compreensão de que a missão tem sua origem no Pai, no Filho e no Espírito Santo deve moldar nossa missão?
Embora a palavra “trindade” não conste na Bíblia, são inúmeras as evidências envolvendo as três Pessoas da Trindade focadas na missão. Por exemplo, após a ressurreição, Cristo apareceu aos discípulos e prometeu: “Eis que envio sobre vocês a promessa de Meu Pai; permaneçam, pois, na cidade, até que vocês sejam revestidos do poder que vem do alto” (Lc 24:49, ênfase suprida). Vemos a realidade da missão da Trindade em uma frase: a promessa do Pai, a certeza do Filho a respeito do cumprimento da promessa e a promessa em si, a vinda do Espírito Santo (ver Lc 3:16; At 1:4, 5, 8).
Aprendemos com isso que a missão não é nossa. Pertence ao Deus triúno. Como tal, não falhará.
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2. Que elementos do discipulado encontramos em Mateus 28:16-20?
Mateus 28:16-20 declara a incumbência bíblica, comumente identificada como a Grande Comissão (Mt 28:18-20), na qual Jesus instruiu Seus seguidores a ir e fazer discípulos, ensinando-os com fé e motivando-os na comunhão (ver também Mc 16:15, 16; Lc 24:44-49; Jo 20:21-23; At 1:8).
Os componentes básicos de Mateus 28:16-20 podem ser vistos em quatro aspectos simples: (1) Jesus ordena Seus discípulos a ir à Galileia para estar com Ele (Mt 28:16, 17); (2) Jesus vai até eles, declarando Sua autoridade e soberania (Mt 28:18); (3) Jesus comissiona os discípulos para uma tarefa: fazer discípulos (Mt 28:19, 20); e, finalmente, (4) promete estar com os discípulos até o fim (Mt 28:20).
Fazer discípulos é o foco da Grande Comissão e a principal tarefa da missão. Literalmente, na língua grega, o início de Mateus 28:19 diz: “Tendo ido, portanto, façam discípulos […]”. O “portanto” dá à comissão seu fundamento sobre o que acaba de ser apresentado (Mt 28:18): o poder, a autoridade e a soberania de Jesus, resultantes da vitória alcançada em Sua ressurreição.
É importante destacar que, na Grande Comissão, o único verbo de ação no imperativo é “façam discípulos”. Ensinar a todos, batizá-los e compartilhar os ensinamentos de Jesus com o mundo inteiro são as características do processo de discipulado. Jesus claramente conduz os discípulos na direção de um propósito: fazer discípulos. Essa é de fato uma das mais importantes passagens missionárias da Bíblia. Ela termina com a promessa da presença contínua de Jesus com Seus seguidores.
Obviamente, a Grande Comissão não foi destinada apenas aos primeiros discípulos reunidos naquela circunstância específica. Eles não podiam ir a “todas as nações” sozinhos para cumprir a missão de fazer discípulos. Portanto, a comissão é universal em seu escopo: todo verdadeiro seguidor de Cristo deve estar engajado em fazer discípulos. Além disso, a mensagem a ser transmitida – o evangelho eterno de Jesus – destina-se ao mundo inteiro, sem limitações geográficas, sociais ou étnicas.
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3. Leia Apocalipse 14:6, 7. Que aspectos da missão de Deus é possível identificar no “evangelho eterno” apresentado pelo primeiro anjo nas três mensagens angélicas?
Apocalipse 14:6, 7 é o único texto nas Escrituras em que as palavras “eterno” e “evangelho” estão ligadas. O evangelho é a boa-nova da graça oferecida a todos por meio de Cristo, que veio ao mundo para mostrar graça e verdade (Jo 1:14). Ele viveu sem pecado e morreu na cruz como um sacrifício substitutivo para suportar a penalidade por nossos pecados (Is 53:4, 5; 1Pe 3:18). Ele ressuscitou, retornou ao Céu, foi exaltado pelo Pai e hoje intercede por nós no santuário celestial (Ap 1:18; At 2:33; Hb 7:25). Em breve cumprirá Sua maior promessa – retornar em majestade e glória e, finalmente, após o milênio, estabelecer o reino de Deus na Terra (Jo 14:1-4; At 1:11; Ap 21:1-4). Todas essas são realidades essenciais do evangelho eterno.
Contudo, é notável que essa mensagem é eterna. Há apenas um evangelho que pode nos salvar. Ele permanecerá o mesmo até que a missão de Deus seja plenamente cumprida. Nunca haverá outro evangelho. Ensinamentos e doutrinas enganosos vêm e vão (Ef 4:14), mas a mensagem da salvação, o evangelho eterno, é imutável, e aqueles que creem nele e o vivem em obediência serão recompensados (ver Dt 5:33; Rm 2:6).
A mesma comissão dada aos primeiros discípulos também nos é dada hoje. Devemos continuar a tarefa de fazer discípulos para Cristo em todos os lugares. Mas que tipo de discípulos? Pessoas boas, devotas e amorosas? Essas características são essenciais, mas não são suficientes. Devemos fazer discípulos focados em todos os elementos bíblicos do discipulado (Lc 9:23; Jo 13:34, 35; 2Co 5:17) com um propósito principal: estar preparado e preparar outros para a volta do Mestre.
“A proclamação do Juízo é uma anunciação de que a segunda vinda de Cristo está próxima. E essa proclamação é chamada o ‘evangelho eterno’. Desse modo é mostrado que a pregação da segunda vinda de Cristo ou a anunciação de sua brevidade é parte essencial da mensagem evangélica” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 129).
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Deus sempre tem tido aqueles que representam fielmente Seu caráter e, em obediência, seguem Seus propósitos. O povo de Deus é formado por aqueles que foram chamados e que aceitaram Seu convite para ser participantes de Sua graça. Todos eles foram – e continuam a ser – instrumentos de Deus para o cumprimento de Sua missão.
4. Leia Gênesis 12:1-3 e Deuteronômio 7:6, 11, 12. Qual era o propósito original de Deus para o Seu povo no AT?
A aliança de Deus com Abraão e seus descendentes tinha um propósito específico. Eles foram criados, chamados e comissionados para ser agentes da missão divina – canal de bênçãos para as nações (Dt 28:10; Is 49:6). No entanto, foram escolhidos dentro de um relacionamento de aliança com Deus, com base em uma condicionalidade implícita de fé e obediência (Gn 22:16-18; Êx 19:5, 6; Dt 28:1, 2; 2Cr 7:14). Esse processo, o de atrair as nações vizinhas para Israel, era a “estratégia missionária” de Deus no AT.
No NT, a missão de Deus continuou. O Salvador ressuscitado lançou, então, uma “estratégia missionária” renovada (Mt 28:18-20; At 1:8) na qual os discípulos – que compõem a igreja – saem em missão pelo mundo em vez de, como no antigo Israel, o mundo vir a eles. A missão não se originou com a igreja, mas a igreja existe porque Deus ainda tem uma missão a ser cumprida e a está usando para fazer isso.
Porém, resta uma questão: Qual é a missão da igreja? É a mesma Daquele que chamou a igreja à existência: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10). Embora nenhum de nós possa salvar alguém, podemos e devemos indicar às pessoas o Único que pode salvar, e esse é Jesus Cristo.
“A missão da igreja de Cristo é salvar os pecadores que estão a perecer. É divulgar o amor de Deus aos homens, conquistando-os para Cristo pela eficácia daquele amor” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 3, p. 315). Que privilégio e que tremenda responsabilidade!
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5. Leia Apocalipse 7:9, 10. O que esse texto sugere sobre o escopo geográfico de longo alcance da missão de Deus?
Nesta semana, estudamos dois textos missionários cruciais que enfatizam a importância de se fazer discípulos na Grande Comissão e a mensagem do evangelho eterno. É interessante que ambos os textos têm ao menos um ponto de conexão: o “onde” da missão. “Vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt 28:19); “aos que habitam na terra, e a cada nação, tribo, língua e povo” (Ap 14:6, ênfases supridas).
Em outras palavras, o evangelho deve alcançar todas as classes, nações, línguas e povos. O evangelho deve unir os salvos em uma grande irmandade. Temos apenas um modelo a imitar: Cristo. Se aceitarmos a verdade como ela é em Jesus, preconceitos nacionais serão quebrados, e o espírito da verdade unirá nossos corações.
Quando Jesus disse: “Serão Minhas testemunhas” (At 1:8), Ele quis destacar três áreas geográficas diferentes:
Área 1: “Serão Minhas testemunhas tanto em Jerusalém […]”. Naquela época, Seus discípulos estavam próximos a Jerusalém. Jesus quis dizer: “Comece a compartilhar sua experiência com Deus com as pessoas que estão perto”. A missão começa com a família, vizinhos e amigos. Esse é o lugar principal da missão.
Área 2: Ele continua: “como em toda a Judeia e Samaria”. Nossa missão também envolve os que estão de certa forma próximos, mas ao mesmo tempo distantes. São pessoas que falam a nossa língua e têm cultura semelhante à nossa, mas não vivem a mesma realidade que nós. Esse é o outro lugar de nossa missão.
Área 3: Além disso, Cristo disse: “E até os confins da Terra”. A missão de Deus nos chama a alcançar indivíduos de todos os lugares, nações, grupos de pessoas, línguas e etnias. Esse é o nosso último lugar da missão.
Desafio: Ore todos os dias desta semana pela comunidade onde você mora. Deus o colocou lá por uma razão.
Desafie-se: Pesquise a demografia de sua área (que tipo de pessoas vive ao seu redor) – origem étnica e religiosa, idosos, jovens, pobres, ricos, idiomas falados, etc. Peça que Deus lhe mostre como ser um canal de Seu amor para eles.
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Testemunha a todas as nações. “As palavras do Salvador: ‘Vocês são a luz do mundo’ (Mt 5:14), indicam o fato de que Ele confiou aos Seus seguidores uma missão mundial. [...] Como os raios do Sol penetram até os mais afastados recantos do globo, assim Deus determina que a luz do evangelho se estenda a todos sobre a Terra. Se a igreja de Cristo estivesse cumprindo a vontade de nosso Senhor, a luz se espalharia sobre todos que vivem nas trevas e na região da sombra da morte (Is 9:2). Em vez de se ajuntarem e se eximirem das responsabilidades e de levar a cruz, os membros da igreja se espalhariam por todas as terras, irradiando a luz de Cristo, trabalhando como Jesus pela salvação das pessoas, e este “evangelho do reino” seria velozmente levado a todo o mundo” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo [CPB, 2022], p. 32, 33).
“De todos os países está a soar o chamado macedônico: ‘Passa e ajuda-nos’. Deus está abrindo campos diante de nós. Seres celestiais têm cooperado com os homens. A Providência está indo adiante de nós, e o Infinito Poder está colaborando com os esforços humanos. Cegos, na verdade, devem ser os olhos que não veem a operação do Senhor, e surdos os ouvidos que não ouvem o chamado do verdadeiro Pastor a Suas ovelhas. Alguns têm ouvido o chamado de Deus e respondido. Que todo coração santificado responda agora, procurando proclamar a mensagem vivificante. Se homens e mulheres, em humildade e fidelidade, assumirem a tarefa que Deus lhes designou, o poder divino será revelado na conversão de muitos para a verdade” (Ellen G. White, The Advent Review and Sabbath Herald, 14 de novembro de 1912).
Perguntas para consideração
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A credibilidade da igreja é determinada pelo amor exemplificado em nossa vida no cumprimento da missão. Como você responde a esse desafio?
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Como sua igreja é vista por seus vizinhos? Se a percepção é positiva, o que fazer para fortalecê-la mais? Se for negativa, o que fazer para mudá-la?
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É importante manter o “evangelho eterno” como o centro de nossa missão? Podemos apresentar uma esperança maior do que o evangelho de Cristo?
Respostas e atividades da semana: 1. Compreendemos que a missão não é nossa. Pertence ao Deus triúno. Como tal, não falhará. Assim, não teremos medo. 2. Ensinar a todos, batizá-los e compartilhar os ensinamentos de Jesus com o mundo inteiro. 3. A boa-nova da salvação a todos; obediência em resultado da salvação; juízo que avalia a resposta à oferta de salvação; adoração que permite a restauração dos pecadores. 4. Que fossem canais de bênçãos para as nações. 5. O escopo da missão abrange todas as nações, tribos, povos e línguas.
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ESBOÇO
Em Seu discurso de despedida antes de subir ao Céu, Jesus encarregou Seus discípulos de uma missão, dizendo-lhes: “Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Por- tanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28:18-20). Essa diretriz ficou conhecida como a Grande Comissão. Nela, Jesus definiu a agenda e o plano da igreja em todas as épocas e contextos. Além de explicar claramente a res- ponsabilidade de Seus discípulos de difundir Seus ensinos a todos os grupos étnicos do mundo, Jesus também assegurou a Seus seguidores que cumprir essa tarefa desafia- dora era possível unicamente por meio de Sua onipotência e onipresença, as quais Ele exerceria em favor deles.
COMENTÁRIO
Embora no início houvesse profundas divergências a respeito de alguns aspectos da Grande Comissão (At 15:1-29; Gl 2:11-14), o entendimento da igreja apostólica sobre sua identidade e missão estava centrado na ordem de Cristo de fazer discípulos de todas as nações. O fato de que cada um dos quatro evangelhos termina com uma versão da Grande Comissão é um forte testemunho de sua centralidade (Mt 28:18-20; Mc 16:15-20; Lc 24:45-49; Jo 20:21-23). Desde então, a Grande Comissão tem sido interpretada e aplicada de dife- rentes formas ao longo dos séculos.
Componentes do discipulado
Quando analisamos o que os autores cristãos têm escrito a respeito do discipulado, percebemos três dimensões (ou processos) que são essenciais em toda abordagem eficaz de discipulado: racional, relacional e missional.
A dimensão racional (aprendizado) do discipulado é o processo no qual o crente inten- cionalmente aprende com Jesus. Em seu contexto original, “discípulo” (em grego, mathetes) se referia a alguém que era aprendiz de um professor. Essa pessoa se associava a um mes- tre com o objetivo de adquirir conhecimentos teóricos e práticos. A dimensão racional enfatiza a necessidade de transformação e crescimento contínuos, mesmo para aqueles que já se tornaram discípulos. O processo de “ensinar” em Mateus 28:20 é contínuo; por- tanto, a dimensão racional do discipulado é um processo de aprendizagem e crescimento que dura a vida inteira. No entanto, o objetivo desse aprendizado contínuo não é apenas transmitir conhecimento, mas levar ao compromisso total com Jesus.
A dimensão relacional (comunitária) do discipulado se desenvolve no contexto de uma comunidade de apoio, no qual pode ocorrer a prestação de contas. O Novo Testamento retrata uma cultura comunitária que era bastante dinâmica na igreja apostólica devido à sua compreensão do discipulado como um processo relacional. Por causa de suas raízes fundamentadas no Antigo Testamento, a igreja apostólica continuou a enfatizar o vínculo familiar como um de seus valores centrais. O que diferia essa nova comunidade era que o vínculo familiar não mais era definido em termos de linhagem de sangue e etnia, mas de fé compartilhada e comunhão em Cristo. A igreja se tornou um ambiente de inclusão e aceitação (Gl 3:28). A membresia era aberta a todos que professavam fé em Cristo como Salvador e, por meio do batismo nas águas, faziam demonstração pública de total fidelidade a Ele (At 2:37, 38).
A igreja apostólica expressava seus valores de solidariedade corporativa e vínculo familiar por meio de várias ilustrações, como corpo de Cristo e família de Deus. Essas imagens descrevem a interdependência que existe entre seus membros e transmitem o profundo relacionamento que permitia tratar uns aos outros como membros da mesma família (Rm 12; 1Co 12; Ef 2:19; Ef 4; Gl 6:10; 1Tm 3:15; 1Pe 4:17). Essa preocupação favoreceu o desenvolvimento de um sentimento duradouro de interdependência, solidariedade corporativa e prestação de contas entre os membros da igreja. A interdependência deles mostrava que cada membro do corpo tinha um papel único a desempenhar e, no entanto, dependia de todos os outros membros.
Ao revelar uma nova maneira de viver, multidões foram atraídas para essa nova comunidade de fé (At 2:46, 47). Em tal cenário, ser discípulo não era sinônimo de simplesmente aceitar a declaração de verdades abstratas a respeito de Jesus. Ser discípulo de Cristo era aprender com Ele e refletir na vida cotidiana o conhecimento Dele. Esse tipo de discipulado era o que a igreja apostólica realizava em nome de Cristo e a maneira como O representava diante do mundo. Essa cultura comunitária do Novo Testamento, na qual os crentes eram membros integrados de grupos solidários, tornou-se um terreno fértil para que a semente do evangelho pudesse ser semeada e se desenvolver.
A dimensão missional (compartilhar a fé) do discipulado está relacionada com a compreensão do chamado para “fazer discípulos” (em grego, math?teusate), em Mateus 28:19, como essencialmente um chamado para se envolver na missão e se reproduzir espiritualmente. Esse imperativo é a ordem primária da Grande Comissão e deve ser a responsabilidade central da igreja em todos os contextos. Os crentes do Novo Testamento uniram a ideia de pertencer a uma comunidade com a responsabilidade de compartilhar o que essa comunidade representava. Missão, no contexto da Grande Comissão, é mais do que um chamado para compartilhar o evangelho com aqueles que não conhecem a Cristo. A missão é um chamado para compartilhar a fé e para discipular novas pessoas com o propósito de libertá-las das garras de Satanás, para que possam se dedicar de maneira plena e contínua ao senhorio de Jesus Cristo.
Portanto, o Novo Testamento usa a palavra “discípulo” para indicar o relacionamento e o compromisso total com Cristo, que adquirimos quando (1) aprendemos e internalizamos os Seus ensinos, (2) somos transformados ao crescer continuamente no conhecimento de Jesus Cristo (2Pe 3:18), (3) vivemos uma vida de completa submissão ao Seu senhorio por meio do poder do Espírito Santo (Fp 3:8) e (4) ajudamos outras pessoas a experimentar Jesus, confiar Nele e segui-Lo (2Tm 2:2). A partir dessa perspectiva, o discipulado não deve ser entendido meramente como um programa da igreja, pois não se trata de um evento que ocorre em momentos específicos. Em vez disso, o discipulado é um processo de crescimento em Cristo que dura a vida inteira e que transforma nossa perspectiva cognitiva e afetiva sobre a vida, além da forma como a avaliamos.
Algumas perspectivas sobre a compreensão atual de discipulado
Há consenso entre os estudiosos do discipulado de que, em comparação com o Novo Testamento, a prática atual do discipulado deixou, em grande parte, de ser o foco central dos cristãos. Em vez de fazer discípulos, muitos passaram a simplesmente levar os novos conversos a se tornar membros da igreja. O crescimento atual da igreja é visto como um crescimento basicamente numérico e estatístico, infelizmente, sem muita profundidade espiritual. Em outras palavras, os cristãos são, de modo geral, muito melhores em converter pessoas do que em ajudar os convertidos a se tornar discípulos de Cristo. É triste dizer, mas esse fenômeno significa que alguém pode se tornar cristão sem necessariamente ter que se tornar discípulo de Cristo.
Fazer discípulos: responsabilidade de todo crente
A ordem de Jesus de fazer discípulos de todas as nações não foi dirigida apenas aos 12 discípulos originais. Esse mandamento é uma responsabilidade que diz respeito a todo cristão. De acordo com Pedro, essa é a razão pela qual todo crente existe: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9). Note também as seguintes declarações do Espírito de Profecia:
“Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva se torna fonte de vida. E o que recebe se torna doador. A graça de Cristo no coração é uma fonte no deserto, fluindo para satisfazer a todos e fazendo com que aqueles que estão quase a perecer fiquem ansiosos para beber da água da vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 146).
“Deus espera serviço pessoal da parte de todo aquele a quem confiou o conhecimento da verdade para este tempo. Nem todos podem ir a terras missionárias estrangeiras, mas todos podem ser missionários entre os familiares e vizinhos” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 9, p. 28).
“A responsabilidade de sair a cumprir essa missão não é somente do pastor ordenado. Todo indivíduo que tenha recebido a Cristo é chamado a trabalhar pela salvação de seus semelhantes” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 70).
“Onde quer que uma igreja seja estabelecida, todos os membros devem empenhar-se ativamente em trabalho missionário. Devem visitar cada família nas vizinhanças e informar-se de sua condição espiritual” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 6, p. 237).
Participar ativamente no cumprimento da Grande Comissão é um requisito indispensável e permanente para ser discípulo de Cristo.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Em virtude da comissão evangélica, todos os cristãos são chamados, em qualquer função, a compartilhar sua fé. Abaixo estão três maneiras pelas quais os crentes podem cumprir o mandato missionário de Cristo em todas as áreas da vida, incluindo o trabalho:
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Todos os cristãos precisam ter uma sólida ética de trabalho como parte do testemunho cristão. As Escrituras orientam os cristãos a desenvolver um caráter que honre a Deus na vida profissional ao se esforçarem ao máximo naquilo que fazem, como se estivessem trabalhando diretamente para Ele (Cl 3:23, 24). Quando os crentes veem seu emprego como parte do chamado de Deus para a vida, eles acrescentam um novo significado ao testemunho cristão. Manter a integridade, buscar excelência, ser confiável e tratar os outros com respeito no local de trabalho são qualidades que podem dar aos cristãos uma base para compartilhar a fé.
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Por meio de mentores na área da missão, as igrejas podem orientar os membros mais novos quanto à maneira de integrar mais profundamente seus sonhos profissionais com a fé em Cristo e Seu mandato missionário.
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Com a abordagem correta de discipulado e apoio contínuo, os pais podem fortalecer o potencial missionário de seus filhos. As igrejas, portanto, devem investir no discipulado dos filhos pelos pais, ajudando-os a reestruturar a responsabilidade de criar os filhos em um chamado para torná-los discípulos de Cristo.
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Vendo Deus
Camarões | Salomé
Salomé significa paz. Mas sua vida não era nada tranquila. Ela lutava contra a possessão demoníaca em Camarões, país da região ocidental da África.
Tudo começou quando Salomé foi até seu professor em uma escola adventista na capital de Camarões, laundé. Ela estava fazendo aulas de noite na esperança de se formar e ir para a universidade. Ela era uma das melhores alunas de sua turma, mas não conseguia passar no vestibular. Ela já havia reprovado quatro vezes. Então, ela pediu ajuda ao professor adventista.
"Eu posso orar por você", disse o professor.
Salomé gostou da ideia. Mas o professor não tinha acabado por ali. "Há uma condição", disse ele. "Você precisa harmonizar sua vida com a vontade de Deus."
Salomé concordou. Ela não era adventista, mas não achava que precisaria mudar algo em sua vida. Ela achava que estava vivendo em harmonia com a vontade de Deus.
Pouco tempo depois, ela se encontrou com o professor em sua sala para orar.Assim que ele começou a orar, ela gritou. Palavras estranhas saíram de sua boca enquanto ela gritava. O professor continuou orando. Então, Salomé lançou insultos ao professor e a Deus. O professor continuou orando. Quando Salomé se acalmou, ela ficou chocada ao ouvir o professor descrevendo seu comportamento. Ela não se lembrava de nada que havia acontecido. Ela havia sido possuída por um espírito maligno.
"Você precisa ter uma vida de oração", disse o professor. "Não desanime. Tudo vai funcionar de acordo com a vontade de Deus."
Depois daquele dia, o espírito maligno se manifestava toda vez que o professor orava. Salomé gritava e desprezava Deus. Ela apertava a garganta como se quisesse se enforcar. Às vezes, um mau cheiro, como o de um cadáver em decomposição, preenchia a sala. Sempre, o professor continuava orando até que Salomé voltasse ao seu estado normal.
Quando ela estava calma, o professor também falava sobre Deus. Salomé começou a perceber que sua vida não estava em harmonia com a Bíblia. Ela aprendeu sobre o sábado. Ela aprendeu sobre honestidade. Ela percebeu que era imoral morar com seu namorado. Ela começou a fazer mudanças. Ela deixou o namorado e foi à igreja no sábado.
Então um ataque demoníaco aconteceu em casa. Salomé estava com uma dor de cabeça muito forte e ligou para uma amiga ajudá-la. Quando a amiga ligou novamente para ver como ela estava, Salomé não atendeu o telefone.A amiga foi até a casa de Salomé para ver o que estava errado. Ao entrar na casa, ela sentiu o odor de um cadáver em decomposição. Ela imediatamente começou a orar. Ela sabia que Salomé não precisava de remédios nem de hospital. Ela precisava de Jesus. Ela encontrou Salomé impossibilitada de se mexer ou falar. Estava paralisada. A amiga orou por quase três horas antes de Salomé voltar ao normal.
Outro ataque aconteceu na Igreja Adventista. Enquanto o pão era distribuído durante a Santa Ceia, Salomé caiu no chão com a mão apertando sua garganta. Um tumulto irrompeu enquanto algumas pessoas fugiam horrorizadas, outras oravam e cantavam hinos. Com a mão livre, Salomé pegou o copo da Santa Ceia que continha suco de uva e o jogou no chão. Ela tentou quebrá-lo para que pudesse se cortar. Os diáconos carregaram Salomé para fora do santuário.
A cada ataque, Salomé ficava mais determinada a colocar sua vida em harmonia com a vontade de Deus. Ela terminou os estudos bíblicos e decidiu entregar seu coração a Jesus por meio do batismo.
O espírito do mal fez um ataque final. Enquanto Salomé se aproximava do tanque batismal, ela caiu no chão. Uma força invisível parecia querer impedir que ela entrasse no tanque. O pastor, que esperava na água, viu a luta e estendeu suas mãos para ajudá-la. Mas Salomé, que estava sob controle do espírito maligno, recusou-se a pegar suas mãos. O pastor não deu importância e puxou-a para dentro da água. Ela lutou furiosamente enquanto ele a mergulhava debaixo da água. Ele sabia que era o espírito do mal, não Salomé, que era contra o batismo.
Quando Salomé se levantou das águas, o espírito maligno havia saído. Ela sorriu com alegria.
Após o batismo, o espírito do mal nunca mais a possuiu. Mas ela o ouvia zombando dela enquanto ela se preparava para prestar o vestibular pela quinta vez. Ele dizia que ela nunca seria bem-sucedida e que sua vida era um fracasso.Salomé passou no exame.
Hoje,Salomé tem 37 anos e vive em paz. É diaconisa da igreja e leciona na escola adventista em que estudou. Ela louva a Deus por ter sido reprovada no vestibular quatrovezes.
"Deus usou as reprovações na prova para me aproximar do professor para orar - e então perceber a presença do mal na minha vida e, assim, me livrar dele", ela disse.
Parte das ofertas deste trimestre ajudarão a expandir a educação adventista em Camarões com a abertura de uma escola bilíngue onde crianças poderão aprender sobreJesus em francês e inglês.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
A lição da Escola Sabatina desta semana enfatiza que o foco primário da Grande Comissão de Jesus em Mateus 28:78-20 é fazer discípulos. Pergunte à classe da Escola Sabatina como o professor de Salomé praticou o discipulado. Possíveis respostas: orando com Salomé, encorajando-a a viver de acordo com a vontade de Deus e ensinando-lhe as verdades bíblicas. Converse sobre a pergunta da lição "Como este mandamento do Mestre está afetando como você vive e ministra a outros?" (ver segunda-feira, 9 de outubro).
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2023
Tema geral: Missão de Deus, minha missão
Lição 2 – 7 a 13 de outubro
A missão de Deus nos alcança: parte 2
Autor: Marcelo Ferreira Cardoso
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Esther Fernandes
Objetivo geral: Destacar que o Deus da missão proporciona ao ser humano caído e separado de Sua glória uma revelação da Sua natureza e propósito.
Objetivos específicos:
- Apontar que as Escrituras Sagradas apresentam Jesus como o ponto central do cumprimento do projeto divino de salvação e direcionam para um Deus triúno envolvido no resgate da humanidade.
- Reconhecer o verdadeiro foco da Grande Comissão de Jesus em Mateus 28:18-20 e compreender que esse mandado continua valendo em nossos dias.
- Atentar para o fato de que Deus sempre chamou e comissionou pessoas para o cumprimento da Sua missão em qualquer época, tendo como principal objetivo salvar o mundo.
Introdução
Na lição anterior vimos que Deus, em Seu infinito amor, estabeleceu um plano para o resgate da humanidade caída e envolta num mundo de trevas espirituais. Esse plano apresenta Deus à procura de Suas criaturas que fogem Dele após o pecado.
Quando analisamos detidamente esse plano da salvação, fica claro que ele está centralizado na figura de Jesus. Contudo, Deus Se revela por meio das Escrituras Sagradas como um Deus triúno, que atua por meio de papéis específicos desempenhados pelas Pessoas da Trindade na salvação do ser humano.
A perfeita compreensão do plano divino de salvar Suas criaturas nos leva ao entendimento de que, mesmo imperfeitos, nós também somos chamados por Ele para desempenhar um importante papel nesse maravilhoso processo salvífico, nos dando o grande privilégio de ser salvos e ao mesmo tempo nos tornar instrumentos para salvar outras pessoas.
Parte 1 – Compreendendo o plano divino
Qualquer coisa que precisa ser feita, por mais simples que seja, em alguma área da vida, necessita de planejamento. No mundo coorporativo, os planejamentos são valorizados e, por mais simples que pareça uma ação, ela dependerá de um plano para que haja sucesso em sua execução. Esse planejamento estabelece que tipo de ação deverá ser realizada para alcançar o objetivo final, quanto será o custo necessário para seu desenvolvimento e quais as responsabilidades que cada membro envolvido no projeto deve ter. Jim Collins, no livro Good to great, empresas feitas para vencer (São Paulo: Elsevier Editora, 2010, p. 70.), enfatiza a necessidade que o líder tem de definir claramente as ações desempenhadas pelos membros de uma equipe para o sucesso e alcance do alvo proposto.
Como a lição enfatiza, o plano de Deus para salvar Suas criaturas caídas foi estabelecido por Ele antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Uma correta compreensão de quem é o Deus da missão é fundamental para o sucesso dessa tarefa. Ao entendermos que cada pessoa da Trindade desempenha um papel específico e de igual importância na salvação do ser humano, nós percebemos que como Suas criaturas não fomos deixados de fora desse plano. Temos responsabilidades a desempenhar, tanto na aceitação de Jesus Cristo como nosso único e verdadeiro Salvador, quanto no trabalho como cooperadores de Deus na salvação de outras pessoas.
Qual é a razão de Deus nos incluir como instrumentos na proclamação do evangelho eterno? Ellen White escreveu: “Coisa alguma despertará tanto um abnegado zelo e dará amplitude e resistência ao caráter como empenhar-se em trabalho para benefício de outros. Muitos cristãos professos, ao procurarem as relações da igreja, não pensam senão em si mesmos. Desejam fruir a comunhão da igreja e os cuidados pastorais. Fazem-se membros de grandes e prósperas igrejas, e ficam satisfeitos com pouco fazer pelos outros. Por esta maneira, estão-se roubando a si mesmos as mais preciosas bênçãos” (A Ciência do Bom Viver, 2005, p. 151). Entendemos que quando trabalhamos em prol da salvação dos outros, estamos sendo beneficiados diretamente pela ação do Deus da missão em nossa própria vida.
Parte 2 – Aceitando o plano divino
Ao estudarmos as passagens de Mateus 28:18 a 20 e Apocalipse 14:6, notamos que o evangelho eterno deve ser pregado a todo o mundo. Essa foi a ordem dada por Jesus e confirmada pelo evangelista João no último livro da Bíblia. Mas o que seria todo o mundo? Como alcançar o que aparentemente para uma só pessoa parece inatingível? Recentemente em pesquisa no site Worldometers (<https://www.worldometers.info/pt/>), percebeu-se que todos os dias há mais nascimentos do que mortes de pessoas no mundo e, consequentemente, temos em média 200 mil novos seres humanos acrescentados aos mais de oito bilhões de pessoas já existentes. Portanto, ao analisarmos friamente a ordem de Jesus, o cumprimento dela pode soar a nós como algo impossível.
Existem, porém, dois aspectos na Grande Comissão apresentada em Mateus 28 que precisam ser analisados. O primeiro envolve a certeza de que aquilo que provavelmente se demonstra no imperativo de Jesus como impossível para meros seres mortais como nós, é completamente factual para um Deus que realiza o impossível (Mc 10:27). O segundo ponto está na convicção de que devemos fazer a nossa parte dentro do plano estabelecido pelo Senhor na salvação da humanidade, e a nossa parte sempre será a de nos colocarmos nas mãos Dele para sermos somente meras ferramentas dentro desse processo de busca pelas almas perdidas.
Deus poderia terminar essa obra sozinho ou poderia ter convocado Suas miríades de anjos para que formassem uma força-tarefa na pregação do evangelho a todo o mundo. Ellen White escreveu: “Deus poderia ter confiado aos anjos celestiais a mensagem do evangelho e toda a obra de amoroso ministério. Poderia ter empregado outros meios para realizar o Seu propósito. Mas em Seu infinito amor preferiu tornar-nos cooperadores Seus, de Cristo e dos anjos, a fim de que pudéssemos participar da bênção, da alegria e do reerguimento espiritual que resultam desse abnegado ministério” (Caminho a Cristo, 2007, p. 79). Sim, Ele escolheu criaturas imperfeitas e pecadoras para esse nobre trabalho. Por quê? Como nosso Criador, Deus sabe que ao trabalharmos na salvação de outras pessoas, estaremos mais envolvidos com Ele e nos aproximaremos mais da Sua imagem e semelhança, a semelhança de Alguém que é o próprio amor altruísta em pessoa.
Conclusão
Um homem sábio costumava ir à praia para escrever. Um dia, enquanto andava ao longo da costa e admirava a orla, viu uma figura humana se movendo como um dançarino. Ele sorriu para si mesmo, pensando em quem poderia estar dançando em uma praia durante o dia. Então, ele começou a andar mais rápido para alcançar aquela figura. Enquanto se aproximava, percebeu que era um jovem e ele não estava dançando, estava se abaixando até a costa, pegando cuidadosamente algo e jogando no oceano. O homem sábio se aproximou e disse: “Bom dia! O que você está fazendo?” O jovem parou, olhou para ele e respondeu: “Estou jogando estrelas-do-mar no oceano!” O sábio intrigado voltou com uma nova pergunta: “Por que você está jogando estrelas-do-mar no oceano?” O jovem retrucou: “O sol se foi e a maré está baixa. Elas morrerão se eu não jogá-las no mar.” O sábio indagou: “Mas, você não percebe que existem muitas praias e centenas de estrelas-do-mar por todo esse caminho? É impossível que você consiga salvar todas elas!” O jovem escutou educadamente aquele velho homem, se curvou, pegou outra estrela-do-mar e jogou-a no mar, passando pelas ondas que quebravam. Após esse gesto, o jovem olhou para o sábio e disse: “Para aquela estrela eu fiz a diferença.”
Você Tem feito a diferença diante deste terrível mundo em que vivemos, onde milhares de pessoas morrem todos os dias sem conhecer a Jesus? Qual tem sido a sua parte no plano de Deus? O Senhor lhe deu dons e o comissionou para salvar o mundo ao seu redor. Muitas vezes esse mundo a ser salvo está na sua própria casa ou do outro lado da rua. Basta aceitar o chamado e ir.
Marcelo Ferreira Cardoso é casado com Elda Cardoso, cirurgiã-dentista, e pai de dois maravilhosos filhos, Rafael e Helena Cardoso. Graduou-se em Teologia no UNASP-EC (2000), é mestre (2018) e doutorando em Ciências das Religiões pela FUV – Faculdade Unida de Vitória. No início do seu ministério, trabalhou como capelão no Colégio Adventista de Taguatinga-DF (2001), foi pastor distrital em Araguatins-TO (2002-2003) e Formosa-GO (2004). Atuou também como evangelista na Associação Paulista Sul (2005-2008) e União Sul Brasileira (2009-2016). Atualmente é professor de Teologia e coordenador da área aplicada do SALT com sede na Faculdade Adventista do Paraná.