Lição 5
26 de julho a 01 de agosto
A Páscoa | 3º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: LV 11
Verso para memorizar: “Quando os seus filhos perguntarem: ‘Que rito é este?’, respondam: ‘É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando matou os egípcios e livrou as nossas casas’” (Êx 12:26, 27).
Leituras da semana: Êx 11; Mq 6:8; Êx 12:1-30; 1Co 5:7; Êx 13:14-16; hb 11:28

A décima e última praga estava prestes a cair. A última advertência havia sido dada, e a decisão final precisava ser tomada. Era realmente uma questão de vida ou morte: não apenas a vida de um indivíduo, mas a prosperidade de famílias e de toda a nação estava em jogo. O Faraó e seus oficiais eram responsáveis pelo destino de muitas pessoas. A atitude dele em relação ao Deus vivo determinaria não apenas seu próprio futuro, mas também o de sua nação.

Como nos sentimos e o que fazemos quando a gravidade das circunstâncias pesa sobre nós, e precisamos escolher o próximo passo e a direção a seguir? Essa é uma escolha que pode afetar a vida de muitos outros além de nós mesmos. Deus está sempre disposto a nos conceder sabedoria, entendimento e poder para fazermos o que é certo (1Co 1:30; Fp 2:13).

O problema, no entanto, é que, em nosso coração teimoso, nem sempre desejamos fazer o que é certo. Sabemos o que é correto, mas nos recusamos a fazê-lo. No relato de Êxodo, a recusa de um homem em se submeter a Deus, mesmo diante de evidências, trouxe tragédia para muitos outros.

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Domingo, 27 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 12
Mais uma praga

Amós declarou que “certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Am 3:7). Por meio de Moisés, Deus revelou ao Faraó o que aconteceria a seguir. A advertência mais solene foi dada ao Faraó: seria um justo juízo sobre o orgulho, a exploração, a violência e a idolatria (tudo o que havia desencadeado essas calamidades sobre o Egito).

1. Que advertência o Senhor fez antes de executar o juízo sobre o Egito? Êx 11

Deus deu tempo aos egípcios, três dias de escuridão (Êx 10:22, 23), para refletirem sobre os eventos recentes e compreenderem seu significado. Ele também ofereceu uma última advertência explícita, dando a eles uma derradeira chance de fazer o que era certo.

No entanto, Êxodo 11:8 relata que “enfurecido, Moisés se retirou da presença de Faraó”. Mas por que ele ficou tão enfurecido? Provavelmente porque sabia que a tragédia da décima praga atingiria muitos inocentes – tudo por causa da teimosia do Faraó.

Além disso, o número dez possui um simbolismo significativo na Bíblia, representando plenitude ou completude (por exemplo, os Dez Mandamentos são uma revelação completa da lei moral divina). De forma semelhante, as dez pragas do Egito representam a manifestação plena da justiça e retribuição de Deus.

O Senhor é o Juiz supremo e Se opõe ao orgulho, à injustiça, à discriminação, à arrogância, à exploração, à crueldade e ao egoísmo. Ele está ao lado dos que sofrem, daqueles que enfrentam abusos e maus-tratos e dos perseguidos. Deus aplicará a justiça, o que, na verdade, é uma das expressões de Seu amor (Sl 2:12; 33:5; 85:11; 89:14; 101:1; Is 16:5; Jr 9:24).

Nós também devemos expressar amor e justiça da melhor maneira possível. Contudo, podemos facilmente cair em extremos, seja de um lado ou de outro. Em nome de um suposto “amor”, podemos ignorar erros e questões que precisam ser corrigidos. Por outro lado, podemos aplicar a justiça de maneira fria e inflexível. Nenhum dos extremos é correto. Este é o ideal: “O que o Senhor pede de você? Que pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com o seu Deus” (Mq 6:8).

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Se não temos o equilíbrio perfeito, preferir o lado da misericórdia seria um erro?
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Segunda-feira, 28 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 13
A Páscoa

2. Leia Êxodo 12:1-20. Quais instruções específicas Deus deu a Moisés e Arão antes de Israel deixar o Egito?

Seria de se esperar que Deus instruísse Moisés e Arão sobre como organizar a partida do Egito; ou seja, como fazer os preparativos para a fuga, especialmente para cuidar de idosos, mães com crianças pequenas, animais, entre outros. No entanto, a instrução de Deus foi surpreendente: Ele ensinou como celebrar a Páscoa. Em outras palavras, o foco estava em adorar o Senhor, que iria redimi-los. Todo o resto aconteceria no devido tempo.

Cada família deveria preparar um cordeiro, sem desperdiçar nada. Todos precisavam comer sua porção e, se uma família não conseguisse consumir o cordeiro inteiro, deveriam partilhar a refeição com outra família. 

3. Leia Êxodo 12:13, 14. O que o Senhor faria pelo povo quando a última praga viesse? O que tudo isso simbolizava?

O êxodo deveria ser celebrado anualmente, não apenas como uma comemoração do que Deus havia feito pelos antepassados, mas também como uma atualização do ato libertador de Deus para a geração presente. Essa deveria ser uma experiência renovadora para cada grupo.

Êxodo 12:12 e 13 explica o significado da Páscoa: o juízo divino de destruição passaria sobre os israelitas (passaria por cima e não os atingiria); assim, eles deveriam comemorar a Páscoa. Em hebraico, Páscoa é Pesach, que significa “passar sobre”, porque a destruição “passou sobre” as casas cujos batentes das portas foram marcados com o sangue do cordeiro, o símbolo de vida e salvação.

A celebração da Páscoa tinha o propósito de lembrar a cada israelita dos atos de Deus, cheios de poder e de graça, que Ele realizou em favor de Seu povo. Essa celebração ajudaria a reafirmar a identidade nacional de Israel e fortalecer suas convicções religiosas.

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Por que é tão importante recordar o bem que Deus fez por você no passado e confiar que Ele continuará a fazer o bem no futuro?
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Terça-feira, 29 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 14
Pesach

4. Leia Êxodo 12:17-23. Qual era o papel do sangue na celebração dessa nova festa?

O sangue do animal sacrificado era um elemento central nessa celebração. Os participantes colocavam o sangue do cordeiro morto nos batentes das portas de suas casas. Dessa forma, demonstravam fé em Deus, crendo que Ele os livraria do destino reservado àqueles que não estavam sob a proteção do sangue. Que expressão poderosa do evangelho!

O cordeiro da Páscoa precisava ser sem defeito, pois simbolizava Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). O sangue do animal tinha papel crucial: simbolizava proteção e era um sinal de vida em meio à morte iminente.

"O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês se encontram. Quando Eu vir o sangue, passarei por vocês, e não haverá entre vocês praga destruidora, quando Eu ferir a terra do Egito"(Êx 12:13).

O evangelho está ligado à celebração da Páscoa, pois ela apontava não apenas para a libertação da escravidão e a jornada à terra prometida, mas também para o sacrifício de Cristo pelos pecados e para Seus méritos, aplicados aos que são cobertos por Seu sangue.

Séculos depois, fazendo referência à Páscoa, Paulo escreveu: “Joguem fora o velho fermento, para que vocês sejam nova massa, como, de fato, já são, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1Co 5:7).

O fermento era utilizado na preparação de diferentes tipos de massa. Ele é mencionado pela primeira vez na Bíblia na preparação do pão sem fermento, na véspera da saída dos israelitas do Egito. O fermento também precisava ser removido das casas (Êx 12:8, 15-20; 13:3-7). Nesse contexto específico, o fermento simbolizava o pecado (1Co 5:6-8); portanto, não deveria ser usado durante a Páscoa, que durava uma semana.

O pão sem fermento simboliza o Messias sem pecado, que venceu todas as tentações e entregou a vida por nós (Jo 1:29; 1Co 5:7; Hb 4:15). Os “ramos de hissopo” (Êx 12:22), que eram molhados no sangue, simbolizavam a graça purificadora de Deus (Sl 51:7). Em resumo, toda a celebração da Pesach revela a obra redentiva de Jesus.

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Foi necessário o sangue de Jesus, que é o próprio Deus, para fazer expiação pelo pecado. O que esse fato nos ensina sobre a gravidade do pecado?
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Quarta-feira, 30 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 15
Passando a tocha

O salmista descreve como nossos filhos podem conhecer a Deus e Seu cuidado amoroso (Sl 145:4). As famílias devem dialogar sobre Deus, Seus feitos maravilhosos e Seus ensinos, para transmitir o conhecimento bíblico às futuras gerações.

5. Leia Êxodo 12:24-28. Qual é a ideia central desse texto?

Em Israel, os pais eram os primeiros professores e deviam contar a história do êxodo aos filhos. A história não deveria ser narrada apenas como um evento histórico distante, mas como uma experiência pessoal que fazia parte da vida de cada um, mesmo tendo ocorrido muito tempo antes. Ao celebrar a festa, os israelitas deveriam se conectar com seus antepassados, de modo que a história fosse revivida. Séculos depois, um pai poderia dizer à sua família: “Vivi no Egito, presenciei as pragas, vi a derrota dos deuses egípcios e fui libertado.” No Livro de Êxodo, vemos duas vezes como os pais deveriam responder às perguntas dos filhos sobre a Páscoa (Êx 12:26, 27; 13:14-16; compare com Dt 6:6-8).

É notável que os israelitas estavam no Egito quando foram orientados a celebrar a libertação do Egito. Essa celebração foi um ato de fé. Ao receber as instruções, “o povo se inclinou e adorou” seu Redentor. Depois, seguiu as instruções da Páscoa (Êx 12:27).

Em Deuteronômio, os israelitas são lembrados de que deveriam contar a história do êxodo de uma forma que as novas gerações a internalizassem como se fosse a jornada deles. Veja o tom coletivo da narrativa e a ênfase na experiência presente: “Meu pai foi um arameu prestes a perecer. Ele foi para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser uma nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram [...]. Clamamos ao Senhor [...]; e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa angústia, o nosso trabalho e a nossa opressão. E o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa, com braço estendido, com grande espanto, com sinais e com milagres. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel” (Dt 26:5-9).

Ao relembrar e contar aos filhos a história da Páscoa (ou qualquer evento importante da história sagrada), os pais eram ajudados a lembrar o que Deus tinha feito por eles e pelo povo. Contar essas histórias era significativo para quem falava e para quem ouvia.

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Quinta-feira, 31 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 16
O juízo divino

6. Deus feriu todos primogênitos no Egito. Por que Ele Se concentrou nos primogênitos? Êx 12:29, 30; Hb 11:28

A última praga do Egito atingiu os primogênitos. Esse foi um juízo divino contra todos os deuses do Egito e também contra todas as famílias que adoravam esses falsos deuses, que eram apenas ídolos sem valor, refletindo os sentimentos, desejos e medos do próprio povo.

Como as pragas anteriores já haviam demonstrado, os ídolos eram incapazes de salvar o povo. Sua inutilidade ficou mais evidente com a décima praga, que trouxe as consequências mais graves para os egípcios.

"Por todo o vasto reino do Egito, o orgulho de cada casa tinha sido derrubado. Gritos e choro de lamentação enchiam o ar. O rei e seus oficiais, com rosto pálido e membros trêmulos, estavam apavorados diante do horror que dominava a todos"(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 233).

O Faraó era visto como a personificação do poder do Egito e o deus supremo da nação, e seu filho primogênito era considerado filho de um deus. Ísis era uma deusa que protegia as crianças; Heqet, a deusa que assistia as mulheres no parto; e Min, um deus na reprodução. Além desses, havia outros deuses egípcios relacionados à fertilidade. No entanto, eles se mostraram impotentes diante do Deus vivo. Moisés e Jetro fizeram declarações sobre o poder e a superiodade de Deus (Êx 15:11; Êx 18:11).

De acordo com Êxodo 1, o Faraó mandou que as parteiras egípcias matassem os filhos recém-nascidos dos israelitas numa tentativa de enfraquecê-los, dominá-los e humilhá-los. Agora, a punição de Deus recaiu sobre os primogênitos do Egito. Isso ilustra o princípio de que colhemos aquilo que semeamos.

Nossas decisões e comportamentos têm consequências reais. E a dolorosa verdade, que todos nós já experimentamos, é que não sofremos sozinhos as consequências de nossas ações erradas. Outras pessoas, às vezes até mesmo inocentes, também sofrem. Essa é a natureza do pecado.

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Você já sofreu por causa dos pecados de outras pessoas? Outras pessoas já sofreram por causa dos seus pecados? Qual é a nossa única esperança?
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Sexta-feira, 01 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 17
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 229-233 (“A Páscoa”).

“A Páscoa devia ser tanto comemorativa quanto simbólica, apontando não somente para a libertação do Egito, mas também para o maior livramento que, no futuro, Cristo realizaria libertando Seu povo do cativeiro do pecado. O cordeiro sacrifical representa o ‘Cordeiro de Deus’ (Jo 1:29), em quem se acha nossa única esperança de salvação. O apóstolo escreveu: ‘Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós’ (1Co 5:7, ARC). Não bastava que o cordeiro pascal fosse morto; seu sangue devia ser aspergido nos batentes das portas. Assim também, os méritos do sangue de Cristo devem ser aplicados no coração. Devemos crer que Ele morreu não somente pelo mundo, mas também por cada um de nós individualmente. Devemos apropriar-nos dos benefícios do sacrifício expiatório” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 231).

Até hoje, famílias judaicas celebram a Páscoa (em hebraico, Pessach). Elas realizam o que chamam de “sêder de Pesach” – “sêder” significa “ordem” ou “sequência” e, nesse caso, refere-se ao jantar cerimonial. Nesse momento, eles recontam a história do êxodo e depois desfrutam uma refeição especial em família. É impressionante como essa celebração tem sido mantida, literalmente, desde a época do êxodo! Somente o sábado, que também é observado pelos judeus praticantes, é mais antigo.

Perguntas para consideração
1. Como entender que o Senhor foi justo ao matar os primogênitos do Egito e o mundo no dilúvio, muitos dos quais eram “inocentes”? É possível conciliar isso com o amor de Deus? 

2. O que significa ser coberto pelo sangue de Jesus e que Seu sangue nos purifica do pecado? Como podemos aplicar esse conceito em nossa vida diária? 

3. Leia as seguintes palavras: “Os seguidores de Cristo devem ser participantes de Sua experiência. Devem receber e assimilar a Palavra de Deus de modo que ela se torne a força que impulsiona a vida e as ações. Pelo poder de Cristo, devem ser transformados à Sua semelhança e refletir os atributos divinos. [...] O espírito e a obra de Cristo devem se tornar o espírito e a obra de Seus discípulos” (Patriarcas e Profetas, p. 231). Como podemos permitir que Cristo faça em nós o que esse texto descreve?

Respostas às perguntas da semana: 1. Deus deu aos egípcios uma última advertência e uma derradeira chance de se arrepender. 2. O Senhor deu instruções detalhadas para a celebração da Páscoa. 3. Deus passaria sobre as casas dos hebreus que colocassem sangue nas portas, poupando a vida dos israelitas. O sangue simbolizava a salvação divina. 4. O sangue representava proteção e era sinal de vida diante da morte. 5. Os pais deveriam explicar aos filhos o significado da Páscoa, contando o que Deus havia feito por eles. 6. A morte dos primogênitos representava o juízo contra todas as famílias que haviam rejeitado o Senhor.

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Resumo da Lição 5
A Páscoa | 3º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Êx 12:26, 27
FOCO DO ESTUDO: Êx 11:1; 12:1-30

ESBOÇO

Introdução: A décima praga representa o ápice das pragas. As pessoas precisavam se preparar cuidadosamente para a sua chegada, pois vidas estavam em risco. A sobrevivência ou a morte do primogênito colocaram as famílias em alerta máximo. Cada família responderia a uma pergunta crucial: Confiaremos no Senhor e em Sua provisão para a vida ou ignoraremos isso? O único caminho para a vida estava na aceitação do sangue do cordeiro inocente. Nesse momento, a celebração da Páscoa começou, para que, juntas, famílias inteiras pudessem ex-perimentar a libertação de Deus.

Professores, não se esqueçam de explicar aos alunos o ponto principal da lição: Jesus Cristo é o Cordeiro Pascal (Jo 1:29; 1Co 5:7). Somente Nele temos a vida verdadeira e eterna. Essa vida foi garantida na cruz (Jo 11:25; Jo 12:32; Rm 5:6-8; 1 Co 1:18, 23, 24). A celebração da Páscoa levou Jesus a instituir uma nova cerimônia para Seus seguidores. Na Última Ceia, Ele compartilhou o cordeiro com os discípulos, simbolizando a Si mesmo. Com isso, Jesus redirecionou o foco dos discípulos para uma nova comemoração que os lembraria constantemente do evento mais importante na história da Terra e de todo o Universo: Seu sacrifício final na cruz em nosso favor. Celebramos essa comunhão durante a Ceia do Senhor quando nos lembramos de Sua vida e morte por nós (Mt 26:26-29; 1Co 11:23-26). Essa reformulação da Páscoa do cordeiro sacrifical para o Cordeiro Vivo, Jesus Cristo, é uma lição profunda. Precisa ser recordada com intensidade na Comunhão e na aceitação diária da morte substitutiva de Cristo por toda a humanidade (2Co 5:15, 21).

COMENTÁRIO

Contexto histórico

Tutmés III (1504-1450 a.C.) nomeou seu filho Amenófis II (1453-1425 a.C.), que não era seu filho mais velho, para ser corregente com ele, mas apenas por um curto período de tempo. Amenófis II provavelmente não estava presente no Egito durante as dez pragas, pois estava envolvido em uma campanha militar. Após seu retorno, ele receberia a notícia devastadora de que seu pai havia morrido no Mar Vermelho enquanto perseguia os israelitas (Êx 14:28; 15:4; Sl 136:15) e que seu irmão, o primogênito do Faraó, havia morrido na décima praga (Êx 12:29). O juízo executivo de Deus se cumpriu conforme anunciado, atingindo os primogênitos egípcios, seus animais e seus deuses em um ataque triplo (Êx 12:12). O Faraó foi claramente avisado, mas ele desafiou tanto a advertência divina quanto os repetidos apelos de Moisés para se submeter ao pedido de Deus para que essa calamidade pudesse ser evitada. A recusa obstinada do Faraó em obedecer a Deus resultou em uma devastação sem precedentes para os egípcios, afetando cada família. A tragédia teve um impacto imediato, levando os egípcios a implorar aos israelitas que deixassem o Egito.

O cordeiro da Páscoa

Muitos não compreendem o real significado e propósito dos sacrifícios, nem os motivos por trás deles. Há uma grande diferença entre os sacrifícios pagãos, oferecidos em templos ou casas a diferentes deuses na forma de ídolos, e o sacrifício genuíno oferecido ao Deus vivo. Deus orienta essas ofertas, estabelecendo instruções específicas sobre o motivo e a forma de oferecê-las a Ele, o que deve ser oferecido e quem deve conduzir os sacrifícios.

Por trás de todos os sacrifícios não bíblicos está o entendimento de que eles são comida para os deuses, que dependiam deles para o sustento. Em contrapartida, o Deus vivo fornece comida para todos (Sl 104:14-27); então, Ele não precisa de sacrifícios para alimentá-Lo e sustentá-Lo. Em suma, sacrifícios não são comida para o Deus do Céu.

A principal diferença entre os sacrifícios pagãos e os sacrifícios bíblicos é ainda mais profunda. No contexto pagão, o ofertante enxerga seus presentes sacrificais como uma forma de influenciar os deuses, acalmar sua ira e obter seu favor. Os adoradores pagãos traziam oferendas para apaziguar seus deuses, buscando bênçãos e proteção, evitando também possíveis punições. Dando o melhor de si, esperavam em troca prosperidade, fertilidade, segurança e favor divino.

Em contraste, de acordo com a Bíblia, os sacrifícios são os meios e a provisão de Deus para que nos aproximemos Dele. Deus condescende conosco e nos oferece reconciliação e salvação. Ao oferecer sacrifícios, os crentes não buscam manipular Deus. Em vez disso, eles o fazem em reconhecimento ao sacrifício final de Jesus, para o qual todos os sacrifícios apontam. Assim, eles aceitam Cristo como seu Salvador, o único que pode perdoar seus pecados, salvá-los e abençoá-los.

Na época do Êxodo, o sangue nos batentes das portas era um sinal (Êx 12:13) de que a família em particular reconhecia o Senhor e queria viver de acordo com Seus ensinamentos. Esse sinal do sangue trouxe o juízo de salvação para a família. Deus proclamou: “Quando Eu vir o sangue, passarei por vocês, e não haverá entre vocês praga destruidora, quando Eu ferir a terra do Egito” (Êx 12:13). Esse juízo não foi de condenação ou destruição, mas um juízo de redenção que foi experimentado pelos crentes. Na língua inglesa, há um trocadilho na palavra “Páscoa”, que é composta de duas palavras: “passar” (pass) e “sobre” (over), ou seja, Passover. A tradução bíblica na língua inglesa brinca com esse trocadilho e ressalta o fato de que o juízo de destruição do Senhor “passaria sobre” aqueles crentes que obedeceram a Deus colocando um sinal de sangue nos batentes de suas portas.

As famílias crentes celebravam a Páscoa como o juízo de salvação. Todo esse sangue tem um significado mais profundo. O sacrifício sangrento apontava para o verdadeiro Cordeiro da Páscoa, Jesus Cristo, que Se sacrificaria pela humanidade de uma vez por todas. Assim, aqueles que O aceitam como seu Salvador pessoal recebem a promessa de que viverão por toda a eternidade com Ele (Jo 3:16; 1Jo 5:11-13).

Deus aceita um sacrifício que provém de um coração contrito, humilde e grato. A verdadeira gratidão, que se origina da consciência do que Deus fez (e não do que eu alcancei), deve ser a motivação central de um coração que louva a Deus pelo dom da salvação. O profeta Isaías enfatiza que devemos encorajar uns aos outros porque o julgamento de Deus em favor de Seu povo não é condenatório, mas redentivo. Nosso amoroso, gracioso e atencioso Senhor ensina os crentes a entender Seu juízo: “Digam aos desalentados de coração: ‘Sejam fortes, não
tenham medo. Eis aí está o Deus de vocês. A vingança vem, a retribuição de Deus; Ele vem para salvar vocês’” (Is 35:4).

Ensinando aos nossos filhos o caminho de Deus

Deus dá instruções precisas aos hebreus sobre como ensinar a próxima geração sobre Ele e Seus atos poderosos. Ele lhes diz para celebrar a Páscoa a cada ano de forma muito pessoal. Nas futuras gerações, os pais deveriam recontar aos seus filhos o que acontecera com seus antepassados como se eles mesmos houvessem participado do Êxodo, como se fossem os escravos que foram redimidos pelo Senhor e escaparam do Egito. Os pais precisariam ensinar aos seus filhos, e a próxima geração precisaria ensinar aos seus filhos, perpetuamente. Eles precisavam viver essa experiência, não apenas em palavras, mas em ações. A experiência devia ser sempre nova; a história devia ser praticada como se estivesse acontecendo agora. O evento histórico devia se tornar existencial e pessoal. Dessa forma, a história seria revivida e a memória recarregada. Assim, o que aconteceu não seria esquecido. Moisés disse: “E, quando estiverem na terra que o Senhor lhes dará, como prometeu, observem este rito. Quando os seus filhos perguntarem: ‘Que rito é este?’, respondam: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando matou os egípcios e livrou as nossas casas” (Êx 12:25-27). Para se lembrarem dessa salvação, os israelitas foram instruídos a celebrar o ritual da Páscoa todos os anos.

Esse modelo serve como o padrão que devemos ensinar aos nossos filhos e netos atualmente. Ele nos é apresentado para que possamos imitá-lo. Asafe incentiva: “Abrirei meus lábios para proferir parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. O que ouvimos e aprendemos, o que os nossos pais nos contaram, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor, e o Seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que os transmitis-
sem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, e os filhos que ainda hão de nascer se levantassem e, por sua vez, os contassem aos seus descendentes; para que pusessem a sua confiança em Deus e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos” (Sl 78:2-7). Davi declara o que devemos fazer com estas palavras: “Uma geração louvará à outra geração as Tuas obras e anunciará os Teus poderosos feitos” (Sl 145:4). A história da redenção e libertação precisa ser repetida e aprendida de forma relevante por cada nova geração. Basta que uma única geração negligencie essa tarefa para que seus filhos e famílias percam o conhecimento de Deus. Como resultado, a compreensão de Seus ensinamentos diminuirá consideravelmente, e a busca por uma vida piedosa ficará ameaçada.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. A obstinação do Faraó e a resistência de muitos egípcios nos ensinam que mesmo grandes milagres e maravilhas não têm a capacidade de levar as pessoas a crer nem de transformar a vida delas. Jesus afirmou: “Se não ouvem Moisés e os Profetas, também não se deixarão convencer, mesmo que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc 16:31). O que, em sua jornada espiritual, o levou a seguir a Deus de todo o coração? Como incentivar os outros a não depender de milagres, mas a levar a Palavra de Deus a sério?

2. Por causa de Seu amor por nós, Deus nos ensina sobre as consequências devastadoras da desobediência quando insistimos em permanecer no pecado. A persistência no erro pode ser fatal; por isso, Ele nos convida graciosamente ao arrependimento e à aceitação de Sua pro-
visão para a salvação. Como podemos ter certeza de que estamos totalmente rendidos a Jesus e somos verdadeiramente salvos? De que maneira podemos levar a sério os avisos amorosos de Deus para não seguir um caminho que leva à destruição? Muitas são as armadilhas das distrações. Como podemos evitá-las?

3. Em seu sermão aos israelitas, Moisés destacou a importância de ensinar e educar nossos filhos e netos continuamente sobre o amor, a bondade e a verdade de Deus: “Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se” (Dt 6:7). De que maneira podemos transmitir esse ensinamento de forma atrativa e significativa, evitando abordagens irritantes ou forçadas, para que nossas famílias se enriqueçam com o conhecimento de Deus?

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Clamando por chuva

Zimbábue | Sibongile

Não chovia há meses. O solo africano ficou seco e árido. Campos de milho e trigo murcharam e morreram. Hortas de tomates, cebolas, cenouras e batatas também murcharam e morreram.

Havia especulações de que a Escola Adventista de Solusi, onde Sibongile estava matriculada como estudante de 22 anos, seria forçada a fechar para sempre. Muitos dos alunos da escola dependiam dos campos e jardins para trabalhar para pagar suas mensalidades. Os campos e jardins também abasteciam o refeitório do colégio com produtos frescos. A comida estava acabando.

Sibongile se perguntou o que aconteceria a seguir quando a barragem que fornecia água para o colégio e arredores esvaziasse. O racionamento de água foi implementado. De manhã, Sibongile, e os professores e outros alunos eram autorizados a usar água da torneira por uma hora. Na hora do almoço, eles tinham mais uma hora de água. À noite, eles tinham uma última hora de água. 

Essas três horas de água eram usadas para cozinhar alimentos, lavar louça, tomar banho e armazenar água para os momentos em que as torneiras não podiam ser usadas.

Sem água, a vida se tornou muito difícil. Sem água, era muito difícil sobreviver.

À medida que aumentavam as especulações de que o colégio seria forçado a fechar, alunos e professores se reuniram para uma reunião de oração na noite de quarta-feira.

"A única forma de sair disso é orar", disse um líder do ensino médio.

Ele e outros líderes do ensino médio fizeram apelos semelhantes para que a oração fosse feita no culto de pôr do sol da sexta-feira à noite, na igreja no sábado de manhã e no culto de pôr do sol do sábado à noite.

Sibongile orou. Todos os alunos e professores oraram nas reuniões. Eles se dividiram em grupos e pediram ao Senhor que indicasse um caminho a seguir.

“Querido Deus, será muito difícil para o trabalho que o Senhor nos designou fazer avançar sem água”, orou um aluno.

"Precisamos levar as mensagens dos três anjos ao mundo", orou outro. "Sem água, será muito difícil."

Os alunos também oraram sozinhos e com parentes em casa. Alguns combinavam oração com jejum — jejuando uma refeição por dia ou pulando duas refeições e fazendo uma refeição leve à noite. Outros jejuavam o dia inteiro, uma, duas ou três vezes por semana.

Enquanto os alunos oravam, eles se lembraram de que o Senhor estava com Solusi desde o início, quando foi estabelecida como a primeira estação missionária da Igreja Adventista do Sétimo Dia na África em 1894. Eles se lembraram de que o Senhor esteve com Solusi quando o colégio estabeleceu seu campus perto da Universidade Solusi com a ajuda de uma oferta do trimestre em 1994. Eles lembraram que futuros pastores e outros obreiros da igreja estavam sendo ensinados e formados no ensino médio e na universidade.

À medida que Sibongile se lembrava de como o Senhor havia guiado Solusi no passado, sua fé cresceu muito rapidamente. Ela entendeu que Solusi pertencia a Deus. Ela acreditava que Ele Se importava com Seus filhos e que Ele era o único caminho a seguir.

Sibongile e os outros oraram e jejuaram por dois meses. Durante esse período, algumas pessoas achavam que o colégio iria fechar. Mas isso não aconteceu. Apesar da seca e das circunstâncias difíceis, ele sobreviveu.

Sibongile disse que sempre se lembrará de como Deus respondeu às suas orações, mantendo a escola aberta apesar da falta de água.

"Aquela pouca água nos sustentou até que chovesse", disse ela.

Quando a chuva finalmente chegou, as pessoas comemoraram. Alunos e professores lotaram a igreja para cantar louvores ao Senhor. Todos oraram e agradeceram ao Senhor por Sua misericórdia.

Então, o colégio conseguiu retomar seu programa de agricultura. Com a água, a vida começou a voltar ao normal.

Sibongile, que agora trabalha na Universidade Solusi, disse que testemunhou como Deus abençoou Solusi ao longo dos anos.

"O Senhor abençoou Solusi. Eu vi isso com meus próprios olhos. O Senhor abençoou Solusi de muitas maneiras."

Uma oferta do trimestre de 1994 ajudou a Escola Adventista de Solusi a estabelecer um campus perto da Universidade Solusi, em Zimbábue. Assim como a bênção da oferta ainda está sendo sentida pelos alunos atuais e ex-alunos, sua contribuição para os projetos deste trimestre também pode, com a bênção de Deus, ter um impacto duradouro no Zimbábue e em outros lugares. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 27 de setembro.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre o Zimbábue no mapa. Em seguida, mostre Bulawayo, a cidade mais próxima da Escola Adventista de Solusi.

• Assista a um curto vídeo no YouTube de Sibongile em: bit.ly/Sibongile-SID.

• Baixe as fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.


Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos – 3º trimestre de 2025

Tema geral: “O livro de Êxodo”

Lição 5 – 26 de julho a 1º de agosto

A Páscoa

 

Autor: Felipe Alves Masotti

Editor: Fernando Dias de Souza

Revisora: Rosemara Santos

 

Em vida, Faraó era considerado como Hórus, o deus do mundo e dos seres humanos. Essa percepção era diferente da forma como os mesopotâmios, por exemplo, entendiam a relação de seus monarcas com suas divindades. Na Mesopotâmia, assim como na Anatólia, os reis eram considerados talismãs divinos entre os seres humanos. Isso significa que sua divinização dependia de sua subserviência aos deuses. Para os egípcios, no entanto, Faraó era a manifestação de um deus. Assim, ele reinava em vida e, após a morte, continuava como divindade: deixava de ser Hórus e passava a ser Rá, o deus-sol, identificando-se também com o deus Osíris.

A décima praga subverteu a compreensão que os egípcios tinham da sucessão real. Se morto diretamente por Deus, segundo a crença egípcia, Faraó passaria a reinar entre os mortos. Contudo, Deus não só afetou a sucessão do trono com a morte do primogênito do rei, mas diminuiu a realeza egípcia ao fazer com que aquele que era considerado o futuro Hórus morresse antes de reinar entre os vivos. Assim, a pretensão faraônica de poder controlar o caos e a ordem universais foi desmascarada. E esse incidente incluiu uma verdade ainda mais profunda: o Senhor começava a libertar Seu povo da escravidão dos homens e do pecado, prefigurando um evento de magnitude universal: a salvação em Cristo.

 

Uma última mensagem aos súditos egípcios

Faraó e Moisés concluíram que não mais se veriam (Êx 10:28, 29). Antes, porém, de se retirar do palácio, Moisés recebeu uma revelação de Deus, que entregou imediatamente ao rei (Êx 11:1-10). Essa última mensagem divina ao Faraó tem uma linguagem emotiva e sensorial.

Êxodo 11 divide-se em três partes. Os versículos 1 a 3 compõem a primeira. Neles, Deus garante a saída de Seu povo do Egito. Pela primeira vez no relato das pragas, Moisés deveria falar diretamente com o povo de Israel. Desde o início das pragas, os diálogos relatados são apenas entre Arão, Moisés e Faraó. A certeza da libertação é complementada com uma afirmação intrigante: “E o Senhor fez com que o Seu povo encontrasse favor da parte dos egípcios. Além disso, o próprio Moisés era homem famoso na terra do Egito, aos olhos dos oficiais de Faraó e aos olhos do povo” (Êx 11:3). O termo hebraico ??n (“misericórdia” ou “favor”) inclui os significados de “cuidado”, “estima” e “respeito”. O povo egípcio mostrou-se então mais sábio que seu próprio líder. A segunda parte do capítulo (versículos 4 a 8) descreve o último discurso de Moisés aos egípcios. A descrição da última praga irritou Moisés, que sai da presença de Faraó “enfurecido” (Êx 11:8). A obstinação da liderança egípcia o conscientizou do custo que ela teria para o povo que, outrora, acolhera José e o próprio Moisés. A terceira parte do capítulo (versículos 9 e 10) reafirma a certeza de que a saída de Israel do Egito aconteceria.

 

A Páscoa

Êxodo 12 apresenta aspectos do flagelo final contra o Egito. O texto destaca orientações para a preparação do primeiro festival da Páscoa e narra o que ocorreu na noite do êxodo israelita. O evento daria origem a uma festa anual e marcaria o início do calendário de Israel (Êx 12:2). O recomeço do povo de Deus seria a data principal do calendário hebraico, ligando duas grandes libertações: a do Egito e a do pecado.

Deus explicou a forma da celebração. Um cordeiro deveria ser abatido ao crepúsculo da tarde do dia 14 de abibe (ou nisã), o mês do calendário lunissolar hebreu que coincide com os meses de março e abril do calendário solar gregoriano. A expressão hebraica bein ha‘arbayim significa “entre as tardes” ou “entre os dois períodos da tarde”, indicando que a morte do cordeiro deveria ocorrer no limite entre a tarde e a noite: a transição para uma nova era, um novo dia, pois, para a milenar cultura oriental, é o pôr do sol, e não a meia-noite, que marca a mudança de data. Preparados para a viagem, os israelitas deveriam comer o cordeiro acompanhado de pães sem fermento e ervas amargas. Assim, a experiência amarga da escravidão seria lembrada no mesmo prato em que se servia o símbolo da libertação. A Festa dos Pães sem Fermento deveria seguir a Páscoa por sete dias, sendo encerrado com uma celebração (Êx 12:15-20).

O símbolo mais significativo da primeira Páscoa foi a marcação das portas das casas dos israelitas com o sangue do cordeiro. Os nomes Páscoa ou Pessach derivam da ação divina motivada por essa marcação: Deus pouparia da morte os filhos primogênitos que estivessem abrigados nas casas cujas portas estivessem com os batentes ensanguentados (Êx 12:13). O verbo hebraico p?sa?, que dá origem ao substantivo pésach, possui mais de um significado possível. O primeiro e mais aceito é “passar por cima”, sustentado pela tradição e pela gramática, pois a preposição ‘al (“sobre”) é usada para indicar o ato de Deus passar por cima das casas marcadas. Contudo, p?sa? também significa “ter compaixão” ou “proteger” (Is 31:5), sugerindo que a ação divina envolveu tanto preservação quanto o cuidado ativo. Os sentidos coexistem em Êxodo, indicando o sangue como símbolo de proteção para o povo de Deus.

A preocupação divina também inclui a transmissão dessa história às futuras gerações (Êx 12:24-28). O evento da libertação deveria ser ensinado como fato. Pouco antes, aparece uma das primeiras ocorrências do chamado “perfeito profético” no Antigo Testamento (Êx 12:17). Trata-se do uso do tempo verbal perfeito para expressar uma ação futura, indicando que, para Deus, o futuro prometido é tão certo quanto o passado cumprido.

Por fim, Faraó abalou-se após a praga com o “grande clamor” das famílias egípcias (Êx 12:30). O termo tse‘?q?h (“clamor”) é apropriado para descrever o resultado da praga. No início de Êxodo há o registro um clamor semelhante, vindo do povo hebreu, que atraiu a atenção de Deus para seu sofrimento (Êx 3:7, 9). Mas a obstinação de Faraó reverteu esse choro: o pranto dos escravos foi substituído pelo lamento dos escravizadores.

 

Referências:

Richard M. Davidson, A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2022).

Jacques B. Doukhan, Richard M. Davidson, Genesis and Exodus. Seventh-day Adventist International Biblical Commentary, v. 1 (Nampa, ID: Pacific Press, 2025).

Michael G. Hasel, “Êxodo”, em Ángel Manoel Rodríguez (editor-geral), Comentário Bíblico Andrews (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), v. 1.

Nahum M. Sarna, Exodus: The Traditional Hebrew Text with the New Jewish Publication Society Translation (Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 1991).

Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022).

 

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe Alves Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Curitiba. É mestre em Interpretação Bíblica pelo Unasp e doutor em Teologia do Antigo Testamento pela Universidade Andrews. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), But the Wise Shall Understand (Tübingen: Mohr Siebeck, 2025) e Exploring the Composition of the Pentateuch (University Park, PA: Eisenbrauns, 2020). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.