Lição 9
24 a 30 de agosto
Controvérsias em Jerusalém
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Mt 25
Verso para memorizar: “E, quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem, para que o Pai de vocês, que está nos Céus, perdoe as ofensas de vocês” (Mc 11:25).
Leituras da semana: Mc 11; 1Rs 1:32-48; Zc 9:9, 10; Is 56:7; Jr 7:11; Mc 12:1-34

Em Marcos 2 e 3, está registrada uma série de cinco controvérsias entre Jesus e os líderes religiosos (veja a lição 3). Na lição desta semana, quando Jesus chega a Jerusalém, Ele agora tem uma série de seis controvérsias com os líderes religiosos. Os dois conjuntos de controvérsias servem como uma moldura no início e no fim de Seu ministério terrestre. Cada conjunto trata de questões importantes da vida cristã. As instruções de Jesus, mesmo nessas situações de discussão, ajudam a orientar os crentes nas questões fundamentais da fé e nas questões práticas da experiência cotidiana.

Os líderes religiosos tentavam confrontar, confundir e derrotar Jesus, mas nunca conseguiam. Parte da lição desta semana analisa o que leva as pessoas a se oporem a Deus, além de considerar o que os cristãos podem fazer para diminuir o preconceito e falar ao coração daqueles que resistem ao chamado do Espírito Santo.

Em Marcos 11, o ministério de Jesus se desenvolve em Jerusalém, quando Ele vai para a Páscoa (meses de março a abril). Os capítulos 11 a 16 de Marcos cobrem pouco mais de uma semana. O tempo da narrativa desacelerou bastante. Os primeiros 10 capítulos cobrem aproximadamente três anos e meio. Essa desaceleração aponta para a importância dessas cenas finais.

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Domingo, 25 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mt 26
Entrada triunfal

1. Leia Marcos 11:1-11; Zacarias 9:9, 10. O que aconteceu com Jesus? 

Metade do relato trata de Jesus enviando dois discípulos a uma aldeia próxima para buscar um jumentinho a fim de que Ele montasse ao entrar em Jerusalém. Por que tantos versos são dedicados a essa história? 

Podemos dividir a resposta em duas partes: (1) esse evento mostra os poderes proféticos de Jesus, ressaltando a dignidade da Sua chegada e ligando esse evento à vontade de Deus; (2) esse aspecto da história está conectado a Zacarias 9:9 e 10, que fala do Rei entrando em Jerusalém montado num jumentinho. Isso remete à entrada de Salomão em Jerusalém montado em uma mula (1Rs 1:32-48), quando Adonias tentou usurpar o trono, e Davi ordenou que Salomão fosse imediatamente coroado. 

“Quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Zacarias predisse [...] a vinda do Rei [...]. Agora, essa profecia se cumpriria. Aquele que por tanto tempo havia recusado honras reais estava indo a Jerusalém como o prometido herdeiro do trono de Davi” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 453). 

Jerusalém está localizada em uma região montanhosa, a uma altitude de 740 metros. Na época de Jesus, a sua população talvez fosse de 40 mil a 50 mil habitantes, mas esse número aumentava na Páscoa. A cidade cobria apenas cerca de um quilômetro quadrado, enquanto o monte do templo cobria cerca de 150 metros quadrados. O belo complexo do templo dominava a cidade. 

Jesus veio do Leste e desceu o Monte das Oliveiras, talvez entrando pela porta dourada no monte do templo (que atualmente está fechada com tijolos). Muitos ficaram em comoção, notando a relevância da Sua ação. A multidão gritava hosana, que significava “salva-nos agora”, mas que acabou significando “louvado seja Deus”. 

Antes Jesus havia pedido que guardassem segredo, mas agora Ele entrou abertamente em Jerusalém numa ação simbólica ligada à realeza. Foi ao templo, mas sendo tarde, olhou em volta e foi para Betânia. O que poderia ter se transformado em revolta terminou com uma saída silenciosa. Mas o dia seguinte seria diferente. 

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Sentar-se em um jumentinho transmite a ideia de humildade. Por que essa é uma característica importante dos cristãos? Diante da cruz, do que devemos nos orgulhar?


Segunda-feira, 26 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mt 27
Uma árvore amaldiçoada e um templo purificado

2. Qual é o significado dos eventos relatados em Marcos 11:12-26? 

De manhã, vindo de Betânia, a apenas três quilômetros de Jerusalém, Jesus teve fome. Vendo uma figueira com folhas, foi até ela para talvez encontrar alguns frutos precoces. Essa ação não seria considerada roubo, uma vez que, de acordo com a lei do AT, alguém poderia tomar alimento do campo ou do pomar de um vizinho para saciar a fome (Lv 19:9; 23:22; Dt 23:25). Mas Jesus não encontrou nenhum fruto e disse à árvore: “Nunca mais alguém coma dos seus frutos!” (Mc 11:14). Foi uma ação bastante estranha e atípica para Jesus, mas o que veio depois foi ainda mais marcante. 

A próxima cena provavelmente tenha ocorrido no Pátio dos Gentios, onde eram vendidos os animais para sacrifícios (uma prática iniciada por Caifás havia pouco tempo). Jesus expulsou os vendedores do pátio para que a adoração silenciosa pudesse continuar. A ação Dele foi uma afronta direta aos responsáveis pelo sistema do templo. 

Jesus ligou duas passagens do AT como uma repreensão contundente ao comércio profano. Ele insistiu que o templo deveria ser uma casa de oração para todos os povos (Is 56:7), incluindo enfaticamente os gentios. Depois acrescentou que os líderes religiosos tinham feito do templo um covil de ladrões (Jr 7:11). Então, no fim daquele dia extraordinário, Jesus deixou a cidade com Seus discípulos (Mc 11:19). 

Na manhã seguinte, voltando para a cidade (veja Mc 11:20-26), os discípulos ficaram surpresos ao verem que a figueira estava seca desde a raiz. Ao explicar o que havia acontecido, Jesus ensinou sobre oração e perdão. O que tudo isso significa? 

Esses dois relatos são a quarta “história em formato de sanduíche” registrada em Marcos (veja lição 3). Nessas histórias, a ironia dramatizada acontece quando personagens paralelos realizam ações opostas ou personagens opostos realizam ações paralelas. Em Marcos 11, a figueira e o templo estão em paralelo. Jesus amaldiçoou a árvore, mas purificou o templo – ações opostas. Mas a ironia é que os líderes religiosos a partir de então iriam conspirar para matar Jesus, e essa ação significaria o fim do significado dos serviços do templo, que se cumpriram em Cristo. 

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Que coisas em sua vida você precisa que Jesus purifique? Como isso pode acontecer?


Terça-feira, 27 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mt 28
Quem disse que você poderia fazer isso?

3. Que desafio os líderes apresentaram? Como Jesus reagiu? Mc 11:27-33 

No dia seguinte à purificação do templo, os líderes confrontaram Jesus no mesmo lugar, perguntando com que autoridade Ele tinha agido no dia anterior. Eles não buscavam a verdade, mas queriam prender Jesus. Se Ele admitisse que Sua autoridade vinha de Deus, eles diriam que um simples carpinteiro não tinha essa autoridade. Entretanto, se dissesse que Sua autoridade era humana, eles O rejeitariam considerando-o um tolo. 

Mas Jesus enxergou a armadilha deles e disse que daria a resposta se eles respondessem a uma pergunta: “O batismo de João Batista era de Deus ou dos homens?” Os líderes perceberam que estavam encurralados. Se dissessem que era de Deus, Jesus perguntaria: “Então, por que vocês não acreditaram nele?” Se dissessem que era dos homens, o povo poderia se revoltar. Eles mentiram, dizendo que não sabiam. Isso deu a Jesus a oportunidade de Se recusar a responder à pergunta deles. 

4. Em lugar de responder aos líderes, que parábola Jesus contou para adverti-los? Que efeito isso teve? Mc 12:1-12 

Jesus contou a parábola da vinha e dos lavradores maus. Essa história tem semelhanças com a parábola da vinha encontrada em Isaías 5, em que Deus apresenta uma acusação contra Israel. Todos reconheceriam o paralelo, especialmente os líderes. 

A história se desenrolou de forma bastante incomum, pois os lavradores se recusaram a dar qualquer fruto do campo ao proprietário. Em vez disso, eles maltrataram e mataram seus servos. Por fim, o proprietário enviou seu filho amado, a quem esperava que respeitassem. Mas não foi isso que aconteceu. Eles estranhamente raciocinaram que, se matassem o filho, a vinha seria deles. A falta de lógica é impressionante, e o juízo pronunciado sobre eles foi totalmente justificado. 

Nessa história, Jesus advertiu os líderes sobre o rumo que seguiam. Vista assim, a parábola é uma advertência cheia de amor. Não era tarde demais para mudar e evitar o juízo inevitável. Alguns iriam se arrepender, mudar e aceitar Jesus. Outros não.

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Quarta-feira, 28 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mc 1
Deveres terrenos e resultados celestiais

5. O que ocorreu nesses relatos e que verdades Jesus ensinou? Mc 12:13-27 

Os líderes estavam tentando apanhar Jesus em algo que pudessem usar para condená-Lo, junto ao governador romano ou ao povo. Nessa controvérsia, a questão foi o pagamento de impostos. Naquela época, recusar-se a pagar impostos poderia ser considerado rebelião contra o governo romano, uma ofensa grave. 

Jesus respondeu que eles deviam dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Isso fez com que Ele escapasse da armadilha, mas também ofereceu instruções profundas sobre a responsabilidade do cristão para com o governo. Jesus “declarou que, uma vez que estavam vivendo debaixo do poder romano, deviam prestar-lhe o apoio que lhes exigia, no que não estivesse em oposição a um dever mais elevado. Mas, embora pacificamente sujeitos às leis da Terra, deviam ser primeiramente leais a Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 480). 

A seguir, houve uma controvérsia sobre a ressurreição dos mortos. Os saduceus eram um grupo formado por sacerdotes que aceitavam como Escrituras apenas os cinco livros de Moisés. Eles não acreditavam na ressurreição. O cenário que apresentaram a Jesus era hipotético. Envolvia sete irmãos e uma mulher. De acordo com a lei de Moisés, para manter a propriedade na linhagem familiar, quando um homem morresse sem deixar filhos, o irmão dele deveria se casar com a viúva, e os filhos nascidos dessa união pertenceriam legalmente ao homem morto (Dt 25:5-10). 

Desacreditando da doutrina da ressurreição, os saduceus apontaram para um dilema: na ressurreição, de qual deles ela seria esposa? Jesus rebateu o argumento em duas etapas, referindo-Se às Escrituras e ao poder de Deus: (1) Ele descreveu o poder de Deus na ressurreição e indicou que não haverá casamento no Céu; (2) defendeu a doutrina da ressurreição citando Êxodo 3:1-22, em que o Senhor declara que é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Isso significa que eles serão ressuscitados, pois o Criador é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que estão, por enquanto, mortos, mas ressurgirão. 

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Se alguém lhe perguntasse: “Você conhece o poder de Deus?”, o que você diria?


Quinta-feira, 29 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mc 2
O maior mandamento

Até agora no evangelho de Marcos, a maioria dos líderes, com poucas exceções, era hostil a Jesus, especialmente em Jerusalém, onde Ele confrontou a liderança a respeito da adoração no templo – que estava no centro do judaísmo. Assim, o fato de um escriba ouvir as disputas e apreciar as respostas de Jesus mostra sua honestidade e coragem diante da hostilidade prevalecente contra Jesus. Seria mais fácil observar de longe, mesmo para um simpatizante de Jesus. Mas aquele homem não fez isso. 

O escriba foi ao cerne da religião ao perguntar qual dos mandamentos é o mais importante. Jesus respondeu com simplicidade e clareza, citando o Shemá, a confissão de fé do judaísmo (Dt 6:4, 5). O maior mandamento, segundo Jesus, é amar a Deus de todo o coração, alma, entendimento e força – isto é, com a totalidade de quem somos. Jesus deu um bônus ao escriba ao apresentar o segundo mandamento mais importante, citando novamente o AT (Lv 19:18), que fala sobre amar o próximo como a si mesmo. 

Alguns se perguntam como é possível ordenar o amor. O contexto cultural do mandamento em Deuteronômio nos ajuda a entender essa questão. A linguagem vem de tratados da antiguidade realizados entre duas pessoas ou grupos de pessoas. Nesse contexto, o termo “amor” se refere a ser fiel aos requisitos do tratado, cumprindo-os com fidelidade. Assim, embora não exclua o conceito de afeto profundo entre as partes, o amor está muito mais concentrado em ações que demonstrem essa lealdade. 

O escriba foi honesto, viu a clareza e simplicidade da resposta de Jesus e a confirmou. Podemos imaginar o olhar de desconfiança de outros líderes religiosos, uma vez que o escriba honesto disse que a resposta de Jesus era válida, algo que ninguém mais estava disposto a fazer. Jesus também elogiou o escriba por sua resposta honesta, dizendo que ele não estava longe do Reino de Deus. Mas não estar muito longe do Reino não significa estar dentro dele. O escriba ainda precisava reconhecer quem era Jesus e segui-Lo, isto é, dar mais um passo na jornada da fé. 

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De que maneira é possível amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos? A cruz seria a chave para isso?


Sexta-feira, 30 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mc 3
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 462-467 (“Um povo condenado”), p. 468-478 (“Purificando o templo outra vez”) e p. 479-486 (“Fogo cruzado”). 

“O ato de Cristo amaldiçoar a árvore que Seu poder havia criado é um aviso para todas as igrejas e todos os cristãos. [...] Alguns que se consideram excelentes cristãos não compreendem o que significa o serviço a Deus. Seus planos e objetivos são agradar a si mesmos. Agem sempre por si próprios. O tempo só tem valor para eles quando conseguem acumular algo para si. Em todos os negócios da vida, é esse seu objetivo. [...] Não se põem em contato com a humanidade. Aqueles que, dessa forma, vivem para si são como a figueira, cheia de arrogância, mas sem frutos. [...] Honram a lei divina em palavras, mas falham na obediência. Dizem, mas não praticam. Na sentença contra a figueira, Cristo demonstra como é abominável aos Seus olhos essa inútil ostentação. Ele diz que o pecador declarado é menos culpado do que aquele que diz servir a Deus, mas não produz fruto para Sua glória” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 465). 

Perguntas para consideração 

  1. Como aplicar hoje as lições do relato da purificação do templo realizada por Cristo? 
  2. Jesus explicava que elas deviam ser cumpridas. Quão central é a Bíblia para a vida de fé? Por que devemos rejeitar tentativas de diminuir a autoridade das Escrituras e a teoria de que as Escrituras são ideias de pessoas do passado a respeito de Deus? 
  3. Qual é a linha de separação adequada entre a igreja e o Estado? Como o ensino de Jesus em Marcos 12:13-17 nos ajuda a compreender essa questão? 
  4. Busque textos que falem da ressurreição. Por que essa doutrina é tão importante? 

Respostas e atividades da semana: 1. Jesus entrou de modo triunfal em Jerusalém; Ele entrou como um Rei humilde, montado em um jumento, indicando que o Seu reino seria estabelecido com base na humildade que O levaria à cruz. 2. Jesus amaldiçoou a figueira e purificou o templo; a figueira representa os líderes que tinham apenas folhas de fé, mas careciam dos frutos; quando os líderes rejeitaram o perdão de Jesus e tramaram Sua morte, escolheram a maldição para Si. 3. “Com que autoridade você faz estas coisas?” Jesus disse que responderia se eles respondessem à seguinte pergunta: “O batismo de João era do Céu ou dos homens?” 4. A parábola da vinha e dos lavradores maus, que arrendaram a terra e não deram os frutos que pertenciam ao proprietário. Em lugar de honrar com seu compromisso, eles maltrataram e mataram os servos e o filho do dono. 5. Questionado sobre os impostos, Jesus disse que devemos dar a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César; sobre a questão da mulher e dos sete maridos, Jesus mostrou que no Céu as pessoas não se casam nem se dão em casamento; quanto à ressurreição, Ele disse que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. Se Deus é chamado Deus de Abraão, Isaque e Jacó, isso significa que eles ressurgirão. 6. Qual é o principal de todos os mandamentos? Ame a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.

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Resumo da Lição 9
Controvérsias em Jerusalém

TEXTOS-CHAVE: Marcos 11:15, 17; 12:7 

FOCO DO ESTUDO: Marcos 11; 12 

ESBOÇO 

Introdução: Marcos é a mais curta das quatro narrativas evangélicas do ministério de Jesus. Até Marcos 9, o autor discute o ministério de Cristo em Sua própria região da Galileia. Começando em Marcos 10, no entanto, a narrativa muda para o ministério de Jesus na Judeia, especialmente em Jerusalém. 

A caminho da grande cidade, Jesus explica aos Seus discípulos a missão que vai cumprir nesse lugar. O relato não apenas anuncia uma mudança de localidade em Seu ministério, mas também apresenta aos leitores a última parte do ministério e da vida de Jesus na Terra. 

Temas da lição: O estudo desta semana considera alguns incidentes significativos da vida de Jesus que ocorreram em Jerusalém, mais especificamente no que diz respeito ao templo: 

1. O anúncio da Paixão de Cristo no que se refere à Sua morte. 

2. A viagem de Jesus à cidade de Jerusalém, apesar da menção de Marcos, no capítulo 10, à Sua permanência na região da Judeia. O capítulo 11 descreve a importante entrada de Jesus nessa cidade histórica. 

3. A atividade de Jesus em Jerusalém e no templo, o local da maioria dos eventos abordados em Marcos 11 e 12. 

COMENTÁRIO 

Anúncio da Paixão 

Começando em Marcos 8, Jesus anuncia de maneira explícita o sofrimento iminente que enfrentaria na cruz. “Então Jesus começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse” (Mc 8:31). Posteriormente, no capítulo seguinte, Jesus descreve as cenas futuras ligadas à Sua morte: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e estes O matarão; mas, três dias depois da Sua morte, ressuscitará” (Mc 9:31). Jesus sabia que o Seu caminho rumo a Jerusalém era um caminho de sofrimento e morte. Mas estava decidido a ir para lá porque a Sua missão era morrer na cruz para salvar a humanidade. 

Infelizmente, os discípulos não entenderam as palavras de Jesus sobre Sua missão como cumprimento direto das profecias bíblicas. Os discípulos pensavam que Ele estabeleceria um reino terreno durante a vida deles. Por isso, discutiram sobre os possíveis privilégios ou posições que poderiam obter dentro desse reino e a partir dele. O evangelho de Lucas registra o sentimento de desconforto que havia entre os discípulos depois que a morte de Jesus desapontou profundamente as esperanças e ambições deles. Um dos discípulos disse: “Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir Israel” (Lc 24:21). Assim, embora fosse seguido por grandes multidões, Jesus finalmente caminhava sozinho. Só Ele podia compreender o pleno significado de cada uma de Suas ações. Como Isaías descreveu centenas de anos antes: “O lagar, Eu o pisei sozinho. Dos povos, ninguém esteve Comigo” (Is 63:3). 

Jesus vai para a cidade de Jerusalém 

A célebre cidade de Jerusalém recebeu o Messias sem grande alarde por parte dos líderes religiosos e intelectuais da nação. Jesus veio montado em um jumentinho. Ele não foi reconhecido como rei por aqueles que julgavam Sua aparência externa. Algumas pessoas, talvez os discípulos, gritaram com alegria e emoção sobre a vinda do reino. “Tanto os que iam adiante Dele como os que O seguiam clamavam: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana nas maiores alturas!’” (Mc 11:9, 10). 

A próxima parte da narrativa de Marcos, no capítulo 11, concentra-se no templo, o centro das cerimônias religiosas de toda a nação israelita, e especialmente em seus serviços. Da perspectiva de Jesus, o propósito para o qual o templo foi originalmente estabelecido se tornou obsoleto. Ellen G. White explica esse fato nas seguintes palavras: “Esse serviço havia sido instituído pelo próprio Cristo. Em todas as partes havia um símbolo Dele. Era cheio de vitalidade e beleza espiritual. No entanto, os judeus perderam a vida espiritual de suas cerimônias, apegando-se às formalidades mortas. Confiavam nos sacrifícios e ordenanças como um fim em si mesmos, em vez de descansar Naquele para quem essas coisas apontavam. Com o propósito de ocupar o lugar daquilo que haviam perdido, os sacerdotes e rabinos multiplicavam exigências criadas por eles; e quanto mais rígidos se tornavam, menos manifestavam o amor de Deus. Mediam sua santidade pelo número de cerimônias, enquanto tinham o coração cheio de orgulho e hipocrisia” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 18). 

Jesus e o templo 

Marcos nos diz: “E Jesus entrou em Jerusalém, no templo. E, tendo observado tudo, como já era tarde, saiu para Betânia com os doze” (Mc 11:11, grifo nosso). No dia seguinte, ao retornar ao templo, Sua indignação não pôde ser contida. “Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas” (Mc 11:15). 

Então, citando as Escrituras, Jesus os denunciou: “Não é isso que está escrito: ‘A Minha casa será chamada Casa de Oração para todas as nações’? Mas vocês fizeram dela um covil de salteadores” (Mc 11:17). Sem dúvida, Jesus estava indignado por causa da falta de escrúpulos das transações realizadas nos arredores do templo. Ellen G. White comenta essa questão: “Os mercadores exigiam preços exorbitantes pelos animais vendidos e dividiam o lucro com os sacerdotes e líderes, que enriqueciam à custa do povo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 116).

Ao mesmo tempo, sabemos que “se esperava que cada homem israelita pagasse meio siclo de imposto anual no templo. [...] Os debates sobre o que as autoridades do templo faziam com o dinheiro excedente indicam que as finanças não tinham transparência alguma” (David Instone-Brewer, “Temple and Priesthood”, em The World of the New Testament: Cultural, Social, and Historical Contexts, ed. Joel B. Green e Lee Martin McDonald [Grand Rapids, IL: Baker Academic, 2013], p. 203, 204). 

Marcos 11:18 concentra a atenção dos leitores nos sacerdotes, nos líderes dos serviços do templo e nos escribas, e em como “procuravam um modo de matar Jesus”. É muito triste perceber que foram os líderes religiosos que iniciaram os planos para matar Jesus. Quando assim repreendidos pelo Salvador, “deviam ter corrigido os abusos no pátio do templo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 116). Em vez de ouvirem a mensagem de Jesus, os líderes religiosos queriam se livrar do Mensageiro. Ellen G. White também escreveu: “Os próprios sacerdotes que ministravam no templo haviam perdido de vista o significado do serviço que desempenhavam. Deixaram de olhar, para além do símbolo, àquilo que ele significava. Apresentando as ofertas sacrificiais, eram como atores em um palco. As ordenanças indicadas pelo próprio Deus tinham se tornado o meio de cegar a mente e endurecer o coração. Deus não poderia fazer nada mais pelo ser humano por intermédio desses agentes. Todo o sistema devia ser banido” (O Desejado de Todas as Nações, p. 36). 

No dia seguinte, Jesus entrou novamente no recinto do templo (Mc 11:27). Mais uma vez, os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos vieram discutir com Ele. Questionando Jesus a respeito de Seu domínio, perguntaram: “Com que autoridade Você faz estas coisas?” (Mc 11:28). Ele respondeu à pergunta deles com outra pergunta e evitou dar-lhes uma resposta direta. Na verdade, já havia respondido à mesma pergunta no passado (Jo 2:18), mas nenhuma mudança ocorrera na atitude dos líderes de Israel desde então. Além disso, Jesus sabia, pela intenção da pergunta, que eles queriam apenas discutir com Ele, em vez de se arrependerem do orgulho e da dureza de coração. Ficou claro que, por meio dos ensinos de Jesus, eles perceberam Seu caráter divino: “Mestre, sabemos que o senhor é verdadeiro e não Se importa com a opinião dos outros, porque não olha a aparência das pessoas, mas, segundo a verdade, ensina o caminho de Deus” (Mc 12:14). 

Em outros casos, os líderes religiosos lançaram perguntas a Jesus por maldade, conforme retratado em Marcos 12:13: “E enviaram a Jesus alguns dos fariseus e dos herodianos, para que O apanhassem em alguma palavra.” Os líderes religiosos coletivamente “procuravam prender Jesus” (Mc 12:12). 

Na parábola da vinha (Mc 12:1-11), Jesus desmascarou com precisão as conspirações nefastas dos líderes religiosos para tirar-Lhe a vida em um futuro próximo. Cristo confirmou a perfídia deles com estas palavras: “E, agarrando o filho, mataram-no e o lançaram fora da vinha” (Mc 12:8). 

No entanto, dada a nossa discussão sobre o templo, o que é mais significativo são as palavras de Jesus no verso 9. Ele explica o que aconteceria, de acordo com o plano salvífico de Deus: “Virá, exterminará aqueles lavradores e entregará a vinha a outros” (Mc 12:9). Com a morte de Jesus, todo o sistema do santuário chegou ao fim. Todos os seus emblemas apontavam para Jesus. Além disso, o remanescente fiel de Israel daria prosseguimento à missão. William L. Lane explica o terrível destino do povo de Israel literal nas seguintes palavras: “No âmbito da parábola, a consequência inevitável da rejeição do Filho foi um juízo decisivo e catastrófico. Isso aponta para o significado crítico da rejeição de João e de Jesus, que é vista em Marcos 11:27 a 33 e 12:1 a 12 de maneira tão preeminente, pois o que estava envolvido era a rejeição a Deus. Sem declarar Sua própria filiação transcendente, Jesus revela claramente que o Sinédrio havia rejeitado o mensageiro final de Deus e que o desastre ocorreria. O legado sagrado do povo escolhido seria transferido para o novo Israel de Deus” (The Gospel According to Mark, New International Commentary on the New Testament, [Grand Rapids, IL: Eerdmans, 1974], p. 419). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Que lições práticas podemos aprender com o ato de Jesus de purificar o templo? Considere a seguinte declaração: “Os pátios do templo de Jerusalém, cheios do tumulto de um comércio profano, representavam exatamente o templo do coração, contaminado por desejos impuros e pensamentos profanos. Purificando o templo dos compradores e vendedores do mundo, Jesus anunciou Sua missão de limpar o coração da contaminação do pecado – dos desejos terrenos, das ambições egoístas, dos maus hábitos que o corrompem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 119). 

Em Marcos 12:14, um dos membros dos fariseus se dirige a Jesus, dizendo: “Mestre, sabemos que o senhor é verdadeiro e não Se importa com a opinião dos outros, porque não olha a aparência das pessoas, mas, segundo a verdade, ensina o caminho de Deus.” Parece que os líderes religiosos reconheciam quem é Jesus e a autoridade dos Seus ensinos. Contudo, não estavam dispostos a segui-Lo e tornar-se parte do Seu reino. Pergunte aos membros de sua classe como era possível que os líderes reconhecessem a autoridade de Jesus e, ao mesmo tempo, O rejeitassem. Como esse mesmo reconhecimento e a mesma rejeição de Jesus se repete nos tempos atuais? 

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Seguindo os passos de Paulo

Colômbia | Wilinton

A vida de Wilinton começou a mudar depois que ele parou de beber em Bogotá, Colômbia. Ele conseguiu um trabalho, começou a pagar suas dívidas, e se casou com sua esposa.

Então, Wilinton, sua esposa e seu filho de 12 anos decidiram entregar seus corações a Deus por meio do batismo.

Um dia antes do batismo de Wilinton, um amigo adventista do sétimo dia previu que Deus tinha grandes planos para ele. “Você vai ser o próximo apóstolo Paulo”, disse o amigo, Jaime. “Você vai ajudar muitas pessoas”.

Não demorou muito para Wilinton perceber que Deus o estava chamando para ajudar os alcoólatras.

Um mês depois de seu batismo, enquanto caminhava para a igreja em uma manhã de sábado, ele sentiu uma voz que dizia: “Pare aqui”. Ele parou. Ao olhar para cima, viu uma rua da cidade repleta de bares onde ele costumava beber.

A voz disse: “Você vai ajudar todas essas pessoas. Você bebia, e agora vai ajudar os outros que bebem. Eu lhe darei oportunidades e o ajudarei a não ter recaídas”.

Na igreja, Wilinton procurou Jaime.

“Eu tenho uma ideia”, disse ele.

“Eu também tenho uma ideia”, disse Jaime. “Diga-me a sua ideia primeiro”.

“Acho que Deus está me dizendo para ser uma luz naqueles bares onde só há escuridão”, disse Wilinton.

“Uau!” Jaime exclamou. “Essa é a mesma ideia que eu tive”.

Parecia mais do que uma coincidência. Os dois homens concordaram que o Espírito Santo devia estar chamando Wilinton para ajudar os alcoólatras.

Na semana seguinte, Wilinton convidou as pessoas dos bares para irem à sua casa estudar a Bíblia. Onze pessoas compareceram ao primeiro estudo bíblico no sábado à tarde.

Com o passar das semanas, o grupo cresceu demais para se reunir naquela casa. Wilinton alugou uma casa maior. Quando o grupo ficou grande demais para aquela casa, eles se mudaram para um salão. Pessoas eram batizadas, e o grupo ia crescendo.

Finalmente, Wilinton decidiu que o grupo precisava ter seu próprio espaço. Ele procurou um prédio para comprar, mas os imóveis da cidade eram caros. Enquanto orava, sentiu-se impressionado a visitar um bar que frequentava desde os 16 anos. Parecia improvável, mas se ele pudesse comprar o bar, poderia ser reformado em uma sala de reuniões.

Ele orou: “Deus, Tu realmente queres que eu trabalhe para Ti em um bar?”

Wilinton procurou o dono do bar e soube que o prédio estava à venda.

O dono reconheceu Wilinton imediatamente, e ele ficou chocado ao vê-lo sóbrio.

“É você mesmo?”, perguntou.

“Sim, sou eu”, disse Wilinton.

“Você se lembra de como você costumava vir aqui e beber o tempo todo?”, disse ele.

“Sim, eu me lembro.’’

O dono balançou a cabeça incrédulo. “Eu conheço você”, disse ele. “Não acredito que você tenha uma nova vida”.

Ele falou o preço do edifício.

Wilinton não tinha esse dinheiro. Ele falou com os outros membros da igreja sobre o edifício, mas eles também não tinham os fundos.

Wilinton não desanimou. “Os planos de Deus são perfeitos”, disse a eles. “Não se preocupem. Aquele edifício será nosso”.

Ele e os outros membros da igreja começaram a orar e arrecadar fundos. Um ano depois, eles compraram o bar e o transformaram em uma igreja adventista e em um centro de influência.

Hoje, 50 pessoas adoram na igreja todos os sábados. Durante a semana, o centro de influência oferece aulas de habilidades para a vida e um programa para parar de beber.

Wilinton, que é um ancião de igreja e vice-diretor do centro de influência, disse que, por meio de seu pequeno grupo, mais de 15 ex-alcoólatras entregaram seus corações a Jesus e foram batizados. Além disso, 85 pessoas foram batizadas através da nova igreja e do centro de influência nos últimos três anos.

“Agora estou trabalhando para Jesus e buscando os desaparecidos”, disse Wilinton. “Eu decidi ser como Paulo, sempre compartilhando o evangelho e pedindo a Deus Seu poder para levar as pessoas a Ele”.

Ele acrescentou: “Os planos de Deus são perfeitos e nunca mudam”.

Essa história missionária fornece uma visão interna da vida na Colômbia e dos desafios missionários do país. Parte das ofertas deste trimestre ajudarão a abrir dois centros de influência para ajudar crianças que estão em risco de abuso de álcool e drogas na Colômbia. Os centros de influência estarão nas cidades de Buenaventura e Puerto Tejada. Obrigado por planejar suas ofertas generosas.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre a Colômbia no mapa. Depois mostre Bogotá, onde Wilinton mora, e as cidades de Buenaventura e Puerto Tejada, onde as ofertas deste trimestre ajudarão a abrir centros de influência para crianças em risco.
  • Assista a um curto vídeo no YouTube sobre Wilinton: bit.ly/Wilinton-IAD.
  • Leia mais sobre Wilinton na próxima semana.
  • Baixe as fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq
  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Interamericana: bit.ly/iad-2024

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024

Tema geral: O Evangelho de Marcos

Lição 9 – 24 a 31 de agosto

Controvérsias em Jerusalém

Autor: Natal Gardino

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Esther Fernandes

Nesta semana, estudamos as lições que Jesus ensinou e os conflitos que Ele enfrentou em Seus últimos dias, quando Se revelou publicamente como o Messias prometido. A partir desse momento, Cristo permite que o povo O reconheça abertamente como o Messias prometido, o que aumenta os conflitos com os líderes religiosos em Jerusalém.

A entrada triunfal em Jerusalém (Mc 11:1-11; Zc 9:9, 10)

O chamado “segredo messiânico”, característico no livro de Marcos, agora chegou ao fim. Era a última semana de Jesus, e Ele demonstrou claramente que era o Messias, o Rei prometido nos textos do Antigo Testamento. Entrar montado em um jumentinho enquanto as pessoas O aclamavam, remontava ao que aconteceu com o rei Salomão em 1 Reis 1:32-48, quando foi entronizado no trono de Israel.

A multidão estava animada, provavelmente acreditando em um movimento político definitivo contra o governo romano. No entanto, Jesus não parecia estar com esse mesmo interesse. Apesar de todo o louvor que recebia, quando eles chegaram em um local em que era possível contemplar o templo de longe, Ele chorou. Isso deve ter confundido muito as pessoas que O aclamavam como Rei. Depois disso, Ele foi até o templo, observou tudo ao redor, e “saiu para Betânia com os doze” (Mc 11:11). Ele voltaria no dia seguinte com uma lição impactante sobre Sua messianidade.

A figueira amaldiçoada e o templo purificado (Mc 11:12-21)

No dia seguinte, a caminho do templo, Jesus amaldiçoou a figueira que aparentava ter frutos, mas tinha apenas folhas. Essa era mais uma das lições de Jesus. A figueira era um símbolo de Israel (Os 9:10; Lc 13:6-9). Israel estava produzindo apenas “folhas”, e não “frutos”.

Ao conectar os relatos paralelos dos evangelhos, entendemos que Jesus amaldiçoou a figueira de manhã, no caminho de Betânia a Jerusalém. A figueira se secou na mesma hora, como relatado em Mateus 21:19, mas os discípulos só perceberam depois, na manhã seguinte, quando iam novamente a Jerusalém após haverem passado mais uma noite em Betânia (Mc 11:20, 21).

Entre o momento em que Jesus amaldiçoou a figueira e o dia seguinte, quando os discípulos perceberam que ela se secou, está a história da purificação do templo. Essa é mais uma das histórias em “formato de sanduíche” no livro de Marcos: ele começa uma história e não a finaliza, conta outra história e então completa a primeira história que havia começado antes. Com essa estratégia, ele procurou correlacionar as duas histórias, sendo que a do meio é a mais importante.

Encontramos os seguintes possíveis paralelos e contrastes entre as duas histórias: a figueira foi amaldiçoada, e o templo purificado; a figueira só tinha aparência (folhas), mas não frutos, e da mesma forma que os serviços no templo; a figueira se secou, e Israel também secaria (como foi na destruição de Jerusalém, no ano 70). Há ainda outras correlações que o estudioso atento pode perceber.

A purificação do templo tem lições profundas para nós hoje. Precisamos pedir a Deus que jamais tenhamos apenas aparência, mas que possamos produzir frutos de verdade.

O que é de César e o que é de Deus (Mc 12:13-17)

Na última semana de Jesus, antes de Sua crucifixão, Ele ensinou várias lições sobre a confiança que devemos ter em Deus e sobre a vida cristã. Uma dessas lições que impactou a humanidade se resume na seguinte frase: “Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12:17). Com essas palavras, Jesus nos ensina que, como cidadãos de Seu reino, precisamos ser bons cidadãos nos governos em que vivemos na Terra. Paulo ampliou esse conceito em Romanos 13:1 a 7. O ensino escriturístico é que só não devemos obedecer aos governos terrenos quando suas exigências entram em conflito com a vontade de Deus (At 5:29).

O maior mandamento (Mc 12:28-34)

Ao ser questionado sobre qual seria o maior de todos os mandamentos, Jesus não escolheu nenhum dos dez. Afinal, essa poderia ser uma daquelas perguntas para incriminá-Lo. Se Ele escolhesse qualquer um dos Dez Mandamentos, poderiam dizer que Ele não dava importância aos outros. Então Jesus escolheu dois versículos do Antigo Testamento que são a essência de toda a lei de Deus: amar a Deus acima de todas as coisas (Dt 6:4, 5), e ao próximo como a si mesmo (Lv 19:18). Essa é a essência de tudo. O amor a Deus é o que nos faz obedecer aos primeiros quatro mandamentos (que estavam registrados na primeira tábua de pedra), e o amor ao próximo é o que nos faz obedecer aos outros seis (que estavam registrados na segunda tábua).

O mesmo homem que fez a pergunta a Jesus O elogiou e repetiu a mesma resposta que Ele havia acabado de dar. Jesus disse que esse homem não estava longe do reino. Isso quer dizer que ele tinha mais clareza de visão do que os outros para tomar a decisão. Ele estava “perto do reino”, mas ainda não estava “dentro” dele. Não basta entender o plano de Deus. Temos que nos submeter a Ele.

Conclusão

Na semana antes de Seu sacrifício, Jesus deixou de manter o segredo messiânico. Ele deixou que o povo O proclamasse como Rei. Essa atitude acirrou o ânimo dos líderes, e eles planejaram rapidamente a Sua morte, assim como teria acontecido se Ele tivesse Se revelado abertamente antes.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Universidade Andrews. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022, é professor de Novo Testamento do Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.