Lição 1
28 de dezembro a 03 de janeiro
Deus ama com generosidade
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 2
Verso para memorizar: “Eu curarei a infi delidade deles e os amarei com generosi- dade, pois a Minha ira desviou-se deles” (Os 14:4, NVI).
Leituras da semana: Êx 33:15-22; Os 14:1-4; Ap 4:11; Jo 17:24; Mt 22:1-14; Jo 10:17, 18

Ainda que Pedro tivesse negado Jesus três vezes, como havia sido predi- to pelo próprio Jesus (Mt 26:34), essas negações não foram o fim da his- tória. Após a ressurreição, Jesus perguntou a Pedro: “Você Me ama mais do que estes outros Me amam?” E Pedro respondeu: “Sim, o Senhor sabe que eu O amo.” Jesus disse: “Apascente os Meus cordeiros.” Então, perguntou nova- mente a Pedro: “Você Me ama?” E o discípulo respondeu: “Sim, o Senhor sabe que eu O amo.” Cristo disse: “Pastoreie as Minhas ovelhas.” Novamente, pela terceira vez, Ele perguntou a Pedro: “Você Me ama?” “Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado pela terceira vez: ‘Você Me ama?’” Então, respondeu: “O Senhor sabe todas as coisas; sabe que eu O amo.” E Jesus disse: “Apascen- te as Minhas ovelhas” (Jo 21:15-17). Assim como Pedro negou Jesus três ve- zes, foi restaurado três vezes por meio da pergunta crucial: “Você Me ama?” . 

Não importa quais sejam as nossas circunstâncias, que podem ser bem diferentes das de Pedro, o princípio é o mesmo. A pergunta que Jesus fez a Pedro é, de fato, a questão fundamental que Deus nos apresenta aqui e agora: “Você Me ama?” . 

Tudo depende de como respondemos a essa pergunta. 

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Domingo, 29 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 3
Superando expectativas razoáveis

Deus não apenas pergunta: “Você Me ama?”, mas Ele ama cada pessoa, e o faz generosamente. Ele ama você e a mim com generosidade, muito mais do que imaginamos. Conhecemos esse amor pelo modo como Deus atuou na história de Seu povo. 

1. Leia Êxodo 33:15-22 pensando no contexto desses versículos e na história em que estão inseridos. O que essa passagem, especialmente o versículo 19, revela sobre a vontade e o amor de Deus? 

Tudo parecia perdido. Pouco depois da surpreendente libertação do povo de Deus da escravidão no Egito, os israelitas se rebelaram contra o Senhor e adoraram um bezerro de ouro. Quando Moisés desceu do monte, viu o que eles haviam feito e, indignado, lançou ao chão as tábuas dos Dez Mandamentos, quebrando-as. Apesar de terem perdido todo o direito aos privilégios e bênçãos da aliança concedida por Deus com tanta generosidade, Ele escolheu voluntariamente continuar no relacionamento de aliança com os israelitas, ainda que fossem indignos das bênçãos da aliança. 

Em Êxodo 33:19, lemos: “Terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia e Me compadecerei de quem Eu Me compadecer.” Muitas vezes, essas palavras são interpretadas erroneamente como se Deus escolhesse ser compassivo e misericordioso com alguns e negasse isso a outros de forma arbitrária. No entanto, Deus declarou que será seletivamente misericordioso e compassivo com alguns, mas não com outros. Essa não é a forma como o Senhor atua, ao contrário do que dizem algumas interpretações teológicas, segundo as quais Ele predestina alguns à perdição eterna. 

Então, o que Deus está dizendo em Êxodo 33:19? Ele está declarando que, como Criador, tem todo o direito e autoridade para ser generoso em Sua misericórdia e compaixão, até mesmo com aqueles que não as merecem. Era isso que Ele estava fazendo naquela ocasião, ao mostrar misericórdia para o povo após a rebelião em que adoraram o bezerro de ouro, mesmo que não merecessem a compaixão de Deus. 

Esse é apenas um exemplo dentre muitos em que Deus demonstra Seu amor surpreendente, além das expectativas razoáveis. Não são essas excelentes notícias? 

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Deus continua manifestando Seu amor por você além das expectativas razoáveis?


Segunda-feira, 30 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 4
Amor não correspondido

Um dos exemplos mais marcantes do amor de Deus pela humanidade decaída é encontrado na história de Oseias (Os 1:2). Oseias e sua esposa infiel deviam servir como exemplos vivos do amor de Deus por Seu povo, apesar da infidelidade e da prostituição espiritual de Israel. Essa é uma história do amor generoso de Deus, concedido a quem não o merece. 

Apesar da fidelidade de Deus, o povo se rebelou contra Ele repetidas vezes. Por isso, as Escrituras descrevem repetidamente o Senhor como um parceiro cheio de amor não correspondido e traído pelo cônjuge. Ele sempre amou Seu povo de maneira perfeita e fiel, mas muitas vezes eles O desprezaram, escolhendo adorar outros deuses. Isso O entristecia, parecendo romper o relacionamento de forma quase irreparável. 

2. O que Oseias 14:1-4 revela sobre o amor de Deus por Seu povo? 

Após repetidos atos de rebeldia do povo, Deus declarou: “Eu curarei a infidelidade deles e os amarei com generosidade” (Os 14:4, NVI). A expressão “com generosidade” ou “de boa vontade” (NAA) é uma tradução da palavra hebraica nedabah, que indica aquilo que é oferecido voluntariamente. Essa é a mesma palavra usada para descrever as ofertas voluntárias apresentadas nos rituais do santuário. 

Em Oseias e em outras narrativas bíblicas, Deus demonstra comprometimento e compaixão para com Seu povo. Embora os israelitas repetidamente tenham se voltado para outros “amantes” espirituais, aparentemente rompendo o relacionamento da aliança de maneira irreparável, Deus, por Sua própria vontade, continuou a conceder-lhes Seu amor. O povo não merecia o amor de Deus. Eles o rejeitaram, perdendo o direito legítimo a esse amor. Ainda assim, o Senhor continuou a amá-los voluntariamente, sem qualquer compulsão moral ou alguma influência externa. Em Oseias 14 e em outras passagens, as Escrituras revelam o amor generoso de Deus. 

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Muitos veem Deus como juiz severo. Contudo, Óseias mostra o Senhor sendo traído pelo Seu cônjuge. A ideia do amor não correspondido ajuda você a perceber Deus de modo diferente? Isso influencia sua percepção do seu relacionamento com Ele?


Terça-feira, 31 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 5
Amor concedido livremente

Deus não apenas continuou a conceder Seu amor a Israel de modo generoso e voluntário, apesar das rebeliões do povo, mas faz o mesmo conosco, embora sejamos pecadores. Não merecemos o amor de Deus e jamais poderíamos conquistá-lo. Além disso, o Senhor não precisa de nós. Deus não carece de nada (At 17:25). O amor de Deus por você e por mim é completamente espontâneo e voluntário. 

3. Compare Apocalipse 4:11 com o Salmo 33:6. O que esses versículos nos dizem sobre a autonomia de Deus em relação à criação? 

Deus criou o mundo por Sua vontade. E, por causa disso, Ele é digno de toda glória, honra e poder. Deus não precisava ter criado o mundo. Antes da fundação do mundo, Ele já desfrutava o relacionamento de amor que existia na Trindade. 

4. A quem o Pai amava antes da fundação do mundo? Jo 17:24 

Deus não precisava de criaturas que fossem objeto de Seu amor. Mas, em conformidade com Seu caráter de amor, Ele escolheu criar o mundo e estabelecer um relacionamento de amor com Suas criaturas. 

Deus não apenas criou este mundo por Sua própria vontade, como um ato de Seu amor generoso, mas também continua a amar voluntariamente os seres humanos, mesmo depois da queda da humanidade no Éden, e mesmo depois que todos pecaram individualmente. 

Após a queda no Éden, Adão e Eva perderam o direito de continuar vivendo e de receber o amor de Deus. No entanto, o Senhor, que sustenta “todas as coisas pela Sua palavra poderosa” (Hb 1:3), em Seu grande amor, misericórdia e graça, sustentou a vida deles e abriu um caminho para reconciliar a humanidade Consigo mesmo por meio do amor. E essa reconciliação também nos inclui. 

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Apesar do pecado e do nosso estado decaído, Deus continua concedendo amor a este mundo. O que isso nos diz sobre Seu caráter? Essa verdade nos leva a amá-Lo?


Quarta-feira, 01 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 6
Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos

Deus não apenas ama as pessoas por Sua própria vontade, mas também as convida a corresponder ao Seu amor. Ele nos dá a capacidade de escolher se aceitaremos ou rejeitaremos Seu amor. Isso fica claro na parábola sobre o banquete de casamento. 

5. Leia Mateus 22:1-14. Qual é o significado dessa parábola? 

Na parábola do banquete de casamento, um rei organiza uma festa para seu filho e envia seus servos para “chamar os convidados”, mas eles “não quiseram vir” (Mt 22:2, 3). Depois de várias tentativas, os convidados continuaram ignorando o chamado. Para piorar, prenderam e mataram os servos enviados (Mt 22:4-6). 

Depois de ter punido os que mataram alguns de seus servos, o rei disse a outros servos: “A festa está pronta, mas os convidados não eram dignos. Vão, pois, para as encruzilhadas dos caminhos e convidem para o banquete todos os que vocês encontrarem” (Mt 22:8, 9). Então, temos o episódio de um homem que se recusou a usar a roupa apropriada para o casamento e foi colocado para fora. Isso indica a necessidade de receber as vestes nupciais oferecidas pelo rei para participar do banquete. Jesus encerrou a parábola com uma frase enigmática, mas altamente significativa: “Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” (Mt 22:14). 

O que essa frase significa? Os que são finalmente “escolhidos”, os “eleitos”, são os que aceitaram o convite para o casamento. Na parábola, o termo traduzido como “chamar” e “convidar” é a palavra grega kaleo (chamar, convidar), e o que determina quem é finalmente “eleito” (eklektos) é se ele aceitou livremente o convite. 

Deus chama (ou convida) todos para a festa de casamento. No entanto, cada um de nós pode recusar Seu amor. A liberdade é essencial para o amor. Deus nunca irá impor Seu amor. Infelizmente, podemos rejeitar o relacionamento de amor com Ele. 

Os “escolhidos” são os que aceitam o convite. Para os que amam a Deus, Ele preparou coisas mais maravilhosas do que imaginamos. Tudo se resume à questão do amor e da liberdade inerente ao amor. 

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Você aceitou o convite de casamento e está usando as vestes nupciais?


Quinta-feira, 02 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 7
Crucificado por nós

Deus convida todos para um relacionamento com Ele, mas apenas os que aceitam livremente o convite desfrutam os resultados eternos. Como vemos na parábola do banquete de casamento, muitos a quem o rei chamou “não quiseram vir” (Mt 22:3). 

Então, pouco antes da crucifixão, Cristo lamentou (Mt 23:37), declarando que queria reunir Seus filhos, mas eles não quiseram. O mesmo verbo grego que significa “querer” (thelo) é usado tanto para o desejo de Cristo de salvá-los quanto para a relutância deles em serem salvos (o mesmo termo está presente em Mt 22:3). 

Porém, Cristo foi à cruz por eles e por nós. Que amor incrível! Embora a pena para o pecado seja a morte, Jesus pagou o preço e abriu um caminho para restaurar o relacionamento entre o Céu e a Terra. Enquanto isso, Ele continua a nos amar, mesmo que não tenha obrigação de fazê-lo, além de Seu compromisso voluntário. 

6. Compare João 10:17, 18 com Gálatas 2:20. Qual é a mensagem que esses textos nos transmitem? 

Na manifestação suprema do amor de Deus, a cruz, vemos que Cristo Se entregou por nós de livre vontade. Ele deu Sua vida “espontaneamente” (Jo 10:18). Ninguém a tirou Dele. Cristo a ofereceu voluntariamente, seguindo o plano de redenção estabelecido no Céu antes mesmo da criação do mundo. 

“O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Ele foi ‘a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos’ (Rm 16:25). Foi um desdobramento dos princípios que, desde os séculos da eternidade, têm sido o fundamento do trono de Deus. Desde o início, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás e da queda do ser humano mediante o poder enganador do apóstata. Deus não determinou a existência do pecado, mas previu-a e tomou providências para enfrentar a terrível situação. Seu amor pelo mundo era tão grande que decidiu entregar ‘Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’” (Jo 3:16; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 11). 

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Sexta-feira, 03 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: 2CO 8
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 240-248 (“As dez virgens”). 

“A escuridão do falso conceito acerca de Deus é o que está envolvendo o mundo. Os homens estão perdendo o conhecimento de Seu caráter. Este tem sido mal compreendido e mal-interpretado. Neste tempo deve ser proclamada uma mensagem de Deus, uma mensagem de influência iluminadora e capacidade salvadora. O caráter de Deus deve se tornar notório. Deve ser difundida nas trevas do mundo a luz de Sua glória, a luz de Sua benignidade, misericórdia e verdade. 

“Essa é a obra esboçada pelo profeta Isaías, nas palavras: ‘[...] Ó Jerusalém, você que anuncia boas-novas, levante a sua voz fortemente! Levante-a, não tenha medo. Diga às cidades de Judá: Eis aí está o seu Deus! Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o Seu braço dominará; eis que o Seu galardão está com Ele [...]’ (Is 40:9, 10). 

“Os que aguardam a vinda do esposo devem dizer ao povo: ‘Eis aí está o seu Deus!’ (Is 40:9). Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do divino caráter de amor. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória. Revelarão em sua vida e caráter o que a graça de Deus tem feito por eles” (Parábolas de Jesus, p. 245). 

Perguntas para consideração 

1. Pior que pensar que Deus não existe seria pensar que Ele nos odeia. Como seria o mundo em que vivemos se Deus nos odiasse? 

2. Por que existem tantos conceitos equivocados sobre o caráter de Deus no mundo? Como ajudar as pessoas a compreender melhor o caráter amoroso de Deus? 

3. Que mensagem deve ser proclamada sobre o caráter de Deus? Como explicar essa mensagem a alguém que não está familiarizado com o amor de Deus? Quais evidências podem ser apontadas para demonstrar Seu amor e Seu caráter? 

4. Falar sobre o amor de Deus é uma coisa; refletir esse amor é outra. Que “atos de santidade” podem manifestar o amor de Deus aos que nos cercam? 

Respostas às perguntas da semana: 1. Apesar do pecado humano, Deus continua a demonstrar Sua bondade e misericórdia. 2. Mesmo diante da rebeldia de Seu povo, o Senhor o ama de maneira generosa e voluntária. 3. Deus criou tudo o que existe e, portanto, não depende de Suas criaturas. 4. Antes da criação, já existia amor entre as Pessoas da Trindade. 5. Deus convida todas as pessoas para serem salvas, mas nem todas aceitam esse convite. 6. Jesus entregou Sua vida de forma voluntária e não foi forçado por ninguém. 

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Resumo da Lição 1
Deus ama com generosidade

TEXTO-CHAVE: Oseias 14:4

FOCO DO ESTUDO: João 17:24; Mateus 22:1-14; João 10:17, 18

ESBOÇO 

Introdução: Deus ama a todos, de maneira livre, espontânea e abundante, mais do que somos capazes de imaginar. Seu amor é totalmente generoso e misericordioso, pois Ele escolhe voluntariamente revelar Seu amor sacrifical, mesmo quando as pessoas são infiéis.

Temas da lição: O estudo desta semana enfatiza três assuntos centrais.

1. O amor de Deus não depende de fatores externos: Seu amor é central para o nosso entendimento da maneira pela qual Ele Se relaciona com a humanidade. É uma expressão de Sua bondade espontânea e abundante. O amor divino não surge nem depende de nenhuma ação de nossa parte, nem responde a algum potencial que exista em nós. O Senhor manifesta Seu amor sem qualquer expectativa de ganhar benefícios para Si mesmo. Ele ama cada pessoa e o faz de forma generosa, como nos casos de Oseias, de Israel e de nós mesmos.

2. É impossível medir o alcance do amor de Deus: Seu amor não se baseia em condições que possam despertá-lo. Deus Se entregou voluntariamente por nós, e Seu amor constante e infalível revela de forma plena Sua misericórdia. O amor divino supera todas as expectativas, pois o Senhor oferece livremente graça, misericórdia e compaixão até mesmo às pessoas mais indignas. 

3. Podemos resistir ao amor de Deus: O Senhor nos oferece a revelação mais completa de Seu amor abnegado, mas não predestina nossa reação a ele. Seu amor não busca controlar nem se impor; em vez disso, oferece a liberdade de escolhermos aceitá-lo ou resistir a ele. 

Aplicação para a vida: O amor de Deus supera todas as expectativas humanas, pois Ele oferece de boa vontade Sua graça, misericórdia e compaixão até mesmo às pessoas mais indignas. A noção do amor do Senhor muda nossa atitude para com as pessoas com quem nos relacionamos e que nada fizeram para merecer nossa compaixão? 

COMENTÁRIO 

O amor de Deus não depende de fatores externos A liberdade é uma característica essencial do amor de Deus. Seu amor não surge de algo extern o a ele. Numa relação de causa e efeito, determinada causa produz um efeito obrigatório e inevitável. No entanto, em vez de ser defi nido por uma lógica de causa e efeito da necessidade, que depende de fatores externos, o amor de Deus é surpreendentemente voluntário. Essa ideia é demonstrada no relato de Oseias e de sua esposa infiel. Por meio da narrativa dessa experiência, descobrimos duas verdades: (1) a criação do mundo não era necessária para que o amor de Deus existisse e (2) o amor de Deus é compartilhado de forma abundante. 

Oseias e a generosidade do amor de Deus – Oseias 14:4 relaciona a cura prometida por Deus, diante da infidelidade de Israel, com Sua promessa de amar incondicionalmente Seu povo. Tal promessa confirma a misericordiosa restauração do povo que se desviou do Senhor (prevista em Os 2:14-23) e é ilustrada no próprio relacionamento cheio de misericórdia entre o profeta e sua esposa infiel (Os 3:1-5). A comparação com a experiência biográfica de Oseias indica que o amor de Deus é totalmente generoso. Douglas Stuart comenta: “Esse é um amor que não pode ser conquistado. Afinal, o que Israel poderia apresentar a Yahweh como pagamento aceitável?” Em vez disso, o termo hebraico nedabash [Os 14:4], que destaca que Deus amaria Israel livremente, transmite a ideia de uma “oferta voluntária” ou “oferta motivada pela generosidade” (“Hosea-Jonah”, Word Biblical Commentary, v. 31 [Word, 1987], p. 215). Dessa maneira, o amor de Deus não é causado nem impulsionado por nenhuma ação realizada por Israel. Pelo contrário, é uma expressão da liberdade do próprio Deus e, portanto, é totalmente voluntário. De fato, a referência à cura divina em Oseias 14:4 parece destacar a natureza incondicional do amor de Deus, pois Israel era incapaz de ser fiel por suas próprias forças (veja também Os 5:13; 6:1; 7:1; 11:3). Assim, a natureza voluntária desse amor significa que as pessoas são amadas pelo Senhor sem mérito nenhum da parte delas. 

O amor de Deus e a criação – A ideia de que o amor requer um relacionamento com outra pessoa poderia nos levar a imaginar que o Senhor precisaria criar alguém para Se tornar um Deus de amor. Em outras palavras, a criação seria necessária para que o amor divino existisse. No entanto, essa ideia não encontra apoio nas Escrituras, que enfatizam a liberdade e autonomia de Deus. Ele não precisa de nada que venha de Suas criaturas (At 17:25). Além disso, o amor divino já existia eternamente antes da criação do Universo, como Jesus ressaltou ao declarar que o Pai O amava “antes da fundação do mundo” (Jo 17:24). A criação do mundo, portanto, não era necessária para a existência do amor de Deus. Em vez disso, a criação foi uma atividade divina que resultou da livre vontade do Seu amor eterno e transbordante. 

O amor de Deus doa livremente – A morte sacrifical de Jesus na cruz foi uma oferta voluntária de amor. Cristo não foi meramente uma vítima de execução violenta. Como Ele próprio destacou: “Eu dou a Minha vida [...]. Ninguém tira a Minha vida; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou” (Jo 10:17, 18). Da mesma forma, Paulo explicou: “[Cristo] me amou e Se entregou por mim” (Gl 2:20). Assim, a crucifixão de Jesus não aconteceu à força e devido à vontade perversa daqueles que O executaram; em vez disso, Ele Se entregou por escolha e de boa vontade como manifestação extraordinária do livre amor de Deus. 

É impossível medir o alcance do amor de Deus 

A ideia de que o amor divino não segue a lógica de causa e efeito significa que ele é impossível de ser medido e não pode ser encaixado dentro das expectativas humanas. O problema que estaria envolvido caso fosse o contrário fica mais claro com dois exemplos de intercessão diante de Deus apresentados no Pentateuco. 

O primeiro exemplo é a intercessão de Abraão (Gn 18:23-33), que ocorre no contexto do juízo divino contra Sodoma e Gomorra (Gn 18:20). Inicialmente, o patriarca apela à justiça de Deus e pergunta se Ele realmente destruiria a cidade caso houvesse nela 50 justos (Gn 18:24, 25). Sem dúvida, 50 pessoas parecia um número bastante razoável para Abraão ao apelar para a justiça divina. No entanto, esse número diminuía progressivamente enquanto ele continuava sua intercessão: de 50 para 45 (Gn 18:28), de 45 para 40 (Gn 18:29), de 40 para 30 (Gn 18:30), de 30 para 20 (Gn 18:31) e, por último, de 20 para dez (Gn 18:32). À medida que o número diminuía, Abraão passou a apelar não mais à justiça, mas à misericórdia divina (Gn 18:27, 30, 32). Parece que 50 pessoas seria bastante razoável para a justiça, mas dez está muito além de uma expectativa justa. O início da conversa poderia dar a impressão de que Abraão estivesse tentando convencer Deus a ser justo e depois misericordioso. A progressão do diálogo intercessório, porém, aponta que essa, definitivamente, não era a intenção do patriarca. Pelo contrário, o processo de intercessão revela que a amorosa misericórdia de Deus supera as expectativas criadas pela razão e vai além de qualquer medida humana. 

O segundo exemplo de intercessão é a súplica de Moisés em favor dos israelitas no monte Sinai. Na verdade, a impressão inicial é que ele estaria tentando convencer Deus a ser misericordioso para com Israel (Êx 32:11-14, 31-33). Mas, novamente, não é esse o caso. O clímax da interação entre Moisés e o Senhor é a revelação da glória divina, quando ocorre uma manifestação impressionante do amor de Deus (Êx 34:6, 7). Primeiramente o Senhor confirma a ideia da liberdade divina, pois Ele é misericordioso até mesmo com aqueles que claramente não merecem Seu amor (Êx 33:19). Além disso, Deus estabelece uma comparação bastante desproporcional: Ele “mantém o Seu amor leal a milhares” (Êx 34:7, NVI), mas “visita a iniquidade” somente “até a terceira e quarta geração” (Êx 34:7). Isso revela que, em última análise, é impossível medir o alcance do amor de Deus, o que enfatiza a liberdade de Seu amor. 

Podemos resistir ao amor de Deus 

A liberdade do amor divino também significa que o Senhor não predetermina a reação humana a esse amor. Mais uma vez, o amor de Deus é voluntário por natureza e não obedece a uma lógica necessária de causa e efeito. Em Seu lamento sobre Jerusalém, Jesus falou com tristeza sobre como Seus desejos sobre a salvação de Seus filhos não haviam sido realizados. Ele enfatizou: “Quantas vezes Eu quis reunir os seus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, mas vocês não quiseram!” (Mt 23:37, grifo nosso). O verbo grego thelo é usado duas vezes nessa passagem, mas para retratar situações opostas. A primeira ocorrência, “Eu quis”, retrata a vontade de Cristo a respeito daqueles que Ele desejava salvar. Já a segunda ocorrência, “vocês não quiseram”, indica que essas pessoas não partilhavam do mesmo desejo do Salvador. Portanto, o que o amor divino oferece não determina necessariamente uma reação amorosa em quem recebe tal oferta. Infelizmente, quando esse desejo amoroso não é correspondido, ele não chega a ser concretizado de fato. 

Outro exemplo bíblico de resistência ao amor divino é encontrado na parábola da festa de casamento, para a qual muitos são chamados, mas poucos aceitam o convite (Mt 22:3). Depois, o chamado é estendido a outros, que de fato comparecem à festa (Mt 2:9, 10). No entanto, mesmo entre aqueles que aceitaram o convite havia alguém “que não trazia veste nupcial” (Mt 22:11). A conclusão da parábola enfatiza que “muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” (Mt 22:14). Nessa parábola sobre o “Reino dos Céus” (Mt 22:2), a ideia de “ser escolhido” não indica uma escolha determinista de Deus (como defende o entendimento calvinista da predestinação). Pelo contrário, essa ideia está relacionada com a aceitação ou rejeição das pessoas ao convite de Deus. Em outras palavras: “Muitos são convidados, mas alguns se recusam a vir, e outros que vêm recusam-se a se submeter às exigências do Reino e, portanto, são rejeitados. Aqueles que permanecem são chamados de ‘escolhidos’” (D. A. Carson, “Matthew”, The Expositor’s Bible Commentary, v. 8 [Zondervan, 1984], p. 457). Assim, a nossa capacidade de escolha é outra indicação da liberdade do amor de Deus, o qual está aberto a respostas verdadeiramente livres de aceitação ou de resistência. Somos convidados a aceitar livremente o amor de Deus. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Com base em nosso estudo a respeito da liberdade do amor divino, discuta as seguintes questões: 

  1. O amor de Deus não é produzido por nenhuma ação de nossa parte. Como esse entendimento nos aproxima da presença do Senhor? Dê alguns exemplos práticos. 

  2. O amor de Deus supera todas as expectativas criadas pela razão, já que Ele, livremente, demonstra compaixão pelas pessoas mais indignas. Que aspectos dessa verdade tão fascinante podem ser usados em nossos diálogos com pessoas não cristãs? 

  3. De que maneiras práticas podemos, infelizmente, resistir ao amor divino? 

  4. Considerando que o amor de Deus não recorre à imposição, o que devemos aprender com esse amor? De que formas nós, como cristãos, podemos amar as outras pessoas de maneira mais autêntica?

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13º Sábado: Chantageada!

Alasca | Wes

Na pequena aldeia nativa de Togiak, no Alasca, duas irmãs, Josephine e Emily, estavam caminhando em uma rua empoeirada em uma preguiçosa tarde de verão.

Embora fossem cerca de sete horas, o sol estava alto no céu. O sol demoraria muito mais para se por; não antes da meia-noite.

Não havia muita coisa para as crianças fazerem nos longos dias de verão no vilarejo.

“Olhe!”, exclamou Emily de 12 anos ao parar em frente à Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Há uma Escola Cristã de Férias nesta igreja. Eu quero ir.”

Para ela, a Escola Cristã de Férias significava histórias interessantes da Bíblia. Significava atividades divertidas. Significava lanchinhos gostosos. Acima de tudo, significava ter algo para fazer em um lugar em que não havia muito para as crianças fazerem no verão.

Emily puxou o braço de sua irmã de 17 anos.

“Vamos lá”, ela implorou.

Mas Josephine não queria ir. Embora não houvesse muito a se fazer, ela não queria ir à igreja.

“Eu não quero ir para a Escola Cristã de Férias”, disse ela.

“Mas eu quero”, Emily afirmou.

“Bem, eu não quero”, Josephine disse, falando com toda a autoridade de irmã mais velha. “Eu quero fazer outra coisa.”

Emily pareceu triste por um momento, mas só por um momento. Ela estava determinada a ganhar a discussão e sabia exatamente como.

“Se não formos, eu não vou dividir meu chiclete”, ela disse.

Josephine olhou rispidamente para sua irmã mais nova. Ela não tinha mais tabaco para mascar e não sabia onde conseguir mais. Ela olhou para a igreja e pensou em como ficaria mal humorada, irritada e aborrecida se Emily cumprisse sua ameaça de não compartilhar seu tabaco de mascar.

“Está bem”, ela disse. “Vamos.”

E foi assim que Josephine foi chantageada para entrar em uma igreja adventista pela primeira vez.

Ela se sentou na última fileira, enquanto Emily se juntou com as outras 20 crianças que estavam participando das atividades na frente.

Depois de um tempo, o pastor da igreja foi até Josephine e se apresentou como Pastor Chad.

Ao ver que Josephine era mais velha que as outras crianças, ele perguntou se ela gostaria de ajudar, talvez entregando os lanches e materiais para as atividades da Escola Cristã de Férias. Josephine concordou.

Depois disso, ela e Emily voltaram para igreja às 7 horas todas as noites durante a Escola Cristã de Férias. Perto do final da Escola Cristã de Férias, o pastor convidou Josephine para ir a um acampamento de verão para crianças. Para chegar lá, ela teria que pegar um avião, um ônibus e um barco.

Ela amou a ideia, mas tinha certeza de que era muito velha para o acampamento das crianças. Ela tinha 17 anos.

“Sem problemas”, o pastor disse. “Você gostaria de nos ajudar no acampamento?”

Um grande sorriso saiu do rosto de Josephine. Ela certamente poderia ajudar.

Então, ela foi para o Acampamento Polaris como conselheira. Ela ajudava uma conselheira regular do acampamento a cuidar dos chalés cheios de garotas nativas do Alasca de várias aldeias. Ela também aprendeu muito sobre Jesus durante sua semana no acampamento.

Josephine amou tanto o acampamento de verão que ela voltou nos dois anos seguintes. De volta em casa, entre os acampamentos, ela continuou indo para a igreja adventista. O amor por Jesus cresceu em seu coração. Jesus a ajudou a parar de mascar tabaco. Ela entregou seu coração para Jesus e foi batizada.

Hoje, Josephine ainda trabalha no Acampamento Polaris — mas agora como líder. Todos os anos, ela leva de 7 a 10 crianças do seu vilarejo para o acampamento. As crianças não têm muito para fazer durante o verão. Algumas ficam mal-humoradas, irritadas e aborrecidas quando ficam com abstinência da nicotina sem o chiclete de tabaco no acampamento.

Mas, assim como Josephine, as crianças também ouvem sobre Jesus no acampamento e aprendem que Ele pode ajudá-las a jogar fora esse péssimo hábito. Elas retornam para casa sabendo que a vida com Jesus não é chata e que podem fazer qualquer coisa com Ele ao lado.

Assim como a pequena irmã de Josephine a levou para a igreja uma vez, Josephine agora leva crianças para a igreja. Mas ela não precisa de chantageá-las para ir. Ela ora e as convida para o Acampamento Polaris.

“Eu amo trabalhar com as crianças,” ela disse em uma entrevista no Acampamento Polaris. “Eu fiz muitos bons amigos. O Acampamento Polaris é algo pelo qual eu espero ansiosamente.”

O Acampamento Polaris, localizado em um lago perto de Dillingham, Alasca, é o único acampamento de verão adventista do sétimo dia que atende especificamente crianças nativas do Alasca. Parte da oferta do décimo terceiro sábado de 2015 ajudou a melhorar o acampamento com novos chalés, banheiros e chuveiros de verdade. Obrigado. Hoje, temos a oportunidade de compartilhar o amor de Jesus no Alasca com outra oferta neste trimestre. Desta vez, parte das ofertas ajudará a compartilhar o evangelho através de um centro de influência em Bethel, Alasca. Parte das ofertas deste trimestre também apoiará projetos evangelísticos em St. Louis, Missouri, e Baltimore, Maryland. Obrigado por sua oferta generosa.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Antes ou depois da história, use um mapa para mostrar os lugares da Divisão Norte-Americana — Bethel, Alasca; St. Louis, Missouri; e Baltimore, Maryland — que receberão a oferta do décimo terceiro sábado. Você pode baixar um mapa missionário com os projetos no Facebook em bit.ly/fb-mq.
  • Mostre também a localização de Dillingham, Alasca, no mapa. Muitas crianças nativas do Alasca viajam para Dillingham de avião e então pegam um ônibus por 30 minutos, seguido de uma viagem de barco de 15 minutos para chegar ao Acampamento Polaris.
  • Saiba que, no Alasca, os aviões são tão comumente usados para viagens quanto os carros em outras partes do mundo. O Alasca tem poucas estradas, e as aldeias são distantes e raras, o que faz com que as pessoas tenham os aviões e barcos como os principais meios de transporte. A Igreja Adventista do Sétimo Dia e doadores fiéis cobrem os custos das crianças nativas do Alasca que vão para o acampamento de verão.
  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Norte-Americana: bit.ly/nad-2024.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2025

Tema geral: O amor e a justiça de Deus

Lição 1 – 28 de dezembro a 4 de janeiro

“Deus ama com generosidade”

 

Autor: Erico Tadeu Xavier

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

A Teontologia é um neologismo feito a partir de THEOS, “Deus”, ONTÓS, “ser, entidade”, mais LOGOS, “estudo, tratado”. Lida especificamente com o ser de Deus. Já Teologia lida com os atributos divinos e suas relações com o Universo. A Teontologia busca estudar Deus e as obras Dele. Ellen G. White afirma: “Que ninguém se aventure a explicar a Deus” (Medicina e Salvação, p. 92). Ela estava querendo salientar que o homem não consegue explicar Deus totalmente, quer pela ciência, quer pela filosofia, quer pela subjetividade humana. Nos estudos teontológicos, sistemáticos, não se trata de explicar quem é Deus ou provar Sua existência, mas se estuda a Pessoa de Deus, Suas características, Seu caráter justo, santo e generoso.

O caráter de Deus – amor e justiça

Alguns ficam perturbados com o pensamento de um Deus de ira e punição. Argumentam que é contrário à Sua natureza executar juízos ou castigos. No entanto, o apóstolo Paulo diz claramente na Epístola aos Hebreus que, como o pai corrige seu filho que ama, Deus também corrige aos que ama e considera Seus filhos (Hb 12:4-11). Isso significa que Ele castiga. No entanto, o castigo de Deus é uma consequência de nosso pecado (Rm 1; 2). Não se origina em Deus (Tg 1:13). A necessidade de castigo se origina em nós, em nosso pecado, em nossa desobediência, em nossa dificuldade para atender às ordens de Deus. Deus é amor e misericórdia (1Jo 4:8), mas também é justiça (Sl 89:14), e a Sua justiça pode por vezes se manifestar em juízo punitivo contra o pecado e a transgressão.

Ellen G. White comentou sobre a morte de Jesus na cruz: “A espada da justiça foi desembainhada, e a ira de Deus contra a iniquidade recaiu sobre o Substituto do homem, Jesus Cristo, o Unigênito do Pai” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 1103).

O Deus do Sermão da Montanha e o Deus que destruiu o mundo pelo dilúvio são um só e o mesmo (2Pe 3:5, 6; Ml 3:6; Hb 13:8). Situações extremas às vezes requerem medidas extremas, como no caso do mundo antediluviano e das cidades de Sodoma e Gomorra. Ellen G. White comenta que “a misericórdia de Deus não anula Sua justiça” (Profetas e Reis, p. 93) e que “o amor de Deus se tem expressado tanto em Sua justiça como em Sua misericórdia” (O Desejado de Todas as Nações, p. 762).

Em diversas passagens, a Bíblia fala a respeito das manifestações de juízo como sendo atos de Deus, isto é, Deus agindo. Como alguns exemplos dos juízos divinos temos: o dilúvio (Gn 6:5-7, 17), o caso dos 185.000 assírios mortos por um Anjo numa só noite (2Rs 19:35), a história de Uzá tocando na arca (1Cr 13:10), a morte de Ananias e Safira por haverem mentido (At 5:1-11).

Sobre a destruição de Jericó, Josué declara: “Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Js 6:21). Assim, da mesma forma que ocorreu com os midianitas, Deus mandou que se fizesse com a cidade de Jericó.

Ellen G. White explica por que foi necessário empregar essa forma de juízo sobre os moradores de Jericó:

“A destruição total do povo de Jericó não era senão um cumprimento das ordens previamente dadas por intermédio de Moisés, concernentes aos habitantes de Canaã: ‘Quando [...] o Senhor Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás. Das cidades destas nações [...] nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida’ (Dt 7:2; 20:16). Para muitos, essas ordens parecem ser contrárias ao espírito de amor e misericórdia estipulado em outras partes da Bíblia; mas eram na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas. Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que fossem uma manifestação de Seu reino na Terra. Não somente deveriam ser os herdeiros da verdadeira religião, mas deveriam disseminar seus princípios por todo o mundo. Os cananeus haviam se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo; e era necessário que a Terra fosse limpa daquilo que de maneira tão certa impediria o cumprimento dos graciosos propósitos de Deus. Aos habitantes de Canaã havia sido concedida ampla oportunidade para o arrependimento. [...] Semelhantes aos homens antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar o Céu e contaminar a Terra. E tanto o amor quanto a justiça exigiam a imediata execução desses rebeldes a Deus, e adversários do homem” (Patriarcas e Profetas, p. 492).

Deus ama com generosidade

A generosidade é uma expressão do amor e da graça de Deus. À luz da Bíblia, a generosidade é vista como a graça de Deus concedida a nós. E isso muda a forma como entendemos uma pessoa generosa. Graça, já sabemos, é um favor concedido por Deus a nós sem o nosso merecimento.

Na cruz, Deus revela Seu generoso amor e Sua justiça (Sl 85:10). O salário do pecado é a morte (Rm 6:23). A justiça tinha que ser feita, tinha que acontecer – a morte do pecador. Jesus morreu. Ele assumiu a culpa. Morreu no lugar do homem. Foi o Substituto. Pagou o preço. A justiça foi feita. Cristo foi punido pelo pecado do homem. O Deus justo não poderia deixar passar em branco tal transgressão.

No entanto há vida eterna em Cristo Jesus (Rm 6:23). Deus foi justo ao punir o pecador, ou melhor, ao punir Aquele que assumiu o pecado: Jesus. Mas o mesmo Deus revelou Seu amor generoso na cruz ao oferecer Seu filho em resgate da humanidade (Rm 5:8; 8:1).

Na cruz, o “amor santo e generoso” de Deus é visto tanto como a expressão suprema da justiça divina contra o pecado quanto como a expressão maior de generosidade e graça salvadora.

 

Conclusão

Um professor sentiu falta de um menino humilde que vinha frequentando a igreja. Com grande esforço, descobriu o endereço do menino no alto de um morro. Era um lugar de difícil acesso. Foi perguntando, perguntando, mas, quando descobriu a casa, recebeu uma pedrada no rosto.

Machucado, sangrando, desceu o morro e fez um curativo. Então, comprou de presente para o garotinho uma roupa, um brinquedo, e voltou lá em cima. Deixou o presente, reforçou o pedido para ir à igreja e partiu.

No dia seguinte, alguém bateu à porta do professor. Era o menino e seu pai. Queriam devolver o presente.

– Professor, viemos devolver o presente. O menino não merece. Sabe quem foi que atirou a pedra no senhor? Foi ele. Ele não merece o presente.

A essa altura, o garotinho já estava chorando.

O professor perguntou:

– Mas você gostou do presente?

– Gostei sim, mas não mereço.

– Você não precisa do presente?

– Preciso sim, mas não mereço.

– Mas dei esse presente a você não porque você o mereça, mas porque você precisa dele.

Deus nos deu Seu filho como um presente generoso do Céu não porque o mereçamos, mas porque precisamos Dele para a vida eterna.

Aceitemos o generoso presente de Deus!

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Erico Tadeu Xavier é Pós-doutor em Teologia Sistemática e Missão Integral pela FAJE (Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta de BH), Doutor em Ministério pela FTSA, Faculdade Teológica Sul-Americana e Doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica do RJ). Iniciou seu ministério em 1991 como pastor distrital e atuou em três diferentes regiões. Foi professor do Seminário Adventista de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia, da Faculdade Adventista da Bahia (antigo IAENE), e da FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Noemi Pinheiro Xavier, Doutora em Educação. O casal tem dois filhos: Aline (psicóloga) e Joezer (designer gráfico).