Lição 6
29 de outubro a 04 de novembro
Ele morreu por nós
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jo 1-3
Verso para memorizar: “E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15).
Leituras da semana: Ap 13:8; Mt 17:22, 23; Mc 9:30-32; Jo 19:1-30; Rm 6:23; 1Co 1:18-24

Dizem que não se pode evitar a morte nem os impostos. Isso não é totalmente verdade. As pessoas podem evitar impostos, mas não a morte. Elas podem ser capazes de adiar a morte por alguns anos; porém, mais cedo ou mais tarde, a morte sempre vem. E como sabemos que os mortos, tanto justos quanto ímpios, acabam, a princípio, no mesmo lugar, a esperança da ressurreição é tudo para nós. Como disse Paulo, sem essa esperança, mesmo “os que adormeceram em Cristo estão perdidos” (1Co 15:18), o que seria algo um tanto quanto estranho de se dizer se aqueles que “adormeceram em Cristo” estivessem pairando no Céu na presença de Deus.

Portanto, a ressurreição de Cristo é central para nossa fé, pois por meio dela temos a garantia da nossa. Mas, antes que fosse ressuscitado dos mortos, Ele, é claro, teve que morrer. É por isso que, em meio à agonia do Getsêmani, antevendo Sua morte, Cristo orou: “Agora a Minha alma está angustiada, e o que direi? ‘Pai, salva-Me desta hora’? Não, pois foi precisamente com este propósito que Eu vim para esta hora” (Jo 12:27). E esse propósito era morrer.

Nesta semana nos concentraremos na morte de Cristo e no seu significado para a promessa da vida eterna.

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Domingo, 30 de outubro
Ano Bíblico: Jo 4-6
Desde a fundação do mundo

1. Leia Apocalipse 13:8, Atos 2:23 e 1 Pedro 1:19, 20. Como Cristo poderia ter sido considerado “morto desde a fundação do mundo”?

“E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8, ARA). Nessa passagem, a ideia crucial é que Cristo foi “morto desde a fundação do mundo”. Obviamente, devemos entender isso em um sentido simbólico (o livro do Apocalipse está cheio de símbolos), pois Cristo foi crucificado milhares de anos após a criação da Terra. O que esse texto diz é que o plano da salvação foi estabelecido antes da criação do mundo e que a morte de Jesus, o Cordeiro de Deus, na cruz, seria central para ele.

2. Leia Tito 1:2. Há quanto tempo o plano da salvação, que estava centralizado na morte de Cristo, tinha sido estabelecido?

“O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. [...] Foi um desdobramento dos princípios que, desde os séculos da eternidade, têm sido o fundamento do trono de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 11).

Esse plano foi revelado primeiro a Adão e Eva no Jardim do Éden (Gn 3:15, 21), e tipificado em cada sacrifício de sangue ao longo do AT. Por exemplo, ao provar a fé de Abraão, Deus providenciou um carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque (Gn 22:11-13). Essa substituição tipificou, de forma ainda mai clara, a natureza substitutiva do sacrifício expiatório de Cristo na cruz.

Assim, a morte substitutiva de Jesus, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29), é central para todo o plano da salvação, simbolizada durante séculos por sacrifícios de animais.

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Sacrifícios de animais são cruéis e sangrentos. No entanto, por que é precisamente essa crueldade que nos ensina sobre a morte de Cristo em nosso lugar e o custo do pecado?


Segunda-feira, 31 de outubro
Ano Bíblico: Jo 7-9
Um prefácio à cruz

3. Quais foram as reações dos discípulos às predições de Jesus sobre Seus sofrimentos e Sua morte, e o que isso nos ensina quanto ao perigo de se interpretar erroneamente as Escrituras?

Mateus 16:21-23

Mateus 17:22, 23; Marcos 9:30-32; Lucas 9:44, 45

Lucas 18:31-34

Jesus nasceu e viveu para morrer. Cada passo que Ele dava O aproximava de Seu grande sacrifício expiatório na cruz do Calvário. Plenamente consciente de Sua missão, não permitiu que nada, nem ninguém O distraísse dela. Na verdade, “toda a Sua vida foi um prefácio de Sua morte na cruz” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 382).

No último ano de Seu ministério terrestre, Jesus falava de forma cada vez mais explícita a Seus discípulos sobre Sua morte iminente; porém, eles pareciam incapazes de aceitar e relutantes quanto à realidade das declarações Dele. Imbuídos de falsas noções sobre o papel do Messias, a última coisa que esperavam era que Jesus, especialmente como o Messias, morresse. Em suma, a falsa teologia deles os levou à dor e ao sofrimento desnecessários.

Jesus já havia declarado a Nicodemos: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15). Em Cesareia de Filipe, Jesus disse a Seus discípulos que “era necessário que Ele fosse para Jerusalém, sofresse muitas coisas nas mãos dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, fosse morto e, no terceiro dia, ressuscitasse” (Mt 16:21). Ao passar, em segredo, pela Galileia (Mc 9:30-32) e durante Sua jornada final a Jerusalém (Lc 18:31-34), Jesus falou novamente a Seus discípulos sobre Sua morte e ressurreição. Visto que não era o que queriam escutar, eles não deram atenção. Para nós, é muito fácil fazer o mesmo.

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As pessoas, principalmente dentre o povo escolhido de Deus, tinham conceitos falsos sobre a primeira vinda do Messias. Quais são alguns conceitos falsos que existem em nossos dias com relação à segunda vinda de Jesus?


Terça-feira, 01 de novembro
Ano Bíblico: Jo 10, 11
Está consumado!

4. Leia João 19:1-30. Qual é a mensagem crucial na declaração de Jesus: “Está consumado”?

Os momentos cruciais para Cristo, para a humanidade e para todo o Universo haviam chegado. Com profunda agonia, Ele lutou contra os poderes das trevas. Anjos maus tentavam vencê-Lo. Enquanto Jesus pendia da cruz, os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos zombavam Dele dizendo: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar. É Rei de Israel! Que Ele desça da cruz, e então creremos Nele” (Mt 27:42).

Cristo poderia ter descido da cruz e salvado a Si mesmo? Sim, Ele era capaz, mas não estava disposto a fazer isso. Seu amor incondicional pela humanidade, incluindo aqueles zombadores, não permitiu que Ele desistisse. “Os escarnecedores estavam entre aqueles a quem Ele estava salvando por meio de Sua morte; e Ele não pôde descer da cruz e salvar a Si mesmo porque estava preso, não pelos pregos, mas por Sua vontade de salvá-los” (Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to S. Matthew [Londres: Elliot Stock, 1910)], p. 397).

Em Seu sofrimento, Jesus estava derrotando o reino de Satanás, embora tenha sido Satanás quem instigou os eventos que culminaram na cruz, incluindo a traição de Judas (Jo 6:70; 13:2, 27). “De certo modo, de uma forma que o evangelista não procura descrever, a morte de Jesus é tanto um ato de Satanás como um ato pelo qual Jesus alcança a vitória sobre Satanás” (George E. Ladd, Teologia do Novo Testamento, edição revisada [São Paulo, SP; Editora Hagnos, 2003)], p. 253).

Quando clamou na cruz: “Está consumado” (Jo 19:30), Cristo não apenas sugeriu que Sua agonia havia chegado ao fim, mas principalmente que Ele havia vencido o grande conflito cósmico-histórico contra Satanás e suas forças do mal. “Todo o Céu triunfou na vitória do Salvador. Satanás foi derrotado, e soube que seu reino estava perdido” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 610).

É difícil entender o incrível contraste: na completa humilhação do Filho de Deus, Ele conquistou, para nós e para o Universo, a maior e mais gloriosa vitória.

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O pecado é mau, pois foi necessária a morte de Cristo para expiá-lo. As obras não têm mérito diante de Deus. Podemos acrescentar algo ao que Cristo já fez por nós?


Quarta-feira, 02 de novembro
Ano Bíblico: Jo 12, 13
Ele morreu por nós

5. O que a morte de Cristo realizou por nós? Jo 3:14-18; Rm 6:23

Quando Jesus chegou ao rio Jordão para ser batizado, João Batista exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). João reconheceu Cristo como o Cordeiro antitípico para quem apontavam os verdadeiros sacrifícios do AT.

Mas sacrifícios de animais não podiam tirar pecados por si só (Hb 10:4). Eles ofereciam apenas perdão condicional que dependia da eficácia do futuro sacrifício de Cristo na cruz. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9).

6. Leia João 3:16, 17. Que grande esperança temos nesses versos, especial- mente quando sentimos que merecemos ser condenados por algo que fizemos?

Pense no que tudo isso significa. Jesus, Aquele que criou o cosmos (Jo 1:1-3), Se ofereceu por todos nós, um sacrifício pelos pecados, para que não sofrêssemos a justa condenação. Essa é a grande promessa do evangelho.

“Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito” para morrer por nós (Jo 3:16). Mas nunca devemos esquecer que Cristo Se ofereceu voluntariamente em nosso favor (Hb 9:14). Martinho Lutero se referiu à cruz como “o altar no qual Ele [Cristo], consumido pelo fogo do amor sem limites que ardia em Seu coração, apresentou o sacrifício vivo e santo de Seu corpo e de Seu sangue ao Pai com fervorosa intercessão, alto clamor e lágrimas ardentes e angustiantes” (Hb 5:7; Luthers Works, v. 13 [St. Louis, MO: Concordia Publishing House, 1956], p. 319]). Cristo morreu uma vez por todas (Hb 10:10) e uma vez para sempre (Hb 10:12), pois Seu sacrifício é todo-suficiente e nunca perde poder.

E há mais: “Se não houvesse senão uma alma que aceitasse o evangelho de Sua graça, Cristo teria, para salvar aquela alma, preferido Sua vida de labuta e humilhação, e morte de ignomínia” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 135).

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Leia João 3:16 substituindo as expressões “o mundo” e “todo o que” pelo seu nome. Como tornar sua essa promessa a cada momento, especialmente quando sob tentação?


Quinta-feira, 03 de novembro
Ano Bíblico: Jo 14, 15
O significado da cruz

7. O que Paulo disse sobre a cruz, e como a comparou com a “sabedoria deste mundo”? Visto que o “materialismo” (a ideia de que toda realidade é apenas material, o que significa que não Deus nem reino sobrenatural de existência) domina “a sabedoria deste mundo”, por que a mensagem da cruz é tão importante? 1Co 1:18-24

A cruz é o centro da história da salvação. “A eternidade nunca será capaz de sondar a profundidade do amor revelado na cruz do Calvário. Foi lá que o amor infinito de Cristo e o egoísmo sem medida de Satanás se encontraram face a face” (Stephen N. Haskell, A Cruz e Sua Sombra [Eugene, OR: Adventist Pioneer Library, 2020], p. 11).

Enquanto Cristo Se oferecia humildemente como resgate pela raça humana, Satanás, com egoísmo, O mergulhava em sofrimento e agonia. Cristo não morreu apenas a morte natural que todo ser humano tem que enfrentar. Ele morreu a segunda morte, para que todos que O aceitarem nunca tenham que experimentá-la por si mesmos.

Sobre o significado da cruz, há vários aspectos importantes. (1) a cruz é a revelação suprema da justiça de Deus contra o pecado (Rm 3:21-26). (2) a cruz é a revelação suprema do amor de Deus pelos pecadores (Rm 5:8). (3) a cruz é a grande fonte de poder para quebrar as cadeias do pecado (Rm 6:22, 23; 1Co 1:17-24). (4) a cruz é nossa única esperança de vida eterna (Fp 3:9-11; Jo 3:14-16; 1Jo 5:11, 12). (5) a cruz é o único antídoto contra uma futura rebelião no Universo (Ap 7:13-17; 22:3).

Nenhuma dessas verdades fundamentais sobre a cruz pode ser revelada pela “sabedoria deste mundo”. Ao contrário, então, como agora, a pregação da cruz é “loucura” para a sabedoria mundana, que muitas vezes sequer reconhece a verdade mais óbvia que poderia haver: que existe um Criador (veja Rm 1:18-20).

A palavra grega para “loucura” está ligada à palavra “idiota”; isto é, a pregação da cruz é “idiotice” segundo a “sabedoria deste mundo”. A sabedoria mundana não pode conhecer Jesus nem a salvação que Ele nos oferece por meio de Sua morte substitutiva na cruz.

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Seja qual for o valor que a “sabedoria deste mundo” ofereça, por que não devemos permitir que ela interfira no que acreditamos sobre Jesus e na esperança que recebemos através da “loucura da pregação” (1Co 1:21)?


Sexta-feira, 04 de novembro
Ano Bíblico: Jo 16-18
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Desejado de Todas as Nações, p. 550-559 (“Angústia no Getsêmani”), p. 596-609 (“A glória do Calvário”); Caminho a Cristo, p. 20-32 (“Mudança de rumo”).

“Vi que todo o Céu está interessado em nossa salvação; e seremos nós indiferentes? Seremos descuidados, como se fosse coisa de pouca importância estarmos salvos ou perdidos? Menosprezaremos o sacrifício feito por nós? Alguns têm agido assim. Têm brincado com a misericórdia que lhes é oferecida, e o desagrado de Deus está sobre eles. O Espírito de Deus não será para sempre ofendido. Ele Se retirará, caso seja ofendido por um pouco mais de tempo. Depois de ter sido feito tudo quanto Deus podia fazer para salvar os seres humanos, caso eles mostrem, por sua vida, que menosprezam a oferecida misericórdia de Jesus, a morte será a parte deles e o elevado preço a ser pago. Será uma terrível morte; pois terão de sofrer a angústia sentida por Cristo, na cruz, a fim de adquirir para eles a redenção que recusaram. E compreenderão então o que perderam – a vida eterna, a herança imortal. O grande sacrifício feito para salvar vidas humanas mostra-nos o valor delas. Uma vez perdida a preciosa vida, estará perdida para sempre” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 116, 117).

Perguntas para consideração

  1. Leia Hebreus 10:4. Como as pessoas eram salvas nos tempos do AT? A analogia de um cartão de crédito, que você usa para fazer pagamentos, mas depois tem que pagar a fatura, poderia nos ajudar a entender melhor esse assunto?
  2. Se Cristo morreu por todos, por que nem todos serão salvos? (2Co 5:18-21).
  3. Quais são os ensinos da “sabedoria mundana” que são “loucura” para Deus? E quanto à ideia de que o incrível design e a beleza do mundo surgiram de modo casual?
  4. Por que a ideia de salvação pelas obras é fútil, errônea e contrária ao plano de salvação?

Respostas e atividades da semana: 1. O plano da salvação está traçado desde a fundação do mundo. 2. Desde os tempos eternos. 3. Pedro indignou-se e foi, para Jesus, pedra de tropeço. Os discípulos ficavam tristes e não compreendiam o que Jesus lhes falava a esse respeito. 4. A agonia de Cristo havia chegado ao fim, e Ele havia vencido Satanás e as forças do mal. 5. Expiou os nossos pecados. 6. Embora não mereçamos, podemos ter a esperança da vida eterna, pois Ele sofreu em nosso lugar a condenação pelos nossos pecados. 7. A palavra da cruz é loucura para os que se perdem. Deus tornou louca a sabedoria deste mundo, pois não buscam conhecê-Lo, ao contrário, negam até mesmo Sua existência. A mensagem da cruz é a única que pode revelar as verdades que trazem salvação.

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Resumo da Lição 6
Ele morreu por nós

TEXTOS-CHAVES: Is 52:13–53:12

ESBOÇO

A morte substitutiva de Cristo é a verdade central de dimensões cósmicas. Jesus Cristo é o sacrifício expiatório, pois Ele morreu por nossos pecados (Rm 3:25; 4:25; 1Co 15:3; Hb 2:17; 1 Jo 2:2; 4:10). O maior sacrifício já feito foi oferecido quando o Rei de todo o Universo veio ao nosso mundo pecaminoso, viveu sem pecado como uma pessoa humana e morreu por nós e em nosso lugar. O verdadeiro cristianismo é centrado na cruz (1Co 2:2).

Ellen G. White fez uma declaração poderosa: “O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado é a grande verdade em torno da qual se agrupam as outras. A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, precisa ser estudada à luz que se reflete da cruz do Calvário. Apresento diante de vocês o grande e magno monumento de misericórdia e regeneração, salvação e redenção o Filho de Deus erguido na cruz. Isso tem que ser o fundamento de todo discurso feito por nossos pastores” (Obreiros Evangélicos, p. 315). Ela acrescenta: “De todos os professos cristãos, os adventistas do sétimo dia devem ser os primeiros a exaltar a Cristo diante do mundo” (Obreiros Evangélicos, p. 156). A morte de Jesus na cruz é a pedra fundamental sobre a qual se ancora todo o ensino bíblico.

Jesus Cristo veio ao mundo por várias razões: (1) para redimir a humanidade. Ele nasceu como Homem para morrer por nós (Mc 10:45; Jo 3:16, 17); (2) a fim de nos revelar o verdadeiro caráter amoroso de Deus (Jo 1:14; 10:28-30; 14:6-9); (3) para derrotar Satanás e refutar as suas falsas alegações (Mt 4:1-11; Jo 12:31; 16:11; Hb 2:14); (4) e para provar que o primeiro Adão poderia ter obedecido a Deus, assim como Cristo em Sua humanidade cumpriu perfeitamente toda a lei e viveu uma vida santa e sem pecado (Sl 16:10; Lc 1:35; Jo 8:46; 14:30; At 2:24; 1Co 15:22, 45; 1Jo 3:5).

COMENTÁRIO

O Servo sofredor

No livro de Isaías, há cinco cânticos sobre o Servo do Senhor que são reconhecidos pelos estudiosos: (1) Isaías 42:1 a 9; (2) Isaías 49:1 a 7; (3) Isaías 50:4-9; (4) Isaías 52:13 a 53:12; e (5) Isaías 61:1 a 3. Esses poemas apresentam a obra de Jesus Cristo. Ele começou o Seu ministério público com a passagem de Isaías 61:1 e 2, que fala sobre a Sua missão (ver Lc 4:16-21). No entanto, a melhor e mais elaborada exposição sobre o significado da morte de Cristo na Bíblia é Isaías 53. O cântico central do Servo sofredor, que começa no capítulo 52 e continua no capítulo 53, é estruturado simetricamente (cinco estrofes, cada uma com três versos, que podem ser classificados da seguinte forma):

  1. Isaías 52:13-15 – O Enigma: A canção começa com um enigma, porque esse Servo é sábio e grandemente exaltado por um lado. Mas, por outro lado, é desfigurado, abominado pelos outros e maltratado.
  2. Isaías 53:1-3 – A Rejeição: Esses versos apontam para a total humilhação do Servo. Ele sofreu, foi desprezado, rejeitado e Se tornou um “Homem de dores”.
  3. Isaías 53:4-6 – A Expiação: Esse segmento é o cerne da razão de todo o sofrimento e morte de Cristo, pois “as nossas dores levou sobre Si”, “foi traspassado por causa das nossas transgressões” e “esmagado por causa das nossas iniquidades”, e “o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós”.
  4. Isaías 53:7-9 – Sua submissão: Esses textos descrevem o sofrimento, a provação, a morte e o sepultamento de Cristo.
  5. Isaías 53:10-12 – Sua Exaltação: A canção culmina com a ressurreição Daquele que foi a oferta pela culpa, e a Sua prosperidade e vitória. Ele justificou muitos, porque “levou sobre Si o pecado de muitos” e compartilhou o Seu despojo com eles. A Sua morte foi voluntária, substitutiva e expiatória; depois os resultados da Sua morte triunfante foram aplicados aos crentes no Seu ministério intercessório por eles.

Isaías 53 foi o texto bíblico que o eunuco etíope lia durante a sua viagem. O evangelista Filipe lhe explicou que esse texto continha as boas-novas sobre Jesus Cristo. O resultado foi a conversão e o batismo do eunuco (At 8:26-39).

Cruz – O ponto central da teologia

Paradoxalmente, a morte de Cristo é a garantia da vida, e a Sua morte nos traz a vida eterna (Jo 3:16, 17; Rm 3:22-26; 1Jo 5:11, 12). Nenhuma teoria pode explicar por completo o enorme significado da morte de Cristo na cruz. Mesmo que possamos reunir todo um mosaico de razões para a Sua morte, tal imagem capturaria apenas uma fração do imenso sentido da cruz. Ela revela o amor incompreensível de Deus pelos pecadores, Sua justiça, Sua verdade, o esplendor de Seu caráter santo, a imutabilidade da Sua lei, a natureza abominável do pecado, a segurança do governo divino, a vitória de Deus sobre o pecado, quem é quem no grande conflito e a vitória definitiva de Cristo sobre Satanás e as forças do mal.

Por essas razões, a morte de Cristo ocupa posição decisiva e dominante em nossa teologia adventista. Nada pode substituir a centralidade e importância da morte de Cristo (Rm 1:16, 17; 3:22-26; 1Co 1:30; 2:2; Ef. 4:21; Fp 1:21; Cl 1:27, 28). O que aconteceu na cruz é um ato divino de salvação sem paralelo, único e irrepetível (Hb 9:28; 10:12, 14) do qual todos os benefícios salvíficos fluem, incluindo o ministério intercessor de Cristo para nós hoje. Nada pode melhorar ou complementar a cruz, e ninguém pode acrescentar nada ao extraordinário sacrifício de Cristo pelos seres humanos; a salvação é completa Nele (Rm 3:21–26; 1Co 1:18, 23, 24; 2:2; Gl 2:16, 21; Ef 2:4-10). A morte expiatória de Cristo no Calvário é como uma fonte da qual brotam todas as outras bênçãos; ou, em outras palavras, a Sua expiação é semelhante a uma semente que contém todo o fruto.

Verdadeiramente, a expiação de Jesus foi perfeita. Ellen G. White explica: “Quando o Pai contemplou o sacrifício do Seu Filho, curvou-Se diante do sacrifício em reconheci- mento de sua perfeição. ‘É o suficiente’, disse Ele. ‘A expiação está completa’” (The Review and Herald, 24 de setembro de 1901; ênfase acrescentada). “Nosso grande Sumo Sacerdote fez o único sacrifício que tem algum valor para nossa salvação. Quando ofereceu a Si mesmo na cruz, foi realizada uma expiação perfeita pelos pecados do povo” (The Signs of the Times, 28 de junho de 1899).

Jesus Se tornou pecado e maldição por nós (Is 53:3-6; 2Co 5:21; Gl 3:13) para que pudéssemos viver. O que foi realizado na cruz há quase 2 mil anos agora precisa ser aplicado, atualizado e incorporado em nossa vida para que sejamos restaurados à imagem de Deus e tenhamos vida abundante (Jo 10:10). Cristo é nosso Mediador e Intercessor (1Tm 2:6) porque Ele é nosso Salvador. Sua intercessão é uma continuação da Sua atividade salvífica em nosso favor e a integração da Sua obra por nós na cruz. Precisamos da Sua morte e da Sua vida para estar espiritualmente vivos (Rm 3:24, 25; 5:10). Raoul Dederen enfatiza o papel central da morte de Cristo: “Enquanto Seu sacrifício pelo pecado foi feito uma vez por todas na cruz (Hb 7:27; 9:28; 10:11-14) o Cristo que ascendeu tornou disponível a todos os benefícios de Seu sacrifício expiatório” (“Christ: His Person and Work”, Handbook of Seventh-day Adventist Theology [Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000], p. 187).

Estabilidade cósmica

Todo o Universo está seguro por toda a eternidade por causa da cruz. A linguagem humana é incapaz de descrever seus benefícios magníficos e gigantescos (Cl 1:19, 20; 2:15; Ef 1:10; 6:12; Fp 2:9, 10). A rebelião e o pecado nunca ocorrerão novamente no Céu devido ao supremo sacrifício de Jesus Cristo no Gólgota.

Ellen G. White explica de forma adequada que o bem-estar de todo o Universo por toda a eternidade depende da obra de Cristo realizada na cruz: “Não só os seres humanos, como também anjos darão honra e glória ao Redentor, pois mesmo eles estão seguros somente por meio dos sofrimentos do Filho de Deus. É por meio da eficácia da cruz que os habitantes dos mundos não caídos são protegidos contra a apostasia. É isso que tem eficazmente desvendado os enganos de Satanás e refutado suas reivindicações. Não somente aqueles que são lavados pelo sangue de Cristo, mas também os santos anjos são atraídos a Ele pelo Seu ato glorioso de dar a vida pelos pecados do mundo” (Manuscrito não publicado, MS 41, 1892).

“Quando Cristo exclamou: ‘Está consumado’ (Jo 19:30), os mundos não caídos ficaram protegidos. Para eles, a batalha havia sido completada; e a vitória, obtida. Desde então, Satanás não mais encontraria espaço nas afeições do Universo” (Ellen G. White, A Verdade Sobre os Anjos, p. 127).

“O argumento apresentado por ele, de que era impossível negar o eu, e que, portanto, esta era uma exigência injusta que Deus fazia das Suas criaturas, foi refutado de uma vez por todas. As reivindicações satânicas foram anuladas para sempre. O Universo celestial estava seguro em eterna lealdade” (Ellen G. White, The Review and Herald, 12 de março de 1901, p. 271).

“Os anjos atribuem honra e glória a Cristo, pois nem mesmo eles estão seguros, exceto ao contemplar os sofrimentos do Filho de Deus. É por meio da eficácia da cruz que os anjos do Céu são protegidos contra a apostasia. Sem a cruz, eles não estariam em maior segurança contra o mal do que os anjos estavam antes da queda de Satanás” (Ellen G. White, A Verdade Sobre os Anjos, p. 128).

A ciência da cruz

Ellen G. White declara: “O maravilhoso plano de graça do Senhor, o mistério do amor que redime, é o tema para que ‘os anjos anelam perscrutar’ (1Pe 1:12, ARA), e será seu es- tudo por toda a eternidade. Os seres remidos e os não caídos terão na cruz de Cristo seu estudo e seu cântico” (O Desejado de Todas as Nações, p. 9; ver também O Grande Conflito, p. 539, 540).

Ellen G. White aconselha que aprendamos por nós mesmos a ciência da cruz e a ensinemos aos nossos jovens: “A revelação do amor de Deus centraliza-se na cruz. A língua não consegue expressar o seu pleno significado; a caneta não pode descrevê-lo; a mente do homem não o pode compreender. [...] Cristo crucificado por nossos pecados, Cristo ressurgido dos mortos, Cristo que subiu ao Céu, eis a ciência da salvação que devemos aprender e ensinar” (Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 237). “Que a juventude faça da Palavra de Deus o alimento do espírito e da alma. Torne-se a cruz de Cristo a ciência de toda edu- cação, o centro de todo ensino e estudo” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 294).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Qual é o significado da seguinte declaração de Ellen G. White: “O mistério da cruz explica todos os outros mistérios” (O Grande Conflito, p. 539)?

  2. Se durante toda a eternidade estudaremos a ciência da salvação e sempre encontraremos algo novo para admirar e com o que nos surpreender, o que isso nos diz sobre o significado da morte de Cristo no Calvário?

  3. Paulo declara que a cruz é loucura para alguns e, para outros, pedra de tropeço. Porém, para aqueles que creem, é “o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1Co 1:24). Paulo está correto ao dizer isso?

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Orações, plantas e uma pandemia

Emmy

Austrália | 29 de outubro

Emmy enfrentou a perspectiva real de ficar sem-teto quando um confina- mento da COVID-19 em Melbourne, Austrália, fez com que a empresa de seu marido reduzisse suas horas para meio período.

Mas ela tinha fé. Ela e seu marido, Jonathan, haviam sido batizados recentemente unindo-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela começou a orar por um emprego para ajudar Jonathan e seus três filhos.

Vários desafios surgiram. Emmy não sabia dirigir, e o mercado de trabalho era extremamente difícil. Quando foi para a primeira entrevista de emprego, levou consigo uma amiga, e a entrevistadora acabou oferecendo a vaga para a amiga.

“Não se preocupe”, Jonathan a tranquilizou. “Se você não conseguiu esse emprego, não era a vontade de Deus e não era para você.”

Emmy continuou orando. Ao orar, ela encontrou satisfação em cultivar suculentas. Ela tirou selfies com as plantas e as postou no Facebook. Ela se juntou a um grupo no Facebook para produtores de suculentas.

Um dia, ela se inspirou em um vídeo postado no grupo do Facebook por um viveiro de plantas. “Eu gostaria de poder trabalhar com vocês”, escreveu ela abaixo do vídeo. “Eu realmente amo suculentas.” “Onde você mora?”, veio a resposta. Quando ela deu sua localização, o viveiro de plantas respondeu com um convite para ligar para seu diretor.

O homem que atendeu o telefone estava esperando sua ligação. “Você gostaria de vir me ver em nosso viveiro às 16:30?”, perguntou ele. Emmy aproveitou a oportunidade. “Claro!”, ela disse. Ela ficou encantada porque o viveiro ficava a uma curta distância de sua casa. Ela não precisaria procurar carona.

Mas ela queria que a vontade de Deus fosse feita. “Senhor, se este trabalho não é para mim, faça algo para impedi-lo”, ela orou. Não querendo se atrasar, Emmy saiu de casa às 13h30. Ela chegou ao viveiro em apenas 30 minutos, muito cedo para sua entrevista. Enquanto esperava, ela tentou se esconder sorrateiramente nos arbustos, não querendo ser vista.

Mas o diretor do viveiro a viu rapidamente. “Você é a Emmy?”, perguntou ele.

Quando ela assentiu, ele a convidou para seu escritório e descreveu os negócios do viveiro. Em seguida, ele a apresentou a cada funcionário e mostrou as plantas do viveiro. Vendo seu entusiasmo, ele lhe deu um emprego em tempo integral no local.

Emmy ficou surpresa por Deus ter usado seu comentário no Facebook para lhe dar um emprego tão perto de casa no meio de uma pandemia. Ela e sua família seriam capazes de manter sua casa.

Emmy logo aprendeu sobre todas as áreas de trabalho no viveiro e poderia atuar onde fosse necessário. Ela gostou da variedade de trabalho. Ela também estava interessada em como as suculentas se propagavam porque queria propagar suas próprias plantas em casa. Com permissão do viveiro, ela começou a levar mudas para casa para começar sua própria coleção. O tempo voou enquanto ela trabalhava. Deus realmente respondeu suas orações. Ou assim ela pensou.

No dia do pagamento, Emmy ficou perplexa. Enquanto todos os outros receberam pagamento naquela sexta-feira, ela não recebeu nada. Quando ela perguntou sobre isso, ela foi informada de que não seria paga porque estava levando mudas de plantas para casa. Emmy mal podia acreditar. Sim, ela havia levado mudas para casa, mas com permissão. Ninguém havia dito nada sobre haver desconto no salário.

Em casa, seu marido, Jonathan, a incentivou a levar o assunto a Deus. “Não se preocupe”, disse ele. “Vamos apenas orar sobre isso.” E eles oraram todo o fim de semana.

Na manhã de segunda-feira, Emmy recebeu uma agradável surpresa.

Quando ela chegou ao trabalho, antes que pudesse fazer mais perguntas sobre seu salário, a esposa do diretor foi até ela com um lindo bolo e um sincero pedido de desculpas. Ela disse que houve um grande malentendido e que Emmy receberia o pagamento integral.

Alívio e alegria encheram o coração de Emmy. Mais uma vez, Deus respondeu suas orações. Ela e sua família poderiam manter sua casa em meio à pandemia.

Obrigado por planejar uma generosa oferta do décimo terceiro sábado que ajudará a espalhar a esperança que Emmy tem em Jesus em toda a Austrália e na Divisão do Pacífico Sul.

Por Maryellen Hacko

 Dicas para a história 

  • Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

  • Baixe publicações e fatos rápidos sobre a missão da Divisão do Pacífico Sul: bit.ly/spd-2022.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º trimestre de 2022

Tema geral: Vida, morte e eternidade

Lição 6 – 29 de outubro a 5 de novembro de 2022

Ele morreu por Nós

 

Autor: Sérgio H. S. Monteiro

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

Um paradoxo. É onde me encontro no estudo desta semana, enquanto escrevo sobre um tema de inesgotável alcance, mas de simples definição: Ele morreu por nós. O que mais poderia ser dito? Essas quatro palavras expressam poderosamente o ápice da revelação bíblica: redenção por meio da morte. E mais do que comentar a esse respeito, deveríamos nos curvar em atitude de profundo agradecimento e de profundo respeito diante dessa verdade constrangedora, que possui em suas entrelinhas outras verdades profundas, ocultas em três palavras: juízo, necessidade, liberdade.

O juízo é o resultado da escolha humana no ato do pecado registrado no texto de Gênesis 3. Ao escolher a opção apresentada pela serpente, automaticamente atraímos sobre nós o juízo da morte, prenunciada em Gênesis 2:15. Do ponto de vista humano e da perspectiva da legislação divina, essa sentença é irremediável e o juízo é inexorável. Desse momento de aflição e do futuro certo, surge uma necessidade: Deus não cria seres para serem destruídos, mas para viverem em harmonia com Ele. De outra forma, as acusações de tirania por parte do acusador seriam verdadeiras. Por isso, dada a natureza divina e a necessidade de preservação do nome do Eterno diante do Universo, aliada à necessidade de prover um escape para a família humana, um plano de liberdade foi posto em marcha. Um plano que não punha de lado a condenação ou a morte, mas dela se apropriava para proporcionar vida. Esse plano, chamado “plano da redenção”, previa que um resgate seria provido para restaurar a humanidade caída e, ao mesmo tempo, demonstrar o caráter amoroso do Deus criador do Universo. E aqui temos os três elementos do título de nossa lição: “Ele morreu por nós”.

O “Ele” dessa declaração não era outro que não o próprio Deus (Jo 1:1; Tt 2:13), o qual Se entregaria à morte substituindo os seres humanos caídos em sua condenação. Isso parece estranho à lógica humana, porque subverte a máxima de que “cada um por si” ao indicar que Deus Se entregaria por todos, não apenas proporcionando uma via de escape à condenação, mas sendo essa via de escape. E ser essa via de escape era uma demanda não apenas pela necessidade de resgatar a humanidade, mas também para prover uma resposta definitiva aos questionamentos quanto ao caráter divino, colocando o Universo inteiro a salvo, de uma vez por todas. Ou seja, a morte da Divindade era o fundamento da própria segurança do Universo não caído. A Sua disposição de Se entregar era o penhor da eternidade dessa segurança.

Ao entendermos que o “Ele” não é humano, mas divino, outra acusação, não mais nos reinos celestiais, mas no reino da lógica humanística, acaba também por deixar de fazer sentido. A morte de Jesus não se tratou de um sacrifício humano, cujo objetivo era aplacar os deuses, nem mesmo de um sacrifício humano substitutivo. Na verdade, o sacrifício de Jesus nunca foi humano. E nunca será demais enfatizar esse conceito. O sacrifício da cruz foi a entrega do próprio Deus em favor do Universo criado em geral, mas da humanidade em particular. E ele não Se sacrifica para apaziguar a Si mesmo, mas para prover reconciliação do homem com a Divindade, permitindo que a humanidade se aproximasse Dele e Ele da humanidade. Aliás, o próprio termo hebraico para sacrifícios acentua essa ideia, ao utilizar o termo qorban, que advém da raiz qarav, cujo significado é aproximar.

Não obstante, ainda no reino da lógica humana, outro grande questionamento está relacionado à possibilidade de Deus morrer. A argumentação aqui é de que a afirmação de que Jesus é Deus exclui automaticamente a possibilidade de Ele haver morrido, e a Sua morte excluiria Sua divindade. À primeira vista, essa argumentação é lógica, afinal a própria Bíblia declara que Deus é imortal (1Tm 6:16). Não obstante, a questão desconsidera a declaração joanina de que Deus Se fez carne (Jo 1:1-14) e a afirmação paulina de que Ele Se esvaziou (Fp 2:5-8). Mesmo não deixando de ser Deus, Jesus subsistiu neste mundo também como Homem, carregando a natureza humana e morrendo como Homem. Além disso, desconsidera que, soteriologicamente, Ele veio para nos doar a vida eterna e nos salvar da morte eterna (Mt 10:28), e Sua morte foi, portanto, uma dupla morte: a morte do Homem Jesus, que morreu a morte de todos os seres humanos, e a segunda morte, que é a eterna separação do Deus da vida, em um estado de inexistência, do qual apenas a Divindade poderia retornar. Isso pode soar estranho, mas na morte integral de Cristo, com a entrega humana e divina de Jesus, nossa redenção se completa e está dada a resposta para o argumento acima: Deus não pode morrer, como os seres humanos morrem hoje, mas pode sentir a realidade de algo muito pior do que essa morte com esperança: a quebra da unidade e a separação que impediu a segunda Pessoa da Divindade de contemplar a face da primeira Pessoa. Essa é a morte final, que apenas o poder da própria Divindade poderia subjugar e vencer.

Por fim, outro aspecto complexo da morte de Jesus diz respeito ao que acontece com a união das Suas naturezas. Alguns apologetas afirmam que por não crermos na imortalidade da alma, automaticamente estamos declarando que Jesus deixou de existir durante o período da tumba. Esse argumento é falacioso, porque subordina a natureza divina de Jesus à Sua natureza humana e, pior, torna Sua existência dependente da imortalidade da alma, e não da Sua divindade. Aquele que é existente por Si mesmo passaria, na encarnação, a possuir uma existência que era meramente humana, dependente de uma suposta natureza imortal do ser humano. Por fim, essa ideia é soteriologicamente herética, para não dizer satânica, porque afirma que a salvação do ser humano, não está na Divindade, mas na imortalidade prometida pela serpente. O que efetivamente aconteceu com a união das duas naturezas é um mistério, mas parece haver ocorrido uma suspensão, já que cada natureza padece aspectos diferentes da morte, como vimos acima.

Quanto ainda poderia ser dito, e tão pouco podemos dizer sobre a morte de Jesus! Discussões podem ser travadas, como vimos acima, e ainda assim estaríamos longe de elucidar mais do que alguns poucos riscos de tintas da complexidade envolvida na encarnação e morte do Salvador. A grande notícia, no entanto, é que não precisamos compreender os detalhes de Sua morte, mas aceitá-la como suficiente para pagar o resgate pelos nossos pecados.

 

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia Bíblica, cursa doutorado em Bíblia Hebraica pela Theologische Universiteit Apeldoorn. Pastor da Brazilian Adventist Community Church na Associação do Norte da Nova Zelândia e membro a Adventist Theological Society, International Organization for the Study of the Old Testament, Society for Biblical Literature e Associação dos Biblistas Brasileiros.