Lição 2
06 a 12 de janeiro
Ensina-nos a orar
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Is 44
Verso para memorizar: “Jesus estava orando em certo lugar e, quando terminou, um dos Seus discípulos Lhe pediu: – Senhor, ensine-nos a orar como também João ensinou os discípulos dele” (Lc 11:1).
Leituras da semana: Sl 105:5; Cl 3:16; Tg 5:13; Sl 44; 22; 13; 60:1-5

Entre os cristãos parece prevalecer uma crença de que apenas a oração espontânea, não aprendida, seja a verdadeira oração. No entanto, os discípulos de Jesus foram imensamente recompensados quando Lhe pediram que os ensinasse a orar. Deus colocou um livro de orações, Salmos, no centro da Bíblia, não apenas para nos mostrar como o antigo povo de Deus orava, mas também para nos ensinar como podemos orar no presente. 

Desde as primeiras eras, o Livro dos Salmos tem moldado as orações do povo de Deus, incluindo as orações de Jesus (1Cr 16:7, 9; Ne 12:8; Mt 27:46; Ef 5:19). Nesta semana, veremos como os salmos ajudaram os fiéis a atravessar a jornada da vida e a crescer no relacionamento com Deus. Devemos recordar que o Livro dos Salmos é composto de orações e, assim, é inestimável, não só pela visão teológica, mas também porque pode enriquecer e transformar nossas orações individuais e em comunidade. 

Orar com base nos salmos tem ajudado muitos crentes a estabelecer e a manter uma vida de oração regular e gratificante. 

Nesta semana, continuaremos a analisar os salmos, especialmente no contexto de tempos em que as coisas não vão muito bem para nós. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Download iOS Download Android


Domingo, 07 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 45
Promovendo o uso de salmos na oração

1. Leia Salmo 105:5; Colossenses 3:16 e Tiago 5:13. Qual é o lugar dos salmos na experiência de adoração do crente? 

Um modo simples de introduzir os salmos na vida é dedicar tempo cada dia à leitura de um salmo, começando com o Salmo 1 e seguindo a ordem do saltério. Outra forma é ler os salmos que correspondam à sua situação atual, conforme os diferentes tipos de salmos: (1) lamento, (2) lamento coletivo, (3) ação de graças, (4) hinos, (5) penitenciais, (6) sabedoria [salmos usados na busca da sabedoria e da orientação de Deus], (7) históricos, (8) salmos de ira e raiva e (9) salmos de peregrinação. Ao longo deste trimestre, veremos muitos salmos e os estudaremos no contexto em que surgiram. Como, então, devemos ler os salmos? 

Primeiramente, leia cada salmo fazendo uma reflexão simples e, em seguida, ore. Refletir sobre o salmo envolve analisar diferentes aspectos dele: o modo como o salmista se dirige a Deus e as razões da oração. Considere como sua situação corresponde à do salmista e como o salmo pode ajudá-lo a organizar sua experiência. Você ficará surpreso com a frequência com que será capaz de relacionar suas experiências com o que está escrito ali e vê-las reproduzidas nos salmos. 

Se algo no salmo o desafiar, considere, por exemplo, se ele corrige suas falsas esperanças presentes sobre algo que você esteja enfrentando. Contemple a mensagem do salmo à luz de Cristo e de Sua obra salvífica e da esperança que essa obra nos oferece a longo prazo. Somos beneficiados sempre que olhamos para tudo na Bíblia à luz de Cristo e da cruz. 

Além disso, procure novos motivos que o salmo apresenta para oração e pense na importância deles para todos nós. Peça que Deus coloque Sua Palavra em seu coração e mente. Se o salmo corresponde à situação de alguém que você conheça, interceda em oração por essa pessoa. Os salmos abrangem tantos aspectos da vida, que podemos ser fortalecidos ao ler e absorver em nosso coração o que eles nos dizem. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

O que significa permitir “que a palavra de Cristo habite ricamente em [nós]” (Cl 3:16)? Por que ler a Bíblia é o primeiro e mais crucial passo para essa experiência?
Download iOS Download Android


Segunda-feira, 08 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 46
Confiança em tempos de dificuldade

Em momentos de desespero e sofrimento, surge a pergunta: O que o Senhor está fazendo? Por que Ele permitiu que essas coisas acontecessem? Os salmistas passaram por ocasiões semelhantes. E, por inspiração divina, registraram suas experiências. 

2. O que diz o Salmo 44? Esse texto é relevante para os crentes de hoje? 

A seletividade no uso dos salmos na adoração às vezes reflete a exclusividade de ânimos e palavras em nossas orações públicas. Tal restrição pode ser sinal de nossa incapacidade ou desconforto ao dar atenção aos fatos sombrios da vida. Ainda que pensemos que Deus nos trata injustamente quando o sofrimento nos atinge, não consideramos apropriado expressar isso na adoração pública ou na oração particular. 

Essa relutância pode nos fazer perder o propósito da adoração. Deixar de expressar honesta e abertamente sentimentos e pontos de vista diante de Deus em oração nos torna escravos de nossas emoções. Isso também nos priva da confiança ao nos aproximarmos de Deus. Orar com base nos salmos dá a certeza de que, quando oramos e adoramos, não precisamos censurar ou negar nossa experiência. 

O Salmo 44, por exemplo, ajuda os adoradores a proferir sua experiência de sofrimento de forma livre e adequada. Orar com base nos salmos nos ajuda a experimentar liberdade de expressão na oração. Os salmos apresentam palavras difíceis de encontrar e palavras que nem ousamos pronunciar. “O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram dos Teus caminhos, para nos esmagares onde vivem os chacais e nos envolveres com as sombras da morte” (Sl 44:18, 19). 

Observe o começo do Salmo 44. No passado, Deus fez grandes coisas para o Seu povo. Por isso, expressa confiança em Deus, não “no meu arco” (Sl 44:6). 

Apesar disso, o povo de Deus teve problemas. A lista de infortúnios e lamentos é longa. No entanto, em meio a tudo isso, o salmista clama a Deus: “Resgata-nos por amor da Tua bondade” (Sl 44:26). Na tribulação, ele reconhece o amor de Deus. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Relembrar o passado, quando a presença divina parecia muito real, pode ajudá-lo a lidar com os momentos em que os problemas o fazem pensar que Deus está distante?
Download iOS Download Android


Terça-feira, 09 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 47
Um salmo de desespero

Orar com base nos salmos permite que os adoradores pronunciem suas orações livremente. Além disso, os salmos supervisionam a experiência dos crentes segundo padrões divinos e a tornam suportável, trazendo esperança e reafirmando a presença de Deus. 

3. Leia o Salmo 22. O que podemos aprender com esse salmo sobre confiar em Deus em meio a grande sofrimento? 

As palavras de lamentação do Salmo 22:1 ajudam pessoas que sofrem a expressar a dor e a solidão: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu gemido?” 

Essas palavras se tornaram famosas porque foram proferidas por Jesus na cruz, mostrando-nos o quanto os salmos foram importantes para Ele (Mt 27:46). 

No entanto, na aflição, estas palavras também são expressas: “A Meus irmãos declararei o Teu nome; no meio da congregação eu Te louvarei” (Sl 22:22). 

Em outras palavras, embora os sentimentos não coincidissem com o dilema do autor, o salmista ainda expressou sua fé em Deus e declarou que, independentemente da situação, ele ainda O louvaria. 

Ao nos apresentar palavras para orar, os salmos nos ensinam a olhar para além da situação atual e, pela fé, ver o tempo em que seremos restaurados pela graça divina. 

Assim, orar com base nos salmos conduz os adoradores a novos horizontes espirituais. Os salmos permitem que os adoradores expressem seus sentimentos e sua forma de pensar; porém, não são deixados onde se encontram. Os adoradores são levados a abandonar seus fardos de dor, decepção, raiva e desespero diante de Deus e a confiar Nele, sejam quais forem as circunstâncias. 

A mudança de lamento para louvor observada em muitos salmos é indício da transformação espiritual que os crentes experimentam quando recebem a graça divina e o conforto na oração. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Como podemos aprender a enxergar além de nossas provações imediatas e, assim, confiar na bondade de Deus, não importando o que enfrentemos no presente?
Download iOS Download Android


Quarta-feira, 10 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 48
Do desespero à esperança

Os salmistas, seres humanos como nós, enfrentaram situações em que a presença de Deus parecia distante. Quem nunca pensou: Como isso aconteceu? Embora, nossos pecados nos tragam dificuldades, às vezes parece haver injustiças, e sentimos como se não merecêssemos o que estamos passando. 

4. Leia o Salmo 13. Quais dois estados de espírito vemos nesse salmo? Que decisão trouxe a mudança radical na perspectiva do salmista? 

“Até quando, Senhor, Te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o Teu rosto?” (Sl 13:1). Quem não é capaz de se identificar com esses sentimentos, ainda que sejam errados? (Deus Se esquece de algum de nós?) 

O Salmo 13 indica o caminho para evitar outro erro comum: concentrarmo-nos em nós e em nossos problemas ao orar. Esse salmo transforma nossa oração, levando-nos a reafirmar a natureza fiel e imutável da maneira divina de lidar com Seu povo. 

Embora o salmo comece com lamentos e reclamações, ele não termina assim. E esse é o ponto crucial. O salmo nos leva a escolher deliberadamente confiar no poder redentor de Deus (Sl 13:5), de modo que o medo e a ansiedade (Sl 13:1-4) deem, aos poucos, lugar à salvação que Deus oferece, e comecemos a experimentar a mudança do lamento para o louvor, do desespero para a esperança (Sl 13:5, 6). 

No entanto, a mera repetição das palavras dos salmos com apenas uma ligeira compreensão do seu significado não produzirá a autêntica transformação pretendida com a utilização deles. Ao orar com os salmos, devemos buscar o Espírito Santo para ser capacitados a agir da maneira requerida pelo salmo. Os salmos são a Palavra de Deus por meio da qual são transformados o caráter e as atitudes dos crentes; não são apenas informações adquiridas, são transformações! Pela graça de Deus, as promessas dos salmos se manifestam na vida dos crentes. Isso significa que permitimos que a Palavra de Deus nos molde de acordo com a vontade divina e nos una a Cristo, que demonstrou a vontade de Deus perfeitamente e que também orava com os salmos como o Filho de Deus encarnado. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Suas provas o aproximam ou o afastam de Deus? Como evitar que elas o afastem Dele?
Download iOS Download Android


Quinta-feira, 11 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 49
Restaura-nos novamente

5. Leia Salmo 60:1-5. Em que ocasiões esse salmo seria uma oração adequada? Os salmos de lamento são benéficos em momentos alegres? 

Os salmos de lamento são entendidos como orações de pessoas que passavam por tempos difíceis, sejam no aspecto físico, psicológico ou espiritual, ou todos eles. Isso não significa que devamos evitar esses salmos, mesmo nos bons momentos. Às vezes, pode haver uma separação total entre as palavras do salmo e a experiência presente do adorador. Ou seja, os salmos de lamento podem ser benéficos para os adoradores que não estejam sofrendo. 

Primeiro, eles nos tornam conscientes de que o sofrimento faz parte da vida e que isso acontece com justos e ímpios. Os salmos asseguram que Deus está no controle e oferece força e soluções nas dificuldades. Mesmo na tribulação (“Abalaste a Terra”, Sl 60:2), o salmista demonstrou esperança de que Deus o libertaria. 

Segundo, os salmos de lamento nos ensinam compaixão para com os que sofrem. Ao expressarmos felicidade e gratidão a Deus, especialmente em público, devemos considerar os menos afortunados. Pode ser que tudo esteja bem conosco, mas quem não conhece pessoas que sofrem terrivelmente? Orar com base nesses salmos nos ajuda a não nos esquecermos dos que passam por tempos difíceis. Os salmos devem evocar em nós compaixão e desejo de ministrar aos que sofrem, como fez Jesus. 

“Este mundo é um vasto hospital, mas Cristo veio curar enfermos, proclamar libertação aos cativos de Satanás (Lc 4:17). Ele era em Si mesmo saúde e vigor. Transmitia Sua vida a doentes, aflitos e possessos de demônios. Não repelia ninguém que viesse receber Seu poder vivificador. Sabia que aqueles que pediam Sua ajuda haviam trazido sobre si a doença, mas, apesar disso, não Se recusava a curá-los. Quando o poder de Cristo penetrava esses pobres corações, sentiam a convicção do pecado, e muitos eram curados das enfermidades espirituais e das doenças físicas. O evangelho ainda possui o mesmo poder; e por que não deveríamos testemunhar hoje os mesmos resultados?” (Ellen G. White, Beneficência Social [CPB, 2023], p. 19). 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Você conhece alguém que precisa não apenas de orações, mas também de atenção?
Download iOS Download Android


Sexta-feira, 12 de janeiro
Ano Bíblico: RPSP: Is 50
Estudo adicional

Leia o Salmo 42:8 e, de Ellen G. White, Educação, p. 112-118 (“Poesia e canto”). Qual é a relação entre a oração e o cântico de acordo com esses textos inspirados? Ellen G. White descreve os salmos penitentes de Davi (por exemplo, o Salmo 51) como a linguagem de sua alma e orações que ilustram a natureza da verdadeira tristeza pelo pecado (Caminho a Cristo, p. 24, 25). Ela encoraja os crentes a memorizar os salmos como meio de promover o sentido da presença divina na vida e destaca a prática de Jesus de proferir salmos quando se deparava com a tentação e com o temor. Ela observou também: “Quantas vezes pelas palavras de um cântico sagrado se abrem na alma as fontes do arrependimento, da fé, da esperança, do amor e da alegria! [...] De fato, muitos hinos são orações” (Educação [CPB, 2021], p. 114, 118). 

Quando oramos e cantamos os salmos, assumimos a persistência, ousadia, coragem e esperança dos salmistas. Eles nos encorajam a continuar nossa jornada espiritual e nos confortam com o fato de não estarmos sozinhos. Outras pessoas, como nós, passaram por tempos sombrios e, no entanto, foram triunfantes pela graça de Deus. Ao mesmo tempo, os salmos nos revelam os vislumbres da fervorosa intercessão de Cristo em nosso favor, pois Ele vive sempre para orar por nós (Hb 7:25). 

Usar os salmos em oração e adoração torna a comunidade crente consciente de toda a gama de experiências humanas e ensina os adoradores a se envolverem nas várias facetas dessas experiências na adoração. Os salmos são orações e cânticos divino-humanos. Por essa razão, incluí-los de forma consistente na adoração traz a comunidade crente para o centro da vontade de Deus e da graça poderosa. 

Perguntas para consideração

1. Por que a oração espontânea e não guiada não é a única maneira de orar? Como pode a nossa vida de oração se beneficiar dos salmos?

2. Os salmos podem enriquecer a experiência de oração em comunidade? Na prática, de que maneira sua igreja pode promover o uso dos salmos nos cultos de adoração?

3. O que os salmos revelam da complexidade da jornada da fé e da graça que cura? 

Respostas e atividades da semana: 1. Um lugar central, como expressão de louvor e gratidão, bem como de exaltação dos ensinos e ações de Deus. 2. Mostra a experiência de sofrimento do inocente. Todos passam por isso na vida. 3. Esse salmo nos ajuda a olhar para além dos problemas e dificuldades e a expressar fé em Deus, independentemente da situação. 4. Lamento e confiança; a decisão de confiar no poder de Deus. 5. Comente com a classe. Eles nos tornam mais conscientes de que o sofrimento faz parte da experiência humana. Eles nos ensinam compaixão para com os que sofrem.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Resumo da Lição 2
Ensina-nos a orar

Introdução: Nesta semana, vamos refletir sobre o desespero expresso pelos salmistas em momentos de angústia. Em nosso estudo, examinaremos quatro cânticos do Saltério que são instrutivos para nos ensinar a orar em meio às nossas lutas diárias: Salmo 44, 22, 13 e 60. 

COMENTÁRIO 

Salmo 44 

A honestidade e franqueza dos salmistas em suas petições a Yahweh pode nos surpreender e até mesmo chocar. Na maioria das vezes, tendemos a evitar esse nível de ousadia ao nos dirigirmos ao Criador. 

Mas não foi assim com os filhos de Corá. Vejamos algumas das lições que podemos aprender com a ousada oração deles, registrada no Salmo 44: 

1. Os filhos de Corá confiavam em Deus (Sl 44:4-8), não importando que humilhações enfrentassem, pois se lembravam das obras de Yahweh em seu favor (v. 1-3). A queixa deles não era do tipo em que predominavam ressentimentos e recriminações contra Deus. Em vez disso, a oração deles era baseada na fé autêntica em Seu poder e misericórdia. 

2. Eles afirmaram que o Senhor os havia abandonado à mercê de seus inimigos (v. 9-16). Podemos expressar o mesmo sentimento ao nosso Criador sem perder a fé? 

3. Os filhos de Corá confirmaram que não haviam se esquecido de seu Deus (v. 17). Eles tinham sido fiéis e reconheceram que não podiam enganar o Senhor (v. 17-22). 

4. O cântico termina com fortes clamores para que Deus aja em seu favor: “desperta”, “levanta-Te”, “resgata-nos” (v. 23-26). Assim, eles imploraram fortemente pelo livramento divino. 

O salmo termina sem uma resposta clara da parte do Senhor. O silêncio Dele é um lembrete de que muitas vezes, nesta vida transitória, nem sempre obteremos do Céu a resposta que desejamos. Mas não devemos permitir que o desânimo nos domine ou nos faça naufragar na fé. 

Salmo 22 

Esse salmo foi composto dentro da mesma linha de pensamento do Salmo 44, embora devamos observar que o Salmo 22 é uma petição pessoal. O rei Davi é o autor desse salmo. Pelos estudos acerca do contexto histórico do salmo, podemos concluir que ele prova-velmente foi escrito enquanto Davi era perseguido por Saul ou durante os sofrimentos decorrentes da rebelião de seu filho Absalão.

Seja qual for a origem histórica exata desse cântico, não há dúvida de que ele é messiânico. O Novo Testamento o cita várias vezes no contexto do sofrimento que Jesus experimentou durante Seu julgamento, tortura e crucifixão: 

• “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mt 27:46; Mc 15:34) é uma citação direta do Salmo 22:1. 

• O Salmo 22:7 é aplicado a Jesus na cruz e aos Seus escarnecedores (Mt 27:39, 40; Mc 15:29). 

• O Salmo 22:16 (“Traspassaram-me as mãos e os pés”) é uma alusão direta a Jesus sendo pregado na cruz, embora esse versículo específico não seja citado pelos evangelhos. 

• Mateus 27:35 e Marcos 15:24 fazem alusão ao Salmo 22:18. 

• O Salmo 22:12-15 também pode ser aplicado, sem qualquer hesitação, à experiência de Jesus. O Salmo 22:17 descreve a condição de nosso Salvador na cruz: “Posso contar todos os Meus ossos; os Meus inimigos estão olhando para Mim e me encarando.” 

No contexto do estudo da lição desta semana, é um pensamento reconfortante saber que esse mesmo Criador, quando esteve em nossa condição humana, enfrentou um grau de sofrimento que excede em muito qualquer angústia ou provação que enfrentaremos em nossa vida. Sem dúvida, nosso Senhor relembrou esse salmo durante aquela fatídica sexta-feira de Sua morte e orou usando as palavras desse poema, com lágrimas nos olhos. Em meio às nossas dores, também podemos nos apropriar dessas palavras e usá-las em nossas orações. 

Como é inspirador saber que o próprio Jesus pranteou em meio a Seu sofrimento e expressou Sua angústia ao Pai celestial! Não há pecado em expressar tamanha honestidade. Jesus chegou a pedir no jardim do Getsêmani: “Meu Pai, se é possível, que passe de Mim este cálice!” (Mt 26:39). Esse fato nos lembra de que expressar de maneira genuína, por meio da oração, nossos sentimentos e fraquezas nunca é uma ofensa aos ouvidos de Deus. Depois que Jesus derramou os sentimentos de Seu coração ao Pai, concluiu Sua oração com perfeita submissão à vontade divina: “Contudo, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres” (Mt 26:39). 

O Salmo 22 expressa a mesma perfeita confiança e submissão à vontade do Pai. Esse salmo termina, como muitos outros, com palavras de livramento (Sl 22:20-22), louvor (v. 23-26) e uma celebração das misericórdias do Senhor (v. 27-31). Assim, o salmo abrange emoções que vão do abismo da dor e do sofrimento ao ápice da alegria e das bênçãos. Da mesma forma, nossas orações devem aspirar a essas alturas gloriosas. 

Salmo 13 

Os escritores do Saltério costumavam fazer duas perguntas para expressar o desespero em meio ao sofrimento e às provações. Uma pergunta é “Por quê?” (em hebraico, lamah). Ela era usada quando o interlocutor desejava compreender as ações de Deus em meio a circunstâncias difíceis: (1) quando parecia que o Senhor não estava fazendo nada para salvar quem O seguia (Sl 10:1; 44:23); (2) quando parecia que Deus havia abandonado o sofredor (Sl 22:1; 42:9; 44:24); ou (3) quando parecia que o Senhor o havia rejeitado (Sl 42:3; 74:1; 88:14). Em essência, essa pergunta era empregada na tentativa de entender o motivo da ação (ou falta de ação) de Deus.

A segunda pergunta que os salmistas usavam é “Até quando?” (Sl 13:1, 2; 35:17; 74:10; 79:5; 80:4; 89:46; 90:13; 94:3). “Até quando?” possui intenção totalmente diferente de “Por quê?” Ao perguntar “Até quando?”, o salmista não estava contestando as ações de Deus em meio ao sofrimento; em vez disso, reconhecia que Ele está sempre no controle. Além disso, não estava pedindo ao Senhor vingança contra a fonte da dor e da tristeza. Com essa expressão interrogativa, o salmista expressava simplesmente o desejo de saber quanto tempo mais Deus exigiria que ele esperasse. Além disso, com o questionamento “Até quando?”, ele pedia que o Senhor agisse. Essa pergunta também incorpora o sentimento de exaustão espiritual que enfrentamos diante de nosso sofrimento contínuo e o desejo de que ele acabe. Nós também, junto com o salmista, podemos perguntar ao Senhor em nossas orações: “Até quando?” Da mesma forma, podemos pedir Sua intervenção e misericórdia. Essa súplica pode ser chamada de “queixa de fé”. 

Depois de sua dolorosa reclamação, Davi passou à petição. Essa transição exemplifica um princípio importante que deve estar presente em nossas próprias orações: não devemos ficar estagnados ou afundar em nossos lamentos. Em vez disso, devemos avançar com fé, dizendo: “Olha para mim e responde-me, Senhor, meu Deus! Ilumina os meus olhos” (Sl 13:3). Muitas vezes o que realmente precisamos é ter a certeza de que o Criador está conosco. 

Assim como o Salmo 22, esse cântico também termina com palavras de confiança (Sl 13:5, 6). Mas essas palavras são mais do que uma simples declaração de fé. Durante as tribulações, o salmista expressou alegria e segurança (v. 5, 6). Seus problemas ainda persistiam, mas ele confiava que seriam resolvidos e contava com a providência de Deus para sustentá-lo. Essa confiança e fé servem como exemplo: nós também devemos confiar em Deus, crer em Seu poder e reivindicar Suas promessas. O salmista usou três verbos em sua estrofe final: “confiar”, “alegrar-se” e “cantar”. Como posso me alegrar quando estou em dificuldades? E como posso cantar? Posso fazer isso quando “confio” no “amor” de Deus, “pelo bem que me tem feito” (v. 5, 6, NVI). 

Salmo 60 

O cabeçalho do Salmo 60 apresenta o contexto histórico em que o cântico foi escrito: “Quando Davi lutou contra os sírios da Mesopotâmia e de Zobá, e quando Joabe, regressando, derrotou doze mil edomitas, no vale do Sal”. Geralmente os escritores do Saltério não apresentavam esse tipo de informação. No entanto, tal inclusão nos fornece material útil para entender as origens desse cântico. 

O Salmo 60 está relacionado com os eventos mencionados em 2 Samuel 8:1-14. Naquela época, Davi havia sido constituído rei de todo o Israel (2Sm 5:1-5) e determinado Jerusalém como a capital de seu reino (v. 6-10). Por meio do profeta Natã, Deus tinha estabelecido Sua aliança com o novo rei (2Sm 7). Davi estava pronto para receber o cumprimento das promessas que o Senhor tinha feito a Abraão, de que seus descendentes herdariam a terra “desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates” (Gn 15:18). Após as primeiras vitórias de Davi como rei de Israel contra os filisteus (2Sm 5:17-25; 8:1, 2) e contra Moabe (2Sm 8:2), ele enfrentou a ameaça militar dos arameus [sírios]. Davi lutou contra Hadadezer, rei de  Zobá, conflito do qual saiu vitorioso, depois de matar 18 mil sírios no vale do Sal. Além disso, “Davi colocou destacamentos de seu exército em todo o território de Edom, e assim sujeitou todos os edomitas. O Senhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse” (2Sm 8:14, NVT). 

Os Salmos não são meras reflexões filosóficas de seres humanos acerca de uma divindade distante. Esses cânticos têm origem em problemas reais enfrentados na vida cotidiana (compare 2Sm 8 com a menção de Moabe, Edom e Filístia no Sl 60:8). Davi escreveu o Salmo 60 naqueles momentos terríveis em que Israel lutava contra inimigos poderosos. Apesar da terrível oposição (Sl 60:1-3), Davi expressou fé: “Contudo, levantaste uma bandeira para os que Te temem, um ponto de abrigo em meio ao ataque” (v. 4, NVT). 

O poema do Salmo 60 nos promete que Deus está com Seu povo (v. 6-8). Por isso, Davi pediu a presença de Deus nas horas mais difíceis (v. 9-11). Dessa forma, o salmo termina, não com um espírito pessimista, remoendo acerca do caminho escuro que temos pela frente, mas com forte confiança em Deus para triunfar: “Em Deus faremos proezas, porque Ele mesmo pisará os nossos adversários” (v. 12). Quando confrontados com desafios e oposição aparentemente esmagadores, a melhor maneira de enfrentá-los é nos ajoelharmos e depois levantarmos, cheios de confiança em Deus para nos capacitar a fazer grandes obras para Ele. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

O estudo desses quatro cânticos – Salmos 44, 22, 13 e 60 – nos ensina como orar em tempos de tribulação. Aprendemos a necessidade de expressar com toda sinceridade nossos problemas, falhas e desânimo ao Senhor em oração. Com segurança, podemos levar nossas queixas e tristezas ao Criador, agindo com fé e confiando que nossas orações serão ouvidas. 

Convide os membros de sua classe a expressar suas tristezas a Deus. Peça-lhes que compartilhem com o restante do grupo as novas percepções que esta lição lhes trouxe sobre a oração. Se possível, escolha um voluntário para compartilhar, no espírito dos salmistas, uma experiência em sua vida de oração que fortaleceu sua fé e lhe deu novas forças para prosseguir. Lembre-se: longe de ser apenas uma coleção de belos poemas, o Saltério é um convite para fazer a vontade de Deus! 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Um bom começo

Índia | Simon

Simon, que morava no norte da Índia, adorava correr. Ele admirava especialmente Usain Bolt, o velocista jamaicano conhecido como o homem mais rápido vivo.

Simon nunca esqueceu uma declaração que Usain Bolt fez uma vez na televisão. Ele disse: “Treinei quatro anos para correr nove segundos”. Simon ficou surpreso com o fato de um atleta estar disposto a treinar por anos apenas para correr por alguns segundos. Ele percebeu que treinar deve ser muito importante para os corredores.

Os pais de Simon também perceberam que o treinamento era muito importante. Eles pensaram em um treinamento adequado para Simon quando ele se preparava para entrar na escola em sua cidade natal, Anni. O pai queria que Simon frequentasse uma escola adventista do sétimo dia e queria uma recomendação sobre qual seria a melhor para seu filho.

“Simon tem cinco anos”, disse ele ao irmão. “Onde você acha que eu deveria mandá-lo para estudar?” “Coloque Simon em nossa escola aqui”, disse seu irmão. “É mais perto de sua casa do que as outras escolas.”

A escola ficava a apenas dez minutos a pé da casa de Simon. Então, Simon foi enviado para a escola adventista local para começar o jardim da infância.

No primeiro dia, Simon não tinha tanta certeza se queria ir. Ele chorou enquanto a mãe caminhava com ele para a escola e chorou quando ela o deixou lá. Ele sentiu muito medo porque não conseguia ver a mãe em nenhum lugar da sala. Mas as lágrimas secaram rapidamente durante o culto matinal. Os professores ensinaram canções sobre Jesus. O diretor leu uma história da Bíblia. Simon gostou das canções e das histórias. Em pouco tempo, ele começou a fazer amizade com as outras crianças. Ele estava feliz em conversar, estudar e simplesmente estar com eles.

Um ano se passou, e Simon entrou na primeira série. O tempo passou, e ele terminou a segunda, a terceira e a quarta séries. Enquanto estudava, ele aprendeu a ser honesto, gentil e prestativo, assim como Jesus na Bíblia. Ele também aprendeu a correr.

Um dia, um professor disse aos alunos: “Vocês deveriam correr porque faz bem à saúde”. Então, Simon decidiu correr todos os dias. Em vez de ir caminhando para a escola, ele corria. Às vezes, corria com seus amigos para ver quem chegaria primeiro à escola. Às vezes, ele saía tarde de casa e tinha que correr para chegar à escola no horário.

Depois da escola, ele ia a um parque perto de sua casa e corria com os amigos. Os meninos corriam por cinco a dez minutos, descansavam e corriam novamente por um total de 30 minutos.

Quando Simon começou a correr, sentia que era um trabalho árduo, pois ele sentia muito calor. Mas depois de um tempo, ficou mais fácil. Depois de vários meses correndo todos os dias, ele quase não suava. Ele se sentia muito bem depois de correr. Seu humor melhorou, e ele achava mais fácil fazer o dever de casa.

Simon aprendeu um princípio importante sobre os exercícios físicos. Ellen White escreveu: “Seus músculos foram feitos para serem usados, não para ficarem inativos”. Se a pessoa se exercitasse regularmente, diz ela, “sua mente seria mais bem equilibrada, seus pensamentos de natureza mais pura e mais elevada, e seu sono mais natural e saudável. […] Seus pensamentos sobre a verdade sagrada seriam mais claros, e sua energia moral mais vigorosa” (Testemunhos para a Igreja, v. 3, p. 235).

Antes que Simon percebesse, ele havia concluído a oitava série. Hoje, Simon é um estudante universitário de 21 anos e diz que a escola lhe deu um bom começo de vida. Ele aprendeu a correr. Ele aprendeu sobre Jesus e recebeu um bom treinamento.

“Por meio desta escola, Deus me ajudou a ser um homem com moral e dignidade”, disse ele.

Parte da oferta deste trimestre ajudará a construir um novo prédio escolar para as 450 crianças que estudam na escola adventista em Anni, Índia. As crianças agora estudam em um antigo prédio construído por um missionário alemão que fundou a escola em 1976. Obrigado por planejar uma oferta generosa em 30 de março.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

Faça o download de publicações missionárias e fatos rápidos da Divisão Sul-Asiática: bit.ly/sud-2024.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024

Tema geral: O Livro dos Salmos

Lição 2 – 6 a 13 de janeiro

Ensina-nos a orar

 

Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Introdução

            A oração é conhecida como um dos elementos que fazem parte do estilo de vida cristão (ver livro Nisto Cremos, na seção sobre estilo de vida). A experiência cristã é constituída por um tripé que inclui a oração, o estudo da Bíblia e o testemunho. Esses três elementos fazem parte da caminhada cristã, e o Livro dos Salmos, em seus capítulos, aborda os três tópicos. No estudo desta semana, a ênfase está na prática da oração.

            Salmos é mais conhecido como um livro de cânticos, justamente por sua ênfase em questões musicais, como menções a coros, instrumentos e notas. Ao longo do tempo, o livro foi conhecido como o “Hinário de Israel”, porque seus louvores fazem parte de momentos de festividades da nação. No entanto, por mais que o texto de Salmos tenha sido escrito em um gênero poético/musical, alguns capítulos são orações dos salmistas expressas a Deus. Para o estudo desta semana, foram selecionados quatro capítulos do livro que constituem orações dos salmistas.

O uso dos salmos – lições de sábado a segunda-feira

            O texto de Colossenses 3:16 indica que os salmos poderiam ser usados em encontros da congregação, pois o conselho de Paulo é que os cristãos deveriam instruir-se e aconselhar-se “mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos”. No entanto, o texto de 1 Coríntios 14:26 mostra que o livro também era usado na liturgia da igreja primitiva, sendo intercalado ou usado com outros elementos do culto. Assim, observa-se que o Livro dos Salmos pode ser usado tanto de forma particular quanto pública na experiência da igreja. Para exemplificar isso, a lição de segunda-feira indica alguns momentos e ocasiões desse uso.

Salmos de orações 

Salmo 44 – Queixa e apelo

            O Salmo 44 é caracterizado como uma oração porque a fala do salmista no capítulo é direcionada a Deus: “Ouvimos, ó Deus” (v. 1); “Tu és o meu Rei, ó Deus” (v. 4); “Desperta! Por que dormes, Senhor?” (v. 23).

Ao conferir o capítulo na edição da Bíblia Hebraica, percebe-se que o texto foi estruturado em três partes: a) versos 1 a 8; b) versos 9 a 16; c) versos 17 a 26. Para cada uma dessas partes há um desenvolvimento do tema que está sendo exposto pelo salmista. Na primeira seção (v. 1-8), o salmista relembra os atos de livramento que Deus operou em favor do Seu povo. Nos versos 1 a 3, esses atos correspondiam ao tempo dos antepassados (v. 1), que estes haviam transmitido aos seus filhos. No entanto, nos versículos 4 a 8, o salmista já relata atos de livramento que ele mesmo vivenciou, quer dizer, a narrativa de sua própria experiência. Nesses dois momentos, o poder de Deus está sendo exaltado em vencer os inimigos. O que se aprende dessa primeira seção é que não temos que viver somente das experiências narradas por outros, nós mesmos precisamos vivenciar o poder de Deus em nossa experiência de vida.

Nas outras duas partes do capítulo (v. 9-16 e 17-26), a tonalidade do tema muda, pois é apresentada uma queixa a Deus pela situação de vexame, vergonha e humilhação que a nação estava passando diante dos seus inimigos (v. 9-16). Pelo subtítulo do capítulo é possível identificar a que período da história de Israel o texto se refere, pois a autoria do salmo é remetida aos “filhos de Corá”. Esses eram cantores levitas (1Cr 6:37), conhecidos como “coreítas” e que “estavam encarregados da obra do ministério” no templo (1Cr 9:19). No entanto, esse grupo está sendo mencionado em 1 Crônicas como os descendentes judeus que retornaram “depois do cativeiro” babilônico (1Cr 9), que subiram com Esdras e Neemias após 537 a.C. Sendo assim, é possível que o Salmo 44 tenha sido escrito durante ou após o cativeiro babilônico, no qual um grupo de judeus piedosos, que se mantiveram fiéis ao Senhor mesmo diante da apostasia que levou a nação ao cativeiro, está se queixando (v. 17-22). Esse grupo pede que Deus Se desperte e Se levante a fim de livrá-los (v. 23-26). O que se aprende é que na oração o fiel também pode expressar suas dúvidas ou queixas em relação a situações que talvez ele não esteja entendendo. O importante é manter a fé e apelar ao amor e à benignidade de Deus (v. 26).

 Salmo 22 – Confiança em tempos de dificuldade

            O Salmo 22 faz parte de um grupo de “Salmos messiânicos”, cujo conteúdo tem natureza profética messiânica, ou seja, suas declarações encontram cumprimento no ministério de Jesus Cristo, o Messias. Ao ler o salmo, rapidamente, o leitor se lembrará das palavras que Jesus pronunciou, principalmente as que fazem parte do fim do Seu ministério na Terra (Sl 22:1, 2, 7, 8, 16-18; compare com Mt 27:46; Mc 15:34; Mt 27:29; Lc 23:24; Jo 19:23, 24).

            Antes do salmo ser aplicado ao Messias, primariamente se referiu a Davi, visto ser ele o autor do salmo, conforme indicado em seu subtítulo – “Salmo de Davi”. Em seu conteúdo, é indicado que Davi estava passando por alguma situação angustiante, possivelmente alguma perseguição inimiga (v. 7, 8, 16-18), e estava clamando a Deus por livramento. No entanto, ainda não havia resposta às suas orações (v. 1, 2). Porém, o salmo não permanece apenas em lamentos. O salmista também expressa a sua fé em Deus, mesmo diante do silêncio em relação às suas orações (v. 19-31). Com esse salmo, ensina-se que a pessoa também pode passar por períodos em que a sua oração parece que não será atendida, ou que Deus esteja em silêncio, demorando para atender. No entanto, mais uma vez, a ênfase é que a fé pode prevalecer sobre a demora e o silêncio.

Salmo 13 – Do lamento à salvação

            O salmo 13 possui seis versículos, podendo ser lido em três partes: v. 1 e 2; v. 3 e 4; v. 5 e 6. Nos versos 1 e 2, o salmista lamenta o aparente silêncio ou demora de Deus em atender à sua oração (v. 1) e a angústia que ele estava sofrendo por causa da ameaça de seus inimigos (v. 2). Por isso, podemos chamar essa seção de “lamento”. Nesses versículos, é usada uma importante expressão (“Até quando?”), que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento é usada em contextos de clamor por juízo/justiça (2Sm 2:26; Dn 8:13; Hc 1:2; 2:6; Ap 6:10). Assim, é comum o povo de Deus orar lamentando e clamar por justiça.

            A segunda parte do capítulo (v. 3, 4) é conhecida pelo seu clamor/pedido que o salmista faz a Deus. A seção inicia com a palavra “Atenta” (v. 3). Essa palavra foi usada no contexto das orações de Salomão ao dedicar o templo (1Rs 8:28, 29), na promessa de retorno do cativeiro mediante as orações do povo (Jr 29:10-13) e na oração de Daniel por restauração (Dn 9:19). Essa segunda seção pode ser chamada de “clamor”.

            Na última seção (v. 5, 6), o salmista expressa a sua confiança e louvor pela salvação divina. Essa parte pode ser chamada de “salvação”.

            Com essa estrutura (v. 1, 2 = lamento; v. 3, 4 = clamor; v. 5, 6 = salvação), percebe-se um crescente na experiência do salmista: ele começa de uma experiência de lamento, passa pelo clamor a Deus e termina com salvação e esperança. Isso retrata a experiência que cada cristão também pode vivenciar em sua caminhada com Deus.

Salmo 60:1-5 – Clamor por salvação

            À semelhança dos outros salmos analisados, esse capítulo também começa em forma de lamento, no qual é exclamado o sentimento de abandono e desprezo por parte de Deus (v. 1). No entanto, antes que Deus responda nos versículos 6 a 8, o salmista ainda expressa a sua fé persistente e paciente ao continuar pedindo a salvação e a resposta de Deus (v. 5). Após esse pedido, Deus responde que vai destruir os principais inimigos de Israel naquele contexto. Por fim, o salmista exclama a prevalência de sua fé em Deus ao dizer: “Em Deus faremos proezas, porque Ele mesmo calca aos pés os nossos adversários” (v. 12).

            A lição que se obtém desses salmos é que a pessoa é livre para expressar os sentimentos diversos diante de Deus em oração, mesmo que esses sentimentos sejam de temor, dúvidas ou medo. Deus está com Seus ouvidos abertos e atentos para ouvir. No entanto, o que esses salmos também demonstram é que a persistência e a fé permanecem, mesmo diante da aparente demora ou da indiferença divina. No fim, Deus sempre Se levantará para atender e defender Seu povo fiel.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo - campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela Universidad Peruana Unión (UPeU - campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata - Libertador San Martin - Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira, nascida Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.