Nesta semana estudaremos Marcos 10, concluindo a seção especial em que Jesus ensinou Seus discípulos em preparação para a cruz. Cerca de metade do capítulo trata dos próprios discípulos, e o restante trata de questões importantes para o discipulado, mas contadas através das lentes de outras pessoas que interagiram com Jesus. Os fariseus vêm e discutem com Ele sobre o assunto do divórcio. Os pais levam seus filhos para que Jesus os abençoe. Um homem rico pergunta sobre a vida eterna e um cego pede para ver.
O capítulo 10 de Marcos traz ensinamentos importantes sobre o que significa seguir Jesus, especialmente no que se refere a viver aqui e agora: casamento, filhos, como se relacionar com as riquezas e, por último, as recompensas e o custo de seguir a Cristo. Para completar, é relatada a cura de um segundo cego (Mc 10:46-52; compare com Mc 8:22-26), que encerra a seção (Mc 8:22–10:52) e ilustra de maneira muito bonita o custo e os resultados de seguir Jesus.
Juntas, essas lições preparam o seguidor de Jesus – sejam os discípulos de 2 mil anos atrás ou os discípulos do século 21 – para os desafios que acompanham o chamado para o discipulado.
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1. Que armadilha estava escondida na pergunta dos fariseus sobre o divórcio? Que lições Jesus ensinou? Mc 10:1-12; Gn 1:27; 2:24
Os fariseus perguntaram a Jesus se é lícito ao marido se divorciar da sua mulher. O divórcio era considerado lícito entre os fariseus. No entanto, eles discutiam em que casos isso seria aceitável. Dois importantes rabinos da época de Jesus defendiam pontos de vista diferentes. A Escola de Shammai era indiscutivelmente mais restritiva – o divórcio era permitido apenas em casos como falta de filhos, negligência material, negligência emocional ou infidelidade conjugal. A Escola de Hillel era muito mais branda, permitindo o divórcio por quase qualquer motivo, embora o processo de concessão do divórcio fosse mais complexo, ajudando a desacelerar as coisas.
Então, parece estranho que os fariseus tenham feito a Jesus uma pergunta mais abrangente: se o divórcio era aceitável. Por trás dessa pergunta havia uma conspiração para colocar Jesus em apuros com Herodes Antipas, o governante da região a leste do Jordão, onde Jesus estava naquele momento. Antipas havia se divorciado da esposa e se casado com Herodias, esposa do próprio irmão. Herodes decapitou João Batista por ter condenado esse relacionamento ilícito (veja Mt 14:1-12).
Jesus respondeu indagando o que Moisés tinha ordenado. Os fariseus haviam citado Deuteronômio 24:1-4, que descreve um caso de novo casamento após o divórcio. Os israelitas da época de Moisés praticavam o divórcio. Essa lei (Dt 24:1-4) pretendia proteger a mulher. Mas nos dias de Jesus essa lei tinha sido distorcida pela Escola de Hillel para facilitar o divórcio por quase qualquer motivo. O que era destinado a proteger a mulher acabou sendo usado para facilitar o repúdio dela.
Em vez de debater a lei de Deuteronômio 24, Jesus mencionou o ideal original de Deus para o casamento (Gn 1; 2). Ele observou que, no início, Deus fez um homem e uma mulher, dois indivíduos (Gn 1:27). Ele então combinou essa verdade com Gênesis 2:24, que ensina que o homem deixa seus pais e se une à esposa, tornando-se os dois uma só carne. Esse conceito de unidade se tornou a base da afirmação de Jesus sobre o vínculo matrimonial. O que Deus uniu, as pessoas não deveriam separar.
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2. O que Jesus fez pelos que levaram as crianças até Ele? Mc 10:13-16
Embora as crianças fossem desejadas no mundo antigo (especialmente os meninos, na cultura predominantemente masculina), o nascimento e a infância não eram fáceis. Os riscos de morte eram elevados: para as mães durante o parto e para os recém-nascidos, bebês e crianças. Muitas culturas usavam medicamentos tradicionais e amuletos para proteger essas pessoas vulneráveis contra supostas forças malévolas.
As crianças ocupavam uma posição social inferior, semelhante à dos escravos (Gl 4:1, 2). No mundo greco-romano, crianças com deficiências físicas ou que fossem indesejáveis eram expostas, ou jogadas em um rio. Os meninos eram mais valorizados que as meninas; às vezes, meninas eram deixadas para morrer na natureza. Algumas vezes bebês abandonados eram “resgatados” para serem criados e vendidos como escravos.
Os discípulos não entenderam o conceito de receber o Reino de Deus como uma criança (Mc 9:33-37). Então, repreendiam os que levavam crianças a Jesus para serem abençoadas, talvez pensando que Ele não tivesse tempo para uma tarefa tão simples.
Eles estavam errados. Jesus ficou indignado. No Evangelho de Marcos, Jesus tem reações surpreendentes em relação às pessoas, e é interessante que uma de Suas fortes reações tenha sido em relação às pessoas que queriam afastar Dele as crianças.
Jesus insistiu que os discípulos não deveriam impedir as crianças. Por quê? Porque o Reino de Deus pertence a elas, e devemos recebê-lo na atitude de uma criança – provavelmente uma referência à confiança simples e irrestrita em Deus.
“Não deixem que seu caráter não cristão represente mal a Jesus. Não mantenham os pequeninos afastados Dele por sua frieza e aspereza. Nunca lhes deem motivo de pensar que o Céu não seria um lugar aprazível para eles, se lá estivessem.
“Não falem de religião como de uma coisa que as crianças não possam compreender, nem procedam como se não se esperasse delas que aceitassem a Cristo [...]. Não lhes deem a falsa impressão de que [...] elas devem renunciar a tudo quanto faz a vida agradável” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 21).
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3. Que lições essenciais sobre a fé e o custo do discipulado, para qualquer pessoa, rica ou pobre, são reveladas em Marcos 10:17-31?
As atitudes do homem indicam sua sinceridade e seu respeito por Jesus. Ele correu, ajoelhou-se diante Dele e fez a pergunta central para o destino de cada pessoa: Quais são os requisitos para herdar a vida eterna? Jesus respondeu citando a segunda tábua do Decálogo. Novamente, o homem mostrou seu idealismo ao dizer que guardava tudo aquilo desde a juventude.
Dos quatro evangelhos, só Marcos observa que Jesus amou aquele homem (Mc 10:21). Há algo atrativo no idealismo do homem. Mas Jesus testou a sinceridade dele pedindo-lhe que vendesse tudo e O seguisse. O homem saiu desanimado, porque tinha muitas propriedades. Ele não estava realmente guardando os mandamentos. Ele quebrava o primeiro, colocando algo acima de Deus. Suas riquezas eram seu ídolo.
Jesus então explicou como as riquezas são sedutoras e disse que é mais fácil um animal grande como um camelo passar pelo minúsculo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Céu.
Os discípulos ficaram surpresos com as palavras de Jesus e perguntaram quem, então, poderia ser salvo. Jesus apresentou a moral da história: “Para os seres humanos é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Mc 10:27).
Marcos 10:27 parece uma ótima conclusão da história: não chegaremos ao Céu por nossos próprios esforços; precisamos da graça de Deus para sermos salvos.
Mas então Pedro deixou escapar que ele e seus amigos haviam deixado tudo para seguir Jesus. O Mestre respondeu que tudo o que deixamos para segui-Lo não é nada comparado com o que vamos receber agora e “no mundo por vir”.
Este é o ponto principal: a solução para a culpa humana é a morte de Cristo; portanto, é a graça de Cristo e Sua ressurreição que nos capacitam a obedecer aos Seus mandamentos.
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4. O que revela a contínua falta de conhecimento dos discípulos quanto à missão de Jesus e ao significado de segui-Lo? Mc 10:32-45
À medida que Jesus Se aproximava de Jerusalém, revelava aos discípulos o que aconteceria lá. Esse não era um cenário em que eles acreditassem ou sobre o qual desejassem ouvir. É impressionante quão específico Jesus foi a respeito de Sua morte e ressurreição. Mas, quando não queremos ouvir uma coisa, é muito fácil ignorá-la.
Aparentemente foi isso que Tiago e João fizeram ao se dirigirem a Jesus com um pedido. Jesus, com razão, pediu mais detalhes, e eles responderam que desejavam sentar-se à Sua direita e à Sua esquerda na glória. É fácil criticar o pedido deles como completamente egocêntrico. Mas aqueles dois homens se dedicavam ao ministério de Jesus, e o desejo deles provavelmente não era de natureza totalmente egoísta.
Jesus procurou aprofundar a compreensão deles exatamente sobre o que estavam pedindo. Ele perguntou se poderiam beber o Seu cálice ou serem batizados com o Seu batismo. O cálice seria o sofrimento que Ele experimentaria no Getsêmani e na cruz (Mc 14:36), e o Seu batismo seria Sua morte e sepultamento (Mc 15:33-47) – esses eventos são paralelos ao Seu batismo, registrado em Marcos 1.
Tiago e João, no entanto, não perceberam isso. De modo leviano, responderam que eram capazes. Jesus então profetizou que eles beberiam o Seu cálice e seriam batizados com o Seu batismo. Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer como mártir (At 12:2). João foi o que viveu mais tempo entre os apóstolos e foi exilado em Patmos (Ap 1:9). Mas Jesus indicou que os lugares de glória são estabelecidos por Deus.
Como os discípulos reagiram à resposta de Jesus? Não muito bem. A mesma palavra grega, aganakte? (“indignar-se, ficar irado”), é usada em Marcos 10:14 e 41.
Jesus ensinou que os governadores usam o poder para obter vantagem. Contudo, no Reino de Deus, o poder é usado para edificar e abençoar os outros. Jesus era o primeiro a praticar esse ensino, como o Rei do Reino de Deus. Como? Dando a vida como resgate – mas não era isso que Seus seguidores esperavam ouvir.
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5. Leia Marcos 10:46-52. Como Bartimeu reagiu à chegada de Jesus?
Até esse ponto no evangelho de Marcos, com poucas exceções, Jesus dizia às pessoas que não contassem a ninguém sobre Seus milagres e sobre quem Ele era. Nesse relato do texto de hoje, quando Bartimeu ouviu que se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tenha compaixão de mim!” (Mc 10:47). Mantendo o tema da revelação e do segredo, presente no Evangelho de Marcos, a multidão assumiu o papel de quem pedia silêncio enquanto tentava, sem sucesso, acalmar o mendigo barulhento.
Mas Bartimeu não se intimidou e gritou ainda mais alto (Mc 10:48). Suas palavras eram uma confissão de fé em Jesus como o Messias e uma expressão da certeza de que Ele podia curá-lo. O título “Filho de Davi”, na época de Jesus, envolvia dois conceitos: o retorno de um rei ao trono de Israel (Is 11; Jr 23:5, 6; 33:15; Ez 34:23, 24; 37:24; Mq 5:2-4; Zc 3:8; Zc 6:12) e a ideia de que esse personagem realizaria curas e expulsão de demônios.
Jesus parou e pediu que chamassem o cego. É interessante que o homem, ao se aproximar de Jesus, atirou a capa para o lado. Nesse tempo, os cegos ocupavam a parte inferior da sociedade, juntamente com as viúvas e os órfãos. Estavam abaixo do nível de subsistência e enfrentavam perigo real. A capa representava a segurança do homem. Deixá-la para trás significava que ele tinha fé de que Jesus o curaria.
Jesus não o decepcionou. Todos que iam a Ele em busca de ajuda eram recebidos. Cristo fez a mesma pergunta que havia feito a Tiago e João: “O que você quer que Eu lhe faça?” (Mc 10:36, 51). Sem hesitar, o cego pediu a Cristo que lhe desse visão, o que o Mestre fez imediatamente. Então o homem agora curado O seguiu pela estrada.
Essa história é o encerramento da seção de discipulado em Marcos, servindo como complemento e apoio para a história da cura de outro homem cego, em Marcos 8:22-26. As duas histórias ilustram que o discipulado consiste em ver o mundo e a realidade com novos olhos, às vezes não claramente no início, mas sempre seguindo Jesus no caminho.
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Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 409-413 (“O Mestre e os pequeninos”), p. 414-417 (“O jovem que tinha quase tudo”).
“Jesus sempre amou as crianças. Aceitava a inocente afeição e o amor espontâneo e sincero delas. O grato louvor de seus lábios puros era como música aos ouvidos de Cristo e renovava Seu espírito quando oprimido pelo contato com pessoas astutas e hipócritas. Em qualquer lugar onde o Salvador estivesse, Seu rosto amável e Seus gestos suaves e bondosos conquistavam a confiança dos pequeninos” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 409).
“Para os que, como o jovem rico, têm altas posições e grandes riquezas, talvez pareça sacrifício grande demais abandonar tudo a fim de seguir a Cristo. Mas essa é a norma de conduta para todos os que quiserem se tornar Seus discípulos. Nada menos do que obediência pode ser aceita. A entrega do próprio eu é a essência dos ensinamentos de Cristo. Às vezes, a linguagem usada por Ele pode parecer autoritária, porque não há outro modo de salvar as pessoas a não ser removendo as coisas que, mantidas, corromperão todo o ser” (O Desejado de Todas as Nações, p. 417).
Perguntas para consideração
- Como ajudar as crianças e os jovens a permanecer ligados a Cristo e à igreja? Por que é tão importante que façamos isso?
- Alguns dizem que não se importam com dinheiro. Isso não é verdade. Todos se preocupam com dinheiro, e isso não é errado. Qual é, então, o problema com o dinheiro, e que cuidado devemos ter em nossa relação com ele?
- Se Jesus lhe perguntasse: “O que você quer que Eu lhe faça?”, o que você responderia ao Mestre?
- Pense no texto de Marcos 10:43-45. Como aprender a servir em vez de ser servido? O que isso significa quanto à maneira de viver e interagir com as pessoas?
Respostas e atividades da semana: 1. Os fariseus tentaram induzir Jesus a fazer uma declaração contrária aos princípios eternos da criação em relação ao casamento; possivelmente eles quiseram colocar Jesus contra Herodes Antipas, o governador imoral. 2. Jesus acolheu os pais que trouxeram as crianças a Ele; ficou indignado com os discípulos; tomou as crianças nos braços e as abençoou. 3. Ainda que aparentemente estejamos seguindo toda a lei de Deus, podemos estar transgredindo o espírito de amor por trás da lei; devemos amar a Deus acima dos ídolos que adoramos inconscientemente; devemos colocar tudo que somos e temos a serviço do Reino, em gratidão pelo dom da vida eterna. 4. Enquanto Jesus Se preparava para o sofrimento e o sacrifício na cruz, os discípulos buscavam honra e glória terrestres. 5. Com fé, esperança e desespero. Ele clamou mais alto que a multidão, até que Jesus parou para atendê-lo e curá-lo.
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TEXTOS-CHAVE: Marcos 10:15, 21, 22, 44, 45
FOCO DO ESTUDO: Marcos 10
ESBOÇO
Introdução: Nos capítulos que estudamos anteriormente, Marcos enfatizou a consideração especial que Jesus deu ao reino de Deus em Sua pregação. No capítulo 10, contudo, o evangelho observa o impacto do reino de Deus no coração das pessoas que aceitaram os princípios desse reino na vida delas. Além disso, Marcos explica como nós também podemos experimentar o reino enquanto esperamos sua grande manifestação no fim dos tempos.
Temas da lição: Nosso estudo desta semana aborda a questão de como podemos entrar no reino de Deus. Também analisamos os desafios que as pessoas enfrentam na intenção de entrar no reino ou de experimentá-lo agora. Examinaremos estes três elementos:
1. Marcos ilustra que as pessoas que desejam entrar no reino de Deus devem possuir a atitude natural de uma criança.
2. Deus chama os ricos, assim como os pobres, para entrar no reino de Deus.
3. Para experimentarmos agora o reino de Deus, devemos ter em mente certos princípios.
COMENTÁRIO
O reino de Deus e as crianças
Assim como nos capítulos anteriores do evangelho de Marcos, o tema do reino de Deus é também um tema central no capítulo 10. Nesse capítulo, contudo, o autor aborda um interesse relacionado: como as pessoas podem entrar no reino de Deus? Ou seja, quão difícil é para as pessoas fazerem isso? Marcos apresenta essa questão na forma de duas perguntas: “Que farei para herdar a vida eterna?” (Mc 10:17) e “Quem pode ser salvo?” (Mc 10:26). Em essência, essas duas perguntas expressam a mesma ideia sobre quem pode entrar no reino de Deus. Além disso, as respostas a ambas as perguntas revelam a importância que Jesus deu ao reino de Deus em Sua pregação.
Para entrar no reino de Deus, as pessoas devem aceitá-lo e crer nele com a confiança e a fé irrestritas de uma criança. Marcos 10:15 especifica: “Em verdade lhes digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.” Os pais concordariam que, quando dão presentes aos filhos pequenos, estes não perguntam o que devem fazer para receber os presentes. As crianças simplesmente estendem as mãos e pegam o presente. Jesus anseia ver esse mesmo tipo de entusiasmo e aceitação no coração de Seus ouvintes ao responderem à Sua mensagem sobre o reino e ao próprio reino. O texto original grego parece apoiar essa ideia. O verbo traduzido como “receber” nesse verso é a palavra grega dechomai, que significa “apoderar-se de algo”, “receber prontamente informações e considerá-las verdadeiras – receber prontamente, aceitar, crer”; “aceitar a presença de uma pessoa com simpatia, ‘acolher’” (Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English Lexicon of the New Testament: Based on Semantic Domains [Nova York: United Bible Societies, 1989], v. 2, p. 220, 372, 453). Em outras palavras, Jesus diz aos discípulos, bem como ao restante dos Seus seguidores, que se quiserem entrar no Reino de Deus, eles precisam crer no reino, acolhê-lo e apoderar-se dele com o entusiasmo de uma criancinha quando recebe um presente. Em resumo, podemos entrar no reino se aceitarmos as boas-novas sobre ele. Quando cremos nas boas-novas, o reino se torna nosso.
Cristo chama ricos e pobres para entrar no reino de Deus
A história do jovem rico vem imediatamente depois de Jesus pronunciar Sua bênção sobre as criancinhas. O jovem rico provavelmente estava entre as pessoas da multidão que O viram tomar as crianças nos braços e abençoá-las. Em seguida, Jesus fala sobre como as pessoas podem entrar no reino de Deus. Talvez o jovem tenha ficado comovido com a compaixão de Jesus pelas crianças, e sua pergunta brotou de um coração comovido pela misericórdia do Salvador naquele momento.
Atraído por Jesus, o jovem perguntou: “Que farei para herdar a vida eterna?” (Mc 10:17). Nessa questão, Marcos conecta duas ideias: o reino de Deus e herdar a vida eterna. Nas próximas seções, no capítulo 10, Jesus apresenta dois fatores que podem dificultar ou impedir as pessoas de experimentar o reino de Deus e entrar nele. Com a resposta de Jesus, aprendemos que entrar no reino não é tão complicado. Ao mesmo tempo, devemos estar conscientes dos desafios ou armadilhas que podem nos enredar em nossa jornada em direção ao reino. A primeira armadilha envolve nossos bens materiais.
Depois de ler a história do jovem rico, notamos que os herdeiros do reino de Deus têm profundo conhecimento de Sua lei e das Escrituras. Deus ama aqueles que seguem Suas instruções. Mas a obediência por si só não é suficiente para garantir a entrada no reino de Deus. Em Marcos 10:21 e 22, Jesus identifica um elemento importante que reforça os princípios que Ele recomendou ao falar das criancinhas. Marcos escreveu sobre Jesus e o jovem rico: “E Jesus, olhando para ele com amor, disse: – Só uma coisa falta a você: vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres e você terá um tesouro no Céu; depois, venha e siga-Me. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.” Jesus amava o jovem e apreciava a fidelidade dele à lei de Deus. No entanto, o jovem não acreditava no reino de Deus e em tudo o que estava envolvido nisso. Somente alguém que aceitou o reino de Deus e nele creu pode entrar nele. O jovem rico não creu no reino; ou, pelo menos, não estava disposto a crer nele ou aceitá-lo.
O jovem rico, assim como alguns dos discípulos de Jesus, entendeu o reino de Deus em termos terrenos, identificando riqueza e poder como seus principais componentes. Poderíamos dizer que o jovem rico já era cidadão de um “grande reino” deste mundo, isto é, o reino de Mamom (as riquezas). “Porque era dono de muitas propriedades” (Mc 10:22). Mas, mesmo que o jovem rico cresse nas Escrituras, ele não estava disposto a se separar do “seu próprio reino”. Podemos dizer que não acreditava que o reino de Deus pudesse, em última instância, trazer-lhe a vida melhor que procurava. Essa narrativa não aborda as riquezas em si mesmas, mas a prioridade que aqueles que afirmam crer em Jesus dão ao Seu reino. Infelizmente, muitas pessoas constroem grandes impérios neste mundo que as impedem de ver a relevância do reino de Deus em sua vida. Como resultado, não colocam o reino de Deus em primeiro lugar.
Também é verdade que uma pessoa rica não precisa necessariamente renunciar aos bens ou à família para se tornar uma verdadeira seguidora de Jesus. Em Sua resposta a Pedro, Ele declarou: “Em verdade lhes digo que não há ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por Minha causa e por causa do evangelho, que não receba, já no presente, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, receberá a vida eterna” (Mc 10:29, 30, grifo nosso). O que esses versos destacam é uma mudança radical nas antigas prioridades da vida.
A questão importante presente nesse texto é que o reino de Deus deve ser colocado no coração humano acima da lealdade a todos os reinos terrenos. Assim, Marcos enfatiza o senhorio de Deus sobre nossa vida. Quando o Senhor reina sobre nossa vida, Ele reina sobre nossos bens. Se isso não acontecer, estaremos longe do reino de Deus.
Experimentando o reino de Deus
A questão discutida anteriormente se concentra em um grande obstáculo à entrada no reino de Deus: priorizar as posses terrenas acima do reino de Deus. Nosso próximo tópico diz respeito às nossas relações com os outros. Como os cidadãos do reino de Deus devem viver em comunidade? Esse assunto é agora o nosso enfoque.
Para começar, notamos que a expressão “entre vocês” é enfatizada nessa parte de Marcos 10. O evangelista conecta a discussão anterior sobre posses à discussão sobre as relações pessoais. Jesus afirma: “Porém muitos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros” (Mc 10:31). Em outras palavras, a entrada no reino de Deus não se baseia na hierarquia humana. Para ilustrar essa verdade, vamos considerar por um momento a história de Jesus e dos discípulos a caminho de Jerusalém. Os discípulos pensaram que Ele estivesse indo para Jerusalém para estabelecer Seu reino. Assim, dois deles fizeram o pedido: “Permite-nos que, na Sua glória, nos assentemos um à Sua direita e o outro à Sua esquerda” (Mc 10:37). Percebe que os discípulos não pediram para entrar no reino? Em vez disso, tentaram exercer pressão para obter posições privilegiadas. Em Sua resposta, Jesus havia explicado que os Seus seguidores que se esforçassem para entrar no reino receberiam bênçãos (Mc 10:30) e perseguições nesta vida.
Em Marcos 10:38 a 40, Jesus enfatizou, mais uma vez, que Seu reino incluía o cálice do sofrimento, não uma vida de domínio sobre as outras pessoas. Não há nada de errado em aspirar à excelência em qualquer instituição ou organização, inclusive nas comunidades eclesiásticas. Contudo, Jesus mostra como essa busca pela excelência deveria ser conduzida. Em Marcos 10:43 a 45, Ele especificou qual deve ser a atitude correta dos líderes em suas comunidades: “Quem quiser tornar-se grande entre vocês, que se coloque a serviço dos outros; e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que seja servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos.”
Em outras palavras, a nossa cidadania no reino de Deus, especialmente para aqueles que ocupam posições de liderança, envolve uma vida de sacrifício e serviço, em vez de domínio sobre os outros. Jesus é o exemplo que devemos nos esforçar para imitar.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Jesus declarou: “Como é difícil entrar no reino de Deus!” (Mc 10:24). O que Ele quis dizer com isso? O verso não diz que é impossível entrar no reino de Deus, apenas que fazê-lo é “difícil”. Por quê? Uma possível razão é que as pessoas bastante ricas muitas vezes não percebem sua necessidade de Deus ou do que Ele pode fazer por elas.
O autor do Auxiliar do Professor se lembra de uma época durante seu período de faculdade, quando teve a oportunidade de ministrar estudos bíblicos a um homem rico. Certo dia, enquanto estudavam a Bíblia, o homem olhou diretamente nos olhos do autor e disse: “É ótimo saber mais sobre o Deus da Bíblia. Mas acho que não preciso Dele. Se eu precisar de alguma coisa, simplesmente vou e compro. É assim que a vida funciona.”
Será que podemos obter tudo na vida longe de Deus? Explique. Existem algumas coisas na vida que não podemos comprar com dinheiro? Quais são?
Pergunte aos membros de sua classe se algum deles conhece pessoas muito ricas ou em posições de liderança ou destaque na sociedade. Em caso afirmativo, como os alunos podem ajudar essas pessoas a crer que o reino de Deus também se destina a elas? Tenha em mente que nada é difícil demais para o Senhor. Do ponto de vista humano, entrar no reino de Deus pode parecer difícil, se não impossível, para algumas pessoas. Mas lembre-se das palavras de Jesus: “Para os seres humanos é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Mc 10:27).
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Volte para Deus
Colômbia | Wilinton
Wilinton bebeu álcool pela primeira vez depois da igreja em um sábado em Bogotá, Colômbia. Ele tinha 14 anos, e cedeu à pressão dos amigos.
Depois da primeira bebida, ele passou a beber quase todos os dias durante os 24 anos seguintes.
Wilinton saiu da casa de seus pais quando tinha 17 anos. Depois, foi morar com a namorada e morou com ela por 21 anos. Eles tiveram dois filhos. Ele bebia em qualquer oportunidade. Por causa da bebida, ele não conseguia se manter em um trabalho.
Um dia, um amigo do seu pai foi até sua casa e o encontrou bêbado.
“Wilinton, eu conheço seu pai”, o amigo disse, que se chamava Jaime. “Você pode voltar para Deus”.
“Você é adventista?” Wilinton perguntou, com a fala arrastada.
“Sim, eu sou adventista”, Jaime disse.
“Se você é adventista, cante o hino número 500”, disse Wilinton. O hino era “Muito além do sol”.
Jaime cantou o hino e Wilinton chorou. Quando a música acabou, Wilinton recitou o seu verso preferido da Bíblia. Era João 3:16.
Aquele dia marcou o início de uma nova amizade.
Nos três anos seguintes, Jaime continuou visitando Wilinton e dizendo a ele: “Por favor, volte para Deus”.
Wilinton sempre respondia o mesmo: “Sim”, ele dizia. “Não se preocupe. Eu voltarei”. Mas ele não voltava.
Jaime ofereceu estudos bíblicos, mas Wilinton não estava interessado. Ele gostava de Jaime, mas ele não queria passar tempo com Deus.
Ainda assim, defendia o sábado do sétimo dia para a sua esposa e dois filhos, que iam à igreja aos domingos.
“Vocês não precisam ir a essa Igreja”, ele disse. “É perda de tempo. Se você quiser gastar seu tempo sabiamente, deve ir a uma igreja adventista do sétimo dia”.
Como Wilinton continuava bebendo e sem uma renda fixa, ele se afundou em dívidas.
Certa noite, Jaime chegou à casa de Wilinton com um pastor adventista e vários outros membros da igreja. A porta da frente estava aberta, e eles entraram na casa sem que Wilinton notasse.
O pastor fez um sermão de 5 minutos, mas Wilinton não ouviu o pastor falando. Ele sentiu como se estivesse ouvindo a voz do Espírito Santo. O sermão tocou seu coração.
Então Jaime o convidou para as reuniões evangelísticas que tinham acabado de começar na igreja adventista.
“Sua mãe pediu para lhe dizer 'Volte para Deus'”, ele disse.
Depois que as visitas foram embora, Wilinton decidiu ficar em casa com sua família.
Então, o filho de 12 anos veio até ele.
“Pai, você disse que a igreja adventista do sétimo dia é a igreja verdadeira”, disse ele.
“Por favor, leve-me para essa igreja”.
As palavras partiram o coração de Wilinton. Ele decidiu levar sua família para as reuniões evangelísticas na Igreja Adventista.
A apresentação daquela noite surpreendeu Wilinton. Ele pensou que era sobre ele. Ele pensou: “Como esse pastor sabe tanto sobre mim?” Então começou a chorar. Pensou em seu alcoolismo e em suas dívidas. Sua vida de pecado pesava muito sobre ele.
Quando o pastor fez o apelo ao altar, Wilinton disse a si mesmo: “Eu não posso ir à frente. Quando eu sair daqui, vou para o bar para beber”.
Ele decidiu não ir à frente.
Mas antes que ele percebesse, estava em pé na frente com outras 17 pessoas. Ele orava silenciosamente: “Deus, eu não posso estar aqui. Tu sabes que eu vou beber esta noite”.
Depois da reunião, ele foi para o bar. Enquanto bebia, refletia no sermão. Sentiu que algo dentro dele estava diferente.
Três semanas se passaram e ele continuou bebendo. Toda vez que bebia, sentia que o Espírito Santo estava dizendo: “Eu o ajudarei a parar de beber se você tomar a firme decisão de parar”.
Na quarta semana, ele disse a si mesmo: “Eu não posso continuar fazendo isso. Tenho que tomar uma decisão, seja por Deus ou pelo álcool”.
No final da semana, no sábado à noite, ele escolheu Deus. Ele orou: “Deus, eu não quero beber mais”. De manhã, ele orou novamente, dizendo: “Deus, me ajude hoje, um dia de cada vez, a parar de beber”.
Para sua surpresa, ele não bebeu o dia todo. Foi o seu primeiro dia de vitória desde que ele começou a beber com a idade de 14 anos. Ele pensou com surpresa: “Eu pensei que eu nunca deixaria de beber, mas Deus me ajudou”.
Quando Jaime soube da notícia ficou encantado. Wilinton estava voltando para Deus.
Essa história missionária fornece uma visão interna da vida na Colômbia e dos desafios missionárias do país. Parte das ofertas deste trimestre ajudarão a abrir dois centros de influência para ajudar crianças que estão em risco de abuso de álcool e drogas na Colômbia. Os centros de influência serão nas cidades de Buenaventura e Puerto Tejada. Obrigado por suas ofertas generosas.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre a Colômbia no mapa. Depois mostre Bogotá, onde Wilinton mora, e as cidades de Buenaventura e Puerto Tejada, onde as ofertas deste trimestre ajudarão a abrir centros de influência para crianças em risco.
- Assista a um curto vídeo no YouTube sobre Wilinton: bit.ly/Wilinton-IAD.
- Leia mais sobre Wilinton na próxima semana.
- Baixe as fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq
- Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Interamericana: bit.ly/iad-2024
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024
Tema geral: O Evangelho de Marcos
Lição 8 – 17 a 23 de Agosto
“Ensinando discípulos – parte 2”
Autor: Natal Gardino
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rafaela Vitorino
Nesta lição, ainda estamos considerando a grande seção no livro de Marcos que se situa entre dois relatos de curas de cegos. Na segunda parte dessa grande seção, Jesus ensina várias lições de discipulado relacionando o reino de Deus com várias esferas da vida, como casamento, filhos, riquezas e relacionamentos.
A santidade do casamento (Mc 10:2-12)
Os fariseus fizeram uma pergunta a Jesus, não com o fim de aprender, mas de testá-Lo. Ao perguntarem se era lícito um homem repudiar sua mulher, Ele os dirigiu às Escrituras, respondendo com outra pergunta: “O que foi que Moisés ordenou a vocês?” (v. 3). Então eles fizeram referência a Deuteronômio 24:1-4, em que o divórcio havia sido permitido caso fosse encontrada alguma “coisa indecente” no cônjuge. Há estudiosos que sugerem que a mulher também tinha esse direito (ex.: Paul Copan, Deus é um Monstro Moral? Entendendo Deus no Contexto do Antigo Testamento [Maceió, AL: Editora Sal Cultural, 2016]).
A expressão “coisa indecente” não se refere propriamente ao adultério, pois nesse caso a punição seria a morte (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1 [Tatuí, SP: CPB, 2011], p. 1140). Porém, como o seu significado literal é “nudez” e está relacionado figuradamente à “vergonha” e à “desonra”, tem a ver com algum comportamento sexual imoral que profanaria a santidade do casamento. Entretanto, os judeus se aproveitaram desse texto para considerar qualquer atitude – como queimar a comida, por exemplo – como “coisa indecente” e se divorciavam facilmente.
A anulação de um casamento é uma tragédia para a família e para a sociedade. Por isso, Deus diz que “odeia” o divórcio (Ml 2:16) – em outras traduções, aparece a palavra “detesta” ou “aborrece”. No entanto, como Ele sabe que para muitas pessoas seria psicologicamente impossível conviver com um parceiro culpado de adultério, essa é a única condição em que Ele permite o divórcio. Contudo, mesmo assim, Jesus enfatiza que essa permissão só se dá por causa da dureza do coração humano. Se o coração (a mente, o psicológico) fosse perfeito, haveria perdão, reconciliação e esquecimento. O plano de Deus é nos manter o mais próximo possível do ideal do Éden, conforme revelado nas Escrituras Sagradas.
O jovem rico (Mc 10:17-22)
Com base no relato paralelo de Mateus (19:16-22), o homem mencionado no relato bíblico era jovem. Alguns perguntam por que Jesus teria pedido apenas a esse jovem para vender tudo o que tinha e dar aos pobres, mas não pediu isso para outros ricos, como José de Arimateia ou Nicodemos. É muito provável que esse jovem, que se retirou triste após ter ouvido o conselho de Jesus (Mc 10:22), tivesse a riqueza em primeiro lugar em seu coração. Isso é muito ruim, pois Paulo diz que a avareza, ou o amor ao dinheiro, entra na categoria de idolatria (Ef 5:5). Além disso, não haveria razão para os outros ricos se livrarem de suas riquezas se elas não estavam em primeiro lugar em sua vida. A Bíblia não diz que o dinheiro é a raiz de todos os males, mas que o “amor ao dinheiro” é (1Tm 6:10).
Quem é o maior (Mc 10:35-45)
É incrível ver que os discípulos continuavam disputando entre si sobre quem se sentaria à direita ou à esquerda de Jesus depois de tantas lições que Ele os havia ensinado. Quando os irmãos Tiago e João pediram uma alta posição em Seu Reino, Jesus lhes perguntou se suportariam beber o cálice que Ele beberia e serem batizados com o batismo com o qual Ele seria batizado. Eles responderam corajosamente que sim!
Ao olhar para o futuro com olhos proféticos, Jesus afirmou que realmente eles seriam “batizados” como Ele e beberiam do amargo cálice que Ele beberia, referindo-Se aos sofrimentos pelos quais passariam em nome do evangelho e à morte que sofreriam como mártires. Isso aconteceria quando eles estivessem realmente convertidos e convictos de que estavam fazendo a coisa certa. Mas eles ainda não enxergavam tudo perfeitamente. Talvez por isso essa descrição de seu comportamento e as demais atitudes relatadas nesse bloco do livro estejam entre as duas curas de cegos.
Bartimeu (Mc 10:46-52)
Bartimeu é um modelo de como todos os discípulos deveriam se aproximar de Jesus a fim de enxergar. Ele estava assentado “à beira do caminho” (v. 46), provavelmente aguardando ansioso para ter esse encontro com Jesus; ele reconhece que Jesus é o “Filho de Davi” (v. 47), o Messias prometido; ele deseja muito ser curado por Jesus e por isso clama com todas as suas forças por Sua “compaixão” (v. 47) e “misericórdia” (v. 48). Então alguém lhe diz que Jesus o estava chamando (v. 49). Ele vai com tanta confiança ao Senhor que larga tudo o que tem (sua capa), levanta-se “de um salto” e vai até Jesus (v. 50). Quando Jesus o cura, ele começa a enxergar perfeitamente e passa a segui-Lo “estrada afora” (v. 52). Era isso o que os discípulos precisavam experimentar em sua vida espiritual. Todo ser humano precisa disso.
Conclusão
Ser discípulos de Jesus e súditos de Seu Reino exige cuidados especiais enquanto estamos neste mundo de pecado, antes da plenitude da eternidade, em um mundo caído e com a nossa nova natureza redimida ainda em construção. Por isso, Jesus nos apresenta o Seu plano para escolhermos viver o dia a dia conforme Sua vontade revelada nas Escrituras. Nelas encontramos instruções para todas as áreas da vida – casamento, filhos, administração do dinheiro e relacionamento com o próximo. Devemos ser como Bartimeu e suplicar a Jesus que nos faça ver para podermos agir de acordo com a luz de Sua revelação.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Universidade Andrews. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022, é professor de Novo Testamento do Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.