Lição 13
21 a 27 de dezembro
Epílogo: conhecendo Jesus e Sua Palavra
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 11
Verso para memorizar: “Vocês examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (Jo 5:39).
Leituras da semana: Jo 21; 11:9, 10; 8:42-44; 4:46-54; 2Tm 3:16; Jo 15:1-11

O Evangelho de João, assim como o de Marcos, termina com um encontro na Galileia. Esta última semana de estudos sobre João trata desse encontro, mas conectando-o ao tema de como podemos conhecer a Jesus e a Palavra de Deus – um conceito que percorre todo o quarto evangelho. 

Embora os discípulos tivessem convivido com Jesus por mais de três anos, ainda estavam despreparados para a crucifixão e a ressurreição, ainda que Cristo lhes tivesse dito várias vezes o que aconteceria. 

Infelizmente, eles não acreditaram em Sua palavra. 

Hoje, podemos correr o mesmo risco de escutar ou até mesmo ler a Palavra de Deus, mas não a ouvirmos de fato, não permanecermos nela e não obedecermos a ela. Ou seja, não a aceitarmos como a luz que deve guiar nossos pensamentos e nossas ações. Infelizmente, é nesse ponto que muitos cristãos, às vezes involuntariamente, erram. 

Vamos examinar alguns dos ensinamentos centrais de João, que podem nos ajudar a ir além do mero conhecimento teórico de Jesus para, em vez disso, conhecê-Lo melhor e nos aproximarmos cada vez mais Dele e de Sua Palavra. 

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Domingo, 22 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 12
Encontro na Galileia

1. Leia João 21:1-19. Que verdades cruciais são reveladas nesse texto, especialmente sobre a graça de Deus e a humildade humana? 

João 20 termina mencionando o propósito do livro. Esse seria o momento natural para concluir o evangelho, mas há mais um capítulo, que começa com alguns discípulos na Galileia. Pedro sugere que passem uma noite no lago. Parece que os velhos tempos voltaram, e os discípulos regressaram à pesca. Mas, naquela noite, não pegaram nada. 

De manhã, um Estranho que estava na praia lhes disse para jogarem a rede no lado direito do barco. Eles pegaram tantos peixes que não conseguiam puxar a rede, lembrando o início do ministério deles com Jesus (Lc 5:1-11). João reconheceu Jesus e contou a Pedro, que, por sua vez, pulou na água e nadou até a praia. 

Jesus fez três perguntas a Pedro, relacionadas ao seu amor pelo Mestre. Antes da crucifixão, Pedro disse que daria a vida por Jesus (Jo 13:37). Foi então que Ele predisse que o discípulo O negaria três vezes (Jo 13:38). Nesse encontro na Galileia, Pedro fez de Jesus, e não de si mesmo, o ponto de referência (Jo 21:17). 

Algumas pessoas observaram que Jesus usou o verbo agapa?, que significa “amar”, ao questionar Pedro (exceto na última vez), e que o discípulo sempre respondeu com o verbo phile?, que significa “amar”, mas apenas como amigo. Isso significaria que Pedro ainda não havia alcançado o tipo mais elevado de amor. 

A resposta de Pedro está centrada na humildade. Como a memória de sua traição sempre assombrava sua mente, é provável que o discípulo tenha usado uma “palavra inferior” para expressar humildade, evitando reivindicar muito para si mesmo. Foi essa humildade que Jesus reforçou e que se tornou crucial para restaurar Pedro ao ministério. A humildade é uma das qualificações mais importantes para o ministério, pois direciona o foco para Jesus Cristo, e não para o próprio eu. 

A restauração de Pedro e seu papel como líder na igreja são evidências de que Jesus ressuscitou. Seria bastante difícil explicar a preeminência de Pedro se o próprio Cristo não tivesse restaurado seu ministério na presença dos outros discípulos. 

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Por que a humildade é tão importante para quem busca conhecer o Senhor? Em vista da cruz, qual é a única coisa da qual qualquer um de nós deve se orgulhar?


Segunda-feira, 23 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 13
Mantendo os olhos em Jesus

2. Leia João 21:20-22. Que pergunta de Pedro surgiu de um entendimento equivocado, e como Jesus o corrigiu? 

Jesus tinha acabado de restaurar Pedro ao ministério e havia dito: “Siga- Me” (Jo 21:19). Essa ordem provavelmente se referia a segui-Lo fisicamente na praia. Sabemos disso porque, depois, Pedro se virou e viu que João também estava seguindo Jesus. Então fez uma pergunta sobre João: “Senhor, e quanto a este?” (Jo 21:21). 

Jesus predisse como Pedro morreria (Jo 21:18). Parece que Pedro estava curioso a respeito da morte de João. Jesus redireciona a atenção do discípulo para uma questão mais importante: seguir a Cristo sem se preocupar com o que aconteceria com o outro. 

3. Leia João 21:23-25. Como a declaração de Jesus foi mal-interpretada? E como o apóstolo João corrigiu esse mal-entendido? 

Muitos dos primeiros cristãos entenderam mal o que Jesus disse (Jo 21:22). Eles concluíram que isso significava que Jesus voltaria antes de João morrer. À medida que João envelhecia, haveria uma crise se ele morresse (o que aconteceu) e Jesus não tivesse retornado. João corrigiu esse equívoco indicando que Jesus expressou uma hipótese quanto à Sua vontade, em vez de fazer uma profecia sobre o que realmente aconteceria. 

A atitude de colocar o foco em Jesus, em vez de em outras pessoas, é uma das ideias mais importantes do restante da lição desta semana. Jesus, e somente Ele, é nosso Salvador. As pessoas inevitavelmente irão nos desapontar, e até nos magoar e ferir. 

As verdades estudadas nas lições de terça a quinta-feira abordam o tema da compreensão da Palavra de Deus, visando conhecer e seguir a Jesus, que deve ser nosso único Mestre e Guia – por mais importantes que sejam o auxílio, os conselhos e as orientações de outras pessoas. 

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Você já ficou triste com alguém que admirava? O que aprendeu com essa experiência?


Terça-feira, 24 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 14
Luz e trevas

4. Leia João 1:4-10; 3:19-21; 5:35; 8:12; 9:5; 11:9, 10; 12:35. Que grande contraste é apresentado nesses textos, e por que ele é fundamental para compreendermos a verdade? 

O mundo está em trevas. Ele rejeita a luz e é incapaz de encontrar o caminho para o Deus verdadeiro, o Deus pessoal da criação, da revelação e da redenção. 

“Por si mesma, a humanidade jamais pode chegar ao conhecimento do divino. ‘Como as alturas dos céus é a Sua sabedoria; que poderás fazer? Mais profunda é ela do que o abismo, que poderás saber?’ (Jó 11:8). Unicamente o Espírito de adoção pode nos revelar as coisas profundas de Deus, as quais ‘nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano’. ‘Deus no-[las] revelou pelo Espírito’” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 328). 

Somente Cristo “revelou” o Pai de modo perfeito e definitivo (Jo 1:18). O verbo grego usado nesse verso é ex?geomai, que significa “interpretar”, “explicar” ou “expor”. João mostra Jesus como o Mensageiro celestial, o qual explica o que significa conhecer o Pai. Somente por meio de Jesus conhecemos verdadeiramente a Deus. 

5. Leia João 8:42-44. Como Jesus descreveu o falso fundamento em que os líderes religiosos de Israel baseavam a fé? 

Os que não permanecem na verdade falam com base em suas ideias ou suposições. Eles entendem o significado de um texto unicamente a partir da perspectiva humana. Entretanto, nós devemos aceitar que Cristo é a luz do mundo e segui-Lo no estudo e na interpretação da Palavra. O diabo, porém, “fala do que lhe é próprio” (Jo 8:44). Se não estivermos atentos, entregando-nos a Deus em fé e obediência, correremos o risco de fazer a mesma coisa que o diabo faz: ler as Escrituras com base apenas em nossos desejos e perspectivas, o que é mais fácil e comum do que imaginamos. 

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Como você geralmente reage às verdades que desafiam suas ideias ou estilo de vida? De que maneira você deveria responder a essas verdades?


Quarta-feira, 25 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 15
Teologia “de cima” ou “de baixo”

6. Leia João 4:46-54. Que problema levou o oficial a Jesus, e qual era a verdadeira questão envolvida? 

Aquele homem se aproximou de Jesus, a luz do mundo, mas decidiu crer apenas se Ele curasse seu filho. Podemos dizer que a teologia desse homem era uma teologia vinda “de baixo”, pois tinha origem humana. A teologia “de baixo” estabelece critérios e padrões em relação a Deus e a Sua Palavra. As ideias humanas, embora falíveis, limitadas e subjetivas, acabam se tornando a autoridade final na interpretação da Palavra de Deus. Que armadilha! 

A teologia “do alto”, por outro lado, reage com fé, assumindo desde o início a crença em Deus e em Sua Palavra (Jo 4:48; 6:14, 15; 2Tm 3:16). Quando a Bíblia é aceita pela fé, ela se torna sua própria intérprete. Nosso guia para compreender e interpretar as Escrituras deve ser a visão bíblica de mundo, em vez das filosofias humanas. Pontos de vista humanos devem estar sujeitos à Palavra, e não o contrário. 

Se desejamos crer em Jesus e no que Ele disse, devemos crer nas palavras das Escrituras (Jo 5:46, 47). “Se vocês permanecerem na Minha palavra, são verdadeiramente Meus discípulos” (Jo 8:31). Se duvidarmos da Palavra, ela não permanecerá em nós (Jo 5:38). “Quem Me rejeita e não recebe as Minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que falei, essa o julgará no último dia. Porque Eu não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, esse Me ordenou o que dizer e o que anunciar” (Jo 12:48, 49). 

Ouvir a Palavra vai além de absorver informações. Significa fazer a vontade de Deus. Essa é a resposta ativa à Palavra. “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, saberá se o Meu ensino vem de Deus ou se falo por Mim mesmo” (Jo 7:17, NVI). 

Ouvir e praticar a Palavra de Deus é uma expressão de amor a Ele. “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra; e o Meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14:23). 

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Qual é a relação entre o amor a Jesus e a obediência? Por que qualquer suposta “obediência” que não esteja fundamentada no amor corre o risco de cair no legalismo?


Quinta-feira, 26 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 1Co 16
Permanecendo em Jesus

7. Como é descrito o impressionante poder de Cristo para atrair? Jo 12:32 

O evangelho nos atrai a Jesus, mas somente se estivermos dispostos a conhecer a Deus e a fazer a Sua vontade. Em João, as pessoas que se encontraram com Jesus tinham duas reações: aceitavam a luz e cresciam na fé ou rejeitavam a luz e se aprofundavam na cegueira espiritual. Todos se depararam com Jesus e fizeram escolhas em relação à verdade e à luz que Ele trouxe – Nicodemos, a samaritana, o oficial do rei, o paralítico junto ao tanque de Betesda, os 5 mil alimentados com pães e peixes, os irmãos de Jesus, os líderes, o cego de nascença, Maria, Marta e Pilatos, entre outros. 

A teologia “de baixo” se inicia com argumentos humanos, visando determinar e examinar a existência e a natureza de Deus. A perspectiva humana, falha, decaída e preconceituosa, é colocada acima da visão divina, santa, perfeita e onisciente. A teologia “de baixo” desencaminha muitos, e ainda fará isso, quando a sabedoria humana, buscando substituir a divina, tentará impor a falsa adoração (Ap 14:1-12). 

8. Qual é o segredo do crescimento e da saúde espiritual? Jo 15:1-11 

O segredo é permanecer conectado a Jesus. Ele é o Verbo (ou a Palavra) de Deus, o pão da vida, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom Pastor, a ressurreição e a vida, o caminho, a verdade e a vida, e a videira verdadeira. 

As três Pessoas da Divindade, assim como Sua Palavra, a Bíblia, são como ímãs. Se não resistirmos, tanto Deus quanto Sua Palavra nos atrairão para Si. “A voz de Deus está nos falando por meio de Sua Palavra, e há muitas vozes que serão ouvidas por nós; mas Cristo afirmou que devemos acautelar-nos dos que dirão: ‘Eis aqui o Cristo! ou: Ei-Lo ali!’ (Mc 13:21). Por consequência, como saberemos que eles não têm a verdade, a não ser que levemos tudo às Escrituras?” (Ellen G. White, Fé e Obras, p. 49). Em seguida, devemos renunciar aos nossos próprios pontos de vista e nos submeter ao que é apresentado na Palavra de Deus.

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Sexta-feira, 27 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: 2Co 1
Estudo adicional

A perspectiva de Deus é diferente da perspectiva humana. O Senhor compartilha Sua perspectiva conosco por meio da Bíblia, sob o poder do Espírito. Devemos escolher se andaremos nas trevas ou aceitaremos a luz de Cristo, revelada em Sua Palavra. 

Parte dessa escolha é a nossa entrega a Jesus. Pelo poder do Espírito, Deus, o Pai, nos revelou, na vida, morte e ressurreição de Jesus, a profundidade do Seu amor. Conhecemos Jesus porque Sua vida, morte e ressurreição foram registradas na Palavra. 

“Os anjos de Deus estão sempre indo da Terra ao Céu e do Céu à Terra. Os milagres de Cristo, feitos em favor dos aflitos e sofredores, foram realizados pelo poder de Deus por intermédio do ministério dos anjos. E é por meio de Cristo, pelo ministério de Seus mensageiros celestiais, que recebemos toda bênção de Deus. Tomando sobre Si a humanidade, nosso Salvador une Seus interesses aos dos filhos decaídos de Adão, enquanto, por Sua divindade, Ele Se apega ao trono de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 105). 

Perguntas para consideração 

1. Para você, qual história do Evangelho de João retrata mais o amor e o caráter de Deus? Por que essa história é marcante para você? 

2. Em termos práticos, como devemos buscar a verdade? 

3. Por que é tão difícil se desapegar do próprio eu como o árbitro da verdade? Será que a visão humana sempre vai nos influenciar na interpretação das Escrituras? A humildade nos ajuda a submeter nossas ideias preconcebidas à Palavra de Deus? 

4. Conhecemos exemplos terríveis do que ocorre quando a Palavra é subjugada pela política e pelas ideias preconcebidas. Que lição aprendemos sobre o perigo de deixar as perspectivas humanas se tornarem o “filtro” na interpretação da Bíblia? 

5. Resuma o Evangelho de João. Quais são as mensagens centrais desse livro? 

Respostas às perguntas da semana: 1. A graça de Deus restaurou Pedro ao ministério; as respostas do discípulo revelam a humildade que ele tinha diante de seus erros. 2. Pedro perguntou o que aconteceria a João. Jesus disse que Ele deveria segui-Lo, sem se preocupar com o destino de outros discípulos. 3. Muitos concluíram que João não morreria. O apóstolo esclareceu que Jesus não havia feito esse tipo de promessa. 4. O contraste entre a luz e as trevas. Aqueles que amam a luz se aproximam de Cristo, creem Nele e O seguem. Aqueles que amam as trevas não conhecem a verdade e rejeitam a Cristo. 5. Eles baseavam a fé em suposições e tradições humanas. Assim como o diabo, não se firmavam na verdade e seguiam a mentira. Além disso, ao desejar matar Jesus, os líderes judeus se colocavam ao lado do diabo, que é homicida. 6. O oficial queria que Jesus curasse seu filho. Jesus lhe mostrou que o homem estabelecia condições humanas para ter fé. Somente no fim do relato a sua fé foi consolidada. 7. Por Sua morte, Jesus seria capaz de atrair todos a Ele e à salvação. 8. Permanecer em Cristo e nas Suas palavras, produzindo fruto e fazendo a vontade de Deus.

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Resumo da Lição 13
Epílogo: conhecendo Jesus e Sua Palavra

FOCO DO ESTUDO: João 4:46-54; 8:40-46; 12:32; 15:1-11; 21:1-25 

ESBOÇO 

Introdução: Na conclusão, ou epílogo, do Evangelho de João, Cristo procurou infundir no coração e na mente de Seus seguidores os ensinamentos do Seu reino espiritual, de Sua morte vicária e de Sua atestada ressurreição. No entanto, até o fim, Seus discípulos pareciam incapazes de internalizar plenamente a verdade do que Ele lhes disse. Por mais que Ele tentasse explicar e os incentivasse a acreditar, eles encontraram dificuldade em assimilar esses ensinamentos. 

Para evitar sermos excessivamente críticos com os discípulos, não é esse o desafio enfrentado por muitos cristãos nos dias de hoje? Embora ouçamos as palavras de Cristo e as estudemos, será que elas realmente se tornam parte essencial de nossa vida? Muitas vezes, elas permanecem em nossa mente sem chegar ao nosso coração? 

É difícil acreditar, mas é verdade que Pedro e os outros discípulos acreditavam que, durante o ministério terreno de Cristo, Ele restauraria o reino de Israel de forma literal, derrotando o poder romano. Após a ressurreição, a esperança dos dois discípulos estava destruída enquanto viajavam para Emaús. Quando Jesus (não reconhecido por eles como o Salvador) Se juntou a eles, Ele lhes explicou as profecias a respeito de Si mesmo. Além disso, a realidade da ressurreição e, pouco depois, o derramamento do Espírito Santo, ajudaram a concretizar o que Ele havia ensinado aos 12 o tempo todo. Finalmente, a situação se tornou tão real para os discípulos que eles se dispuseram a arriscar a vida pela causa do evangelho. 

Naquelas últimas semanas com o Senhor ressurreto, parece que os discípulos finalmente absorveram e aceitaram mais plenamente as palavras de Jesus. Ele foi longânimo para com eles até o fim e continua igualmente disposto a ser paciente conosco hoje. O que faríamos sem Sua paciência? Que essa reflexão nos inspire a ser mais fiéis em nossa mente, em nosso coração e em nossa vida. 

COMENTÁRIO 

Reunião na Galileia (Jo 21:1-19) 

Mesmo após o Senhor ressurreto ter aparecido três vezes aos discípulos, seguindo a sugestão de Pedro, eles voltaram à pesca. Trabalharam a noite toda, mas não tiveram êxito. Normalmente, eles teriam capturado alguma coisa, mesmo que fossem peixes pequenos. No entanto, Jesus permitiu esse fracasso para que eles se concentrassem em se tornar pescadores de homens. Muitas vezes, nosso fracasso em algo que dominamos nos leva a buscar a ajuda divina.

Naquela manhã, bem cedo, Jesus apareceu na praia, realizou o milagre da grande pescaria e depois alimentou Seus seguidores com um desjejum. Essa história nos conta que o Cristo ressurreto era uma Pessoa real, assim como era antes de Sua morte. Além disso, ao preparar a comida, Jesus mostrou que Se importava com as necessidades dos Seus discípulos cansados e famintos. Ao fazer isso, mostrou-lhes que sempre seria amigo deles, cuidando de suas necessidades enquanto eles se esforçassem para promover Seu ministério. 

É significativo que, nesse último encontro, o Senhor tenha direcionado sua atenção para Pedro. Logo após Sua ressurreição, Jesus mencionou especificamente Pedro pelo nome, e agora Ele o destacou novamente, fazendo-lhe três perguntas cruciais sobre um assunto de extrema importância: o amor por Ele. Anteriormente, quando Jesus estava falando aos discípulos sobre Sua crucifixão iminente, Pedro insistiu que estaria disposto a morrer por Ele (Jo 13:37). No entanto, apesar dessa promessa, Pedro e os outros discípulos fugiram para salvar a própria vida, pensando que sua causa estava perdida. Mais tarde, Pedro negou a Cristo três vezes, como o Mestre havia predito. 

Na cultura do Oriente Médio, negar os amigos é considerado extremamente vergonhoso, e Pedro sentiu profundamente essa vergonha. Consciente do peso desse sentimento em Pedro, Jesus lhe fez três perguntas destinadas a ajudar na sua cura e restauração. Três vezes, Jesus chamou Pedro pelo nome completo: “Simão, filho de João, você Me ama?” (Jo 21:16). Jesus usou o verbo grego agapao, que se refere ao amor incondicional de Deus, e Pedro respondeu com o verbo fileo, que muitas vezes expressa o amor de amizade. 

Parece que Pedro não estava seguro de que seu amor pelo Senhor fosse tão profundo quanto o amor do Senhor por ele. Em sua resposta, Pedro demonstrou humildade e receptividade ao ensino, qualidades que o tornaram apto para “pastorear as ovelhas” (Jo 21:16). Esse gesto por parte de Cristo provou que Pedro estava agora restaurado e encarregado de cuidar do rebanho de crentes que pertencia a Cristo. Que transformação! O Pedro impulsivo e excessivamente confiante enfim aprendeu a ser humilde, aprendeu a desconfiar de si mesmo e, em contrapartida, a confiar em Jesus. 

Mantendo os olhos em Jesus (Jo 21:18-25) 

Pode-se dizer que havia uma espécie de “competição” entre dois dos discípulos preeminentes de Cristo: Pedro e João. Ambos estavam buscando a atenção de Jesus. Após a restauração de Pedro diante de seus companheiros discípulos e o voto de confiança concedido a ele no cuidado pastoral das ovelhas de Cristo, Jesus incluiu a previsão de como Pedro daria a vida pelo evangelho (Jo 21:18, 19). Assim, Jesus chamou Pedro para segui-Lo, o que era algo essencial para que ele permanecesse fiel e forte nas oscilações do ministério e, até mesmo, no martírio. 

Enquanto Pedro caminhava com Cristo, João estava por perto. Isso aparentemente deixou o discípulo curioso. Ele se questionava se João também passaria pelos mesmos sofrimentos que ele. Afinal, o chamado para seguir Cristo foi feito especificamente para Pedro. Por isso, Pedro perguntou: “Senhor, e quanto a este?” (Jo 21:21). Conhecendo o que estava no coração de Pedro, Jesus respondeu prontamente: “Se Eu quero que ele permaneça até que Eu venha, o que você tem com isso? Quanto a você, siga-Me” (Jo 21:22).

Em síntese, Jesus estava transmitindo a Pedro que a prioridade de segui-Lo não depende de quem mais o faz ou das circunstâncias que possam surgir. A pressão dos colegas pode nos levar a nos desviarmos, mas devemos estar totalmente comprometidos com Jesus, independentemente das pessoas ou das circunstâncias. Essa mentalidade é crucial hoje, quando muitos seguem os caprichos ou a opinião pública. Como fiéis seguidores de Jesus, não podemos fazer isso. Devemos segui-Lo por causa de nossa própria confiança pessoal Nele como Salvador, pois nossa salvação é uma questão entre nós e Deus. Quando Jesus voltar, o que importará não será o que os outros pensam de nós, mas o que Deus pensa. 

Não devemos sair deste estudo sem abordar um potencial mal-entendido que pode surgir em relação às palavras de Jesus sobre João. O foco de Jesus estava na necessidade de Pedro de segui-Lo, independentemente do que acontecesse com João. Observe a declaração condicional: “Se Eu quero que ele permaneça” (Jo 21:22). Foi fácil para Pedro, e é para nós também, interpretar erroneamente as palavras claras de Jesus e perder o ponto principal de permanecer fiel. 

Às vezes, até mesmo nossos amigos mais próximos podem interpretar mal o que dizemos. Contudo, nosso melhor amigo Jesus entende perfeitamente o que dizemos e queremos dizer. Considere esta citação inspirada a respeito de colocarmos toda a nossa confiança no imutável Jesus: “Em Sua misericórdia e fidelidade, Deus permite muitas vezes que falhem aqueles em quem depositamos confiança, a fim de que possamos compreender quanto é insensato confiar nos homens e apoiar-nos na carne. Confiemos inteira, humilde e desinteressadamente em Deus” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 311). 

Luz e trevas (Jo 8:40-46) 

Algumas pessoas estão determinadas a manter suas opiniões erradas, independentemente de quantas evidências contrárias vejam. Elas também têm a tendência de se cercar apenas daqueles que concordam com elas, o que serve para reforçar ainda mais seus próprios equívocos. 

Foi o que aconteceu com os líderes religiosos. Eles estavam tão cegos pelo seu egocentrismo e preconceito que odiaram Jesus profundamente. É tão estranho que eles afirmassem amar o Pai, mas odiassem Seu Filho. Jesus expôs essa hipocrisia com palavras incisivas, declarando: “Se Deus fosse, de fato, o pai de vocês, certamente Me amariam, porque Eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de Mim mesmo, mas Ele Me enviou” (Jo 8:42). 

Jesus cura o filho de um oficial do rei (Jo 4:46-54) 

No nosso estudo desta semana, também exploramos a narrativa de um preeminente nobre judeu, um oficial de alta patente a serviço do rei Herodes, cujo filho estava à beira da morte. Depois que todos os médicos desistiram do caso, o pai, em desespero, buscou o grande Médico, embora inicialmente não acreditasse plenamente que Ele fosse o Messias prometido. Jesus compreendeu que, a menos que curasse o filho do nobre, ele não iria reconhecê-Lo como o Cristo. 

Embora Jesus conhecesse os motivos daquele homem, Ele desejava não apenas curar seu filho, mas também despertar nele uma fé genuína e trazer salvação para toda a família. 

Ao comentar com o nobre, Jesus disse: “Se vocês não virem sinais e prodígios, de modo nenhum crerão” (Jo 4:48). Essas palavras tocaram a consciência do pai, levando-o a questionar seus motivos egoístas e o direcionando para a fé em Jesus por causa da própria Pessoa de Cristo. 

Permanecendo em Jesus (Jo 12:32; Jo 15:1-11) 

Quando Jesus foi “levantado da terra” (Jo 12:32), Ele atraiu muitos para Si, e ainda atrai muitas pessoas hoje. Mas ser atraído para Cristo é apenas o passo inicial no nosso relacionamento salvífico com Ele, pois devemos continuar a caminhar com Ele e permanecer Nele, o que requer determinação e firmeza na nossa jornada espiritual. 

Para enfatizar a importância de permanecer Nele, Jesus menciona isso sete vezes em apenas quatro versículos, encontrados em João 15:4 a 7. Sem permanecer em Cristo, “nada podemos fazer” (Jo 15:5). O significado desse versículo fica bastante claro quando consideramos o exemplo prático de enxertar uma muda em uma videira. Se o enxerto não se unir à videira, ele secará. Da mesma forma, sem a videira, o enxerto não pode realizar absolutamente nada. 

A qualidade da permanência comunica a ideia de intimidade e continuidade. O ramo frutífero mantém uma conexão viva com a videira. “Fibra por fibra, veia por veia, o renovo se liga à videira, e participa de sua vida. [...] Como o enxerto recebe vida quando ligado à videira, assim o pecador participa da natureza divina quando em união com Cristo. O homem finito é ligado com o infinito Deus. Quando unidos assim, as palavras de Cristo permanecem em nós, e não somos influenciados por sentimentos intermitentes, mas por um princípio vivo e permanente” (Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus [MM 2005], 11 de outubro). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Considere as seguintes questões e comente com a classe: 

1. Reflita sobre o que acontece quando depositamos muita confiança nas pessoas, até mesmo nos nossos melhores amigos, em vez de confiarmos em Jesus. Em tais situações, Deus, no Seu grande amor e misericórdia, permite que tais amigos nos decepcionem para que possamos finalmente aprender a depositar nossa suprema confiança em Jesus Cristo. Até que ponto, então, devemos confiar nos nossos melhores amigos? 

2. Quando cremos que Deus nos perdoou, é correto acreditarmos nesse perdão, mas não nos perdoarmos totalmente, sabendo que não merecemos esse perdão? 

3. Até que ponto devemos depender de outros cristãos, considerando que podemos enfrentar dificuldades sozinhos? Ainda precisamos do apoio dos outros, ou devemos aprender a encontrar força em nossa comunhão com Jesus? 

4. Na vida cotidiana, o que significa o conceito de que sem Jesus você não pode fazer nada? Especificamente, a que se refere esse “nada”?

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Vigie e ore

Alasca | Wes

O diretor do acampamento convocou uma reunião de emergência tarde da noite para discutir atividades sobrenaturais no Acampamento Polaris, no Alasca.

Wes, que trabalhava como um faz-tudo, uniu-se a outros membros da equipe no alojamento principal para conversar e orar. Sua namorada, Rachel, que estava trabalhando como conselheira de acampamento, contou aos outros membros da equipe sobre acontecimentos estranhos que ocorreram na cabana enquanto ela estava cuidando de oito garotas nativas do Alasca. Sempre que Jesus era mencionado antes do horário de ir para a cama — às vezes em orações e outras vezes em cultos — coisas estranhas aconteciam depois que as luzes eram apagadas. As garotas ficavam assustadas e tinham pesadelos.

No final da reunião de emergência, os membros da equipe oraram juntos e foram para seus chalés passar a noite.

Quando Wes chegou à sua cabana, eram quase onze horas da noite.

“Isso não é hora para dormir”, ele pensou. “É hora de vigiar e orar.”

Wes saiu da cabana e seguiu uma trilha até um novo bloco de banheiros masculinos, que havia sido construído recentemente com a ajuda de uma oferta do décimo terceiro sábado.

Atrás do bloco do banheiros, ele se sentou e começou a orar por Rachel, pelas garotas e sua cabana.

“Senhor, eu oro para que Seus anjos rodeiem a cabine de Rachel”, ele pediu. “Afaste qualquer influência maligna para que os acampantes possam usufruir totalmente do acampamento e conhecer o Senhor.”

Cinco minutos se passaram. Dez minutos. Quinze minutos.

Wes nunca havia orado por mais de 10 ou 15 minutos, mas não queria parar. Ele estava determinado a vigiar e orar até que sentisse que suas orações não eram mais necessárias.

“Senhor, envie Seus anjos para impedir que qualquer poder maligno entre na cabana de Rachel”, ele disse. “Ajude Rachel e as crianças a não terem mais pesadelos. Ajude-as a dormirem em paz. Dê-me sabedoria para ajudá-las mais.”

Ele orou por 20 a 30 minutos.

Então ele ouviu um grupo de pessoas caminhando em direção ao alojamento principal. Ele ouviu barulhos estranhos. Ele continuou orando.

Depois disso, ele viu o grupo de pessoas indo para o barco do acampamento. Ele se levantou e foi até lá para ajudar. Uma garota não estava se sentindo bem e precisava ser levada ao hospital da cidade. Wes foi treinado como técnico de emergência médica. Então, ele entrou no barco com outros cinco funcionários para levar a garota ao hospital. Ele estava feliz porque havia estado vigiando e orando e, assim, estava acordado para ajudar.

Após entregar a garota em segurança ao hospital, Wes e os outros funcionários navegaram de volta para o acampamento. A essa altura, já eram duas da manhã. O céu estava escuro, e o radar do barco não estava funcionando. O lago era raso em alguns locais, e o barco corria risco de encalhar ou virar se batesse em um banco de areia ou em uma pedra.

Wes orou. Todos no barco oraram.

Com a ajuda de um equipamento de navegação por GPS, o barco cuidadosamente voltou ao acampamento. Mas, de repente, ele diminuiu a velocidade. O acampamento e a margem deveriam estar bem à frente. Mas ninguém conseguia ver nada. Estava completamente escuro. Eles não conseguiriam desembarcar com segurança.

Wes orou. Todos no barco oraram.

De repente, uma luz brilhante apareceu no meio do acampamento. A luz branca e brilhante lançava raios ofuscantes sobre o acampamento. Wes e os outros conseguiram ver os chalés dos garotos. Eles conseguiram ver os chalés das garotas. Eles conseguiram ver o alojamento principal. Eles conseguiram ver os blocos dos banheiros. Mais importante ainda, eles conseguiram ver a margem.

Um membro da equipe apontou o barco para a direção da luz e guiou-o até a margem.

Uma vez em terra seca, os passageiros do barco olharam ao redor para ver de onde vinha a luz. Eles queriam agradecer à pessoa que a havia ligado. Mas a luz desligou, e a escuridão voltou ao acampamento. Todo mundo do acampamento parecia estar dormindo.

De manhã, Wes e os outros passageiros do barco tentaram descobrir quem havia acendido a luz, mas ninguém ficou com os créditos. Todos disseram que estavam dormindo. Wes acredita que um anjo mostrou o caminho em direção ao acampamento.

Wes, que agora é o diretor do Acampamento Polaris e casado com Rachel, aprendeu uma lição importante sobre vigiar e orar naquela noite.

“Fui usado por Deus para ajudar a acampante a receber a ajuda necessária”, ele disse. “Eu estava disponível por causa da impressão que tive de vigiar e orar. Eu ajudei a resolver a situação — e então um anjo ajudou a resolver a nossa situação.”

Obrigado pela sua oferta de 2015 que ajudou a melhorar o Acampamento Polaris com novos chalés, chuveiros e banheiros de verdade. Por favor, ore pelo acampamento, que é o único acampamento de verão adventista para as crianças nativas do Alasca.

“Este acampamento tem uma maneira de despertar o interesse do diabo”, Wes disse. “Sinto que ele tem um foco mais forte aqui por causa da forma como influenciamos as crianças para o bem.”

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024

Tema geral: Temas do Evangelho de João

Lição 13 – 21 a 28 de dezembro

Epílogo: conhecendo Jesus e Sua Palavra

 

Autor: Manolo Damasio

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Embora Jesus tenha antecipado explicitamente Sua morte e ressurreição, isso não foi suficiente para evitar a decepção e frustração dos discípulos quando tais eventos tomaram lugar naquele fim de semana. Eles viveriam os extremos das emoções humanas, da depressão à euforia, o que poderia ter sido evitado caso tivessem realmente acreditado nas palavras de Jesus. Muitas vezes, nossas expectativas tresloucadas nos impedem de enxergar o óbvio.

 O café da manhã na praia

Dois amigos mais chegados de Jesus ganham destaque na narrativa bíblica pelos papéis que desempenharam na noite em que Ele foi condenado à morte. Pedro e Judas se assemelham em vários aspectos, embora o destino de ambos tenha sido completamente distinto. Os dois traíram a confiança de Jesus, ambos falhando em sua lealdade. Os dois foram tomados pelo desespero. Mas enquanto Judas, atormentado pela consciência, se enforcou, tirando a própria vida, Pedro encontrou alguma esperança no olhar de Jesus na terceira vigília da noite, marcada pelo canto do galo. Não fosse esse olhar, é bem provável que tivesse havido duas forças naquela noite, não apenas uma.

A compaixão demonstrada por Jesus ao filho de Jonas é comovente. No anúncio do anjo de que os discípulos deviam encontrar seu Mestre na Galileia, foi tomado o cuidado de incluir Pedro nominalmente no convite (Mc 16:7). Mas, quem sabe, no relato tardio do apóstolo João, temos uma das passagens mais emocionantes registradas nos evangelhos.

Havia uma intenção clara da parte de Jesus de levar Seus discípulos a uma familiaridade material com o Seu corpo glorificado. Não deveria haver nenhuma dúvida sobre a literalidade da vitória de Jesus a respeito da morte. Sem espaço para ideias abstratas, Jesus foi tocado por Seus discípulos, tomou uma refeição com eles e interagiu de forma inquestionavelmente presencial.

No epílogo do seu evangelho, João descreve a aparição de Jesus na praia depois de uma noite de pesca infrutífera. Numa espécie de dejavú, uma pergunta repetida, uma sugestão nada inédita e um milagre já experimentado.

João nos diz que Pedro, muito próprio dele, intempestivamente se joga na água, deixando o trabalho para os outros quando percebe a presença de Jesus na beira da praia. Os detalhes são interessantes. Peixe e pão no fogo e a mesma disposição de Jesus em servir. O diálogo que se segue coloca Pedro no centro do relato. Entre todos os motivos, a visita naquela praia tinha por objetivo devolver a credencial de Pedro que, pensava ele, havia sido perdida naquela trágica madrugada de sexta-feira.

Três foram as negativas e três as chances de reparação. “Você Me ama Pedro?” Diante das respostas, agora já não mais cheias de confiança própria: “Tu sabes que eu Te amo”, ele ouviu a mesma ordem: “Apascenta os Meus cordeirinhos” (Jo 21:15-17).

Pedro está de volta. Reintegrado ao time pastoral. Se a história tivesse acabado aqui, teria ficado mais bonitinha, mas a igreja teria sido privada de uma grande lição, especialmente para os pastores.

Jesus antecipa a Pedro parte do seu futuro que, nós sabemos, ele abraçaria com extrema devoção, cerca de 30 anos depois. Mas o Pedrão velho de guerra continuava dando seus vacilos. Ele teria ainda muito o que aprender e a melhorar.

Enquanto Jesus ainda tratava do caso dele, João, o discípulo amado, que nos conta com exclusividade essa parte da história, estava próximo de Jesus e de Pedro, lá na beira do lago. E atrevidamente Pedro perguntou sobre o destino de João. E é aqui, exatamente aqui, que nós precisamos aprender uma lição. Jesus, sem perder a ternura e a elegância, como em tantas outras vezes, colocou Pedro no seu devido lugar. “Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa? Quanto a ti, siga-Me” (Jo 21:22).

Os que receberam de Jesus a alta responsabilidade de apascentar o rebanho do Senhor não deveriam olhar para a vida dos seus colegas com curioso interesse. Além de desnecessário, isso é prejudicial.

Corrigindo o mito

O Evangelho de João é conhecido por sua profundidade teológica e pela maneira como aborda de forma cuidadosa algumas questões mal-interpretadas pelos primeiros cristãos. Um exemplo marcante encontra-se em João 21:22, quando Jesus disse a Pedro: “Se Eu quiser que ele permaneça até que Eu venha […]” (ARA). Essa declaração gerou um mal-entendido significativo entre os crentes da época, que concluíram erroneamente que o apóstolo João não morreria antes do retorno de Cristo.

Esse equívoco foi amplamente difundido, especialmente à medida que João envelhecia. Muitos cristãos esperavam que Jesus retornasse durante a vida do apóstolo, e o passar do tempo sem que isso acontecesse poderia ter causado uma crise de fé entre os seguidores. Quando João finalmente morreu, surgiria naturalmente a questão: teria Jesus falhado em cumprir Sua promessa?

João, ciente desse risco, fez questão de corrigir a interpretação errônea. Em seu evangelho, ele explica claramente que Jesus não estava fazendo uma profecia sobre o futuro. Ele escreve: “Por isso se espalhou entre os irmãos o boato de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não disse que ele não morreria; disse apenas: ‘Se Eu quiser que ele permaneça até que Eu venha, que te importa?’” (Jo 21:23, NVI).

Essa correção é essencial não apenas para evitar confusões, mas também para destacar a soberania de Jesus em relação ao futuro. A resposta de Jesus a Pedro não era sobre o destino de João, mas sobre a necessidade de Pedro focalizar sua própria caminhada e missão. Essa lição é atemporal: cada crente é chamado a confiar no plano de Deus sem se preocupar excessivamente com aquilo que está fora de seu controle.

Ao esclarecer essa questão, João também nos lembra de que as palavras de Jesus devem ser compreendidas em seu contexto e com a ajuda do discernimento espiritual. Esse episódio nos ensina que mal-entendidos podem surgir, mesmo entre os mais fervorosos seguidores de Cristo, e que a humildade e a busca pela verdade são fundamentais na vida cristã.

Portanto, a correção de João não apenas dissipou um mito perigoso, mas também reafirmou a centralidade da mal-entendida esperança cristã em Cristo, que voltará no tempo determinado por Deus. Enquanto aguardamos esse dia, somos chamados a viver com fé, fidelidade e dedicação à nossa missão pessoal, assim como Pedro foi chamado a fazer.

Contrastes

Jesus é apresentado como a vida e a luz dos homens. Ele veio ao mundo para iluminar as trevas, mas muitos não O reconheceram. Esse contraste reflete a luta entre a revelação divina e a resistência humana (Jo 1:4-10). O juízo evidenciará que muitos amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Quem pratica a verdade vem para a luz. Isso ressalta a escolha moral de aceitar ou rejeitar a verdade (Jo 3:19-21).

O precursor de Jesus, João Batista, é descrito como uma “candeia que ardia e brilhava”, um testemunho temporário que apontava para a luz verdadeira, Jesus (Jo 5:35). Jesus declara ser a luz do mundo, prometendo que quem O segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8:12; 9:5). Contudo, a despeito de todas as Suas obras, Jesus foi rejeitado. Ele fez o alerta ao contrastar andar de dia (na luz) com tropeçar à noite (nas trevas), simbolizando a diferença entre viver em Sua luz e rejeitá-la (Jo 11:9, 10). Jesus adverte que a luz estará entre os homens por pouco tempo e os incentiva a crer na luz para que se tornem filhos da luz. Isso evidencia a urgência da decisão (Jo 12:35).

A resposta necessária

A relação com a Palavra de Deus exige mais do que compreensão intelectual; demanda entrega e transformação. A verdadeira conexão com a Palavra se revela na prática diária, na submissão à vontade divina. Jesus destacou que quem ouve e guarda Sua Palavra experimenta uma comunhão profunda com o Pai e o Filho, como descrito em João 14:23. Assim, viver a Palavra é abrir o coração para que Deus faça morada, refletindo Seu caráter em nossas ações e testemunhando o impacto de Sua verdade em nossa vida.

João deixa claro suas intenções ao coletar as memórias que compõem o evangelho que leva o seu nome. “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20:30, 31; grifo do autor).

João afirma que Ele “Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam” (Jo 1:11), enquanto “[…] todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu nome” (v. 12).

A resposta à revelação divina é de responsabilidade pessoal. Aceitar a verdade é libertador, enquanto rejeitá-la pode ser catastrófico. Os que se apegaram às suas tradições e conceitos não perceberam que diante deles estava Aquele para o qual apontavam todas as profecias e símbolos, o mesmo que havia Se comunicado com o Seu povo através dos patriarcas e profetas, a “imagem perfeita de Deus” (Cl 1:15); o retrato do Pai (Jo 14:9); e “a expressão exata do Seu ser” (Hb 1:3).

Certa é a promessa e Fiel o que a fez. “Eu vim para que tenham vida” (Jo 10:10); “Todo aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25); “E Eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim mesmo” (Jo 12:32); “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36); “todo aquele que olhar para o Filho e Nele crer tem a vida eterna” (Jo 6:40).

Creia!

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se bacharel em Teologia pelo Unasp-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É mestre em Liderança pela Universidade Andrews e pós-graduado pelo Unasp, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.