Lição 8
15 a 21 de novembro
Gigantes da fé: Josué e Calebe | 4º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: JZ 2
Verso para memorizar: “Lembrem-se dos seus líderes, os quais pregaram a Palavra de Deus a vocês; e, considerando atentamente o fi m da vida deles, imitem a fé que tiveram” (Hb 13:7).
Leituras da semana: Nm 13:6, 30-32; Js 14:6-14; Lc 18:1-5; Js 19:49-51; 2Co 3:18; Rm 12:1, 2

Todo pai sabe que os filhos aprendem pelo exemplo, certo? Quantos pais já se preocuparam ao ver seus filhos seguirem seus maus hábitos em vez dos bons? Independentemente da idade, é comum acharmos mais fácil fazer o que é errado do que o que é certo. Isso faz parte da nossa condição como humanidade decaída. “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto” (Rm 7:15). Quem de nós nunca se identificou com essa descrição?

Desde o nascimento, somos moldados pelo poder do exemplo. Aprendemos as coisas mais básicas da vida, como andar, falar e expressar emoções, imitando as pessoas ao nosso redor. Mesmo na vida adulta, ainda precisamos de modelos. Embora ninguém seja perfeito, podemos admirar e seguir os traços espirituais daqueles que se tornaram gigantes da fé.

Nesta semana, vamos examinar mais de perto os exemplos de dois gigantes da fé no livro de Josué: Calebe e o próprio Josué. O que fez com que eles se destacassem em sua geração e desempenhassem um papel fundamental na vida do povo de Deus durante um dos períodos mais importantes da história de Israel?

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Domingo, 16 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 3
Fidelidade

1. Leia Números 13:6, 30-32; Josué 14:6, 14. Quem foi Calebe? Qual foi a sua importância dentro do povo de Israel?

O nome Calebe vem da palavra hebraica keleb (“cachorro”), que no AT é geralmente usada de forma negativa. No entanto, em cartas e hinos fora da Bíblia, o termo keleb era utilizado para descrever a coragem, perseverança e lealdade de um servo ao seu senhor. Nesse sentido, Calebe honrou o significado de seu nome, mostrando, ao longo de sua vida, uma fidelidade inabalável ao seu Senhor.

2. Calebe teve a coragem de expressar suas convicções, mesmo quando a maioria dos espias discordou dele e o povo de Israel o ameaçou de morte. O que isso revela sobre o seu caráter? Nm 14:6-10, 21-25; 26:65; 32:12

Pense nos importantes líderes israelitas que eram contemporâneos de Josué e Calebe: Samua, Safate, Jigeal, Palti, Gadiel, Gadi, Amiel, Setur, Nabi e Geuel (Nm 13:4-15). Consegue lembrar de algum desses nomes?

Provavelmente, não.

Por quê? Esses são os nomes dos outros dez espias enviados por Moisés para explorar a terra de Canaã. Eles caíram no esquecimento porque seus nomes não foram dignos de ser lembrados. O relatório que trouxeram retratou a Terra Prometida como impossível de ser conquistada. Eles se viam como gafanhotos em comparação com os gigantes que habitavam algumas áreas da terra e ficaram apavorados ao se depararem com os muros “intransponíveis” das cidades fortificadas em Canaã.

Calebe, um dos dois espias que trouxeram um relatório positivo, assumiu a liderança ao apresentar outra possibilidade: a atitude de fé. Ele estava disposto a defender o que sabia ser certo, mesmo diante da oposição e da ameaça de morte: “Toda a congregação disse que Josué e Calebe deviam ser apedrejados” (Nm 14:10).

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O que você faz quando a maioria das pessoas discorda de suas convicções mais profundas?
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Segunda-feira, 17 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 4
Dê-me esta montanha

3. Leia Josué 14:6-14; Números 14:24; 32:12; Deuteronômio 1:36; Lucas 6:45. Como você descreveria a atitude de Calebe e Josué? O que significa seguir ao Senhor de todo o coração (Js 14:8)?

Calebe nunca se esqueceu da promessa que o Senhor lhe fizera por meio de Moisés: de que ele entraria na terra onde seus pés haviam pisado (Nm 14:24). Quarenta e cinco anos depois, ao se referir ao seu próprio relatório sobre a Terra Prometida, Calebe declarou: “Eu lhe relatei o que estava no meu coração” (Js 14:7). Seu relato se baseava na convicção de que, com a orientação e auxílio de Deus, Israel seria capaz de conquistar aquele território.

Em contraste com o relato dos outros dez espias, que semearam medo entre os israelitas, Calebe demonstrou um profundo comprometimento e confiança na promessa do Senhor. A expressão hebraica diz literalmente: “Segui plenamente o Senhor” (Js 14:8). Essa frase significa: “Eu […] fui inteiramente fiel ao Senhor, o meu Deus” (NVI) ou “segui o Senhor, meu Deus, de todo o coração” (NVT). Ao contrário de outras pessoas que se deixaram levar por deuses estrangeiros e não seguiram o Senhor completamente, o coração de Calebe estava totalmente dedicado a Ele.

Essa mesma expressão é repetida duas vezes mais tarde, destacando a fidelidade de Calebe (Js 14:9, 14). O próprio Senhor afirmou que nele havia “outro espírito” (Nm 14:24, NAA) ou “um espírito diferente” (NVI), que distinguia Calebe e Josué dos outros dez espias. Mesmo aos 85 anos, ele continuava a ser um exemplo do que o Senhor pode realizar por meio de pessoas cujo coração é completamente dedicado a Ele e à Sua causa.

Calebe entendeu que o território que cada tribo receberia era diretamente proporcional à ousadia com que reivindicavam as promessas do Senhor e à extensão de terra que estavam dispostos a pisar pela fé. As promessas de Deus não se cumprem automaticamente, independentemente de nossa vontade. Elas exigem que nossa fé seja acompanhada de ações decididas. O termo hebraico ’ulay, que significa “se” (Js 14:12), pode expressar medo e dúvida, mas geralmente indica esperança e a expectativa de que algo positivo acontecerá (Gn 16:2; Nm 22:6, 11; 23:3).

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Que concessões, mesmo que “pequenas”, podem nos impedir de seguir plenamente o Senhor?
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Terça-feira, 18 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 5
O poder do exemplo

4. Leia Josué 15:16-19; Juízes 1:13; 3:7-11. O que essa história revela sobre o poder do exemplo? De que maneira a atitude de Calebe estava sendo refletida na geração mais jovem?

Nessa passagem, Calebe ofereceu sua filha, Acsa, em casamento àquele que conseguisse conquistar Debir (o nome dessa cidade tinha sido Quiriate-Sefer; Js 15:15). Otniel tomou a cidade e ganhou a mão de Acsa. Essa história é significativa porque revela a coragem, a fé e a disposição de Calebe para enfrentar desafios.

Além disso, mostra que a nova geração de israelitas seguia o exemplo de gigantes da fé como Calebe e Josué. Enquanto a geração mais velha encer-rava seu ministério, havia um novo grupo pronto para enfrentar os desafios e continuar a cumprir o plano de Deus para Israel.

A atitude de Acsa espelhava o pedido de Calebe a Josué: “Dê-me agora este monte” (Js 14:12). Encorajada pelo marido, Acsa expressou a mesma fé e determinação que seu pai havia demonstrado. Com ousadia, ela seguiu o exemplo de Calebe ao reivindicar a promessa de possuir a terra.

De fato, a terra era um presente de Yahweh para Israel, mas o povo pre-cisava se apropriar dela, reivindicando as promessas do Senhor com fé e coragem. A determinação de Acsa prenunciava a perseverança das mulheres mencionadas nos evangelhos, que não se deixaram desanimar pela multidão ou pelos discípulos e continuaram a receber a bênção de Jesus para si mesmas e suas famílias.

5. Leia Lucas 18:1-5. O que essa passagem pode nos ensinar?

 

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Passar a tocha da fé para a próxima geração é fundamental para cumprir a missão. Quais são os desafios e as oportunidades nesse processo? Como podemos motivar e preparar os jovens para se tornarem líderes espirituais? E qual é o impacto do nosso exemplo nisso?
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Quarta-feira, 19 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 6
Herói humilde

As longas listas de nomes lugares que marcam as fronteiras das terras dadas às tribos de Israel terminam com a distribuição de terras para os dois heróis, Calebe e Josué, que foram os primeiros a reconhecer essas áreas. Calebe foi o primeiro a receber sua herança, enquanto Josué obteve a sua por último. Até então, Josué havia se concentrado em dividir a terra entre as tribos de Israel; agora foi a vez de o povo dar a Josué a sua herança.

6. Leia Josué 19:49-51. O grande líder de Israel, que dividiu a terra, recebeu sua herança por último. Quais são as implicações desse fato?

A cidade que Josué recebeu chamava-se Timnate-Sera, um nome formado por duas palavras. A primeira parte, “Timnate”, vem do verbo hebraico manah, que significa contar ou atribuir, referindo-se à porção ou território. A segunda parte provavelmente deriva do verbo serac?, que significa sobrar ou exceder (ver Êxodo 26:12). Assim, podemos traduzir o nome dessa cidade como porção restante” ou “território restante”.

O nome da cidade que Josué escolheu, a partir do que sobrou, reflete o caráter nobre do segundo líder de Israel. Primeiro, ele esperou até que todo o povo recebesse sua porção. Em vez de optar por um dos territórios densamente povoados ou pelas cidades mais notáveis como sua herança, Josué escolheu uma cidade modesta, ou talvez até em ruínas, para reconstruí-la com trabalho árduo (ver Js 19:50).

Além disso, Timnate-Sera estava localizada perto de Siló, próximo ao santuário, o que revela onde estavam as prioridades de Josué e onde seu coração realmente se encontrava. Certamente, após a recém-formada nação de Israel ter sido conduzida à Terra Prometida e, com a ajuda de Deus, garantir a herança de cada tribo e família, ninguém teria se oposto ao desejo de Josué por uma herança mais grandiosa. No entanto, ele estava satisfeito em ter uma vida simples, focando no que realmente importava, uma atitude que foi refletida na oração de Davi: “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no Seu templo” (Sl 27:4).

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Quais lições você pode aprender com a atitude de Josué? Como pode aplicar isso à sua vida hoje?
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Quinta-feira, 20 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 7
Transformados pela contemplação

7. Refletir sobre grandes heróis da fé nos inspira, mas nosso maior exemplo é Jesus. Como Sua vida e ensinamentos podem nos transformar? Hb 12: 1, 2; 2Co 3:18

Marco Iacoboni, neurocientista da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA), estudou a função dos neurônios-espelho. Esses pequenos circuitos celulares são ativados não apenas quando realizamos uma ação, como rir ou abraçar alguém, mas também quando observamos outra pessoa fazendo a mesma coisa. A atividade desses neurônios diminui a diferença entre ver e fazer.

Ellen G. White escreveu sobre a importância de contemplar o cará-ter de Cristo: “Olhando para Cristo obtemos uma visão mais clara e distinta de Deus, e pela contemplação somos transformados. A benignidade e o amor para com nossos semelhantes se tornam um instinto natural. Desenvolvemos um caráter que é cópia do divino. Crescendo à Sua semelhança, ampliamos nossa capacidade de conhecer a Deus. Entramos, cada vez mais, em comunhão com o mundo celestial e temos o poder incessantemente crescente de receber as riquezas do conhecimento e sabedoria da eternidade” (Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 207, 208).

8. Leia Romanos 12:1 e 2. Quais são as duas forças diferentes que influenciam nossa vida? Como podemos ter certeza de que estamos focando na coisa certa?

Em Romanos 12, o apóstolo Paulo menciona duas forças opostas que ten-tam moldar nossa vida. De um lado, o mundo ao nosso redor, com suas várias influências, busca nos empurrar para seu próprio padrão, tentando nos moldar de fora para dentro.

Para combater essa influência, o Espírito Santo nos transforma de dentro para fora, de modo semelhante à mudança que ocorre quando uma lagarta se transforma em uma bela borboleta. No entanto, para que essa transformação aconteça, precisamos nos dedicar a Deus e pedir que Ele continue a boa obra que começou em nós (Fp 1:6). No fim, é essencial que façamos a escolha consciente de, a cada momento, viver guiados pelo Espírito.

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Você conhece alguém que precisa não apenas de orações, mas também de atenção?
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Sexta-feira, 21 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: JZ 8
Estudo adicional

“Nessa época, a fé de Calebe era exatamente igual à de quando seu testemunho tinha contrariado o relato pessimista dos espias. Havia acreditado na promessa de Deus de que levaria Seu povo a possuir Canaã, e nisso havia seguido fielmente ao Senhor. Tinha suportado, juntamente com o povo, a longa peregrinação no deserto, participando das desilusões e fardos dos culpados. Contudo, não se queixou disso, mas exaltou a misericórdia de Deus que tinha preservado sua vida no deserto, quando seus irmãos foram eliminados. Entre todas as dificuldades, perigos e pragas, nas vagueações pelo deserto e durante os anos de guerra, desde que entraram em Canaã, o Senhor o tinha guardado, e agora, com mais de 80 anos, seu vigor não havia diminuído. Não pedia para si uma terra já conquistada, mas o lugar que, mais do que todos, os outros espias haviam considerado impossível subjugar. Com a ajuda de Deus, arrancaria essa fortaleza daqueles mesmos gigantes cujo poder tinha abalado a fé de Israel. Não foi o desejo de honras ou engrandecimento próprio que determinou o pedido de Calebe. O bravo e velho guerreiro queria dar ao povo um exemplo que honraria a Deus e incentivaria as tribos a dominar completamente a terra que seus pais tinham considerado inconquistável” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 447).

Perguntas para consideração

1. Discuta o impacto da pressão de grupo e a coragem necessária para se manifestar quando os outros não o fazem. Qual é o papel da coragem em nossa vivência da fé? Como defender nossas convicções sem sermos rudes?

2. Compartilhem exemplos de fé de sua igreja ou comunidade que moldaram sua vida e seu caráter. Quais características devem ser seguidas?

3. Reflita sobre a influência da mídia em nossa vida. Como evitar seus efeitos negativos e aproveitar seu potencial para promover causas positivas?

4. Pense sobre a humildade de Josué como líder e seu desejo de viver próximo ao santuário. De que maneira o exemplo dele impacta você?

Respostas às perguntas da semana: 1. Calebe foi um dos doze espias enviados por Moisés para observar a terra. Ao lado de Josué, defendeu a conquista de Canaã, destacando-se por sua fé inabalável. Recebeu Hebrom como herança por seguir a Deus “inteiramente”. 2. Seu caráter era corajoso: enfrentou a multidão e manteve a fé, sendo recompensado por Deus. 3. Calebe e Josué exemplificaram confiança em Deus acima das circunstâncias, tendo um coração alinhado com Deus. 4. Sua filha Acsa e Otoniel refletiram seu legado de fé e ousadia, mostrando que exemplos piedosos inspiram gerações. 5. Ensina a persistir na oração diante dos desafios. Calebe persistiu na promessa. Acsa foi perseverante na súplica ao pai. 6. Josué recebeu sua herança por último, demonstrando liderança servidora e desprendimento. 7. Jesus, nosso exemplo, nos transforma quando fixamos Nele nosso olhar. 8. As pressões mundanas e a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”, que exige entrega total para discernir e viver a vontade de Deus. O nosso foco está correto quando a nossa adoração produz uma vida prática agradável a Deus.

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Resumo da Lição 8
Gigantes da fé: Josué e Calebe | 4º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Hb 13:7

FOCO DO ESTUDO: Nm 13:30-32; Js 14:6-14; Lc 18:1-5; Js 19:49-51; 2Co 3:18; Rm 12:1, 2

ESBOÇO

Introdução: A vida de Calebe e Josué foi bastante agitada. Na juventude, foram escravos no Egito. No início da vida adulta, presenciaram os poderosos feitos de Deus durante o êxodo. Na meia-idade, vagaram pelo deserto junto com a geração condenada, que chegou a ameaçá-los de morte por se oporem à sua incredulidade. Já em sua velhice, atravessaram o rio Jordão e tomaram posse da Terra Prometida. A vida deles abrangeu os eventos narrados em todo o Pentateuco, exceto Gênesis. Essas experiências e eventos moldaram o caráter desses homens excepcionais de Deus. Eles passaram por escravidão e liberdade, desilusão e esperança, atraso e realização.

Nesta semana, tivemos a oportunidade de refletir sobre o sucesso espiritual de Josué e Calebe. Dois momentos decisivos caracterizaram sua fé e seu comprometimento. O primeiro episódio ocorreu no retorno dos 12 espias, quando Josué e Calebe tentaram encorajar a primeira geração a avançar e tomar posse da terra, apesar das ameaças representadas pelos cananeus (Nm 13:30-33; Nm 14:5-10). Quarenta anos depois, no segundo episódio, Josué e Calebe escolheram a terra para sua herança. A peculiaridade dessa escolha (Js 14:6-15) se destaca porque eles são lembrados na história bíblica como exemplos de fé, coragem, comprometimento e perseverança. Seu legado permanece até hoje e pode inspirar a geração atual a confiar em Deus nas situações mais arriscadas.

COMENTÁRIO

A perspectiva da fé (Nm 13:25–14:10)

Em Números 13:25 a 33 e 14:1 a 10, todos os 12 espias concordaram com os fatos apresentados no relatório. A terra era extremamente fértil, e as frutas que trouxeram de volta serviam como prova de que a terra “manava leite e mel”, uma expressão comum no Antigo Oriente Próximo para descrever uma abundância de alimentos (ver Nm 13:27). Essa formulação não foi uma coincidência, pois a mesma expressão aparece no discurso de Deus sobre Canaã a Moisés e ao povo (Êx 3:8; Lv 20:24). De fato, a terra era extraordinária, e Deus estava certo. Todos concordaram quanto à força militar dos cananeus, descrevendo-os como poderosos que viviam em grandes cidades fortificadas (Nm 13:28). Até esse momento, Josué e Calebe permaneceram em silêncio, pois não podiam contestar o que haviam visto.

O desacordo começou na interpretação desses fatos. A maioria concluiu: “Não podemos atacar aquele povo, porque é mais forte do que nós. […] A terra pela qual passamos para espiar é terra que devora os seus moradores. […] Éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos” (Nm 13:31-33). Em sua avaliação pessimista, os dez espias também distorceram os fatos ao afirmarem que a terra “[devorava] os seus moradores”. Assim, eles se contradiziam e contradiziam a realidade de que a terra estava de fato vomitando suas nações (Lv 18:26-29), não devorando-as. A interpretação da minoria (Calebe e Josué) era completamente diferente.

Ellen White descreve vividamente o efeito do relatório dos dez espias sobre a congregação: “Sua incredulidade lançou uma triste sombra sobre a congregação e foi esquecido o grande poder de Deus, tantas vezes manifestado em favor da nação eleita. O povo não parou para refletir; não raciocinou que Aquele que o havia conduzido até ali certamente lhe daria a terra. Não se lembrou de como Deus o libertara de seus opressores de forma maravilhosa, abrindo caminho através do mar e destruindo o exército perseguidor do faraó. Deixou Deus de lado e agiu como se tivesse que depender unicamente do poder das armas” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 333).

Em contraste com a covardia e a infidelidade dos dez espias, Calebe insistiu: “Vamos subir agora e tomar posse da terra, porque somos perfeitamente capazes de fazer isso” (Nm 13:30). Em consonância com essa exortação positiva, Josué, rasgando suas roupas em consternação, reafirmou que eles não tinham razão para temer se o Senhor estivesse do lado deles (Nm 14:8-10). Contradizendo diretamente o relato dos incrédulos sobre a terra, Josué afirmou que seus habitantes seriam alimento para Israel, e não o contrário (Nm 14:9).

Escolhas corretas

Se a vida é feita de escolhas, elas revelam caráter e definem nosso futuro e legado. No fim da vida de Josué e Calebe, eles tomaram decisões incomuns em relação ao seu local de aposentadoria. Essas escolhas mostraram que o tempo não mudou seu comprometimento total com o plano de Deus e que eles viveram para glorificar a Deus, não a si mesmos.

Monte Hebrom

Calebe pediu permissão a Josué para herdar o monte Hebrom (Js 14:12a). Mas por que Hebrom? De fato, o lugar tinha um significado histórico. O lugar também era conhecido como Quiriate-Arba e era uma das regiões habitadas mais antigas mencionadas na Bíblia (Gn 23:1, 2). Além disso, o próprio Abraão havia morado lá e foi sepultado com Isaque na região (Gn 25:9, 10; Gn 35:27-29). No entanto, essa não foi a razão da escolha de Calebe. Como Calebe tinha 85 anos, ele poderia procurar um lugar de fácil acesso. Mas o acesso também não era a razão pela qual ele estava pedindo uma montanha. Nada faz o leitor acreditar que o monte Hebrom era um bom lugar de aposentadoria, com oportunidades agrícolas, excelente infraestrutura ou segurança decente.

O próprio Calebe declarou explicitamente o motivo de sua escolha: “Nem um dos anaquins sobreviveu na terra dos filhos de Israel; somente em Gaza, Gate e Asdode permaneceram alguns” (Js 11:12). Ele queria o refúgio dos gigantes! Um anaquim bem conhecido era Golias, de Gate, o único lugar na terra em que ainda restavam pessoas desse povo. Golias tinha 2,9 metros de altura. Calebe queria conquistar um dos pontos mais desafiadores da terra. Mas por que Calebe, aos 85 anos, desejaria derrotar tal lugar? Todos aqueles anos desde Cades-Barneia não haviam apagado sua fé ou sua maneira de ver os fatos da perspectiva da fé. Provavelmente, seu pedido tivesse três objetivos: inspirar fé na nova geração, provar que sua geração estava errada e exaltar o nome de Deus. Um senhor de idade que confiava no poder de Deus poderia superar o que aterrorizava uma nação inteira.

A herança de Josué

Da mesma forma, a escolha de Josué não foi motivada por ganho pessoal. Tanto Josué quanto Calebe exemplificam a verdadeira essência da liderança: servir aos outros em vez de a si mesmo. Embora pouco seja mencionado sobre Calebe, a trajetória de Josué, de assistente de Moisés (Js 1:1) a servo de Yahweh (Js 24:29), é relativamente direta. Porém, como Josué desenvolveu seu caráter como líder?

Em primeiro lugar, Josué aprendeu à sombra de um grande líder. Ao longo das aparições de Josué no Pentateuco, ele estava sob a autoridade de Moisés. Por exemplo, em Êxodo 17:8 a 13, a vitória de Josué no campo de batalha dependeu de Moisés segurar seu cajado no alto. Em Êxodo 32:17, 18, Josué foi visto seguindo Moisés no topo da montanha. Como sinal claro de autoridade sobre Josué, Moisés mudou o nome dele (Nm 13:16). Ainda muito jovem (naar), Josué foi selecionado para seguir Moisés (Êx 33:11). Ele esteve intimamente ligado ao profeta durante toda a sua vida adulta.

Segundo, apesar de sua falta de experiência inicial, ele foi escolhido por Deus porque era um homem espiritual (Nm 27:18). Consequentemente, sua vida não foi movida por nenhuma ambição terrena de autoengrandecimento ou satisfação pessoal. Vendo as coisas de uma perspectiva espiritual, Josué viveu para a glória de Deus, priorizando o que era verdadeiramente importante. Finalmente, Josué aprendeu com seus próprios erros. Após a morte de Moisés, Josué ainda era um líder em treinamento. Essa ideia ficou evidente no episódio de Ai (Js 7) e no incidente com os gibeonitas (Js 9). De fato, aprender a liderar é uma jornada ao longo de uma vida de treinamento, crescimento e transformação.

A vida desses dois gigantes espirituais, Josué e Calebe, nos ensina pelo menos cinco lições valiosas: (1) os fatos da vida são menos importantes do que a maneira como você os percebe. Em um mundo caído, os fatos muitas vezes são difíceis, mas a revelação divina oferece a visão necessária para enxergá-los em sua perspectiva verdadeira e temporária; (2) a fé não ignora os fatos; ela simplesmente oferece um ângulo diferente de compreensão; (3) em vez de reclamar, somos chamados a confiar e nos submeter aos planos de Deus, que são sempre melhores que os nossos; (4) as bênçãos vêm para aqueles que permanecem totalmente no Senhor. No campo espiritual, muitas pessoas descobrem que sua fé diminuiu com o tempo, à medida que perderam seu “primeiro amor” (Ap 2:4). No entanto, tal perda de amor e fé não aconteceu no caso de Josué e Calebe, que mantiveram sua fé e comprometimento total com o plano de Deus ao longo de sua vida. Finalmente, (5) a vida em todas as suas dimensões deve ser vivida de acordo com os planos estabelecidos por Deus, não motivada por ambição gananciosa e egoísta. A vida de Josué e Calebe exemplificam as palavras de Paulo, em 1 Coríntios 10:31: “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Qual é a sua perspectiva?

Quando as pessoas têm a chance de voar em um avião ou escalar uma montanha alta para ver uma cidade de cima, elas percebem o quão pequenos os edifícios parecem de longe. No entanto, quando andam pela mesma cidade, percebem o quão pequenas são em comparação a essas estruturas. O que mudou? Apenas a perspectiva, o ponto de vista do qual elas estavam vendo as coisas.

Quando enfrentamos os desafios da vida, podemos vê-los da perspectiva da dúvida ou da fé. Como alguém disse uma vez: “A dúvida vê os obstáculos. A fé vê o caminho! A dúvida vê a noite mais escura, a fé vê o dia! A dúvida teme dar um passo. A fé voa alto! A dúvida questiona: ‘Quem acredita?’ A fé responde: ‘Eu!’” (Paul Lee Tan, Encyclopedia of 7700 Illustrations [Garland, TX: Bible Communications, 1996], p. 404).

Considere as seguintes histórias e pense sobre o papel da dúvida e da fé em cada uma delas:

1. Abraão, aos 100 anos, confiou na promessa de Deus de uma descendência numerosa (Gn 15:1-6; 17:1-7; Gn 21:1-7).

2. Eliseu orou para que os olhos de seu servo fossem abertos para que ele visse o exército de Deus ao redor deles (2Rs 6:17).

3. Jesus explicou aos Seus discípulos que, por meio do cego, as obras de Deus seriam reveladas (Jo 9:1-7).

4. Paulo, o prisioneiro, apelou ao rei Agripa e sua corte para que se tornassem como ele (At 26:28, 29).

5. Reflita sobre as realidades dolorosas e desafiadoras na narrativa da sua própria vida. Ver essas coisas da perspectiva da fé pode lhe dar encorajamento e resolução para enfrentá-las?

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Orando por um tumor

Chile | Maria

Maria cresceu em uma família cristã devota no Chile. Eles celebravam todos os feriados de sua igreja. Mas ninguém nunca havia orado a Deus até o dia em que um médico encontrou um grande tumor no fígado de Angel, de 5 anos.

“Deus, por favor, salve a vida da minha irmãzinha”, Maria orou.

Maria tinha 21 anos e era a mais velha de três irmãs da família. Angel era a mais nova.

Quando a professora de Angel soube do tumor, ela também orou. Ela pediu à sua igreja que orasse. Ela era esposa de um pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

As orações tocaram o coração de Maria e ela não conseguia entender por que uma igreja oraria por uma menininha que nem sequer conhecia.

À medida que se aproximava a data da cirurgia de Angel, Maria orava com mais fervor. Ela prometeu ir à igreja adventista se Angel se recuperasse.

“Se o Senhor a curar, iremos a essa igreja”, ela orou. “Será uma confirmação para nós de que o Senhor quer que vamos para lá”.

A cirurgia correu bem, e Angel se recuperou completamente após um mês no hospital.

Depois que ela voltou para casa, a professora de Angel e seu pastor/marido começaram a visitar a família regularmente. Eles deram muitos abraços. Perguntaram sobre seu bem-estar. Demonstraram interesse sincero em suas vidas e continuaram voltando.

Para Maria, o pastor e sua esposa eram com um casal de conto de fadas. Ela nunca tinha visto um casal tão amoroso, e viu o amor de Jesus sob uma luz totalmente nova.

Depois de dois anos, ela e sua família entregaram seus corações a Jesus por meio do batismo. Até a pequena Angel, que tinha 7 anos, foi batizada.

A família foi ganha para Cristo através do mesmo método que Cristo usou quando caminhou na Terra. Ellen White diz: “Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: 'Segue-Me'” (A Ciência do Bom Viver, p. 134).

Por muitos meses, o pastor e sua esposa praticaram o método de Cristo: passar tempo com a família, desejar que as coisas ficassem bem para eles, ter compaixão por eles, e ajudar quando podiam, até que a família quisesse conhecer o Jesus deles.

Hoje, Maria tem 35 anos e é professora e conselheira na Universidade Adventista do Chile.

Onde quer que vá, ela ama compartilhar seu testemunho de como Deus responde às orações e como ela conheceu Jesus por meio do amor incondicional de um pastor e sua esposa. Ela até passou um ano como professora missionária do Serviço Voluntário Adventista no Equador, e viu vidas de pessoas serem transformadas por meio de seu testemunho.

“Desde que conheci Jesus, tudo tem sido uma história maravilhosa após outra”, disse ela.

A oferta deste trimestre, também conhecida como oferta para projetos missionários, será para dois projetos na Universidade Adventista do Chile, onde Maria leciona, em Chillán, Chile. Um projeto ampliará os dormitórios para dar espaço para mais 50 alunos estudarem no campus. Atualmente, a universidade tem cerca de 3.000 alunos, a maioria deles não é adventista e vive fora do campus. Os quartos do novo dormitório estarão disponíveis para todos, mas são especialmente necessários para os alunos de Teologia e Educação, que vêm para a universidade de lugares distantes e estão estudando para trabalhar em igrejas e escolas adventistas. O segundo projeto é um novo centro do Serviço Voluntário Adventista na universidade, que enviará 30 missionários a diferentes partes do mundo todos os anos. O centro terá cinco salas para treinar alunos para serem missionários e um auditório com 250 lugares. Muito obrigado por sua oferta generosa para esses dois projetos. Na próxima semana, veja sobre a experiência de Maria como professora missionária do Serviço Voluntário Adventista.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre a América do Sul, e Chillán, Chile, no mapa.

• Assista a um vídeo curto no YouTube sobre Maria em: bit.ly/Maria-SAD

• Faça o download das fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2025

Tema geral: Josué

Lição 15 - 21 de novembro

Gigantes da fé: Josué e Calebe

Autor: Volney da Silva Ribeiro.

Editoração: Lucas Diemer de Lemos

Revisão: Rosemara Santos

 

Exemplos de perseverança

A distinção de Josué e de Calebe se evidencia tanto em relação às nações pagãs quanto em contraste com o próprio Israel. Os povos pagãos eram reconhecidos por práticas contrárias à lei de Deus, por um sistema de vida orientado pela desobediência. Israel, por sua vez, embora chamado a ser povo do concerto, frequentemente demonstrava incredulidade, deixando-se dominar pelo medo e pela falta de confiança nas promessas divinas.

Nesse cenário, Josué e Calebe aparecem como exceções notáveis. Ao rejeitarem a visão humana limitada e ao se apoiarem unicamente na palavra do Senhor, mostram que a verdadeira identidade do povo de Deus é definida pela fidelidade à aliança. Diferentemente dos pagãos, eles reconhecem a soberania divina; diferentemente de seus compatriotas incrédulos, não deixaram que as circunstâncias obscurecessem a promessa, a confiança em Deus e a fidelidade à Sua lei. Assim, assumem o papel do remanescente fiel, mesmo quando cercados por oposição externa e desencorajamento interno.

Exemplos de fidelidade e coragem

Calebe é um exemplo notável de coragem e fidelidade. Sua vida demonstrou lealdade e perseverança. Seu nome simboliza essas qualidades, que ele manifestou plenamente em cada decisão e ação. Enquanto a maioria dos espias enviados para explorar Canaã voltou dominada pelo medo, desencorajando o povo e enaltecendo obstáculos, Calebe permaneceu firme, confiando nas promessas de Deus e enfrentando a oposição com determinação, mesmo sob ameaça de morte. Como recompensa, enquanto os nomes dos espias que cederam ao medo caíram no esquecimento, Calebe permanece como exemplo vivo de lealdade.

Sua trajetória nos desafia a confiar plenamente nas promessas de Deus e a agir com coragem, mesmo diante de desafios que parecem superiores às nossas forças. A fidelidade de Calebe nos inspira a permanecer firmes em nossa própria caminhada, lembrando que a nossa lealdade também pode encorajar outros a confiar e a perseverar. Assim, a história dele se torna um chamado à fidelidade e à coragem, mostrando que a honra a Deus transforma cada desafio em uma oportunidade de manifestar determinação e influência positiva, inspirando outros a seguirem o mesmo caminho. 

Perseverança no Senhor

Calebe é um exemplo extraordinário de perseverança e fidelidade. Ao longo de sua vida, demonstrou seguir ao Senhor com inteireza de coração, sem se deixar abalar pela incredulidade e pelo medo que dominaram a maioria do povo. Quando mais jovem, ao lado de Josué, ousou declarar que a terra prometida poderia ser conquistada porque a vitória dependia do poder de Deus, e não das circunstâncias visíveis (Nm 14:6-9). Décadas depois, aos 85 anos, diante de Josué e de todo o Israel, reafirmou sua confiança no Senhor, dizendo que ainda estava forte e que sua força naquele momento era a mesma de sempre. Por essa razão, ele queria o monte (Js 14:11, 12).

Essa declaração revela uma fé que jamais enfraqueceu, mas que foi fortalecida pela experiência com Deus e pela lembrança das Suas promessas. Sua vida mostra que a verdadeira espiritualidade não é marcada apenas por momentos de fervor inicial, mas por uma caminhada de fé constante, pela convicção de que o Senhor permanece o mesmo em todas as fases da nossa vida. Calebe também entendeu que as bênçãos do Senhor requerem que o povo as reivindique com coragem, a qual advém de uma vida de relacionamento íntimo com o Pai. Assim, o testemunho de Calebe nos ensina que aquele que se entrega de todo o coração a Deus experimenta uma fé que atravessa gerações, supera obstáculos e permanece firme até o fim.

Calebe: uma vida que inspira

A narrativa da vida de Calebe ilustra de maneira profunda como a experiência pessoal de fé e coragem pode servir de modelo para as novas gerações. A firmeza de Calebe em seguir ao Senhor, reivindicando a terra prometida mesmo na velhice, não apenas garantiu a sua própria vitória, mas inspirou outros a agirem com ousadia e confiança, como Otniel e Acsa demonstraram ao enfrentar desafios concretos da vida (Js 15:16-19; Jz 1:13).

Essa transmissão de valores espirituais nos mostra que a fidelidade não é inspiradora apenas por palavras, mas sobretudo por exemplos vivos de obediência e perseverança. Isso reforça a importância de cultivarmos uma vida de integridade, fidelidade e coragem, pois cada ato de fé pode despertar em outros o desejo de buscar a Deus de todo o coração, assumir responsabilidades espirituais e enfrentar desafios com destemor, confiando plenamente na orientação divina. Assim, o testemunho pessoal torna-se instrumento de fortalecimento contínuo da igreja, evidenciando que a coragem e a fidelidade se multiplicam quando são vividas com integridade e transmitidas pelo exemplo. 

Humildade: sinal de grandeza espiritual 

A cena final da distribuição da terra em Josué 19 é um retrato comovente de liderança espiritual verdadeira. O texto destaca a conclusão de uma missão e o caráter do homem que a conduziu. Josué, o grande estrategista, conquistador e servo fiel de Deus, termina sua trajetória pública da mesma forma que a começou: servindo. Josué foi moldado no deserto, ao lado de Moisés, e aprendeu que a autoridade espiritual se manifesta em obediência e serviço. Ele nos recorda que a verdadeira grandeza vem da disposição para servir.

Assim, a vida de Josué nos desafia a redescobrir a beleza da simplicidade e da entrega. Sua vida nos mostra que viver perto do “santuário”, isto é, manter comunhão contínua com Deus, é mais valioso que possuir qualquer território. Desse modo, Josué encerra sua missão não como um conquistador que busca recompensas, uma vez que ele não usou sua posição para obter vantagens, mas como um servo que encontra descanso junto do Santuário. Seu legado é o de um herói que vence pela humildade, espelhando o padrão divino de liderança, na qual a grandeza é medida pela renúncia e pela disposição de colocar a causa de Deus e tudo que Lhe diz respeito em primeiro lugar.

Contemplação, rendição e transformação

A transformação espiritual é um processo que nasce da contemplação constante de Cristo, que é fonte viva de poder regenerador. Quando o autor de Hebreus nos convida a olhar firmemente para Cristo, autor e consumador da fé (Hb 12:2), ele propõe mais do que admiração; ele propõe comunhão. Assim, ao fixar o olhar em Cristo, o Espírito Santo grava em nossa mente o caráter de Jesus, substituindo padrões mundanos por princípios do reino.

Por outro lado, Paulo adverte em Rm 12:1 e 2 que duas forças disputam o coração humano: a conformação ao mundo e a renovação pelo Espírito. O mundo tenta moldar de fora para dentro, pela sedução, por exemplo, enquanto o Espírito age de dentro para fora, pela renovação da mente e do desejo. O segredo para a vitória está na rendição voluntária: permitir que cada pensamento seja submetido à vontade divina. Contemplar a Cristo, portanto, é um ato de adoração que transforma a percepção, redefine valores e nos torna participantes da própria natureza divina (2Pe 1:4).

Conclusão

A jornada de Josué e Calebe revela que a verdadeira vitória espiritual nasce da fidelidade perseverante, da humildade no serviço e da transformação pela contemplação de Cristo. Esses princípios se unem para formar um retrato completo da vida cristã: fé que confia nas promessas divinas, coragem que enfrenta desafios com esperança e entrega que permite ao Espírito moldar o caráter à semelhança do Salvador. Assim, cada um de nós é chamado a viver para refletir, com inteireza de coração, o caráter daquele que é a fonte de toda força, coragem e transformação.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.