Em muitos salmos, o louvor assume a forma de narração dos poderosos atos de salvação do Senhor. Esses salmos são chamados com frequência de “salmos da história da salvação” ou “salmos históricos”. Alguns apelam ao povo de Deus, dizendo-lhes para aprender com sua história, em especial com os erros deles e de seus antepassados. Certos salmos históricos contêm um estilo predominante de hino que destaca os feitos maravilhosos anteriores de Deus em favor de Seu povo e que fortalecem sua confiança no Senhor, que é capaz e fiel para libertá-los de suas dificuldades presentes. O atrativo especial dos salmos históricos é que eles nos ajudam a ver a nossa vida como parte da história do povo de Deus e a reivindicar esse passado como nosso. Como fomos adotados na família do povo histórico de Deus por meio de Cristo (Rm 8:15; 9:24-26; Gl 4:6, 7), a herança histórica do antigo povo de Israel é de fato o relato de nossa ascendência espiritual. Portanto, podemos e devemos aprender com o passado deles, que também é o nosso.
O objetivo final é perceber que cada geração do povo de Deus desempenha um papel pequeno, mas significativo, no grande desdobramento histórico dos propósitos divinos soberanos no grande conflito.
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1. Leia o Salmo 78. Quais três épocas históricas principais são destacadas nesse salmo? Que lições recorrentes Asafe tira de cada período?
As revisões do passado de Israel destacam a fidelidade de Deus e a infidelidade do povo. Elas também servem para ensinar as novas gerações a não repetir os erros de seus antepassados, mas a confiar em Deus e a permanecer fiéis à Sua aliança. O salmista usa a história como uma parábola (Sl 78:2), o que significa que o povo deve ponderar sobre a mensagem do salmo e procurar o significado dela. O Salmo 78:2 é uma descrição profética do método de Jesus de ensinar por parábolas (Mt 13:34, 35). O salmo também reflete sobre o Êxodo (Sl 78:9-54), o assentamento em Canaã (Sl 78:55-64) e a época de Davi (Sl 78:65-72). Demonstra os atos gloriosos do Senhor e as consequências da quebra da aliança. A história de Israel relata muitas formas de deslealdade do povo a Deus, especialmente sua idolatria (Sl 78:58).
No entanto, o salmista enfatizou a raiz da infidelidade de Israel: eles esqueceram o que Deus havia feito por eles, não confiaram Nele, colocaram-No à prova (Sl 78:18, 41, 56), se rebelaram contra Ele e falharam em guardar Sua lei, Sua aliança e Seus testemunhos (Sl 78:10, 37, 56). Ao enfatizar essas formas específicas de deslealdade, o salmista sugere que a rejeição de Israel na história resultou de um pecado central, a saber, o fracasso do povo em confiar no Senhor (Sl 78:7, 8).
Ficamos perplexos com a teimosia e cegueira do povo, em contraste com a paciência e a graça do Senhor. Como as novas gerações demoraram tanto a aprender?
Antes de criticarmos as gerações passadas, devemos pensar em nós mesmos. Não costumamos também nos esquecer das maravilhas que Deus já realizou e negligenciar Suas exigências da aliança? O Salmo 78 não encoraja as pessoas a confiar em suas próprias ações, mas mostra a futilidade da vontade humana, a menos que esteja fundamentada na constante consciência da fidelidade de Deus e na aceitação de Sua graça. As batalhas malsucedidas do povo de Deus (Sl 78:9, 62-64) elucidam a lição do salmo de que os esforços humanos, separados da fidelidade a Deus, estão condenados ao fracasso.
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2. Quais eventos históricos e respectivas lições vemos no Salmo 105?
O Salmo 105 relembra eventos-chave que moldaram o relacionamento de aliança entre o Senhor e Seu povo Israel. Ele se concentra na aliança de Deus com Abraão, em que Deus prometeu dar a terra prometida a ele e a seus descendentes, e em como essa promessa, confirmada a Isaque e Jacó, foi providencialmente cumprida por meio de José, Moisés e Arão, e no tempo da conquista de Canaã. O salmo dá esperança ao povo de Deus em todas as gerações, pois as obras divinas maravilhosas no passado garantem o amor imutável de Deus ao Seu povo em todos os tempos (Sl 105:1-5, 7, 8). O Salmo 105 se assemelha ao Salmo 78 (veja a lição de ontem) ao destacar a fidelidade de Deus ao Seu povo na história, e faz isso para glorificar a Deus e inspirar a fidelidade. No entanto, ao contrário do Salmo 78, o Salmo 105 não menciona os erros passados do povo. Esse salmo tem um propósito diferente.
Em vez disso, no Salmo 105, a história é recontada através da vida dos maiores patriarcas de Israel, mostrando a liderança providencial divina e a paciente resistência dos patriarcas às dificuldades. A perseverança e a lealdade dos patriarcas a Deus foram ricamente recompensadas. Assim, o Salmo 105 convida o povo a imitar a fé dos patriarcas e a esperar com confiança a libertação divina no seu próprio tempo.
O Salmo 105 possui estilo de hino (Sl 105:1-7), mostrando que, a fim de louvar a Deus verdadeiramente, o povo precisa conhecer os fatos de sua história, que oferece tanto validação para a nossa fé quanto inúmeras razões para louvar a Deus.
Os adoradores são chamados de semente de Abraão e filhos de Jacó (Sl 105:6), sendo assim considerados o cumprimento da promessa de Deus a Abraão de fazer dele uma grande nação (Gn 15:3-6). O salmista ressalta a continuidade entre os patriarcas e as gerações subsequentes do povo de Deus e enfatiza que “os Seus juízos permeiam toda a Terra” (Sl 105:7, grifo nosso), admoestando os adoradores a não se esquecerem de que “nosso Deus” também é o soberano Senhor do mundo inteiro e de que Sua bondade amorosa se estende a todos os povos (Sl 96:1; 97:1). É, claramente, um chamado à fidelidade a cada geração de crentes.
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3. Leia o Salmo 106. Que eventos históricos e suas respectivas lições esse salmo destaca?
O Salmo 106 também evoca os principais eventos da história de Israel, incluindo o Êxodo, a permanência no deserto e a vida em Canaã. Enfatiza os pecados hediondos dos antepassados, que culminaram na geração levada para o exílio. É bem provável que o salmo tenha sido escrito quando a nação estava em Babilônia, ou depois que voltaram para casa, e o salmista, inspirado pelo Espírito Santo, narrou esses incidentes históricos e as lições que o povo deveria ter aprendido com eles. Além disso, esse salmo, como os outros, aponta para a fidelidade de Deus à Sua aliança da graça, pela qual salvou o Seu povo no passado (Sl 106:45). Expressa a esperança de que o Senhor novamente mostre favor ao Seu povo arrependido e o reúna dentre as nações (Sl 106:47). O apelo para a libertação não é um pensamento ilusório, mas uma oração de fé baseada na certeza das libertações passadas (Sl 106:1-3) e no caráter infalível da fidelidade divina à aliança com Seu povo.
A lembrança dos fracassos históricos de Israel no Salmo 106 é parte integrante da confissão de pecados e do reconhecimento de que os israelitas do período desse salmo não eram melhores do que seus antepassados. Eles admitiram que foram ainda piores do que seus antepassados, pois conheciam as consequências das iniquidades das gerações anteriores e como Deus exerceu Sua grande paciência e graça ao salvá-las, mesmo que tivessem deliberadamente andado de maneira perversa. Se essa foi a conclusão à qual chegaram, pense em nossa situação, pois temos a revelação do caráter divino e da graça salvadora revelados em Jesus e na cruz.
A boa notícia do Salmo 106 é que o amor inabalável de Deus sempre prevalece sobre os pecados do povo (Sl 106:8-10, 30, 43-46). O papel fundamental de Moisés e de Fineias em afastar a ira divina aponta para o significado da intercessão de Cristo em favor dos crentes. Somente a experiência pessoal com a graça de Deus pode transformar uma história passada em nossa história.
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4. Leia o Salmo 80. Como o povo de Deus é retratado nesse salmo, e que grande esperança é o motivo de sua súplica?
Israel é retratado como uma vinha que Deus arrancou do Egito, a terra da opressão, e transportou para a terra prometida, terra de abundância. A imagem de uma vinha transmite a eleição de Israel por Deus e Seu cuidado providencial (leia também Gn 49:11, 12, 22; Dt 7:7-11). Contudo, no Salmo 80, a vinha de Deus está sob a Sua ira (Sl 80:12). Os profetas anunciam sua destruição como o sinal do juízo divino, pois a videira se tornou ruim (Is 5:1-7; Jr 2:21).
O Salmo 80 não pondera sobre as razões do juízo divino. Dadas as profundezas da graça divina, o salmista fica perplexo que Deus pudesse reter Sua presença de Seu povo por um tempo tão longo. A tensão entre a ira e o juízo de Deus, por um lado, e a graça e o perdão de Deus, por outro, fez com que o salmista temesse que a ira divina pudesse prevalecer e consumir o povo por completo (Sl 80:16).
5. Leia Números 6:22-27. Como essa bênção é usada no Salmo 80?
O refrão do salmo evoca a promessa de Arão da bênção perpétua de Deus sobre Seu povo (Nm 6:22-27) e destaca a esperança de que a graça de Deus triunfe sobre as causas da miséria do povo: “Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos!” (Sl 80:3; ver também Sl 80:7, 19).
A palavra hebraica para “restaurar” vem de uma palavra comum que significa “retornar” e é usada repetidamente na Bíblia no contexto do chamando para que o povo, que se afastou de Deus, retorne a Ele. Está ligada à ideia de arrependimento, de se afastar do pecado e voltar para Deus. “Eu lhes darei um coração para que Me conheçam, para que saibam que Eu sou o Senhor. Eles serão o Meu povo, e Eu serei o Seu Deus, porque se voltarão para Mim de todo o seu coração” (Jr 24:7).
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6. Leia o Salmo 135. Que eventos históricos são destacados nesse salmo? Que lições o salmista tira deles?
O Salmo 135 convoca o povo de Deus a louvar ao Senhor por Sua bondade e fidelidade demonstradas na criação (Sl 135:6, 7) e na história da salvação de Israel na época do Êxodo (Sl 135:8, 9) e na conquista da terra prometida (Sl 135:10-12). O Senhor demonstrou Sua graça escolhendo Israel como Seu tesouro especial (Sl 135:4). “Tesouro especial” transmite a distinta relação de aliança entre o Senhor e Seu povo (Dt 7:6-11; 1Pe 2:9, 10). A escolha de Israel foi baseada na vontade soberana do Senhor; portanto, Israel não tem motivo para se sentir superior a outros povos. O Salmo 135:6, 7 demonstra que os propósitos do Senhor para o mundo não começaram com Israel, mas com a criação. Por isso, Israel deve humildemente cumprir seu papel designado nos propósitos salvíficos de Deus para todo o mundo.
O relato das grandes obras de Deus em favor de Seu povo (Sl 135:8-13) culmina na promessa de que Deus o “julgará” e terá compaixão dele (Sl 135:14). O julgamento nesse sentido é a vindicação divina dos oprimidos e dos desamparados (Sl 9:4; 7:8; 54:1; Dn 7:22). A promessa é que o Senhor pleiteará a causa de Seu povo e o defenderá (Dt 32:36). Assim, o objetivo do Salmo 135 é motivar o povo de Deus a confiar no Senhor e a permanecer fiel à aliança com Ele.
A fidelidade do Senhor ao Seu povo levou o salmista a afirmar a inutilidade dos ídolos e a supremacia do Senhor no mundo (Sl 135:15-18). A confiança nos ídolos torna seus adoradores tão destituídos de esperança e desamparados quanto seus objetos de adoração. O salmo demonstra que Deus deve ser louvado como Criador e Salvador do povo. Isso é maravilhosamente transmitido nas duas versões complementares do quarto mandamento do Decálogo (Êx 20:8-11; Dt 5:12-15). Visto que o poder de Deus na criação e na história é incomparável, o povo de Deus deve sempre confiar Nele e adorar a Ele somente. Como nosso Criador e Redentor, somente Ele deve ser adorado, e a adoração de qualquer outra coisa, ou de qualquer outra pessoa, é idolatria.
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Leia Atos 7 e Hebreus 11. Qual é o objetivo final da liderança soberana de Deus sobre Seu povo na história? Os salmos históricos são um testemunho da fidelidade de Deus ao Seu povo. Cada evento foi um passo providencial que levou ao cumprimento da promessa do Salvador na pessoa de Jesus. Mesmo as provações, que deixavam o povo perplexo e os fazia pensar que Deus o havia abandonado, estavam sob o controle de Deus e era parte de Sua providência, pois Deus é o Senhor da História. O salmista habilmente apresentou a verdade de que mesmo a deslealdade do povo não impediu Deus de Se manter fiel ao Seu povo e cumprir Suas promessas. No entanto, os indivíduos e grupos impenitentes foram excluídos das bênçãos da aliança, e seu fim desprezível serve de aviso de como a vida sem Deus ou em oposição a Ele destrói as pessoas.
Os salmos indicam que “nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido, e de seus ensinos em nosso passado” (Ellen G. White, Eventos Finais [CPB, 2021], p. 47).
Para que o povo de Deus avance sem medo, precisa conhecer sua história. Ellen G. White aconselhou os crentes a ler os Salmos 105 e 106 “pelo menos uma vez por semana” (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 99).
A história do povo de Deus demonstra que nenhuma promessa que Deus fez em Sua Palavra deixará de ser cumprida. Isso inclui as promessas de cuidado individual e a promessa da segunda vinda de Cristo, que estabelecerá o reino de justiça e paz. Perguntas para consideração 1. Quais são as bênçãos de recordar a liderança fiel de Deus sobre Seu povo na história? Quais são as consequências de esquecer ou ignorar as lições do passado? 2. Como os salmos nos encorajam a reconhecer o cuidado de Deus e a exercitar confiança nos Seus caminhos soberanos, mesmo quando é difícil entender tudo? 3. Como tornar o estudo da história do povo de Deus preeminente nos cultos? Como ser mais intencionais ao contar aos filhos sobre a história recente do povo de Deus?
Respostas e atividades da semana: 1. O Êxodo, o estabelecimento em Canaã e a época de Davi; jamais devemos deixar de confiar no Senhor. 2. A aliança de Deus com Abraão, confirmada a Isaque e Jacó, e cumprida por meio de José, Moisés e Arão, e no tempo da conquista de Canaã. Devemos imitar a fé e a paciência dos patriarcas. 3. O Êxodo, a permanência no deserto e a vida em Canaã. Devemos aprender com os erros passados para não os repetir. 4. Como uma videira; o perdão e a graça divina. 5. O salmista pede que o rosto de Deus resplandeça para o povo. 6. Criação, Êxodo e conquista da terra prometida. Deus é nosso Criador e Redentor. Somente Ele merece adoração.
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ESBOÇO
Introdução: As Escrituras não são um livro de filosofia, cheio de conjecturas humanas acerca dos atributos e ensinamentos de Deus. A Bíblia é o registro das ações do Senhor na História desde o início dos tempos. Por meio desses eventos, podemos aprender quem Ele é e quais são os Seus planos para a humanidade. Muitos críticos das Escrituras tropeçam nessa verdade bíblica. Eles não aceitam a ideia de que Deus trabalha ativamente na História. Rejeitam o conceito de que o Criador Se envolve nos assuntos humanos. Reconhecer Seu envolvimento seria o mesmo que admitir que Ele é o Governante do Universo e o legítimo Senhor e Soberano de todo ser humano; e, como tal, devemos aceitar Sua soberania e Sua lei. As últimas coisas que o coração egoísta deseja reconhecer são as reivindicações de Deus sobre sua lealdade e a autoridade divina sobre a vida humana.
Nesta semana, vamos considerar como os salmistas reconheceram a obra de Yahweh na história da nação de Israel.
COMENTÁRIO
A história como a espinha dorsal das Escrituras
Conforme mencionado na introdução, a Bíblia reflete a realização dos propósitos do Todo-Poderoso nos assuntos humanos, desde o início dos tempos. “Na Palavra de Deus, [...] a cortina é afastada, e contemplamos em todas as dimensões e em toda a marcha e contramarcha das paixões, do poder e dos interesses humanos a força de um Ser misericordioso, que executa, de forma silenciosa e paciente, as determinações de Sua própria vontade ” (Ellen G. White, Educação [CPB, 2021], p. 123).
Do Gênesis ao Apocalipse, vemos a história da redenção. Tudo o que o Senhor fez foi com o propósito de salvar pessoas perdidas. Vemos esse propósito no próprio conteúdo da Bíblia: ela é um livro sobre a história da salvação. Enquanto 21 livros da Bíblia são de natureza narrativa ou compostos por histórias, o restante dos livros – sejam proféticos, poéticos, sapienciais, apocalípticos, epístolas pastorais ou pessoais – também está relacionado com histórias ou contém esse tipo de literatura.
As Escrituras em sua totalidade se baseiam no entendimento de que seu Autor está vivo e ativo, intervindo nos eventos terrenos. O poder da mensagem da Bíblia reside nesse fato. Quando aprendemos, por exemplo, no livro de Jonas que Deus controla o mar, os ventos, o grande peixe, a planta e o verme, percebemos que esses quatro capítulos não são mera novela produzida por um autor obscuro, rabiscada alguns milhares de anos atrás. Uma das grandes ênfases da Bíblia é que o Criador governava as forças naturais naquela época e as governa hoje. Se rejeitarmos a historicidade das Escrituras, tudo o que nos restará serão contos religiosos sem o poder de transformar nossa vida atual. Infelizmente, essa situação é exatamente o que vemos acontecendo em nossa sociedade hoje. A Bíblia confronta o pensamento secular e afirma não só que o Senhor atua na história, mas que Ele desenvolve relacionamentos dinâmicos e salvíficos com Suas criaturas.
História narrada em forma de poesia
Uma característica interessante das Escrituras é que os eventos históricos com frequência são narrados não só em forma de prosa, mas também de poesia. Geralmente temos essa ideia preconcebida – sem dúvida condicionada pelo estudo da literatura secular dentro de nossa cultura – de que a história deve ser escrita apenas em estilo formal de prosa. Na maior parte das sociedades atuais, a poesia é reservada para expressar emoções, não sendo considerada adequada para produzir escrita séria ou como fonte histórica.
As Escrituras Sagradas, no entanto, desafiam todas as restrições e classificações literárias. Basta comparar Êxodo 14 e 15. Ambos os capítulos falam sobre a divisão miraculosa do mar Vermelho, mas usam diferentes formas literárias para fazê-lo. O relato do capítulo 14 é escrito em prosa, enquanto o do capítulo 15, em poesia. Encontramos a mesma técnica em Juízes 4 e 5, no registro da vitória de Débora e Baraque sobre Jabim, rei de Hazor, e seus exércitos. O capítulo 4 é escrito em prosa, enquanto o capítulo 5 expressa os mesmos eventos em forma de poesia. É bastante instrutivo comparar os relatos em prosa e poesia dos mesmos eventos: esses relatos nos ensinam que não devemos descartar os eventos históricos contidos nos salmos como menos do que “históricos” ou autênticos simplesmente porque são expressos por meio de poesia. A poesia é uma forma legítima de expressão que os escritores bíblicos usaram, sob a inspiração do Espírito Santo, para despertar e fortalecer a fé do crente nas ações de Deus.
A importância paradigmática do êxodo no Antigo Testamento
Voltaremos agora nossa atenção para o êxodo, um evento destacado em seis cânticos do Livro dos Salmos (Sl 78:10-53; 80:8-11; 105:26-41; 106:7-33; 135:8-12; 136:10-22). A libertação do Egito era, para Israel, um símbolo da libertação divina do cativeiro do pecado. No Salmo 136, o êxodo é colocado em paralelo com a criação como evidência do poder de Deus. O evento do êxodo é o fundamento do chamado para a obediência aos Dez Mandamentos (Êx 20:2). A Páscoa, que é a recordação do êxodo, é a celebração do Dia da Independência do povo hebreu. Contudo, muito mais do que mera celebração civil, política ou militar, a Páscoa era uma festa espiritual que previa a libertação maior que seria efetuada pelo Messias. O êxodo foi um clímax importante da história de Israel e, portanto, era um paradigma adequado para a libertação do pecado que Deus realizaria em favor da família humana. Além disso, vários outros elementos também tornam essa narrativa um épico de drama inigualável: a derrubada do opressor de sua posição aparentemente invencível no mundo; a situação esmagadora de dura servidão e escravidão; a humildade de um simples pastor enviado como libertador; e os incríveis milagres realizados pelo Todo- Poderoso para salvar Seu povo.
O paradigma do êxodo foi repetido no Novo Êxodo, quando os judeus voltaram da Babilônia para Judá. As virtudes mais importantes que o êxodo desperta em nós são a fé na libertação deste mundo de pecado e a esperança na nova vida em Cristo (1Co 10:1-4). Todos os detalhes da Páscoa (Êx 12; Lv 23:4-8; Dt 16:1-8) eram “sombra das coisas que haviam de vir” (Cl 2:16, 17), revelando em tipos e símbolos a paixão e morte de Jesus Cristo. Com essa ideia em mente, podemos entender melhor por que a relevância do êxodo no Saltério vai muito além do povo hebreu e tem significado especial para os crentes do tempo do fim.
Diga aos seus filhos
A ação de Deus na história nos oferece outra lição importante, conforme afirmou o salmista:
“Abrirei os meus lábios para proferir parábolas
E publicarei enigmas dos tempos antigos.
O que ouvimos e aprendemos,
O que os nossos pais nos contaram,
Não o encobriremos a seus filhos;
Contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor,
E o Seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78:2-4).
No antigo Israel, os pais educavam seus filhos recitando para eles as ações efetuadas pelo Deus de seus antepassados. Os pais foram instruídos a repetir aos filhos estes atos de salvação: a morte dos primogênitos no Egito (Êx 13:14-16); os milagres do êxodo (Dt 6:20-25); e a travessia do rio Jordão (Js 4:20-24). Essa recitação envolvia mais do que memorizar declarações e leis. Nesse estilo de educação está implícita a ideia de que o entendimento da história é a melhor maneira de preservar a fé dos pais a cada geração.
As instruções acerca do ensino dos filhos são profundamente intencionais. Devemos ensinar os eventos da história da salvação aos filhos de todas as maneiras diferentes e interessantes possíveis. O inimigo faz todo o possível para enganar, especialmente os acadêmicos e, assim, nos levar a rejeitar a historicidade das Escrituras. Se Satanás nos convencer de que a Bíblia é formada de contos, crentes serão arrastados para a incredulidade e se desviarão para os prazeres do mundo.
Não esqueça seu passado
Costuma-se dizer: “Aqueles que esquecem o passado estão condenados a repeti-lo.” O Salmo 105:5 afirma: “Lembrem-se das maravilhas que Ele fez, dos Seus prodígios e das sentenças de juízo que pronunciou” (NVI). Da mesma forma, o Espírito de Profecia nos diz: “Nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido e de Seus ensinos em nosso passado” (Ellen G. White, Vida e Ensinos, p. 143).
A história era frequentemente expressa em cânticos para facilitar a memorização e inculcar a verdade bíblica na mente das pessoas do antigo Israel. Podemos nos beneficiar da aplicação dessa mesma verdade essencial em nossa própria vida. Repetir os milagres e providências de nosso Deus todo-poderoso, conforme registrados nas Escrituras e vivenciados em nossa própria experiência pessoal, é uma fonte de inspiração, fé e força.
Deus é misericordioso com Seu povo
Para os salmistas, era de suma importância relembrar “os louvores do Senhor, e o Seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78:4). As ações de Deus no passado são a garantia de que Ele salvará Seu povo das dificuldades atuais e futuras (Sl 80:7-11, 19). Deus é fiel porque Se lembra de Sua santa aliança com Seu povo (Sl 105:42, 43), para dar-lhe a terra prometida como herança (Sl 105:44; 136:21, 22).
O Senhor é fiel. Ele está sempre pronto para mostrar Sua misericórdia a nós, apesar de nossos erros. Assim, devemos nos lembrar de Seu amor por nós e por Sua igreja.
Louvar e cantar ao Senhor
Devemos nos esforçar para honrar o Criador na adoração pessoal e congregacional. Por isso, devemos selecionar, de maneira reverente, cânticos de adoração.
O índice do Hinário Adventista do Sétimo Dia mostra a variedade de hinos de louvor disponíveis para nós. Muitas igrejas são abençoadas com instrumentos musicais. Também podemos ter à disposição a mais recente tecnologia para ser usada no culto de adoração.
Mas de que nos adiantam essas coisas se não tivermos o espírito de louvor que somos exortados a buscar (Sl 105:1-7; 106:1-3 e 135:1-7)? Esses textos não são um convite para fazer barulho ou usar tambores no culto de adoração. Em vez disso, eles nos convidam a nos concentrarmos na misericórdia de Deus e em Seus feitos incontáveis. Com base nesse fato, somos estimulados a cantar com entusiasmo em nosso coração, em nosso lar e na igreja.
O Senhor julga Seu povo
Um dos temas mais importantes do Salmo 135 é o fato de que “o Senhor julga o Seu povo e Se compadece dos Seus servos” (Sl 135:14). Aqui, julgar significa que o Senhor “fará justiça” ao Seu povo (NVT) ou o “defenderá” (NVI). Nesse cântico, o salmista enfatizou a libertação da escravidão egípcia que Deus efetuou em favor de Israel (Sl 135:8-14). Essa libertação, no entanto, não foi apenas um juízo contra o Egito, mas também resultou na vindicação do povo de Deus. Geralmente concebemos a punição como resultado do julgamento, mas esse salmo nos lembra de que os juízos de Deus também concedem bênçãos e favores a Seu povo fiel. O êxodo é uma das manifestações supremas dessa verdade.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere este resumo dos conceitos mais importantes da lição desta semana: (1) o Senhor é um Deus pessoal intimamente envolvido nos assuntos humanos; (2) Deus ainda age: se Ele agiu em favor do povo no passado, pode atuar hoje. É nosso privilégio ver Seus feitos; (3) cada evento da existência está em Suas mãos: tudo é controlado e guiado por Ele. Louvado seja o Senhor porque Ele é nosso Amigo real!
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Esperando por esse dia
Nepal | Sukamaya
O filho de Sukamaya era a alegria de sua vida. O bebê, Shyam, nasceu logo depois que Sukamaya se casou, aos 16 anos, no Nepal. Mas quando Shyam tinha oito meses de idade, ele adoeceu com diarreia. Sukamaya pediu ao marido que chamasse um xamã para obter ajuda. Não havia médicos ou hospitais perto de sua remota cidade montanhosa. Sempre que alguém ficava doente, os habitantes da cidade chamavam o xamã.
“É por causa de um espírito maligno”, disse o xamã. “Ele está bravo com sua família. Você precisa sacrificar um porco para deixar o espírito feliz.” Mas ninguém teve tempo de sacrificar um porco. Enquanto Sukamaya e seu marido conversavam com o xamã, o bebê morreu em seu colo.
O choque foi enorme. Sukamaya desmaiou e permaneceu inconsciente por três dias. Quando acordou, ela se recusou a comer ou beber. Ela não queria mais viver. Seu marido e vizinhos procuravam incentivá-la. “Talvez você tenha outro filho”, diziam.
Um ano depois, Sukamaya deu à luz uma filha. Ela chamou a menina de Shyam, o mesmo que seu filho. Ela estava feliz, pois viu que tinha uma razão para viver. Ela precisava viver para sua filha.
No entanto, o marido de Sukamaya começou a beber após a morte de seu filho. Gradualmente, a família caiu em problemas financeiros por causa de sua embriaguez. Sukamaya, por sua vez, observou com carinho Shyam crescer e se casar aos 20 anos. Shyam se casou com um parente distante que morava na mesma cidade.
A tragédia aconteceu quando Shyam estava grávida de seu primeiro filho. Algumas complicações aconteceram uma noite, e ela precisava de assistência médica urgente. A cidade ainda não tinha médico ou hospital. Então, os moradores colocaram Shyam em uma maca improvisada e a carregaram para a próxima cidade. Não havia estradas, e eles a carregaram por quatro horas. Na cidade seguinte, que tinha uma estrada, ela foi colocada em uma ambulância e levada às pressas para a cidade mais próxima com um hospital. Mas ela morreu no caminho.
A morte foi um duro golpe para Sukamaya. Ela bebeu muito com o marido por vários dias. Parecia que a morte e a escuridão os cercavam. O casal chorou incontrolavelmente no funeral de Shyam. Entre os simpatizantes que os consolaram no funeral estava um pastor adventista do sétimo dia. Ele tinha ouvido falar da morte dos dois únicos filhos do casal e ofereceu-lhes esperança. Ele abriu a Bíblia e leu as palavras de Jesus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16, NAA).
O versículo da Bíblia intrigou Sukamaya. Ela não conseguia entender. Ela se perguntou: “Como alguém pode nunca morrer por acreditar em Jesus?” Vendo sua confusão, o pastor abriu sua Bíblia em Lucas 8:52 e leu as palavras de Jesus: “Não chorem; ela não está morta, mas dorme”.
Sukamaya sentiu-se reconfortada. Será que sua filha Shyam estava apenas dormindo? Ela queria saber mais. Vários dias após o funeral, ela pediu ao pastor que explicasse os versículos. Ele começou a dar-lhe estudos bíblicos. Durante um desses estudos bíblicos, o pastor perguntou: “Você quer ver seus filhos quando Jesus vier?”. Os olhos de Sukamaya piscaram intensamente. “Sim!”, ela exclamou, entregando seu coração a Jesus.
Hoje, Sukamaya é uma fiel adventista. Ela tentou compartilhar sua esperança com o marido, mas ele se recusou a ouvir. Seu alcoolismo o levou a uma morte prematura.
Sukamaya agora mora sozinha em casa, mas sabe que não está realmente sozinha. Ela disse que mora com Jesus. Ela está feliz porque acredita que Jesus virá e ressuscitará seu filho e sua filha em breve. “Vou abraçá-los porque são meus filhos, meu coração”, disse ela. “Uma das razões pelas quais me tornei cristã é porque espero vê-los novamente. Estou esperando por esse dia.”
Parte da oferta deste trimestre ajudará a estabelecer uma escola onde as crianças possam aprender sobre a esperança de Sukamaya no Nepal. Obrigado por suas ofertas generosas.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024
Tema geral: O Livro dos Salmos
Lição 10 – 2 a 9 de março
Lições do passado
Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
Uma das maneiras de aprender é saber refletir nas ações passadas, tirando lições do que falamos, fizemos e do que participamos. Nós vivemos dentro do tempo e condicionados a ele, vivendo no presente, olhando para o futuro e aprendendo com o passado. O que passou serve como referência de modo que prestemos atenção às ações do presente, a fim de que tenhamos boas lembranças quando estivermos no futuro.
Na Bíblia, podemos encontrar mensagens de esperança que direcionam nossa atenção para a frente, mas também há elementos de aprendizagem com a história de pessoas e nações que viveram no passado. Esse foi o linguajar de Deus com o povo de Israel, prometendo-lhes promessas futuras, mas fazendo-os recordar das lições que ficaram no passado. É nessa temática que a lição desta semana trabalhou, dentro do cronograma do estudo de Salmos.
Lição de sábado a segunda-feira
Os versos-chaves da lição (Sl 78:3, 4) já serviram de introdução sobre o tema e foi um dos capítulos selecionados para o estudo (lição de domingo). Estes dois versículos resumem o propósito e a importância de rever e aprender com o passado: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o Seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78:3, 4).
O texto realça o costume da tradição oral que acompanhou Israel durante sua história. Aquilo que eles ouviam dos seus antepassados era transmitido a seus filhos. Esse era um dos métodos de aprendizagem de Israel, no qual os pais eram os primeiros transmissores de valores a seus filhos (Dt 6:4-9), relembrando e recontando o passado como atividade primária, fazendo do lar o centro de ensino.
O objetivo dessa transmissão já é observado no início do texto: “O que ouvimos e aprendemos”. Aprender era o objetivo desse ouvir. Para que alguém aprenda algo, primeiramente tem que ouvir (Pv 1:5, 6; Ec 5:1-3). Por isso, o texto central do judaísmo, que traz uma das palavras mais importantes de Israel é: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6:4). O verbo “ouvir”, que inicia esse texto, acabou sendo a palavra-chave para representar a mensagem dos profetas bíblicos (Is 2:2,10; Jr 10:1; Mq 3:9). E é preciso passar “à vindoura geração” o que se ouve, com a responsabilidade de transmitir “o poder e as maravilhas” de Deus. Esse texto-chave resume o pensamento da lição a respeito da aprendizagem que obtemos com as experiências do passado.
O Salmo 78, como os demais que serão comentados, relembra importantes feitos do Senhor quanto à nação de Israel. Após a introdução, constituída pelos versos-chaves da lição já comentados (v. 3, 4), Asafe, o escritor, começa a lista de lembranças com a entrega da lei de forma escrita a Israel (v. 5), a qual serviria de guia para que eles conhecessem o caráter do Senhor.
O capítulo apresenta um movimento de rebeldia por parte do povo, mesmo diante das demonstrações de misericórdia da parte de Deus. Nos versículos 10 a 16, são apresentados milagres que Deus operou no deserto em favor do povo. Em seguida, no versículo 17, há uma quebra na leitura com um “mas”, que é uma conjunção adversativa que dá a ideia de um contraste em relação ao que vem sendo descrito. Isso significa que, mesmo diante das poderosas obras de Deus descritas na seção anterior, os israelitas decidiram “pecar contra Ele, e se rebelaram, no deserto, contra o Altíssimo” (v. 17). Esse mesmo padrão é adotado em todo o capítulo (v. 25-32, 38-40, 54-56), em que o leitor pode perceber o realce que é dado à misericórdia de Deus diante da ingratidão do povo. A lição para nós fica evidente!
Lições de segunda e terça-feira – Sl 105 e 106
O evento do êxodo marcou a história de Israel. A narrativa de Deus libertando Seu povo do Egito e abrindo o Mar Vermelho para que Israel passasse a salvo dos seus inimigos tornou-se um marco na história israelita, sendo constantemente repetida nos demais livros bíblicos. Certamente, evento como esse, de tamanha magnitude e demonstração do poder de Deus, nunca seria apagado da memória do povo. Por isso, ao ler os capítulos desta semana, o evento mais mencionado é a libertação de Israel e sua passagem pelo Mar Vermelho.
Os salmos 105 e 106 trazem à lembrança a libertação de Israel do Egito, pois ambos os capítulos, já em seus primeiros versículos, citam o período em que Israel passou pela escravidão egípcia (Sl 105:23-39; 106:7-12). O salmo 105 relembra a história de Israel bem mais cedo do que o contexto do Egito, pois nos versículos 8 a 22 o capítulo se concentra no embrião da nação, remetendo à história dos patriarcas, Abraão, Isaque, Jacó e José. O objetivo do capítulo é relembrar a misericórdia de Deus em ter criado, guardado, guiado e protegido Seu povo e feito uma aliança com ele (v. 42).
Já o salmo 106 reconta a história relembrando os atos de rebeldia do povo: a) infidelidade junto ao Mar Vermelho (v. 6-12); b) rebelião de Datã e Abirão (v. 13-18); c) a idolatria no caso do bezerro de ouro (v. 19-23); d) casos de murmuração (vs 24-27); e) idolatria a Baal-Peor (v. 28-30); f) murmuração nas águas de Meribá (v. 32, 33), e g) os pecados com as nações de Canaã (v. 34-42). Mesmo diante desse histórico de rebeldia, o capítulo exalta a misericórdia que Deus exerceu para com a nação (v. 1, 8, 43-48).
Lições de quarta e quinta-feira – salmos 80 e 135
A leitura do salmo 80 faz com que venha à memória as palavras de Números 6:25. Em três partes do salmo, um pedido é repetido com a menção das mesmas palavras, o que forma um refrão: “Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos.” (Sl 80:3, 7, 19).
O primeiro pedido é por restauração – “restaura-nos”. Essa palavra é a mesma usada para “conversão” (š?? – lê-se shuv). Essa restauração é comparada com o pedido de fazer resplandecer o rosto de Deus sobre a nossa face. A compreensão é que a glória de Deus seja projetada sobre nós, e a Sua glória é uma referência ao Seu caráter (Êx 33:18, 19; 34:5-7). O pedido é que o caráter de Deus seja impresso em nós, e como resultado, “seremos salvos”.
A mesma salvação é proclamada no salmo 135. Nesse capítulo, a soberania de Deus é exaltada acima de todas as demais divindades que havia nas nações ao redor de Israel (Sl 135: 5, 15-18), centralizando a salvação somente em Deus (Sl 135:13, 14). O Senhor é lembrado como Aquele que “operou sinais e prodígios contra Faraó e todos os seus servos” (Sl 135:9). Mais uma vez, o evento do êxodo é evocado como lembrança do poder salvador do Senhor.
A lição termina mostrando que é muito importante que o povo de Deus sempre relembre o passado, para rever os atos poderosos de Deus em seu favor e recobrar ânimo a fim de continuar seguindo à frente, rumo ao futuro glorioso da eternidade. Não há como não se lembrar da clássica citação de Ellen G. White, a qual é reproduzida no término da lição: “Ao recapitular nossa história, revendo cada passo de nosso progresso até o momento atual, posso dizer: ‘Louvado seja Deus!” Quando vejo o que Deus tem feito, encho-me de admiração por Cristo, e de confiança Nele como líder. Nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido, e de seus ensinos em nosso passado’” (Eventos Finais [CPB, 2021], p. 47).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo – campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela Universidad Peruana Unión (UPeU – campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata – Libertador San Martin – Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira, nascida em Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.