Depois do desapontamento de 22 de outubro de 1844, alguns mileritas compreenderam que a profecia dos 2.300 dias não tinha a ver com a volta de Jesus, como foi entendida, mas com a obra de Cristo no santuário celestial, descrita no livro de Hebreus.
A purificação do santuário no Céu era o cumprimento da purificação simbólica do santuário terrestre, ensinada em Levítico. Para entender melhor essa importante verdade, observe o paralelo entre Daniel 7 e 8:
Esses paralelos ajudam a mostrar a verdadeira natureza da purifica- ção do santuário, que é o juízo investigativo pré-advento. Na lição desta semana, estudaremos a verdade bíblica vital do ministério de Cristo no santuário celestial.
*Esta lição se baseia nos capítulos 22 a 24 e 28 do livro O Grande Conflito.
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1. Leia Êxodo 25:8, 9, 40; Hebreus 8:1-6. Quais dois santuários são descritos nesses versos?
Ao se debruçarem sobre as Escrituras depois de outubro de 1844, os primeiros crentes adventistas entenderam que há dois santuários mencionados na Bíblia – o que Moisés construiu e o original no Céu. O termo “santuário”, como é usado na Bíblia, refere-se, em primeiro lugar, ao tabernáculo construído por Moisés, como modelo ou “tipo” das coisas celestiais; e, em segundo lugar, ao “verdadeiro tabernáculo” no Céu, para o qual o santuário terrestre apontava. Com a morte de Cristo, o ritual típico perdeu sua importância. O “verdadeiro tabernáculo” no Céu é o santuário da nova aliança. Visto que a profecia de Daniel 8:14 se cumpre nesta era, o santuário ao qual ela se refere é o da nova aliança.
“Ao terminarem os 2.300 dias, em 1844, já por muitos séculos não havia santuário na Terra. Por isso, a profecia – ‘até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado’ (Dn 8:14) – aponta inquestionavelmente para o santuário do Céu” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 353).
O santuário no deserto era uma maquete ou um modelo do santuário celestial. Os serviços no santuário terrestre prenunciavam o plano divino da salvação. Cada sacrifício oferecido representava a oferta de Jesus na cruz do Calvário (Jo 1:29). Por meio da morte de Cristo, estamos livres da condenação do pecado. A culpa deixa de existir quando aceitamos o sacrifício de Jesus em nosso favor e confessamos nossos pecados (1Jo 1:9). Jesus não é apenas o Cordeiro que morreu por nós; é também o Sacerdote que vive para nós.
Jesus “pode salvar totalmente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). Ele remove a culpa e nos salva do poder do pecado (Rm 8:1-4; 2Co 5:21). O ministério de Jesus no santuário do Céu é por nós. Como resultado de Sua intercessão, o domínio do pecado em nossa vida é quebrado. Não estamos mais escravizados à natureza pecaminosa. Em Cristo somos livres da condenação e do controle do pecado. Apegados a Cristo, temos a certeza da salvação.
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2. Leia Levítico 16:21, 29-34; 23:26-32; Hebreus 9:23-28. Por que o Dia da Expiação era tão importante no antigo Israel?
Os sacerdotes ministravam todos os dias do ano, mas no Dia da Expiação (Yom Kipur), os olhos de todos se voltavam para o santuário. Os capítulos 16 e 23 de Levítico dão instruções para esse dia. Todas as atividades regulares cessavam, e todos jejuavam. Enquanto o sumo sacerdote entrava na presença de Deus, no lugar santíssimo, em favor do povo, todos faziam exame de consciência e buscavam a Deus em confissão.
Qualquer um que não se humilhasse no Dia da Expiação era eliminado do povo, isto é, não faria mais parte do povo escolhido (Lv 23:27, 29). No Dia da Expiação, o sumo sacerdote levava o sangue do bode do Senhor para o santuário e, depois de aspergi-lo no propiciatório, aplicava o sangue nos chifres do altar de ouro e do altar de bronze, purificando o santuário. Depois de fazer “expiação pelo santuário”, ele colocava as mãos sobre o bode vivo e confessava os pecados de Israel. Então, o animal era levado ao deserto para ser separado do acampamento para sempre (Lv 16:20-22).
O sangue era transferido para o santuário nos cultos diários, mostrando o registro do pecado (Jr 17:1) e o fato de que Deus Se responsabilizava pelo destino final dele. No Dia da Expiação, o pecado era transferido para fora do santuário e colocado sobre o bode Azazel, representando Satanás e revelando sua responsabilidade pelo pecado.
Esse bode era levado para o deserto de modo que, no fim do Dia da Expiação, Deus tinha o santuário e o povo purificados. No santuário celestial, Cristo ministrou por nós no lugar santo e, desde 1844, no fim dos 2.300 dias, ministra no santíssimo.
Venceremos no juízo por causa de Jesus, nosso Substituto. Jesus foi condenado “para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 14). Como resultado dessa justiça creditada a nós, afligimos nossas almas, o que é um afastamento do pecado. Isso significa que nos incomodamos com o mal e que não o justificamos nem nos apegamos a pecados acariciados, mas que crescemos na graça e vivemos em santidade.
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3. Qual é a semelhança entre Daniel 7:9, 10 e Apocalipse 14:6, 7?
O juízo é um tema preeminente na Bíblia. “Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14). Jesus chamou a atenção de Seus ouvintes para o juízo futuro, quando “as pessoas darão conta de toda palavra inútil que proferirem” (Mt 12:36). Paulo escreveu: Deus “trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5). João ouviu o anjo dizendo: “É chegada a hora em que Ele vai julgar” (Ap 14:7).
4. Leia Apocalipse 22:10-12. Quando Jesus voltar, qual será o destino de toda a humanidade? Que declaração foi feita a João?
Uma vez que Cristo vem para dar a recompensa final, deve haver um juízo antes disso, para mostrar o resultado das escolhas de cada um quando Ele vier. Quando Cristo retornar, não haverá segunda chance. Todo ser humano teve informações suficientes para tomar sua decisão definitiva e irrevogável a favor ou contra Cristo.
5. Leia Mateus 25:1-13. Por que Jesus Se relaciona de forma tão diferente com esses dois grupos de crentes?
“Quando a obra de investigação se encerrar, depois de examinados e decididos os casos dos que, em todos os séculos, professaram ser seguidores de Cristo, então, e somente então, se encerrará o tempo da graça, fechando-se a porta da misericórdia. ‘As que estavam preparadas entraram com Ele para as bodas, e fechou-se a porta’ (Mt 25:10, ARC). Essa breve sentença nos conduz pelo ministério final do Salvador ao tempo em que se completará a grande obra para salvação dos seres humanos” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 362).
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6. Que segurança e qual convite temos em Hebreus 4:14-16 e 10:19-22?
Paulo enfatiza que devemos conservar firme a confissão e chegar com confiança, sem desistir, com fé em nosso Sumo Sacerdote. Nele temos tudo de que precisamos. Pela fé, entramos no santuário pelo “novo e vivo caminho” que Jesus abriu para nós.
Olhando para o pátio, vemos sangue nos chifres do altar de bronze. No lugar santo, vemos sangue nos chifres de ouro do altar de incenso. Contemplamos o sangue aspergido na cortina diante do propiciatório.
O sangue de Jesus prepara o caminho a cada passo. Isso nos dá esperança, pois só podemos nos reencontrar com Deus quando Jesus nos perdoa e apaga nossos pecados. A misericórdia divina é infinita, porém Sua justiça também. E a justiça não pode aceitar o sacrifício de Cristo como expiação por nossas transgressões a menos que Jesus garanta que os pecados serão perdoados e depois apagados.
7. Leia Apocalipse 11:19. No contexto do grande conflito, por que essa visão é importante? De que modo ela conecta a lei ao evangelho?
Na glória da presença divina, na sala do trono do Universo, na base do trono de Deus, encontramos a lei de Deus na arca da aliança. No lugar santíssimo, a justiça e a misericórdia divinas se revelam. Nenhum poder terreno pode mudar a lei porque, entre outras razões, ela está preservada na arca da aliança no Céu. Hebreus 8:10 diz: “Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Imprimirei as Minhas leis na mente deles e as inscreverei sobre o seu coração; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo”. Ao entrarmos pela fé no santuário do Céu, encontramos perdão para nossos pecados passados e poder para viver uma vida obediente por meio de Cristo, que morreu por nós e escreveu a lei em nosso coração. Jesus nos salva “totalmente” (Hb 7:25) da penalidade e do poder do pecado.
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8. Qual é a diferença entre o ministério do sacerdote no santuário terrestre e o ministério de Jesus no santuário celestial? Hb 10:9-14
De uma vez por todas, Cristo morreu na cruz como sacrifício perfeito pelo pecado. Seu ministério sacerdotal no santuário celestial nos santifica. Uma vez que adentrou o lugar santíssimo, Ele permanece como nosso Advogado no juízo (1Jo 2:1). “Assim também Cristo, tendo-Se oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar aqueles que esperam por Ele” (Hb 9:28). Por meio de Seu sacrifício e mediação, Ele resolveu o problema do pecado. Ele virá outra vez para aqueles que “amam a Sua vinda” (2Tm 4:8).
9. Leia Hebreus 6:19, 20. Por que Ele nos convida a segui-Lo e o que descobrimos à medida que fazemos isso?
“A intercessão de Cristo no santuário celestial, em favor do ser humano, é tão essencial ao plano da redenção como foi Sua morte sobre a cruz. Com Sua morte, Ele iniciou essa obra e, após a ressurreição, ascendeu ao Céu para concluí-la. Pela fé devemos ir além do véu, onde nosso Precursor ‘entrou por nós’ (Hb 6:20). Ali se reflete a luz da cruz do Calvário. Ali podemos obter uma compreensão mais clara dos mistérios da redenção. A salvação do ser humano tem custado um preço infinito para o Céu; o sacrifício feito equivale aos mais amplos requisitos da lei de Deus, que foi violada. Jesus abriu o caminho para o trono do Pai e, por meio de Sua mediação, o desejo sincero de todos os que a Ele se aproximam pela fé pode ser apresentado a Deus” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 409).
O plano da salvação acaba com o grande conflito e resgata a Terra das garras de Satanás. Jesus revelou o amor de Deus a um mundo em necessidade e a um Universo expectante. Sua morte revelou a maldade do pecado e ofereceu salvação. Sua intercessão garante os benefícios da expiação aos que estendem a mão para recebê-los.
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Ellen G. White descreve a atuação de Jesus em nosso favor no juízo e o nosso papel: “Jesus não justifica os pecados deles, mas apresenta seu arrependimento e fé e, reclamando o perdão para eles, ergue as mãos feridas perante o Pai e os santos anjos, dizendo: ‘Eu os conheço pelo nome. Gravei-os na palma de Minhas mãos. ‘Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não desprezarás, ó Deus’ (Sl 51:17). E, ao acusador de Seu povo, declara: ‘O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo?’” (Zc 3:2; Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 406).
“O fato de os reconhecidos filhos de Deus serem representados como estando na presença do Senhor com vestes sujas deve levar à humildade e ao profundo exame do coração todos os que Lhe professam o nome. Os que estão de fato purificando o caráter mediante a obediência à verdade terão de si mesmos uma opinião muito humilde” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 5, p. 403).
“Vivemos hoje no grande Dia da Expiação. […] Todos aqueles que quiserem que seu nome seja conservado no Livro da Vida devem, agora, nos poucos dias que lhes restam do tempo da graça, humilhar-se diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro” (O Grande Conflito, p. 410).
Perguntas para consideração
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O que sentimos ao pensar que Jesus levanta Suas mãos feridas por nós diante do Pai? Por que essa é a nossa única esperança no juízo?
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Vivemos no Dia da Expiação, a obra divina para salvar perdidos. Por que qualquer dia dedicado à obra de salvar pecadores deve ser uma boa notícia?
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“Cristo pode pleitear de forma eficaz em nosso favor. Ele é capaz de silenciar o acusador com argumentos baseados não em nossos méritos, mas nos Seus” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 403). Você crê nisso?
Respostas e atividades da semana: 1. O que Moisés construiu e o original do Céu. 2. Era um dia de buscar a Deus em humildade e confissão sincera. Nesse dia o santuário e o povo eram purificados. 3. Ambas as passagens falam do juízo. 4. O juízo; Jesus dará a cada um segundo suas obras. 5. Pelo fato de que cada grupo faz escolhas diferentes. 6. Temos um Sumo Sacerdote, que intercede por nós; com fé, aproximemo-nos do trono da graça. 7. Porque mostra a arca da aliança, com as tábuas da lei, no santuário, lugar de salvação pela graça e de juízo com base na lei. 8. O sacerdote terreno se apresentava, dia após dia, para exercer o serviço sagrado e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que não podiam remover pecados, ao passo que Jesus, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, nos salvou de uma vez por todas. 9. Jesus, como precursor, entrou por nós no santuário celestial e Se tornou Sumo Sacerdote para sempre.
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TEXTO-CHAVE: Hebreus 8:1, 2
FOCO DO ESTUDO: Êx 25:8, 9, 40; Hb 8:1-6; Mt 25:1-10; Dn 7:9, 10; Hb 8:1-5; Hb 9:23-28; Ap 11:19; Hb 10:16; Lv 16:21, 29-34; Lv 23:26-32
ESBOÇO
Introdução: O tema do santuário é de grande destaque no Antigo e no Novo Testamen- to s, e é surpreendente observar como muitos cristãos deixaram de enfatizar a doutrina do santuário celestial ao longo de quase dois milênios. Os adventistas do sétimo dia percebe- ram que essa doutrina não era apenas um ensinamento bíblico importante, mas também o princípio central de uma teologia bíblica que se ligava a outras. Esses ensinamentos incluem: (1) a doutrina de Deus, o Seu caráter, e também a criação, a obra e o governo Dele; (2) a dou- trina da origem do mal e do grande conflito; (3) a doutrina de Cristo, a Sua primeira vinda à Terra, a Sua encarnação, e também a vida, o ministério, a morte, a ressurreição e a ascen- são; (4) a doutrina da salvação em Cristo; (5) a doutrina das últimas coisas, a segunda vinda de Cristo, o Juízo Final e a restauração de todas as coisas; (6) a doutrina da igreja, especial- mente o ensino da igreja remanescente no tempo do fim, antes da segunda vinda de Jesus.
A extensa profecia bíblica dos 2.300 anos, registrada em Daniel 8:14, diz respeito ao santuário celestial e ao grande conflito. Ela nos familiariza com o ataque ao santuário e sua purificação no dia do julgamento de Deus e na restauração de todas as coisas. No entanto, os adventistas não a encaram como uma mera abstração desprovida de fundamentos ou realização concreta. Ao contrário, eles reconhecem que ela teve cumprimento histórico e se iniciou por volta da metade do século 19, em 1844. O cumprimento dessa profecia exige que todas as pessoas que vivem no tempo da graça aceitem a expiação de Jesus por seus pecados antes do fim de Seu ministério de intercessão no santuário celestial.
O cumprimento da profecia dos 2.300 anos é especialmente importante para os adven- tistas porque eles entendem que Deus os chamou como Sua igreja remanescente para anun- ciar ao mundo seu cumprimento, o retorno de Jesus e a iminente consumação do grande conflito. Assim, a mensagem da profecia dos 2.300 dias é a própria essência do “evangelho eterno” (Ap 14:6, NVI). A boa notícia no contexto das mensagens dos três anjos é o cha- mado final do amor de Deus para a humanidade. Ele ordena aos pecadores na Terra que se voltem para Ele a fim de serem salvos pelo Seu sangue e mediação no santuário celestial.
Temas da lição: O estudo desta semana destaca dois temas principais:
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No AT, o santuário terrestre não era apenas uma faceta da cultura israelita; sua fun- ção era apontar para o santuário celestial e o ministério de Jesus em favor da humanidade.
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Nessa perspectiva, o santuário celestial assume papel central no evangelho univer- sal e eterno, sendo essencial para a redenção da humanidade e para a missão da igreja.
COMENTÁRIO
O selamento da profecia dos 2.300 anos
A primeira e a segunda vinda de Jesus estão intimamente associadas ao santuário, tanto o terrestre quanto o celestial. Na ocasião em que Maria e José trouxeram Jesus ao templo em Jerusalém, Simeão e Ana estavam lá (Lc 2:25-38). Eles sabiam que o Messias viria ao templo. Desse modo, Lucas relata que, enquanto esperava o cumprimento da promessa de Deus sobre a primeira vinda do Messias, Simeão “movido pelo Espírito, foi ao templo” para encontrar Jesus (Lc 2:27), e a profetisa Ana “nunca deixava o templo” (Lc 2:37, NVI).
A mais extensa das profecias bíblicas, aquela dos 2.300 anos (Dn 8:14), teve como foco o santuário celestial (Dn 8:10-12). Essa profecia foi “selada” ou confirmada (Dn 9:24) pela primeira vinda de Jesus ao santuário terrestre. Após receber a revelação dos 2.300 anos, Daniel “ficou atônito e não havia quem a entendesse” (Dn 8:27, ARA). Deixado sem uma explicação para essa visão por vários anos, Daniel direcionou sua atenção para as informações disponíveis: a profecia de Jeremias acerca das “assolações de Jerusalém que eram de setenta anos” (Dn 9:2, ARA; comparar com Jr 25:11, 12).
Daniel elevou suas preces a Deus, buscando Sua intervenção para o cumprimento da profecia dos 70 anos de Jeremias. Com fervor, ele implorou ao Altíssimo pela redenção do Seu povo (Dn 9:3-19) e que Ele fizesse “resplandecer o [Seu] rosto, por amor do Senhor” (Dn 9:17, ARC). Enchendo o coração de Daniel de alegria, Deus enviou “o varão Gabriel” para instruí-lo (Dn 9:21, 22, ARC). No entanto, o anjo não se concentrou imediatamente em responder à oração de Daniel sobre a profecia dos 70 anos de Jeremias. Em vez disso, Gabriel começou a exortar Daniel a prestar “atenção à mensagem para entender a visão” (Dan. 9:23, NVI). Obviamente, a visão em questão é a descrita em Daniel 8:14, porque Gabriel não fala de 70 semanas literais, mas de 70 semanas proféticas (Dn 9:24), ou 490 anos. Esses anos poderiam ser “determinados” ou deduzidos apenas dos 2.300 anos da visão de Daniel (Dn 8:14), não dos 70 anos da profecia de Jeremias.
De acordo com esse cálculo, Gabriel também revelou o acontecimento que marcou o início das 70 semanas proféticas e, consequentemente, dos 2.300 anos. Esse evento foi a “ordem para restaurar e reconstruir Jerusalém” (Dn 9:25, NVI), que ocorreu em 457 a.C. Portanto, a profecia das 70 semanas é uma parte integrante, ou a primeira fase, da profecia dos 2.300 anos; esses dois períodos compõem uma profecia mais ampla.
Aqui Gabriel finalmente responde à pergunta e à oração de Daniel sobre a restauração e reconstrução de Jerusalém (Dn 9:25), o “monte santo” de Deus (Dn 9:20). No entanto, o anjo imediatamente explica que esse cumprimento da profecia dos 70 anos de Jeremias é apenas o começo de uma profecia muito mais extensa. Ou seja, é o início das 70 semanas proféticas e o início de uma profecia ainda mais longa – os 2.300 anos. Por esse motivo, mantendo o foco nessa profecia maior, Gabriel explicou ainda a Daniel que essas 70 semanas proféticas, ou 490 anos literais, seriam “decretadas” ou “determinadas” para “o seu povo e sua santa cidade” (Dn 9:24, NVI) para um propósito especial: o cumprimento da promessa da “vinda do Ungido, o Príncipe” (Dn 9:25).
O objetivo desses 490 anos era o primeiro advento do Messias. Gabriel esclareceu que o Messias viria “para acabar com a transgressão, para dar fim ao pecado, para expiar as culpas, para trazer justiça eterna, para cumprir a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo” (Dn 9:24, NVI). Na septuagésima semana, o Messias faria uma aliança que duraria uma semana. “No meio da semana Ele [daria] fim ao sacrifício e à oferta” (Dn 9:27, NVI). O único cumprimento plausível para esses eventos foi o sacrifício de Jesus, o “Ungido, o Príncipe” (Dn 9:25) e “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29), que “[passaria] pela morte” (Dn 9:26).
Assim, a profecia das 70 semanas inicia a profecia dos 2.300 anos. A profecia dos 2.300 anos sobre a purificação do santuário foi cumprida em 1844, porque a profecia das 70 semanas (Dn 9:24-27) foi cumprida com exatidão na morte sacrifical do Messias no meio da septuagésima semana, em 31 d.C. Além disso, assim como a profecia das 70 semanas foi realizada por meio da morte sacrifical do Messias no contexto do santuário terrestre, a profecia dos 2.300 anos seria concretizada na purificação do santuário celestial também pelo Messias. As duas partes da profecia estão ligadas às duas manifestações do Ungido: o término do período das 70 semanas diz respeito à primeira vinda de Cristo, enquanto o encerramento dos 2.300 anos está associado à Sua segunda vinda.
A perda da doutrina do santuário
O santuário é um dos temas e ensinamentos mais preeminentes nas Escrituras. A Bíblia descreve dois santuários, um terreno e um celestial. Ambos revelam aspectos fundamentais do caráter de Deus, do grande conflito e da salvação. Assim, ambos servem como local da revelação de Deus ao Seu povo, Sua habitação entre os fiéis e Seu reinado sobre eles. No santuário, Deus Se encontrou com Israel, e o povo respondeu em adoração. Da mesma forma, o santuário celestial serve ao reino de Deus em um nível cósmico. Naquele lugar central, Ele estabeleceu Seu trono e Se revelou aos habitantes do Universo, exercendo Sua soberania sobre eles e suprindo suas necessidades.
Quando, porém, o pecado entrou no Universo, o santuário celestial assumiu uma função salvífica, com seus ministérios sacrificais e de mediação. Assim, os dois santuários não estão separados, mas intrinsecamente ligados em uma relação tipológica. Isto é, o santuário terrestre foi construído expressamente para revelar, apontar e explicar o significado e o papel do santuário celestial.
Considerando essa compreensão do papel essencial do santuário no contexto do reino de Deus, torna-se inevitável reconhecer sua marcante presença nas Escrituras. É verdadeiramente intrigante que os próprios cristãos, dentre todas as pessoas, tenham negligenciado o estudo e a importância do santuário celestial ao longo de milênios. Como tal falta de atenção pôde ocorrer é algo que nos deixa perplexos.
Os adventistas destacam dois elementos principais que contribuíram para a exclusão da doutrina do santuário da teologia cristã. Primeiramente, devido ao seu significado vital na questão da salvação, torna-se evidente que o diabo empregaria todos os meios possíveis para obscurecer ou até mesmo erradicar o ensinamento bíblico a respeito do santuário celestial. Dessa forma, as pessoas não seriam informadas a respeito da verdade sobre Deus, o sacrifício de Cristo e a Sua contínua intercessão no santuário celestial em favor da nossa salvação.
O dualismo cósmico
Como essa doutrina foi obscurecida no cristianismo? A resposta a essa pergunta segue claramente nossa discussão para o segundo fator principal: o conceito de dualismo. Durante os primeiros séculos de sua história, o cristianismo assimilou a filosofia grega com seu conceito fundamental de dualismo, segundo o qual, toda a nossa realidade é dividida em duas esferas: a terrena e a celestial. No entanto, essas duas esferas são radical e essencialmente diferentes. Enquanto a esfera terrena é material, temporal e espacial, o reino celestial é imaterial, atemporal e espacial. Em outras palavras, na esfera celestial não há existência física ou relacionamento pessoal. Como não há comunicação ou relacionamento entre as duas esferas, a única maneira pela qual os seres humanos podem entrar na esfera celestial seria escapando de qualquer conexão com sua existência terrena, o que equivale a deixar de existir como seres humanos integrados e de alguma forma sobreviver como almas ou mentes desencarnadas, que não experimentam o tempo e o espaço. Obviamente, essa visão de mundo só é possível se aceitarmos o conceito de que os humanos têm um corpo físico, bem como uma alma imortal e completamente autônoma. Quando os primeiros cristãos adotaram essa visão de mundo, era impossível para eles pensar em um santuário literal no Céu. Era até difícil para eles imaginar o Céu como um espaço literal, quanto mais Jesus ascendendo em um corpo humano a esse espaço. Por essa razão, quando os primeiros cristãos leram nas Escrituras sobre o santuário celestial, eles simplesmente alegorizaram ou espiritualizaram o conceito e concluíram que o santuário israelita se aplicava à igreja. Falar sobre um santuário literal em um Céu literal não parecia “digno” de uma teologia “elevada”.
Os cristãos primitivos e medievais faziam uma conexão entre o sistema sacrifical do santuário e a morte de Cristo. Mas por causa da influência da filosofia grega, eles não conseguiam visualizar corretamente a obra mediadora de Cristo para a humanidade em um santuário celestial literal. Por isso, a Igreja Católica Romana aplicou o ministério mediador de Cristo à Igreja e ao seu sacerdócio. Tragicamente, essa usurpação do ministério de Cristo no santuário celestial levou a Igreja a minar até mesmo o sacrifício de Jesus. No entanto, o Senhor trabalhou por meio dos movimentos da Reforma Protestante para devolver a Seu povo a leitura literal da Bíblia e, por meio do movimento adventista, redescobrir o ensino do santuário celestial nas profecias das Escrituras e no livro de Hebreus.
Portanto, como adventistas do sétimo dia, nossa responsabilidade é preservar a integridade da Palavra de Deus e convocar os cristãos e o mundo a direcionar seu foco para o sacrifício de Cristo e Sua intercessão no santuário celestial (Ver Ángel Manuel Rodríguez, “Santuário”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 428, 429, 452, 455).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
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Qual é a diferença entre o conceito de sacerdócio em sua cultura e na Bíblia? Como explicar às pessoas sobre o sacerdócio de Jesus?
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Qual é a diferença entre o conceito de juízo em sua cultura e o conceito bíblico de juízo? Como explicar o conceito bíblico de juízo à sua comunidade?
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O milagre da parada de ônibus
Geórgia | ChogikeTei
Chogik falava quatro línguas, mas ela não gostava de ler em nenhuma delas. Ela nunca gostou de ler e não abria um livro há anos. Então ela conheceu Tei em uma parada de ônibus rural na antiga República Soviética da Geórgia.
Chogik estava esperando na parada de ônibus quando Tei chegou. Tei era uma pioneira de Missão Global, uma missionária que compartilhava o evangelho com pessoas de sua própria cultura na Geórgia. As duas mulheres estavam esperando o mesmo ônibus.
"Quando o ônibus vai chegar?", Chogik perguntou.
Tei conhecia o motorista do ônibus.
"O ônibus deve chegar em alguns minutos", disse ela. "Eu liguei para o motorista, e ele disseque estava chegando."
Tei e Chogik começaram a conversar.
Logo perceberam que viviam na mesma cidade, a uma pequena diferença. Descobriram que Tei conhecia a mãe, o irmão, as sobrinhas e os sobrinhos de Chogik. Ela havia levado comida para eles durante o lockdown da COVID.
As duas mulheres desfrutaram da conversa e trocaram informações de contato após subirem no ônibus. Pelas semanas seguintes, elas trocaram mensagens pelo celular.
No aniversário de Chogik, Tei a surpreendeu com um saleiro e um buquê de rosas vermelhas, brancas e amarelas de seu jardim. Chogik ficou muito feliz ao receber os presentes na loja em que era vendedora.
Após isso, as duas mulheres começaram a se visitar em casa. Chogik descobriu que Tei era adventista do sétimo dia. Ela nunca havia ouvido falar dos adventistas e queria saber mais.
Tei descobriu que Chogik sabia falar quatro línguas, mas não gostava de ler. Ela não abrira um livro desde sua formatura do ensino médio, quinze anos antes. Tei se perguntou: "Como eu posso ensinar Chogik sobre Deus se ela não compara o que eu falo com a Palavra de Deus?"
Enquanto Tei ponderava a questão, ela convidou sua nova amiga para adorar em uma igreja adventista na capital da Geórgia, Tbilisi, localizada a certa distância de ônibus. Seu plano era adorar na igreja pela manhã e permanecer pela tarde para um seminário sobre como dar estudos bíblicos. Ela convidou Chogik para o culto matinal, pensando que ela não se interessaria pelo programa vespertino, pois não gostava de ler.
Mas Chogik ficou tão feliz com o convite de ir para Tbilisi que declarou que ficaria o dia todo com Tei. Sem querer ofender Chogik, Tei concordou.
Chogik se agradou do culto divino. Foi à frente quando o pregador orou por aqueles que desejavam uma caminhada mais próxima com Deus.
No seminário da tarde, um grupo de pastores sentou-se na plataforma da igreja. O santuário se encheu de membros da igreja que queria aprender a como dar estudos bíblicos. Um dos pastores chamou Chogik: "Irmã, você é batizada?"
"Não", disse ela.
"Eu preciso de você", disse ele, e a convidou para subir na plataforma.
Chogik timidamente foi. Tei sentou-se ao lado dela na plataforma para que ela se sentisse ma is confortável.
Então o pastor ilustrou um modelo de como dar estudos bíblicos, usando Chogik como exemplo. O pastor pediu que Chogik abrisse a Bíblia para encontrar as respostas para as perguntas do estudo da Bíblia. Chogik abriu a Bíblia pela primeira vez na vida. O pastor I he mostrou como encontrar os versos e as respostas às perguntas.
Na viagem de volta para casa, Tei perguntou a Chogik o que ela havia achado sobre o estudo bíblico.
"Eu gostei de procurar as respostas na Bíblia," disse ela. "Eu me sinto tão bem agora. Sinto uma paz como nunca senti antes."
Tei alcançou dentro de sua bolsa e puxou uma Bíblia. "Eu tenho um presente para você", disse ela.
Chogik pediu aTei que lhe desse estudos bíblicos.
Tei estava tão feliz. O Espírito Santo havia feito aparentemente o impossível. Chogik não apenas queria ler pela primeira vez na vida, mas também queria ler a Bíblia.
Hoje, Tei e Chogik estão estudando a Bíblia juntas, e Chogik está estudando uma quinta língua, a linguagem eterna celestial do amor. As mulheres adoraram juntas no sábado.
Em uma entrevista, Tei louvou a Deus pelo encontro inesperado com Chogik na parada de ônibus. "Eu encontrei a Chogik na parada de ônibus por acidente", disse ela. "Mas não foi acidente, foi um milagre de Deus."
Chogik disse que ainda não gosta de ler livros-com exceção da Bíblia. "Eu não gosto de ler, mas amo ler a Bíblia", disse ela.
Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir um centro de saúde na Geórgia.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre a localização da Geórgia no mapa. Então mostre Tbilisi,a capital, onde as duas mulheres foram para a igreja no sábado; e Tskaltubo, futuro local do centro de saúde adventista do sétimo dia, um dos projetos do décimo terceiro deste trimestre.
- Chogikse pronuncia como: SHOW-guik.
- Tei se pronuncia como:TAY-ah.
- Assista a um curto vídeo no YouTube sobre ChogikeTei: bit.ly/Chogik-Tei.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Euro-Asiática: bit.ly/esd-2024
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024
Tema Geral: O grande conflito
Lição 8 – 18 a 25 de maio
Luz do santuário
Autor: Eleazar Domini
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
Algumas pessoas, por desconhecerem as crenças fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, afirmam que o Juízo Investigativo, por exemplo, é uma crença sem amparo bíblico e que deriva das posições e dos escritos de Ellen G. White. Isso está muito longe da verdade e revela, em grande medida, além de um desconhecimento da nossa doutrina, um desconhecimento das profecias de Daniel e do Apocalipse, bem como da tipologia do santuário e seu cumprimento.
Um estudo sério, analisando todos os aspectos que envolviam os rituais tipológicos do santuário no Antigo Testamento mostrará que Cristo, em Seu ministério terrestre, por meio de Sua morte e ressurreição, bem como no Seu ministério sacerdotal no santuário celestial, é quem cumpre toda essa tipologia. Nele, a sombra encontra a realidade, e ao encontrá-la, ela atinge seu ápice.
I – Embasamento bíblico
Um dos argumentos mais comuns que alguns fazem contra a Igreja Adventista quando se fala da doutrina do Juízo Investigativo é de que tal doutrina não encontra apoio na Bíblia, pois, uma vez que Deus é onisciente, que necessidade Ele teria de fazer um juízo de investigação? Se Deus sabe todas as coisas, por que Ele tem que investigar algo?
Ora, o juízo feito por Deus busca estabelecer uma base legal que demonstre publicamente para todo o Universo que o veredito que Ele dará é justo e verdadeiro. É uma questão de transparência da parte de Deus. Não que Ele necessite disso, mas é assim que o Senhor age. Outro ponto importante a ser destacado é a oportunidade oferecida ao pecador para que se arrependa de seus pecados e seja salvo em Cristo. Há exemplos claros na Bíblia que prefiguram as ações de Deus no estabelecimento de um Juízo Investigativo:
- Adão e Eva: Logo após o pecado, Deus visitou nossos primeiro pais e clamou no jardim: “Onde você está?” Adão respondeu: “Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.” Deus continuou: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu da árvore da qual ordenei que não comesse?” Todo esse diálogo relatado em Gênesis 3:9 a 11 chama atenção, pois, claramente, temos ali um juízo investigativo: Deus não sabia onde Adão estava? Ele havia perdido a onisciência? Deus não sabia se Adão tinha comido do fruto ou não? Se Deus sabe todas as coisas e, portanto, sabia exatamente onde Adão estava, bem como sabia que ele e Eva haviam comido do fruto, por que Ele fez tais perguntas? A resposta é simples: Deus fez aquela investigação, esse pequeno “juízo investigativo” para dar a Adão e Eva a oportunidade de confessarem seu pecado e se arrependerem.
- Caim e Abel: Caim matou Abel, seu irmão. Logo depois desse fato, Deus visitou Caim e perguntou: “Onde está Abel, o seu irmão?” A resposta de Caim foi bastante atrevida ao retrucar ao Senhor: “Não sei; por acaso sou o guardador do meu irmão?” Deus mais uma vez questionou: “O que foi que você fez?” Ora, Deus não sabia o que Caim havia feito? Por que perguntou onde estava Abel e o que Caim havia feito? Por Sua onisciência, Deus sabia exatamente o que Caim tinha feito, mas estava dando a ele a oportunidade de se arrepender e confessar seu pecado.
O Juízo Investigativo realizado pelo sacerdote em Israel todos os anos, aquele que era figura do verdadeiro, tinha um objetivo similar: “Qualquer pessoa que, nesse dia, não se humilhar será eliminada do seu povo” (Lv 23:29). Claramente, o povo deveria estar em contrição e buscando o perdão e a aceitação divina nesse dia. O mesmo se dá no ritual antitípico que ocorre no Céu, onde o Sumo Sacerdote é o Senhor Jesus. Ele pleiteia em nosso favor, dando a nós a oportunidade de arrependimento e confissão de pecados. E como deveríamos nos portar diante de tal acontecimento celestial? Da mesma forma como o povo de Israel se comportava no ritual do dia da expiação.
II – Sombra e realidade
“Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão nos Céus fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais requerem sacrifícios superiores àqueles. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro Santuário, porém no próprio Céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9:23, 24).
O texto de Hebreus é claro em nos apresentar alguns pontos:
- Há um santuário no Céu feito não por mãos humanas, mas pelo próprio Deus.
- Cristo é nosso Sumo Sacerdote nesse santuário celestial.
- Era necessário que o santuário no Céu fosse purificado.
Ao construir o santuário terrestre, Moisés fez conforme o modelo que Deus lhe havia mostrado. Hebreus confirma que há um santuário no Céu. O livro do Apocalipse confirma em diversos momentos a presença de um santuário no Céu, pois cita os móveis do santuário:
- a) Sete candeeiros de ouro (Ap 1:12)
- b) Altar de incenso (Ap 8:3)
- c) Arca da aliança (Ap 11:19)
Esse último texto do Apocalipse fala claramente da existência de um santuário no Céu: “E abriu-se no Céu o templo de Deus, e a arca da Sua aliança foi vista no Seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva.” Há, portanto, um santuário no Céu. Nesse santuário, Cristo é o nosso Sumo Sacerdote. Como Sumo Sacerdote, Ele cumpre no Céu aquilo que foi prefigurado na Terra por meio do ofício sacerdotal diário e também no Dia da Expiação. Assim como havia a purificação no santuário terrestre, também havia a necessidade de purificação do santuário celestial, conforme é apresentado em Hebreus 9:23 e 24.
III – Juízo dos justos e dos ímpios
Biblicamente, não há juízo que se realize por ocasião da volta de Jesus. Em 1 Tessalonicenses 4:16 e 17, lemos: “Porque o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do Arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.” Ou seja, por ocasião da segunda vinda de Cristo, haverá a ressurreição dos justos, aos quais se unirão os justos vivos. Todos os salvos serão arrebatados para o céu. Os ímpios que estiverem vivos serão mortos, conforme diz 2 Tessalonicenses 2:8: “Então será revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de Sua boca e destruirá pela manifestação de Sua vinda.” O Apocalipse diz que haverá um período de mil anos entre a ressurreição dos justos e a dos ímpios, e durante esses mil anos os salvos estarão com Cristo no Céu sendo sacerdotes e julgando, ao passo que os ímpios estarão mortos: “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar […] e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre esses a segunda morte não tem poder; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos” (Ap 20:4-6). Até então não terá havido o juízo dos ímpios; eles terão experimentado apenas a primeira morte (que não é a morte eterna), e estarão aguardando o momento em que serão julgados e sentenciados.
Após os mil anos, os ímpios serão novamente ressuscitados e, agora sim, haverá o julgamento deles, bem como a sentença de morte eterna: “Vi um grande trono branco, e Aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença Dele, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então, foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que nele estavam. A morte e o inferno entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:11-15). Agora sim, os ímpios serão julgados.
É importante salientar que uma sentença, seja para vida eterna ou para morte eterna, só pode ser dada após um juízo que absolva ou condene. Já vimos que os ímpios serão julgados após os mil anos e então serão condenados. Já vimos também que o juízo não será realizado por ocasião da segunda vinda de Cristo. A pergunta que fica é: Quando os justos foram julgados e absolvidos? Se eles recebem a recompensa na segunda vinda de Cristo, é óbvio concluir que foram julgados anteriormente. Quando? A Bíblia responde: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se assentou. Sua roupa era branca como a neve, e os cabelos da cabeça eram como a lã pura. O Seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante Dele. Milhares de milhares O serviam, e milhões de milhões estavam diante Dele. Foi instalada a sessão do tribunal e foram abertos os livros. Eu estava olhando nas minhas visões da noite. E eis que vinha com as nuvens do céu alguém como um o Filho do Homem. Ele Se dirigiu ao Ancião de Dias, e O fizeram chegar até Ele” (Dn 7:9, 10, 13).
Nesse texto temos uma cena de juízo. Atente para as diferenças entre esse juízo que está ocorrendo em Daniel 7 e o juízo que ocorre em Apocalipse 20. Algumas partes foram destacadas em negrito e itálico para mostrar com mais nitidez o que será apresentado na tabela a seguir:
Só há um juízo em que Cristo atua como Advogado: é juízo feito em favor dos Seus filhos arrependidos. O juízo de Daniel 7, portanto, não tem nada a ver com o juízo final de condenação dos ímpios, mas trata-se do juízo feito em favor dos justos, que são absolvidos pela presença e intercessão do Filho do Homem. Esse juízo ocorre antes do retorno de Cristo à Terra, pois, quando Ele vier, será para dar a recompensa aos que já terão sido julgados e absolvidos.
É importante mostrar também que, após a vinda do Ancião de Dias para realizar o Juízo Investigativo, será dada a sentença favorável aos santos. Daniel 7:22 diz: “Até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo. E veio o tempo em que os santos possuíram o reino.” Quando isso será cumprido? O Apocalipse fala sobre o tempo em que os santos terão recebido o reino e reinarão com Cristo: “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar […] e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. […] Serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos” (Ap 20:4-6). Ou seja, entre o período em que os justos são julgados e recebem a recompensa da vida eterna e o período em que os ímpios serão julgados, há um tempo de mil anos em que os santos receberão a incumbência de participar do juízo dos ímpios durante os mil anos, que é chamado de juízo de comprovação. Os santos saberão durante o milênio as razões pelas quais muitos que eles acharam que estariam no Céu não estarão. Os santos julgarão até mesmo os anjos: “Vocês não sabem que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” (1Co 6:3).
Recapitulando:
- A) Para que seja dada sentença de vida ou morte, é necessário haver julgamento antes. Como na segunda vinda de Cristo não haverá juízo, é óbvio concluir que esse juízo ocorrerá antes e com a presença de um Advogado que os inocentou, ou seja, um Juízo Investigativo, conforme é apresentado em Daniel 7.
- B) Com a volta de Jesus, inicia-se um período de mil anos em que os santos reinam com Cristo e participam do juízo dos ímpios, conforme Daniel 7:22, 1 Coríntios 6:3 e Apocalipse 20:4 a 6: Esse é o juízo de comprovação.
- C) Após o milênio, os ímpios são ressuscitados e são julgados diante de um trono branco, sem a presença de um Advogado. São então sentenciados à morte eterna: esse será o juízo de execução.
Conclusão
Não temos necessidade de temer o juízo que está em andamento, pois temos um Advogado junto ao Pai que intercede por nós. Se nos entregarmos a Ele e “se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1:9).
“Não podemos dizer: ‘Sou sem pecado’, até que seja transformado este corpo abatido, para ser igual ao corpo da Sua glória. Se, porém, procuramos constantemente seguir a Jesus, pertence-nos a bendita esperança de ficar em pé diante do trono de Deus, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante; completos em Cristo, envoltos em Sua justiça e perfeição” (Signs of the Times, 23 de março de 1888).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.