O policial sinalizou, e João teve que encostar. O policial pediu sua carteira de motorista. Naquele momento, ele percebeu que a havia deixado no escritório. João explicou a situação, e o policial perguntou em que ele trabalhava. Ele disse que era professor. Quando o policial aplicou uma multa a João, disse que ele não deveria encarar isso como uma multa.
“É uma mensalidade”, ele disse. “Quando as pessoas querem aprender alguma coisa, elas pagam uma mensalidade. E esta é sua mensalidade para aprender a não esquecer sua carteira ao dirigir. Tenha um bom dia, professor!”
Como seres humanos, temos a tendência de esquecer aquilo que não está à nossa vista. Esquecemos de retornar ligações, responder e-mails, regar plantas, enviar mensagens de aniversário e assim por diante. A lista poderia continuar. No entanto, esquecer de nossas necessidades espirituais pode ter consequências bem mais graves do que simplesmente receber uma multa, especialmente porque estamos lidando com o nosso destino eterno.
Nesta semana, vamos estudar sobre a travessia do Jordão e descobrir o que podemos aprender com as experiências do povo de Israel.
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1. Leia Josué 3:1-5; Números 14:41-44. Por que Deus pediu aos israelitas que se pre-parassem de forma especial para o que estava prestes a acontecer?
Esta é a primeira vez que a arca da aliança é mencionada no livro de Josué (Js 3:3). Até então, a arca havia aparecido no contexto do santuário (Êx 40:21), na jornada de Israel do monte Sinai (Nm 10:33-36) e na tentativa malsucedida de conquistar Canaã (Nm 14:44). A arca era o objeto mais sagrado do santuário israelita e continha três objetos, cada um expressando o relacionamento especial de Israel com Deus: (1) as tábuas dos Dez Mandamentos; (2) a vara do sumo sacerdote Arão; e (3) uma urna contendo o maná (Êx 16:33; Hb 9:4).
A arca e os preparativos para atravessar o Jordão lembraram aos israelitas de que eles não estavam entrando em Canaã da maneira e no tempo que desejavam. A conquista seria bem-sucedida apenas caso seguissem a vontade e o cronograma de Deus. O Senhor entraria em Canaã à frente dos israelitas como Aquele que iria liderar a conquista. Por isso, Ele é descrito como entronizado acima dos querubins que cobriam a arca da aliança (Êx 25:22; Nm 7:89), e Ele Se moveria à medida que a arca avançasse.
O termo traduzido como “santifiquem-se” (Js 3:5) se refere a um pro-cesso de purificação semelhante ao que os sacerdotes seguiam antes de começar seu serviço no santuário (Êx 28:41; 29:1) e ao que o povo de Israel realizou antes da revelação de Deus no Sinai (Êx 19:10, 14). Essa consa-gração envolvia abandonar o pecado e remover todas as impurezas rituais. A mesma ordem ocorre em Números 11:18, relacionado a um iminente mila-gre de Deus. Essa preparação era necessária também antes de batalhas tra-vadas em uma guerra (Dt 23:14). Antes que Deus pudesse lutar por Israel em batalha, eles deveriam mostrar sua lealdade a Ele e confiar Nele como seu Comandante.
O milagre da travessia do Jordão iria provar aos israelitas que a promessa do Senhor de expulsar os povos da Terra Prometida era digna de confiança. Se Deus era capaz de garantir a passagem seca pelo Jordão, também pode-ria conceder-lhes aquele território.
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2. Leia Josué 3:6-17. O que a travessia milagrosa do Jordão nos diz sobre o Deus a quem servimos?
A travessia do rio Jordão é descrita em Josué 3:5 pela palavra hebraica niphla’ot (“maravilhas, milagres”), que geralmente se refere aos atos poderosos e sobrenaturais de Deus e que mostram que Ele está acima de todas as criaturas (Sl 72:18; 86:10). Mais tarde, os israelitas meditavam sobre esses atos e, como resultado, louvavam o Senhor (Sl 9:1) e O proclamavam entre as nações (Sl 96:3). Algumas dessas maravilhas foram as pragas do Egito (Êx 3:20; Mq 7:15), a travessia do Mar Vermelho e a direção de Deus no deserto (Sl 78:12-16).
Os autores bíblicos sabiam e testemunharam o fato de que o Deus que criou o mundo não é limitado por Sua criação. Para Ele, “nada é demasiadamente difícil” (Jr 32:17; literalmente, “nada é maravilhoso demais”). Seu nome e Sua natureza são maravilhosos (Jz 13:18), pois Ele está além de nossa compreensão.
Em contraste com os deuses das outras nações, que não podem salvar (Sl 96:5; Is 44:8), o Deus da Bíblia é um “Deus vivo” e ativo, e aqueles que O seguem podem confiar que Ele intervirá em seu favor.
O profeta Zacarias usou um termo semelhante (que vem da mesma raiz de niphla’ot) ao prever um futuro para Israel após o exílio babilônico. Ele viu que Jerusalém seria totalmente reconstruída, idosos se sentariam nas praças da cidade, e meninos e meninas brincariam lá. Zacarias declarou aos habitantes da capital, aparentemente incrédulos, já que a cidade ainda exibia os sinais de sua destruição: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Isso pode parecer impossível aos olhos do remanescente deste povo naqueles dias, mas não será impossível para Mim, diz o Senhor dos Exércitos. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que salvarei o Meu povo, tirando-o da terra do Oriente e da terra do Ocidente. Eu os trarei, e habitarão em Jerusalém” (Zc 8:6-8).
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3. Leia Josué 4. Por que Deus pediu aos israelitas que construíssem um memorial?
O propósito daquelas pedras era se tornarem um “sinal” (Js 4:6). O termo hebraico ’ot é frequentemente associado à palavra “maravilha”, e pode se referir a atos miraculosos feitos por Deus (veja o estudo de ontem), como as pragas do Egito (Êx 7:3; Dt 4:34). Também pode se referir a um “símbolo”, como um sinal externo de uma realidade mais profunda ou transcendente. Por exemplo, o arco-íris é um “sinal” da aliança (Gn 9:12, 13); o sangue nos batentes e nas vergas das casas israelitas também é chamado de “sinal” (Êx 12:13); e mais significativamente o sábado é um “sinal” da criação e da presença santificadora de Deus (Êx 31:13, 17; Ez 20:12).
Em Josué 4, o sinal é um memorial, lembrando cada geração posterior do milagre da travessia. O termo traduzido como “memorial” (zikkaron) vem da palavra zakar, “lembrar”, que indica mais do que um ato passivo de recordar algo. Significa lembrar-se e praticar a ação correspondente (Dt 5:15; 8:2). Na época do AT, era comum criar memoriais de pedra (Gn 28:18-22) e realizar rituais que despertavam perguntas (Êx 12:26, 27; Dt 6:20-25). Em vez de repetir os milagres, Deus estabeleceu monumentos que trariam à memória Seus grandes atos e desencadeariam respostas significativas. O sinal estaria lá por muito tempo, levando o povo a manter esse milagre do Senhor em sua memória coletiva para sempre.
A pergunta que seria feita pelas gerações futuras é bastante significativa, porque é formulada de forma pessoal: “O que significam estas pedras para vocês?” (Js 4:6). Cada nova geração deveria internalizar e entender o significado dessas pedras para si mesma pessoalmente. A fé em um Deus que faz milagres pode ser mantida viva somente se cada geração redescobrir o significado dos atos poderosos de Yahweh para si mesma. Esse tipo de fé fará uma grande diferença entre (1) viver fielmente as tradições fundamentadas na Bíblia e (2) o tradicionalismo, que é a religião morta da geração viva, sem o seu valor e fervor originais. No fim, precisamos desenvolver pessoalmente uma fé alicerçada na Bíblia. Ninguém, especialmente nossos antepassados, pode crer por nós.
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4. Leia Josué 4:20-24 à luz dos seguintes textos: Juízes 3:7; 8:34; Salmo 78:11; Deuteronômio 8:2, 18; Salmo 45:17. Por que é tão importante lembrar os feitos poderosos do Senhor?
Observe a mudança em Josué 4:23. Segundo Josué, as águas do Jordão secaram diante de “vocês”, isto é, diante de todos os israelitas que haviam acabado de cruzar o rio. Por outro lado, ele diz que o Mar Vermelho secou diante de “nós”, aqueles que ainda estavam presentes desde a primeira geração e que tinham vivenciado o êxodo. Os dois eventos vividos por duas gerações diferentes tinham um significado semelhante, o que permitiu à segunda geração, por meio do testemunho de seus pais, redescobrir o mesmo significado da travessia do Jordão.
Geralmente, consideramos o esquecimento uma característica normal de todos os seres humanos. No entanto, esquecer-se no sentido espiritual pode levar a consequências sérias.
Mesmo hoje, se quisermos manter nossa identidade, como um povo que possui um chamado e missão peculiares, teremos que criar ocasiões para renovar nossa memória espiritual individual e coletiva, a fim de manter em foco de onde viemos, quem somos e qual é nosso propósito neste mundo.
5. Leia 1 Coríntios 11:24, 25; João 14:26. Por que sempre devemos lembrar o que Cristo fez por nós? Sem isso, as demais coisas ainda têm algum sentido?
Ellen G. White entendeu claramente que, sem nos guiarmos constantemente pela luz dos atos e das revelações passadas de Deus, certamente perderemos a motivação para cumprir nossa missão no futuro: “Nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido e de Seus ensinos em nosso passado” (Vida e Ensinos [CPB, 2024], p. 143).
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“Transformou o mar em terra seca; Eles atravessaram o rio a pé; ali, nos alegramos Nele” (Sl 66:6).
Tanto a travessia do Mar Vermelho quanto a do Jordão marcam uma nova era na história bíblica, e ambas possuem um significado muito importante (ver Sl 66:6; 114:1-7; 2Rs 2:6-15). O próprio AT liga esses dois eventos e destaca que o significado deles vai além de seus cenários originais. No Salmo 66, o salmista celebrou o ato redentor de Deus em sua vida (Sl 66:16-19), referindo-se aos exemplos históricos da travessia do Mar Vermelho e do Jordão.
O Salmo 114 também une esses dois eventos, não porque o autor não tenha visto uma diferença cronológica entre eles, mas por causa do significado teológico que as duas travessias compartilham. Ambos os eventos contribuíram para uma mudança na condição de Israel, o primeiro, da escravidão para a liberdade, e o segundo, da ausência de uma terra fixa para a formação de uma nação estabelecida. Nesses salmos, os exemplos das duas travessias ilustram que o autor estava saindo de um estado de opressão, pobreza, desamparo e humilhação e recebendo segurança, bem-estar, salvação e dignidade.
Ao ser trasladado perto do Jordão, Elias também viveu um milagre semelhante ao registrado em Josué. Para Elias, a travessia trouxe a mudança de condição mais significativa de sua vida: ele foi levado para o Céu. Para Eliseu, a mudança também era importante: o assistente do profeta (1Rs 19:21) se tornaria o profeta da nação (2Rs 2:22).
6. Leia Mateus 3:16, 17 e Marcos 1:9. Como esses escritores do Novo Testamento descrevem o significado simbólico e espiritual do rio Jordão?
O ministério terrestre de Jesus, como o Representante de Israel, segue o padrão da história do antigo Israel. Jesus passou pelas experiências do “Mar Vermelho” e do “Jordão”. Ele foi chamado para fora do Egito após um decreto de morte (Mt 2:14-16), passou 40 dias no deserto (Mt 4:2), semelhantes aos 40 anos do antigo Israel, e, como uma transição de Sua vida privada para Seu ministério público, Ele foi batizado no Jordão (Mt 3:16, 17; Mc 1:9).
Mais tarde, Hebreus 3 e 4 reconhecem o significado simbólico da travessia do Jordão e apresentam a entrada em Canaã como prenúncio do “descanso da graça” em que os cristãos entram pela fé.
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 421-425 (“A travessia do Jordão”).
“Estudem cuidadosamente as experiências de Israel em sua viagem para Canaã. Estudem o terceiro e quarto capítulos de Josué, que registram o pre-paro deles para cruzar o Jordão e sua passagem pelo rio para entrar na terra prometida. Precisamos manter a mente e o coração preparados mediante a renovação da memória com as lições que o Senhor ensinou ao Seu antigo povo. Assim fazendo, os ensinos de Sua Palavra serão para nós sem-pre interessantes e impressivos, como Ele desejava que fossem para eles” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, v. 2, p. 1096).
“O Israel moderno está em maior perigo de esquecer-se de Deus e ser levado à idolatria do que o antigo povo de Deus. Muitos ídolos são adorados, mesmo entre os professos observadores do sábado. Deus advertiu Seu antigo povo a guardar-se da idolatria, pois, caso se desviasse do Deus vivo, Sua maldição recairia sobre ele, ao passo que, se O amasse ‘de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força’ (Mc 12:33), Ele abençoaria abundan-temente seu cesto e sua amassadeira e removeria do meio dele toda enfermidade” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 530).
Perguntas para consideração
1. Analise a travessia miraculosa do Jordão, o significado do milagre e por que milagres assim parecem não ocorrer hoje.
2. Como evitar o esquecimento espiritual? Por mais importante que seja desenvolver um relacionamento contínuo com Deus, e não basear toda a nossa jornada cristã em poderosas experiências passadas, como usar nossas experiências como lembretes de como Deus trabalhou em nossa vida?
3. O sábado pode nos ajudar a lembrar das intervenções de Deus em nossa vida e nos dar uma amostra do descanso prometido em Seu reino eterno? De que maneiras o sábado aponta não apenas para o que devemos lembrar, mas também para o que podemos esperar do futuro?
Respostas às perguntas da semana: 1. Deus pediu que os israelitas se preparassem porque Ele iria realizar um milagre, e eles precisavam santificar-se. Em Números 14, a tentativa de lutar sem a direção divina resultou em derrota. 2. A travessia milagrosa revela que o Senhor é poderoso, soberano e fiel às Suas promessas. Ele controla a natureza e age em favor do Seu povo. 3. O memorial (12 pedras) servia para lembrar às futuras gerações o poder de Deus, fortalecendo a fé e a identidade de Israel como povo escolhido. 4. Lembrar os feitos do Senhor fortalece a fé, ensina a dependência Dele e preserva Seu legado. 5. Lembrar a morte de Cristo, por meio da Santa Ceia, renova a gratidão e conexão com a salvação. Sem isso, perdemos o sentido do evangelho. O Espírito Santo nos ajuda a recordar Sua obra. 6. O Jordão simboliza transição (da peregrinação para a vida estabelecida; do batismo de João para o ministério de Jesus) e revelação (a voz do Pai confirmando Jesus como Filho amado). Marca o início da nova aliança. Israel foi batizado no Jordão no caminho para a terra prometida; Jesus foi batizado no início do Seu ministério, que nos salva para a nova Terra.
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TEXTO-CHAVE: Js 4:23
FOCO DO ESTUDO: Js 3; Nm 14:44; Lc 18:18-27; Js 4; Jo 14:26; Hb 4:8-11
ESBOÇO
Introdução: Com o retorno dos espias, Israel estava pronto para entrar na Terra Prometida. Ainda havia uma barreira intransponível, pelo menos de uma perspectiva humana: o rio Jordão durante o período de cheias. No entanto, nada poderia parar o Deus vivo de Israel. Mais uma vez, Ele estava prestes a mostrar Sua soberania como Senhor de toda a terra (e das águas). Desde que Israel deixou o Egito, a questão nunca foi o poder de Deus para fazer maravilhas, mas a preparação de Seu povo, que mais uma vez seria testado quando fosse chamado a se santificar. Como seus ancestrais caminhando em direção às margens do Mar Vermelho, os israelitas fizeram as malas e deixaram o acampamento uma última vez , antes de finalmente entrarem em Canaã.
Mais de 400 anos após a promessa inicial a Abraão, eles caminharam novamente em direção à beira do impossível. Da travessia do Mar Vermelho até a travessia do rio Jordão, Deus convocou Seu povo a enfrentar o impossível para provar que com Ele nada era impossível. A arca da aliança foi à frente deles para mostrar que a passagem em terra firme não era uma coincidência ou um plano de engenharia humana, mas um ato de Deus. A travessia do rio Jordão marcou a história como um dia singular. A passagem também foi marcada geograficamente com os dois grupos das 12 pedras. A questão era se esse evento marcaria a memória das gerações futuras ou não. Infelizmente, com o passar do tempo, o significado espiritual dessas pedras se perdeu. Esse trágico esquecimento levou Israel não apenas à idolatria, mas também de volta ao Egito.
COMENTÁRIO
Teologia da água
Existem vários paralelos entre a travessia do Mar Vermelho e a do rio Jordão. Entre eles estão o uso de três termos significativos em hebraico: (a) o termo hebraico phala (“maravilha”), para designar ambas as travessias milagrosas (Êx 15:11; Js 3:5); (b) a palavra ned, para se referir ao amontoamento de água como um “muro” (Êx 15:8; Js 3:16); e (c) a rara palavra harabah, que significa “terra seca” (Êx 14:12; Js 3:17). Além disso, o próprio Deus traçou um paralelo entre Moisés e Josué em Josué 3:7, conectando explicitamente os dois episódios. O salmista viu os dois eventos como apenas um (Sl 114:3, 5).
Mas qual foi o significado teológico da travessia do Jordão? Nesta semana, o autor nos guiou pelo significado tipológico do evento à luz de Jesus e da igreja. Assim, podemos explorar o significado teológico da travessia para seu público original.
Hoje, se você visitar o rio Jordão, é difícil imaginar o desafio que sua travessia representou para Israel milênios atrás. Primeiro, a irrigação para fins agrícolas e consumo humano, ao longo dos 360 quilômetros do leito do rio, diminuiu consideravelmente seu tamanho e vazão. Outro ponto importante é que a celebração da Páscoa, realizada logo após a travessia, sugere que o evento tenha ocorrido na primavera. Nessa época, o rio Jordão podia atingir até 1,6 quilômetro de largura em algumas áreas devido ao derretimento da neve nas regiões altas. Essas informações significam que atravessar esse extenso e turbulento corpo de água, com fortes correntes e até detritos, foi um milagre tão impressionante quanto a travessia do Mar Vermelho.
Na mente dos povos antigos do Oriente Próximo, como os cananeus, o mar tinha nuances mitológicas. Era o lugar de onde suas divindades vinham quando as forças do caos eram subjugadas por deuses mais poderosos.
De acordo com o mito cananeu, Baal, que era o deus patrono da terra, tornou-se o deus supremo da tempestade quando derrotou Yam (seu nome significa “mar” em hebraico), o deus do mar. Assim, “no antigo pensamento politeísta, as nações venceram batalhas na terra porque seus deuses patronos venceram batalhas no cosmos. Se Yahweh, o Deus de Israel, foi capaz de vencer e submeter com tanta facilidade o poder do deus-rio em plena enchente para cumprir Seus propósitos, o que Ele não faria a Baal? E o que, então, o povo de Yahweh faria em Canaã?” (Joseph Coleson, “Joshua”, em Cornerstone Biblical Commentary: Joshua, Judges, Ruth [Carol Stream, IL: Tyndale House Publishers, 2012], p. 56). Com esse contexto histórico em mente, a travessia do Jordão expressa uma dimensão teológica tríplice que não é facilmente percebida pelos leitores modernos.
Primeiro, o status de Deus como “Senhor de toda a terra” (Js 3:11, 13) destacou uma diferença essencial entre as divindades cananeias e Yahweh. Seu domínio não é restrito a nenhum território. Toda a terra pertence a Ele e está sob Seu domínio. Ele é o verdadeiro Dono e Senhor do mundo, e, neste sentido, Baal, que também significa “dono” ou “senhor”, é um impostor. O poder de Deus sobre a água serviu como prova de Sua supremacia.
Segundo, Deus foi vitorioso. Tanto na mitologia babilônica quanto na cananeia, Marduque e Baal se tornaram deuses principais ao esmagarem forças poderosas e aquáticas. Tanto em passagens poéticas quanto proféticas, Yahweh foi louvado por conquistar inimigos cósmicos, descritos como um dragão marinho ou uma serpente, também chamada de Besta ou Leviatã (compare com Jó 41:4; Sl 74:13; Is 30:7). À medida que Yahweh superou as forças aquáticas do caos, Sua vitória foi suprema. No entanto, a diferença crucial entre Yahweh e esses deuses é que Ele é um Deus vivo (Js 3:10), agindo em tempo real. Yahweh não é um deus da mitologia; Ele é o Deus da história.
Finalmente, Yahweh é um Deus santo. A arca da aliança apareceu pelo menos 20 vezes em Josué 3 e 4, destacando sua importância na história como uma representação física Daquele que foi literalmente à frente deles (Js 3:11). A glória de Yahweh, que habitava sobre a arca no lugar santíssimo do santuário, era uma manifestação visível da presença divina. Contudo, esse símbolo de Sua presença só podia ser visto pelo sumo sacerdote uma vez ao ano, e apenas sob condições rigorosamente ritualísticas. Durante a travessia do Jordão, a arca era levada cerca de um quilômetro à frente do povo, permanecendo à vista deles apenas durante a travessia real no meio do leito do rio. Ao contrário dos ídolos de Canaã, que foram criados à imagem de seus “criadores” humanos, Deus estava formando uma nova nação à Sua semelhança, conforme expresso no mandamento: “Sejam santos, porque Eu sou santo” (1Pe 1:16; veja também Lv 19:2).
Esses três aspectos teológicos – domínio, vitória e santidade de Deus – deveriam estar na mente dos israelitas quando eles entrassem na terra idólatra de Canaã. A lembrança desse dia espetacular deveria ter servido como um antídoto contra a idolatria, um antídoto que, infelizmente, Israel não tomou.
O problema da memória
O conceito de memória na Bíblia é dinâmico porque abrange mais do que apenas o processo cognitivo de recordar informações. Esse conceito é mostrado quando, em várias ocasiões, Deus Se “lembra” de Seu povo (por exemplo, Êx 2:24). Quando Deus Se lembra, Ele age favoravelmente em relação ao Seu povo. Portanto, o chamado de Deus para que Seu povo se lembre também é um chamado para que eles tomem providências.
A memória deve ser preservada no tempo e no espaço por diversos meios, como a transmissão das tradições de pais para filhos, a construção de monumentos, como aquele registrado em Josué 4, e, sobretudo, por meio de rituais e celebrações durante os grandes festivais do calendário religioso. Era notável que esses festivais possuíam um caráter tríplice. Em primeiro lugar, celebravam os atos de Deus na vida presente de Israel, acompanhando o ciclo das estações de semeadura e colheita. Em segundo lugar, esses festivais comemoravam os atos de Deus no passado, particularmente aqueles relacionados ao Êxodo e à conquista. E, finalmente, eles também apontavam tipologicamente para os atos de Deus no futuro, na era escatológica, inaugurada por Jesus. Assim, a dinâmica bíblica da memória não apenas abraça o passado, mas também nos permite viver no presente com gratidão e olhar para o futuro com esperança.
Infelizmente, Israel não seguiu o conselho divino de lembrar. O livro de Juízes começa com uma nota sombria sobre a amnésia espiritual da geração que viveu depois da morte de Josué: “não conhecia o Senhor, nem as obras que Ele havia feito por Israel” (Jz 2:10). Mais tarde, o narrador declarou explicitamente: “Os filhos de Israel não se lembraram do Senhor, seu Deus, que os havia livrado do poder de todos os seus inimigos ao redor” (Jz 8:34).
O resultado foi apostasia na forma de idolatria, que persistiu por toda a história de Israel, de Salomão a Zedequias, o último rei da Judeia antes do cativeiro. A idolatria foi o resultado natural do esquecimento espiritual. Esse resultado se tornou claramente evidente na história de Gomer, que, como uma representação de Israel, esqueceu que tinha sido Deus, não Baal, quem tinha dado “‘o trigo, o vinho e o azeite; [foi Deus que lhe havia multiplicado] a prata e o ouro, que eles usaram para Baal” (Os 2:8). Nesse sentido, idolatria é ingratidão baseada em uma amnésia espiritual catastrófica. O esquecimento radical de Israel levou a uma perda quase completa de sua identidade antes do exílio babilônico, exceto por um remanescente. Muitos que permaneceram na terra durante o exílio escolheram retornar ao Egito. A história dos reis de Israel e Judá terminou com o Êxodo ao contrário, com o povo de Deus de volta ao Egito (Jr 43:7). Esse exílio foi o resultado terrível do esquecimento espiritual.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Oportunidades evangelísticas
No contexto original do AT, os milagres do Mar Vermelho e do rio Jordão enfatizam o poder de Deus para superar as forças do mal e Sua superioridade sobre todas as outras divindades. Essas exibições públicas visavam ser não apenas demonstrações da força divina em si, mas também oportunidades evangelísticas, para que outras nações pudessem conhecer a verdade sobre o Deus de Israel.
Como você pode usar cada experiência com Deus em sua vida como uma oportunidade para mostrar aos outros a verdadeira natureza do Deus que você adora?
Lembrando o passado
Um dos momentos mais agradáveis que temos como família é o momento em que nos sentamos para olhar fotos antigas. Essas fotos são momentos congelados no tempo, cheios de emoções. De certa forma, lembrar é como reviver memórias.
Imagine sua vida como um grande álbum de fotos. Quais momentos você consegue identificar como marcados pela presença poderosa de Deus em sua jornada?
Em um sermão intitulado “Quando Deus Se lembra”, Hans K. LaRondelle disse que lembrar “o passado significa renovar nossa esperança para o futuro”. Na mesma linha, falando sobre como Deus estava conduzindo o movimento adventista do sétimo dia, Ellen G. White memoravelmente escreveu: “Nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido, e de Seus ensinos em nosso passado” (Eventos Finais [CPB, 2021], p. 47).
Compartilhe com a classe como a lembrança dos atos passados de Deus em sua vida o encorajou em momentos difíceis.
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Perdão e cabelo
Brasil | Cassi
Estas são histórias de quatro vidas tocadas pela igreja flutuante, um barco chamado Amazônia da Esperança, que navega no Rio Amazonas, no Brasil. A igreja flutuante foi adquirida com a oferta trimestral de 2016, também conhecida como oferta para projetos missionários.
Jair
Certa noite, Jair viu algumas pessoas entrando em um barco branco enquanto caminhava em sua remota aldeia no Rio Amazonas. O barco havia atracado recentemente e ele viu que as pessoas estavam indo para uma reunião. Ele decidiu se juntar a eles.
Quase todos os 150 assentos do salão principal da igreja flutuante estavam ocupados. Jair encontrou um lugar vazio e se sentou. Naquela noite, o pastor da igreja flutuante, Cassi, estava pregando sobre o perdão.
O perdão era um tema doloroso para Jair. Ele havia visitado muitas igrejas em busca de perdão. Mas todos os líderes da igreja lhe disseram que seu pecado específico era imperdoável. Quando Jair era mais jovem e usava drogas, ele havia matado um homem. Havia sido uma morte por vingança. O homem havia matado o irmão de Jair. Agora Jair estava com 32 anos e ansiava pelo perdão de Deus.
Jair foi à igreja flutuante sem nenhuma esperança de perdão. Mas naquela noite, ele ouviu que Deus poderia perdoar todo e qualquer pecado.
Jair voltou na noite seguinte e na outra para ouvir mais sermões. No final das reuniões, ele entregou seu coração a Jesus e foi batizado. Ele era um homem perdoado e redimido.
Maria
Maria não queria visitar a igreja flutuante, mas seu esposo ia a todas as reuniões. Quando as reuniões terminaram, o marido decidiu ser batizado.
Foi então que Maria decidiu ir à igreja flutuante. Ela participou da última reunião.
No dia seguinte, quando o pastor Cassi estava realizando os batismos, Maria declarou que seu marido só poderia ser batizado se ela fosse batizada com ele.
O pastor Cassi não tinha certeza do que fazer. Então, ele orou e acabou batizando Maria e seu esposo. Depois, ele colocou Maria em um programa de discipulado que todos os membros novos fazem. Por meio do programa, Maria aprendeu as verdades bíblicas que ela não havia aprendido nas reuniões. Hoje, Maria e seu marido são membros fiéis e ativos da igreja em sua aldeia isolada na Amazônia.
Geiciane
Uma mulher de 38 anos chamada Geiciane se aproximou do pastor Cassi depois de uma reunião.
“Quando eu era pequena, costumava ir à igreja”, disse ela. “Na adolescência eu saí da igreja. Mas essa noite, eu decidi voltar”.
Por meio da igreja flutuante, Deus reivindicou outra alma para o Seu reino.
Paulo
Paulo nunca saiu da igreja. Em primeiro lugar, ele nunca tinha ido à igreja.
O homem de 60 anos também havia proibido sua esposa de ir à igreja, mas ela havia saído de casa e ido mesmo assim. Ao voltar para casa, ela sempre enfrentava uma grande briga com Paulo. Ela achava que seu marido nunca iria à igreja.
Quando o pastor Cassi e sua equipe chegaram, eles não disseram nada a Paulo sobre a igreja. Em vez disso, falaram sobre sua vida cotidiana e seus interesses, incluindo a pesca. Eles enviaram um barbeiro à sua casa, pois ele precisava cortar o cabelo. Ele morava no alto de uma colina, e era difícil para ele descer.
No dia em que seu cabelo foi cortado, ele decidiu ir à igreja flutuante. No barco, ele abraçou o pastor Cassi e os outros membros de sua equipe. “Quem são vocês?”, ele perguntou. “Vocês estão até preocupados com o número de fios de cabelos em minha cabeça”.
Paulo assistiu ao restante das reuniões e foi batizado com toda a sua família.
O pastor Cassi louva a Deus por cada alma reivindicada por meio da igreja flutuante.
“Cada pessoa tem sua própria história”, disse ele. “Deus tem nos enviado pessoas especiais, e Ele está guiando da Sua maneira especial.”
A igreja flutuante está levando esperança para as pessoas no Rio Amazonas depois de ser adquirida com a ajuda da oferta trimestral de 2016, também conhecida como oferta para projetos missionários. Muito obrigado por apoiar os projetos do Décimo Terceiro Sábado deste trimestre no Brasil e no Chile com suas orações e doações. Juntos, podemos compartilhar a esperança do breve retorno de Jesus.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
• Mostre a América do Sul e o Brasil no mapa. Em seguida, mostre Manaus, o porto de origem da igreja flutuante quando não está levando o evangelho às pessoas nos rios Amazonas e Negro.
• Assista a um vídeo curto no YouTube sobre Cassi e a igreja flutuante em: bit.ly/Cassi2-SAD.
• Faça o download das fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq
Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos
4º trimestre de 2025
Tema geral: Lições de fé no livro de Josué
Lição 3 – de 11 a 17 de outubro de 2025
Memórias da graça
Autor: Volney da Silva Ribeiro
Editoração: Fernando Dias de Souza
Revisão: Rosemara Franco Santos
Memórias de milagres
Os versos para memorizar desta semana (Js 4:23, 24) destacam quem agiu em prol de Israel e por que agiu poderosamente em favor do povo. A expressão “até que” em “até que vocês tivessem passado” revela que Deus cuida de tudo, do início ao fim, no que tange aos cuidados com Seu povo. Por isso, a vitória é exclusivamente Dele. No agir de Deus por Seu povo, havia duas finalidades explícitas: a primeira é que o mundo precisaria conhecer o Deus forte de Israel, para que também outros viessem a adorá-Lo e Ele pudesse ser o único Deus de todas as nações; a segunda é que Seu próprio povo precisaria estar ciente do Deus que tinha e, portanto, deveria temê-Lo todos os dias.
Santificação para a travessia
O povo de Israel encontrava-se junto ao rio Jordão, prestes a entrar em Canaã (Js 3:1-5). Era um momento decisivo. Aquele episódio marcaria a história da redenção dos israelitas. Por essa razão, Deus ordenou a santificação do povo, pois realizaria maravilhas em seu meio no dia seguinte. O aspecto principal dessa santificação era o chamado à purificação espiritual, à reconciliação com Deus e à disposição para obedecer plenamente à Sua vontade. O momento significava além de uma travessia física, em que ocorreria a realização da promessa feita aos patriarcas. Assim, era necessário que o povo estivesse em harmonia com o plano divino, para que Sua presença o guiasse à vitória.
Anteriormente, porém, Israel fracassou ao tentar avançar sem a aprovação divina (Nm 14:41-44). O povo confiou em sua própria força, desobedecendo à orientação do Senhor, e foi derrotado. O erro não era entrar na terra de Canaã, mas fazê-lo sem a presença divina. O relato bíblico revela que a vitória acontece mediante consagração e submissão ao Senhor, a fonte de todo êxito. A conquista de Canaã constituía uma bênção destinada àqueles que escolhessem depender inteiramente do Senhor.
Intervenção divina no Jordão
A travessia milagrosa do rio Jordão demonstra o maravilhoso Deus a quem servimos (Js 3:6-17). Ao interromper o curso natural das águas, Ele revelou que controla todos os acontecimentos, segundo Sua vontade. Tudo está ao Seu alcance, porque tudo Ele pode. Essa manifestação divina na travessia do Jordão é uma evidência concreta de Sua presença atuante entre Seu povo, reafirmando que Ele é o Deus que guia, protege e triunfa em favor dos que Nele confiam. Ele é o Deus das maravilhas, que sempre age em favor dos fiéis para realizar Seu plano redentor.
Sinais eternos da fidelidade divina
É importante ressaltar que as ações divinas em favor do povo escolhido, conforme Josué 4, não são eventos isolados ou passageiros. O Senhor estabeleceu esses feitos como sinais duradouros, para que todas as gerações recordassem Sua fidelidade para com Israel. Tais sinais manifestariam a todos os povos a grandiosidade do poder divino, evidenciando que Ele é soberano e o único digno de adoração.
Como as pedras erguidas por Israel após a travessia do Jordão lembravam as maravilhas de Deus, nossos “memoriais” pessoais hoje, em nossa experiência individual, ajudam a manter viva a consciência da condução divina em cada passo da jornada (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [CPB, 2023], v. 3, p. 262, 263). Eles reforçam a gratidão e fortalecem a fé diante de novos desafios, recordando-nos que Aquele que agiu no passado permanece fiel no presente.
Lembrar para permanecer fiel
Esquecer o que o Senhor realizou em nosso favor não é falha de memória, mas apostasia. Quando o povo de Israel se afastava de Deus, trocava-O por divindades falsas. O enfraquecimento da fé em Deus está ligado ao fortalecimento do ego, que cria ídolos que substituem a presença divina. No passado, o esquecimento do Altíssimo conduzia a ações reprováveis como rebeldia, desobediência à lei e ruptura da aliança, por influência das nações vizinhas ou pelos próprios desejos de um coração impuro.
Precisamos ter o cuidado de não repetir o mesmo erro, evitando fortalecer o ego, para que a correria diária, as preocupações e a busca por soluções humanas apaguem a lembrança viva das obras do Senhor. A diferença não está no contexto histórico, mas na disposição do coração. Por isso, recordar os feitos de Deus permanece essencial para mantermos em vista Sua fidelidade e Seu propósito para nossa vida.
Lembrança que sustenta a fé
Lembremos o que Cristo fez por nós. Sua obra na cruz é o fundamento da fé e da esperança. Jesus nos prometeu que o Espírito Santo nos faria recordar tudo o que Ele nos ensinou (Jo 14:26). Essa recordação renova a gratidão, fortalece a fé e mantém vivo o propósito da caminhada cristã. Sem essa lembrança viva, as práticas religiosas perdem seu significado essencial, transformando-se em simples rituais desprovidos de zelo espiritual. Até mesmo nossas crenças e nosso conhecimento doutrinário tornam-se frágeis, relativizados e, por fim, abandonados.
Embora lembrar seja importante, não basta apenas recordar conceitualmente: é preciso vivenciar diariamente a intimidade com Cristo. A comunhão com Deus representa uma conexão permanente com o Céu. O Espírito Santo nos recordará aquilo que podemos esquecer.
Cristo, Israel e a fidelidade do plano divino
O ministério terreno de Jesus Cristo é apresentado nos evangelhos como uma reinterpretação simbólica da trajetória histórica do antigo Israel. De fato, Jesus repetiu algumas experiências importantes do povo escolhido, como a saída do Egito, a peregrinação no deserto e a entrada na terra prometida. Assim como Israel foi liberto do Egito após um decreto de morte e permaneceu quarenta anos no deserto em processo de formação e purificação, Jesus também foi retirado do Egito na infância (Mt 2:14-16). E, assim como os israelitas caminharam por quarenta anos no deserto, Cristo passou quarenta dias no deserto (Mt 4:2). A transição de Sua vida para o ministério público é marcada pelo batismo nas águas do Jordão (Mt 3:16, 17; Mc 1:9). Esse evento simboliza Sua identificação com a humanidade e o início de Sua missão redentora, estabelecendo um paralelo intencional com a travessia do povo de Deus em direção à terra prometida. O episódio ressalta a fidelidade do plano divino ao longo da história e revela em Jesus a perfeita realização das promessas feitas a Israel, cumprindo plenamente a vontade do Pai e colocando-se à disposição da humanidade para resgatá-la e conduzi-la à Canaã celestial.
Conclusão
Os relatos bíblicos sobre Israel mostram a fidelidade contínua de Deus, da libertação do Egito à promessa da terra. A santificação e a dependência ao Senhor são essenciais para alcançar as vitórias preparadas por Ele. Sinais e memoriais ajudam a manter viva a lembrança da ação divina, prevenindo o esquecimento espiritual. Assim como Jesus viveu simbolicamente a trajetória de Israel, somos chamados a uma experiência diária com Cristo, permitindo que Sua presença guie nossa jornada. Reconhecer os feitos do Senhor é, portanto, um fundamento essencial para perseverar na fé e confiar no plano redentor de Deus.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.