Lição 10
02 a 08 de dezembro
Missão em favor dos não alcançados: parte 1
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Is 9
Verso para memorizar: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (At 17:24).
Leituras da semana: At 17; 1Co 2:2; Rm 1:18-25

Lucas descreveu a obra de Paulo em Atenas: “Por isso, falava na sinagoga com os judeus e os gentios piedosos; também na praça, todos os dias, com os que se encontravam ali” (At 17:17). Paulo teria se sentido mais con- fortável trabalhando entre os judeus, sua própria carne e sangue, mas não se contentou em trabalhar apenas entre seu povo. Ele havia sido chamado para alcançar outros também. 

Ele poderia ter trabalhado apenas com os gentios “piedosos”, cuja cos- movisão já havia sofrido mudanças substanciais. Eles tinham fundamento bíblico sobre o qual Paulo poderia edificar, mesmo que ainda precisassem conhecer o Deus a quem “temiam”, Jesus, o Messias. 

Mas, não. Enquanto estava em Atenas, cidade famosa por sua filosofia, Paulo procurou alcançar as pessoas de lá também. Muitas delas tinham formação e visão de mundo radicalmente diferentes das dos hebreus e de sua história sagrada, que formavam a base da fé que Paulo queria ensinar aos atenienses. 

Como Paulo buscou alcançar essas pessoas, e o que aprendemos com suas tentativas? 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Download iOS Download Android


Domingo, 03 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 10
Um hebreu em Atenas

1. O que levou Paulo a Atenas e como reagiu ao que encontrou ali? At 17:1-16 

Atenas estava “cheia de ídolos” (At 17:16, NVI). Conhecendo a história de seu próprio povo e sua propensão à idolatria (apesar das advertências), Paulo indignou-se também com todos os ídolos que encontrou naquela cidade. O apóstolo teve compaixão pelos atenienses, que morreriam no pecado se não aprendessem sobre o verdadeiro Deus. 

Nossas cidades ainda estão cheias de ídolos, embora sejam menos óbvios do que o que Paulo viu. E, infelizmente, muitos crentes são capazes de caminhar por uma cidade sem reagir minimamente aos seus ídolos. Paulo, porém, estava ligado o suficiente ao Espírito Santo para reagir. Diferentemente de outros crentes, que ainda não entendiam que o evangelho era para todo o mundo, Paulo sabia que Deus queria que os atenienses fossem salvos com todos os demais. Ele entendia que o conceito de missão global era levar o evangelho aos não alcançados, incluindo pagãos adoradores de ídolos, bem como os filósofos que enchiam as ruas de Atenas. 

Portanto, Paulo frequentava a praça onde essas pessoas costumavam se encontrar. Podemos dizer que ele formou o primeiro Centro de Estudos de Missão Global, em que usava a praça para estudar e testar métodos para alcançar o coração e a mente daqueles pagãos. 

Paulo sabia que não podia se aproximar dos atenienses da mesma forma que se aproximava dos judeus, ou mesmo dos gentios tementes a Deus. Aquelas eram pessoas cujo ponto de partida não era o Deus de Israel nem Suas obras entre a nação israelita. Embora esses conceitos e crenças fossem fundamentais para judeus e gentios tementes a Deus, não significavam nada para as pessoas que Paulo encontrou na praça ateniense. Por isso, seria necessária uma abordagem inteiramente nova. 

Nós também vivemos situações em que buscamos alcançar pessoas cuja origem não tem nada em comum com a herança “judaico-cristã”. Por isso, como Paulo, precisamos fazer adaptações. Uma abordagem que funciona em Buenos Aires pode ser inútil em Bangkok. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Que tipo de ídolos as pessoas adoram em sua sociedade, e como você pode abrir os olhos delas para a inutilidade dessa prática?


Segunda-feira, 04 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 11
Paulo no Areópago

Visto que tinha recebido uma missão de Deus, não importava onde Paulo estivesse, ele pregava o evangelho. Foi exatamente isso que procurou fazer em Atenas. 

2. Leia Atos 17:18-21. De quais diferentes maneiras os pagãos na praça reagiram ao discurso e questionamento de Paulo? 

Os “deuses estranhos” de Paulo impressionaram as pessoas (At 17:18). Por isso, elas o levaram ao Areópago, local da cidade onde questões legais e religiosas eram julgadas, embora Paulo não tenha enfrentado algum juízo legal. Era justo, ao que parecia, dar a ele e a sua “nova doutrina” (At 17:19) uma audiência. Seria difícil ignorar alguém com a eloquência de Paulo, mesmo promovendo ideias estranhas. 

Atos 17:21 diz que os atenienses não faziam nada além de dizer e ouvir novidades. Lucas estava acusando-os de inércia? Possivelmente não. É provável que estivesse mostrando que eles eram pensadores e debatedores experientes. Afinal, dos gregos vieram Sócrates, Platão e Aristóteles, filósofos cuja influência chegou até nossos dias. Durante séculos, Atenas foi vista como o centro intelectual e filosófico. Embora alguns desses pensadores não fossem ateus, no sentido que consideramos o ateísmo no presente, muitas de suas ideias filosóficas eram radicalmente diferentes dos ensinamentos do cristianismo. É difícil, por exemplo, encontrar um lugar na filosofia dos epicuristas e estoicos para algo como um Messias ressuscitado. 

Em Atenas, Paulo esperava que o Espírito Santo usasse seus conhecimentos e habilidades de oratória, que ele havia adquirido em sua educação com Gamaliel. Mas o Espírito Santo usou ainda mais a percepção e o conhecimento que Paulo tinha adquirido nas ruas de Atenas. “Os mais sábios entre seus ouvintes ficaram admirados ao analisar sua argumentação. Ele mostrou estar familiarizado com suas obras de arte, literatura e religião” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 150). 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Depois da experiência com pagãos e filósofos em Atenas, Paulo escreveu: “Porque decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e Este, crucificado” (1Co 2:2). Jesus deve estar no centro da mensagem ao buscarmos alcançar a todos?


Terça-feira, 05 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 12
Paulo e o Deus desconhecido

Paulo não menosprezou a falsa religião ou os falsos deuses dos atenienses. Ele reuniu os pontos positivos encontrados, ainda que fossem poucos, e os explorou ao máximo. 

3. Leia Atos 17:22, 23. O que Paulo estava fazendo na tentativa de alcançar aquelas pessoas com o evangelho? 

“Senhores atenienses! Percebo que em tudo vocês são bastante religiosos” (At 17:22). Paulo elogiou os pagãos! A religião deles era equivocada, mas Paulo elogiou a devoção sincera deles. Caso fossem humildes, Deus poderia alcançá-los com a verdade. 

Paulo continuou: “andando pela cidade e observando os objetos de culto que vocês têm” (At 17:23). Ao descrever o estudo que havia feito da religião ateniense, ele comunicou uma atitude respeitosa para com o povo. Ele não se apressou em se autoproclamar um especialista, com todas as respostas de como as pessoas precisavam mudar. Ele era, de fato, um especialista e tinha as respostas de que elas precisavam! Porém, não se apresentou dessa maneira, caso contrário, teria sido rejeitado. Ele foi considerado alguém que se importava com as pessoas e desejava o bem delas. 

Ao comentar sobre a inscrição “Ao Deus Desconhecido” (At 17:23), Paulo aproveitou o que poderia ser visto como um ponto em comum. Eles acreditavam em deuses, o que era um ótimo começo (alguns na época não eram adeptos dos ídolos), e ele pôde abrir o caminho para uma conversa mais profunda. Ele não zombou da ideia negativa de um altar para um “Deus Desconhecido”. Em vez disso, apreciou e admirou um povo que se importava o suficiente com as coisas espirituais a ponto de se esforçar para adorar algo que eles nem conheciam, caso estivessem deixando de lado algum deus. 

Eles estavam equivocados? Claro, mas isso poderia ser abordado. O importante no início era o fato de serem devotos em relação ao que compreendiam. Paulo reconheceu que o Espírito Santo poderia trabalhar com esse tema e então o explorou. Ele havia encontrado um ponto de discussão que despertaria o interesse deles. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Que pontes e pontos de contato abririam oportunidades para uma conversa mais profunda sobre Deus com outras pessoas com as quais você se relaciona?


Quarta-feira, 06 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 13
Apresentando um novo Deus

Quando Paulo conseguiu a atenção dos pensadores em Atenas, ele conduziu sua audiência para o Deus do Céu. 

4. Que abordagem Paulo usou para alcançar aquelas pessoas? At 17:24-27 

Para um povo que se importava com as coisas espirituais a ponto de construir um altar para um “Deus Desconhecido”, as palavras de Paulo eram intrigantes: um Criador que não vive em um templo não precisa de nada dos seres humanos, mas supre as necessidades humanas. Para uma cultura imersa na mitologia grega, na qual os deuses eram imprevisíveis, egocêntricos e cruéis, a ideia de um Deus como o que Paulo descreveu era um pensamento maravilhosamente intrigante. Assim, os homens do Areópago deram seus primeiros passos em direção a um Deus de amor. 

O fato é que esse Deus, que eles não conheciam, podia ser conhecido. Na verdade, Ele quer ser conhecido. 

Paulo provavelmente falou mais tempo no Areópago do que apenas as poucas palavras que Lucas relatou. Por uma questão de espaço, talvez Lucas tenha resumido o discurso do apóstolo. Se isso é verdade, é provável que Paulo tenha detalhado mais os conceitos que lemos até aqui. Vamos dividir o discurso de Paulo em conceitos: 

  1. Paulo elogiou a consciência espiritual e a sinceridade deles. 

  2. Mostrou que tinha estudado a crença deles e encontrado algumas coisas que respeitava a partir do que tinha aprendido. 

  3. Contou sobre a descoberta de algo que eles admitiam não entender. 

  4. Partilhou o aspecto de Deus de que precisavam desesperadamente: Deus existe, ama todos os seres humanos e não está distante deles. 

  5. Advertiu sobre o que significa rejeitar conhecer o Deus que não conheciam. 

Paulo os levou o mais longe que pôde, com base no que sabia a respeito da crença deles. Se pôde levá-los tão longe, estava fazendo um bom progresso. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Em seu argumento, Paulo recorreu ao mundo criado e ao Criador (ver também Rm 1:18-25). Por que essa é uma abordagem boa, pelo menos como um começo, com a maioria das pessoas? O que há no mundo criado que aponta para Deus?


Quinta-feira, 07 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 14
Cruzando uma linha

5. Leia Atos 17:24-34. Como Paulo continuou a testemunhar? 

É interessante notar que Paulo citou alguns escritores daquela cultura, que, tendo escrito algo bastante próximo da verdade bíblica, deram a Paulo uma abertura para levar seus ouvintes mais adiante. Ou seja, ele usou sua familiaridade com as crenças deles para buscar um terreno comum, apenas para depois ir além. Sem dúvida, ao buscar alcançar os outros, ter familiaridade com o que eles acreditam e buscar pontos em comum pode ser um método poderoso de alcançar as pessoas. 

Note, também, que Paulo usou esse terreno comum com eles para ir aonde queria: a ressurreição de Jesus e a esperança que ela oferecia a todos eles. Lucas descreveu as reações às palavras finais de Paulo sobre a ressurreição. Alguns zombaram da ideia; outros disseram que queriam ouvir Paulo novamente sobre o assunto; e alguns creram. O que é fundamental nessa história para os nossos propósitos é que todos eles ouviram. E essa era a esperança de Paulo desde o início. 

Sabemos que algumas pessoas rejeitarão o evangelho, mas devemos fazer todo o possível para garantir que, antes de o rejeitar, entendam o que estão rejeitando. Paulo, por meio de seu método de trabalhar entre os atenienses e de seu uso estratégico do que ele havia estudado e aprendido deles, assegurou que ouvissem com mente aberta que existe um Deus que eles não conheciam, mas que os havia criado. Esse Deus os amava e queria ser conhecido por eles. Ele tinha sido misericordioso com eles, apesar de sua ignorância. Mas o dia do juízo chegaria. E, se tudo soava inacreditável demais, havia evidências verificáveis para isso na ressurreição de Cristo. 

Depois que as pessoas ouviram e compreenderam a mensagem, tiveram que escolher por si mesmas se a rejeitariam por completo ou se investigariam mais. Alguns investigaram mais e se tornaram seguidores de Jesus (At 17:34). 

Desafio: Em oração, peça a orientação específica de Deus para saber a melhor forma de testemunhar a alguém que você conhece. 

Desafie-se: Explore as mídias sociais como um possível “Areópago” onde vamos representar o evangelho para os incrédulos (com a clareza e discrição de Paulo).

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Sexta-feira, 08 de dezembro
Ano Bíblico: RPSP: Is 15
Estudo adicional

Uma das lições da experiência de Paulo no Areópago é que ele utilizou, nessa situação, as informações obtidas em seus estudos feitos na cidade de Atenas sobre como abordar um grupo não alcançado, o que resultou em um grupo de crentes em Atenas. 

“As palavras do apóstolo e a descrição de sua atitude e circunstâncias da forma como a inspiração registrou deviam aproveitar a todas as gerações futuras, dando testemunho de sua inabalável confiança, sua coragem na solidão e adversidade e a vitória por ele obtida para o cristianismo no coração do paganismo. 

“As palavras de Paulo contêm um tesouro de conhecimento para a igreja. Ele estava em uma posição em que facilmente poderia ter dito qualquer coisa que teria irritado seus orgulhosos ouvintes, colocando-se em dificuldade. Se seu sermão tivesse sido um ataque direto aos deuses e aos grandes homens da cidade, ele teria corrido o risco de ter o mesmo fim de Sócrates. Mas, com tato [...], afastou a mente deles de suas divindades pagãs, revelando-lhes o verdadeiro Deus, desconhecido para eles” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 152, 153). 

Por meio do contato direto com o povo, do estudo de sua cultura e religião e do respeito por sua devoção espiritual, Paulo conseguiu algo notável em Atenas, algo que é um tesouro de conhecimento para a igreja. Ele evitou irritar os ouvintes. Isso foi uma grande realização inspirada por Deus. De acordo com Ellen G. White, isso é um tesouro de conhecimento ao qual, como igreja, precisamos prestar atenção. 

Perguntas para consideração 

  1. Com base no exemplo de Paulo, quais são os passos para evangelizar uma cidade? 

  2. Que comportamento é exigido do cristão para construir pontes com incrédulos? 

  3. Quando ficamos incomodados com os ídolos modernos, o que não devemos fazer, no início de uma obra entre idólatras? 

  4. Se Paulo tivesse parado no ponto em que apresentou o Deus que ama as pessoas, os atenienses teriam ficado satisfeitos. No entanto, ao falar da ressurreição, ele cruzou uma linha que fez com que alguns pensassem que ele estava enganado. Paulo errou? 

Respostas e atividades da semana: 1. Um tumulto em Bereia. Paulo ficou indignado ao ver a cidade dominada pelos ídolos. 2. Alguns o desprezaram; outros ficaram curiosos sobre seus deuses estranhos e quiseram ouvir sobre a nova doutrina. 3. Destacando os pontos positivos da espiritualidade deles e encontrando um terreno comum para então apresentar a eles o evangelho. 4. Ele falou de um Deus Criador, que os amava e queria ser conhecido deles. 5. Ele falou da ressurreição de Jesus e da esperança que ela oferecia a todos eles.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Resumo da Lição 10
Missão em favor dos não alcançados: parte 1

ESBOÇO 

Em Seu discurso de despedida antes de subir ao Céu, Jesus encarregou Seus discípulos de serem Suas testemunhas entre as pessoas de todas as nações do mundo (Mt 28:19). “Nações” em Mateus 28:19 não se refere ao que hoje chamamos de nações (ou Estados nacionais), mas a “grupos étnicos”. Um grupo étnico refere-se a um conjunto de indivíduos que têm um senso comum de história, idioma, crenças e identidade. Não há sociedade humana na Terra em que o evangelho de Jesus não deva ser apresentado e onde não devam ser feitos discípulos para Ele. Agências missionárias da linha de frente, como a Global Frontier Missions e o Joshua Project, estimam que existam cerca de 17.446 grupos étnicos no mundo, sendo que mais de 7.400 deles ainda não foram alcançados pelo evangelho. Em outras palavras, 42% dos grupos étnicos do mundo não possuem comunidades nativas de cristãos capazes de evangelizar, sem testemunho externo, o restante de seu grupo. É interessante observar que 95 % dos grupos étnicos menos alcançados pelo evangelho estão espalhados pela Janela 10/40, uma área habitada principalmente por povos tribais, hindus, muçulmanos, budistas e não religiosos. Alguns desses grupos étnicos têm pouco ou nenhum acesso ao evangelho. Nas nações ocidentais também existem pessoas ainda não alcançadas pelo evangelho, devido ao crescente impacto do secularismo. 

COMENTÁRIO 

Paulo: um missionário versátil 

O estudo desta semana apresenta o testemunho dirigido a pessoas que não têm nada ou têm muito pouco em comum com os cristãos em termos de crenças e valores religiosos. Pessoas de diversas origens étnicas e crenças religiosas bastante diferentes vivem e com- partilham a vida pública juntos. Por causa da cosmovisão (ou visão de mundo) específica de cada uma dessas pessoas, elas possuem diferentes necessidades e anseios espirituais. É dentro desse mundo profundamente diversificado em termos religiosos que somos cha- mados a compartilhar nossa fé e fazer discípulos de Cristo. À primeira vista, essa tarefa é assustadora. É necessário sair de nossa zona de conforto religiosa (com seus jargões e códigos internos), reavaliar nossas atitudes (estereótipos e preconceitos) em relação às pessoas que têm perspectivas diferentes das nossas e aprender novas abordagens evan- gelísticas. Como se isso não bastasse, muitos não cristãos não veem o cristianismo de perspectiva favorável. Felizmente, encontramos na Bíblia precedentes de esforços mis- sionários para alcançar essas pessoas. 

Após sua conversão ao cristianismo, Paulo demonstrou compromisso incansável com a propagação do evangelho a todas as nações. No entanto, ele abordava seu público de maneira diferente, dependendo da sua composição: se era formado por judeus ou gentios. Ao comparar o que o apóstolo disse aos judeus em uma sinagoga em Antioquia (At 13:13-43) com sua apresentação do evangelho a uma audiência gentílica no Areópago em Atenas (At 17:16-33), vemos que Paulo demonstrava bastante sensibilidade em cada situação, bem como em relação a cada público. Em Antioquia, Paulo citou as Escrituras para argumentar que as profecias do Antigo Testamento encontraram seu cumprimento em Jesus. Já em Atenas, ele iniciou apresentando ideias com as quais seu público gentílico estava mais familiarizado: o altar ao “Deus desconhecido” e declarações de seus próprios autores, em vez de uma série de passagens bíblicas, embora tenha usado conceitos bíblicos. Paulo usou o que seu público conhecia para falar sobre o “Senhor do céu e da Terra”, que criou todas as coisas. Sem apoiar as crenças dos atenienses, Paulo os elogiou por serem bastante religiosos. Essa declaração positiva a respeito de seu público deveria ter a intenção de garantir o interesse deles no restante do discurso. Embora estivesse profundamente perturbado com o grande número de ídolos, Paulo foi contido em seu comportamento. Qualquer demonstração de ira e acusações contra essas pessoas, que não tinham conhecimento da revelação especial de Deus, o teria privado de uma preciosa oportunidade de apresentar o evangelho a eles. É importante notar que a sensibilidade de Paulo ao contexto dos atenienses não o impediu de chamá-los ao arrependimento. 

Esse fato pode ser bem ilustrado pela publicação de Mark Allan Powell, em 2004, dos resultados de sua pesquisa sobre o impacto das realidades diárias das pessoas na sua forma de ler e interpretar as Escrituras (ver Mark Allan Powell, “The Forgotten Famine: Personal Responsibility in Luke’s Parable of the ‘Prodigal Son’”, in Literary Encounters with the Reign of God, ed. Sharon H. Ringe e H. C. Paul Kim [T&T Clark, 2004]). Na primeira fase da pesquisa, Powell entrevistou dois grupos de estudantes, um dos Estados Unidos e outro de São Petersburgo, na Rússia. O experimento consistia em pedir aos alunos que lessem a história do filho pródigo, contida em Lucas 15:11-32, fechassem a Bíblia e depois a recontassem de memória uns para os outros em seus respectivos grupos e com a maior precisão possível. Powell descobriu duas grandes diferenças na repetição oral dessa parábola. Por um lado, enquanto apenas 6% dos estudantes norte-americanos se lembraram da fome mencionada no versículo 14, 84% dos estudantes de São Petersburgo se referiram a ela. Por outro lado, 100% dos estudantes norte-americanos enfatizaram o fato de que o filho pródigo desperdiçou a herança, enquanto apenas 34% dos estudantes russos se lembraram desse detalhe. Para os estudantes norte-americanos, a menção à fome parecia ser apenas um detalhe a mais, que não acrescenta nada de fundamental à história. Como não tinham nenhuma lembrança recente de fome, todos enfatizaram o desperdício da riqueza como um comportamento irresponsável. No entanto, os estudantes russos tinham convivido e interagido com alguns dos sobreviventes do cerco de 900 dias do exército nazista à cidade de São Petersburgo, em 1941, que desencadeou uma fome que matou 670 mil pessoas. Para eles, a menção à fome era um detalhe bastante significativo, que acrescentava muito à história. Esse experimento ilustra a necessidade de adaptar a mensagem ao nosso público, tanto em estilo quanto em conteúdo, assim como Paulo fez com os atenienses.

Necessidade de inovação na prática da missão 

Comparado com seus contemporâneos, Paulo não foi convencional em sua abordagem ministerial, especialmente em Atenas. Ele poderia até ser descrito como vanguardista quando se tratava da necessidade de ser versátil e adaptável na missão. Suas qualidades missionárias diferenciadas são desesperadamente necessárias hoje. O Areópago moderno existe em diferentes partes e formas em muitos centros urbanos. Pode ser uma praça, um parque, uma esquina, um shopping, um anfiteatro universitário ou um café. A igreja precisa de membros com dons, talentos, personalidades e criatividade correspondentes, que sejam capacitados e enviados para desenvolver o ministério em tais centros. Os membros que estão preparados para entrar em esferas não tradicionais, bem como se relacionar com não cristãos, devem receber liberdade para explorar novas formas de compartilhar o evangelho, mesmo que essas formas inicialmente pareçam pouco ortodoxas. 

O pedido de Deus a Abraão para sacrificar Isaque, o filho por meio de quem Ele havia prometido torná-lo pai de muitas nações, com certeza não era convencional (Gn 22). Naamã fez dois pedidos incomuns a Eliseu (2Rs 5). Esses pedidos poderiam ter causado inquietação ou perturbação, mas Eliseu disse a Naamã para ir “em paz”, mostrando que Deus estava transformando o coração do capitão sírio, que ainda precisaria se desenvolver em sua vida espiritual (ver a lição da semana passada). Deus dizer a Isaías para caminhar nu (ou talvez seminu) pelas ruas da cidade durante três anos, apresentando uma mensagem de destruição aos aliados de Judá, foi algo realmente excêntrico (Is 20:2-4). Pense no embaraço que Miqueias pode ter sentido quando Deus lhe pediu não apenas para andar nu (ou seminu), mas para uivar como um chacal e chorar como um avestruz (Mq 1:8)! À luz desses precedentes bíblicos, “quando lida em seu contexto, a Bíblia oferece muitas declarações e exemplos que mostram que, às vezes, Deus pode solicitar que Seus servos usem métodos de missão que podem ir contra nossas práticas confortáveis. A leitura mais ampla e os textos claros da Bíblia [...] indicam que Deus pode requerer comportamentos que significam para nós uma dificuldade ou até uma vergonha. Se for esse o caso, não devemos nos apressar em condenar o que é diferente ou desconfortável” (Jon Paulien, “The Unpredictable God: Creative Mission and the Biblical Testimony”, em A Man of Passionate Reflection, ed. Bruce L. Bauer [Department of World Mission, Andrews University, 2011], p. 85). Em vez de continuar a arar os campos missionários com métodos tradicionais, precisamos ser flexíveis, engenhosos e ter a mente aberta em relação a abordagens novas e até pouco convencionais de cumprir a missão divina, desde que sejamos fiéis aos princípios bíblicos. A missão se originou com Deus e continua procedendo Dele. Portanto, precisamos ser dependentes do Senhor. Como fez o rei Josafá, devemos nos voltar sempre para Deus, dizendo: “Não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos estão postos em Ti” (2Cr 20:12). Se formos sinceros, Ele nos revelará Sua vontade. Talvez a Sua maneira de atuar não seja convencional para nós, assim como Josafá foi instruído a enviar seu exército para a guerra com cânticos. Mas uma coisa é certa: cumprir a missão e desenvolver o ministério segundo a vontade de Deus e com o Seu poder cumprirá Seus propósitos salvíficos de alcançar todos os segmentos da sociedade.

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Todos os seres humanos são influenciados e limitados pelos pressupostos de sua cultura e visão de mundo. Quando apresentamos o evangelho, devemos levar em consideração esse importante fato. O ministério de Paulo nos oferece um ótimo exemplo de como alcançar não cristãos. A seguir estão alguns princípios básicos que são bastante significativos para cumprir a missão entre aqueles que ainda não conhecem o evangelho: 

  1. A cultura das pessoas, com sua visão de mundo profundamente enraizada, é o único padrão de referência delas. Não podemos esperar que as pessoas sejam confrontadas com ideias que estão além de sua visão de mundo e esperar que respondam positivamente a elas. Portanto, é essencial estar sempre atento às realidades diárias daqueles a quem testemunhamos. 

  2. Precisamos agir com moderação e respeito em nossa atitude para com os não cristãos. Podemos obter percepções significativas sobre essas pessoas estudando seus sistemas de crença e conversando com elas para encontrar um terreno comum que possa ser usado como ponte de contato para apresentar o evangelho. 

  3. Também devemos nos concentrar nas necessidades e anseios sentidos por nosso público e mostrar que Cristo é a verdadeira resposta. Não devemos permitir que nossas próprias perspectivas culturais atrapalhem a forma como Deus deseja Se apresentar aos não cristãos por meio de nós. É importante que, ao apresentar o evangelho, nos abstenhamos de presumir que nosso público tem o mesmo conhecimento que nós a respeito de Deus, se preocupa com os mesmos valores que nós, compreende o conceito de pecado como nós e se sente culpado e necessitado do perdão de Deus. 

  4. Por último, precisamos nos proteger para não diluir nossa mensagem durante o processo de adaptá-la ao nosso público. O evangelho deve desafiar e confrontar todos os aspectos da visão de mundo que não estão de acordo com as Escrituras. 

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Uma igreja influente

Peter N. K. Duodu e Samuel Marfon

Não é todo dia que um projeto do Décimo Terceiro Sábado inspira outro grande projeto. Mas foi exatamen­te isso que aconteceu em Acra, capita Ide Gana.

Cerca de 75 anos atrás, os militares ganeses deram à Igreja Adventista do Sétimo Dia um terreno em um dos seus quarteis em Acra. A terra não custou nada. O único pedido era que a Igreja Adventista construísse uma casa de adoração no terreno. Os militares pediram a construção de u ma lg reja Adventista onde os soldados pudessem adorar.

Os membros da igreja em Gana fizeram doações para o projeto. Eles queriam que os soldados pudessem adorar em uma Igreja Adventista. Então a igreja mundial se envolveu. A oferta do décimo terceiro sábado do terceiro trimestre de 2007 proporcionou os retoques finais para o santuário: lindas janelas de vidro colorido que foram instaladas no perímetro do teto abobadado da igreja e painéis de vidro colorido representando mãos em oração e o logotipo da Igreja Adventista atrás do púIpito.

A igreja do quartel militar foi dedicada no dia 7° de novembro de 2008. Uma placa pendurada do lado de fora da entrada principal inclui a lista dos delegados que participaram da cerimõnia de abertura. Entre eles, estava o departamental do Ministério de Capelania Adventista da Associação Geral, que supervisiona o cuidado pastoral da igreja mundial com as pessoas que servem nas forças armadas.

Do outro lado da cidade, a polícia federal de Gana tomou conhecimento da nova Igreja Adventista no complexo da academia nacional de treinamento. Os policiais procuraram os líderes com um pedido: "Se lhes dermos um pedaço de terra na academia de polícia, vocês constroem uma igreja?"

Era uma oferta que os líderes não podiam recusar. Começou o trabalho de arrecadação de fundos para construir uma Igreja Adventista na academia de polícia.

"Olhando para o que realizamos no quartel militar, eles confiaram em nós para construirmos isso", disse o líder da igreja local, Christopher Annan-Nunoo, que atua como secretário executivo da União do Sul de Gana.

Hoje, Nusrat está terminando seu primeiro ano.

Um prédio que prega

A igreja do quartel militar provou ser uma luz para as forças armadas", disse o tenente­coronel Peter N. K. Duodu, um capelão militar da Igreja Adventista.

"Por causa desse edifício, as pessoas querem vir e adorar aqui. Elas dizem: 'Seu prédio é maravilhoso'. Então, mesmo sem sairmos para pregar, o prédio está pregando por nós."

Ele disse que os militares que frequentam a igreja ganham uma melhor compreensão dos adventistas e, mais importante, aprendem sobre Deus e a salvação.

"Agradecemos a Deus por esse meio maravilhoso que Ele providenciou para a Igreja

Adventista do Sétimo Dia evangelizar a equipe dos militares", disse ele. "Isso significa muito."

Samuel Marfon, um policial veterano de 17 anos de serviço e único capelão adventista no corpo policial de Gana, está esperançoso de que no futuro a igreja da academia de polícia terá um impacto semelhante na equipe policial. A igreja deve acomodar de 7.500 a 2.000 pessoas. "Deus vai fazer isso por nós",disse ele. "Ele construirá a igreja."

Josiah Nwarungwa, diretor da Missão Adventista da Divisão Africana Centro-Ocidental, cujo território inclui Gana, disse que estava emocionado com o impacto que o projeto do décimo terceiro sábado de2007 no quartel militar está tendo no corpo policial.

"É inspirador", disse ele. "A Igreja Adventista está presente nas forças militares ganesas. Minha oração é para que o Senhor o torne um centro de influência para a eternidade para aqueles que entrarem em contato com ele."

Obrigado por suas ofertas de 2007 que estão tendo um grande impacto entre a polícia e os militares de Gana. As ofertas deste trimestre também prometem ter um grande impacto nas vidas de Gana. Elas também ajudarão a expandir a Escola Adventista do Sétimo Dia de Formação em Enfermagem e Obstetrícia com a construção de novas salas de aula e dormitórios. Obrigado por suas generosas ofertas.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

A lição da Escola Sabatina dos adultos desta semana fala sobre a importância de testemunhar para aqueles que estão no poder. Peça que a classe da Escola Sabatina considere como a Igreja

Adventista no quartel militar tem testemunhado àqueles que estão no poder. Quais são as outras maneiras pelas quais os adventistas podem alcançar pessoas influentes?

Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Africana Centro-Ocidental: bit.ly/wad-2023.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2023

Tema geral: Missão de Deus, minha missão

Lição 10 – 2 a 9 de dezembro

Missão em favor dos não alcançados: parte 1

 

Autor: Marcelo Ferreira Cardoso

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Objetivo geral: Compreender a necessidade individual e coletiva de estar preparados para pregar o evangelho num contexto transcultural

Objetivos específicos:

  • Reconhecer a importância do conhecimento da cultura e da religião do local a ser alcançado, avaliando pontos de convergências e divergências das crenças e costumes em relação ao evangelho bíblico.
  • Aprender a respeitar as diferenças na cosmovisão das outras pessoas, encontrando em suas crenças e valores pontos de aproximação.
  • Ponderar sobre as melhores estratégias para o trabalho missionário, entendendo que em cada local se exigirá ações diferentes e contextualizadas.

Introdução 

Muitas vezes é mais conveniente permanecer na igreja e ter contato somente com pessoas que professam a mesma fé e tem os mesmos costumes que os nossos, não é verdade? É evidente que o Senhor nos chamou para ser luz para um mundo em trevas, e a própria Bíblia afirma que nenhuma candeia consegue iluminar se estiver debaixo de um cesto ou escondida dentro de um armário (Mt 5:15). Mas sabemos que isso implica o risco de se envolver com as pessoas da sociedade em geral, muitas das quais possuem crenças completamente diferentes das nossas.

A partir do momento em que aceitou o chamado de Jesus, o apóstolo Paulo sempre se apresentou como um missionário transcultural (aquele que se estabelece em culturas diferentes). Enquanto a igreja primitiva, em seus primeiros anos, se preocupava em levar o evangelho apenas aos judeus, Paulo olhava além e dedicou boa parte do seu ministério para alcançar os não judeus, sendo, por isso, conhecido como o apóstolo dos gentios (Rm 11:13; 1Tm 2:7).

Nesta lição, aprenderemos sobre a vida e o ministério de Paulo, um homem visionário chamado por Deus. O plano divino era a expansão do Reino, o estabelecimento de novas igrejas em terras fora das cercanias de Jerusalém e o cumprimento da ordem de Jesus de fazer discípulos. Sobre isso, Ellen White declara: “Paulo se inclinava a permanecer em Jerusalém, onde poderia fazer frente à oposição. Parecia-lhe um ato de covardia fugir, se, permanecendo, pudesse convencer alguns dos obstinados judeus quanto à verdade da mensagem angélica, mesmo que permanecer lhe custasse a vida [...]. Mas não estava de acordo com os propósitos de Deus que Seu servo desnecessariamente expusesse a vida; e o mensageiro celestial respondeu: ‘Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe’” (Atos dos Apóstolos [CPB, 1976], p. 130).

Parte 1 – Estabelecendo conexão

O combustível que deve impulsionar a vida de um evangelista são as pessoas mergulhadas no pecado e a oportunidade de levar uma mensagem que poderá mudar radicalmente a vida delas. Esse era o sentimento de Paulo, um homem incomodado, não acomodado, alguém que tentava compreender as pessoas a quem estava se dirigindo e relacionar-se com elas em seu contexto cultural.

Em sua trajetória como um missionário transcultural, Paulo entendia a importância de ser culturalmente relevante. Suas ações apontavam para quatro pontos que potencializavam seu esforço e que são encontrados em sua passagem por Atenas: 1) Paulo compreendeu a posição dos atenienses em relação à realidade; 2) Ele enxergou o interesse espiritual subjacente dos moradores de Atenas; 3) Procurou os pontos positivos daquela cosmovisão e 4) Encorajou-os a descobrir a verdadeira realização na adoração ao Deus verdadeiro.

O Livro de Atos nos mostra que Paulo se aproximou de judeus e gentios de formas diferentes. Ele os tratou com base na sua cultura e no entendimento prévio das verdades do evangelho. Com os judeus, o apóstolo refletiu sobre o papel salvífico do Messias e Sua ressurreição (At 17:1-4). Já com os gentios, seu trabalho foi mais reflexivo sobre os fundamentos de um único Deus, Criador e Mantenedor de todas as coisas. Nos dois casos, a cultura do interessado teve alto impacto na escolha da estratégia evangelística utilizada por Paulo (LARKIN, William. Mission in Acts. New York: Orbis, 1998, p. 180).

Muitas vezes queremos utilizar as mesmas ações missionárias em contextos diferentes só porque elas se mostraram eficientes em uma situação. Por isso, achamos que não haverá necessidade de adaptação. As experiências passadas são importantes e devemos aprender com elas, mas também é necessária uma readequação diante de um novo cenário missionário e de novas pessoas. Esse é o desafio de todo trabalho evangelístico, pois todas as comunidades e culturas são diferentes.

Parte 2 – O desafio da adaptação

Assim como era em Atenas na época de Paulo, em que os cristãos eram minoria, hoje, infelizmente, é perceptível que o cristianismo tem deixado gradativamente de ser a religião dominante no Ocidente. Nos Estados Unidos, os que professam ser cristãos já perderam a predominância em uma sociedade cada vez mais secularizada e cuja realidade aponta para um crescimento dos chamados sem religião (The Future of World Religions: Population Growth Projections, 2010-2050; disponível em: <shorturl.at/crV78>. Acesso em 1º de dezembro de 2023). Para quem acredita que essa é uma perspectiva ainda muito distante em nosso país, lembremos que geralmente não demora muito para que aquilo que ocorre na América do Norte chegue por aqui.

O evangelho jamais se encaixará adequadamente em qualquer cultura humana. Por isso, há dois grandes desafios a serem vencidos por um missionário transcultural, como foi o caso de Paulo: o primeiro é o perigo de que, em algumas ocasiões, não se encontre um ponto de contato entre a mensagem pregada e o pensamento das pessoas de uma cultura da sociedade local; o segundo está em querermos impor de imediato padrões de uma cultura “igrejeira” sobre a cultura secularizada dominante.

Com isso, não se está afirmando que o cristão deva fazer concessões à cultura de uma sociedade, se esta defende princípios e valores contrários aos que são estabelecidos na Bíblia. Contudo, o correto seria procurar convergências entre a Palavra de Deus e o que a sociedade culturalmente acha relevante, criando assim uma ponte entre as pessoas secularizadas e os valores cristãos (STETZER, Ed. Plantando Igrejas Missionais: Como plantar igrejas bíblicas saudáveis e relevantes à cultura. São Paulo: Ed. Vida Nova, 2015, p. 39).

O apóstolo Paulo agiu dessa maneira ao citar declarações de escritores gregos pagãos e que eram provavelmente muito populares entre a população helenística (At 17:28). Isso não significava que Paulo aprovasse integralmente os pensamentos defendidos por esses homens gregos, porém ele utilizou algumas passagens de suas obras que estavam de acordo com princípios defendidos por ele e que pudesse construir uma ponte entre a cultura helênica e o cristianismo.

Conclusão

Deus tem levantado Seu povo nos últimos dias para levar uma mensagem de salvação ao mundo perdido e que não enxerga sua degradante situação. Desafios se intensificam em uma sociedade cada vez mais secularizada e distante dos propósitos do Senhor. Isso exige mais e mais preparo dos missionários de hoje. Os cristãos precisam chegar com sabedoria ao coração de pessoas cada vez mais descrentes da igreja e do cristianismo.

Ellen White desafia o povo do Senhor dizendo: “O convite do evangelho deve ser feito aos ricos e aos pobres, aos elevados e aos humildes, e precisamos imaginar meios para levar a verdade a novos lugares, e a todas as classes de pessoas. O Senhor nos ordena: ‘Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a Minha casa’ (Lc 14:23). Ele diz: ‘Comecem junto aos caminhos; façam o trabalho completo; preparem um grupo que, junto a vocês, possam sair para fazer aquele mesmo trabalho que Cristo fez ao buscar e salvar o que se havia perdido’” (Manuscristo 3, 1899; MS, p. 312).

Você aceita também esse desafio hoje, assim como fez Paulo no passado? Deus necessita de homens e mulheres dispostos a enfrentar uma sociedade que, assim como foi o caso de Atenas no passado, se acha superior, mas que está terrivelmente perdida.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Marcelo Ferreira Cardoso é casado com Elda Cardoso, cirurgiã-dentista, e pai de dois maravilhosos filhos, Rafael e Helena Cardoso. Graduou-se em Teologia no UNASP-EC (2000), é mestre (2018) e doutorando em Ciências das Religiões pela FUV – Faculdade Unida de Vitória. No início de seu ministério, trabalhou como capelão no Colégio Adventista de Taguatinga, DF (2001), foi pastor distrital em Araguatins, TO (2002-2003) e Formosa, GO (2004). Atuou também como evangelista na Associação Paulista Sul (2005-2008) e União Sul-Brasileira (2009-2016). Atualmente, é professor de Teologia e coordenador da área aplicada do SALT com sede na Faculdade Adventista do Paraná.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!