Lição 9
22 a 28 de fevereiro
O conflito cósmico
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: HB 3
Verso para memorizar: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o Descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você Lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15).
Leituras da semana: Mt 13:24-27; Gn 1:31; Ez 28:12-19; Is 14:12-15; Mt 4:1-11; Jo 8:44, 45

O grande conflito entre Cristo e Satanás é central para a teologia bíblica. Embora a ideia de um conflito cósmico entre Deus e os seres celestiais que caíram e se rebelaram contra o Criador seja um tema importante nas Escrituras (Mt 13:24-30, 37-39; Ap 12:7-10) e também esteja presente em grande parte da tradição cristã, atualmente muitos cristãos rejeitam ou deixam de lado esse conceito.

De uma perspectiva bíblica, no entanto, o tema de um conflito cósmico, segundo o qual o diabo e os seus anjos se opõem ao reino de Deus, não é algo que possamos ignorar sem perder muito do que tratam as narrativas bíblicas. Os evangelhos, por exemplo, estão repletos de referências ao diabo e aos demônios, que se opõem a Deus.

Inicialmente, nesta semana, abordaremos como as duas perguntas a seguir podem ser respondidas de acordo com algumas passagens bíblicas fundamentais:

1) Que partes das Escrituras ensinam que existe um conflito cósmico entre Deus e Satanás?

2) De acordo com as Escrituras, qual é a natureza desse conflito?

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Domingo, 23 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 4
Um inimigo fez isso

1. Leia Mateus 13:24-27. Como essa parábola nos ajuda a compreender o mal que existe em nosso mundo?

Jesus contou a história de um proprietário de terras que semeou apenas boas sementes no seu campo. Contudo, o joio acabou brotando no meio do trigo. Quando viram isso, os servos do proprietário lhe perguntaram: “Patrão, o senhor não semeou boa semente no seu campo? De onde, então, vem o joio?” (Mt 13:27). Essa pergunta é parecida com a que muitos fazem hoje em dia sobre o problema do mal: Se tudo o que Deus criou era bom, por que existe o mal?

2. Leia Mateus 13:28-30 à luz da explicação de Cristo nos versículos 37 a 40. Esses fatos também esclarecem a natureza do conflito cósmico?

O dono do campo respondeu à pergunta de seu servo dizendo: “Um inimigo fez isso” (Mt 13:28). Depois, Jesus identificou aquele “que semeia a boa semente” como o “Filho do Homem”, que é Ele mesmo (Mt 13:37). Além disso, explicou que o “campo é o mundo” (Mt 13:38) e que o “inimigo que [...] semeou” o joio é o “diabo” (Mt 13:39). Com isso, Jesus descreveu de maneira bastante explícita que existe um conflito cósmico entre Ele e Satanás. Por que existe o mal no mundo? O mal é resultado da obra de um inimigo (o diabo), que se opõe ao dono do campo. “Um inimigo fez isso” (Mt 13:28).

Essa resposta, no entanto, desperta o seguinte questionamento: “O senhor quer que a gente vá e arranque o joio?” (Mt 13:28). Em outras palavras: “Por que não acabar com o mal agora mesmo?” “Não!”, o senhor respondeu. “Porque, ao separar o joio, vocês poderão arrancar também com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita” (Mt 13:29, 30; compare com Mc 4:29). De acordo com a parábola, Deus acabará com o mal, mas arrancá-lo antes do momento certo resultaria em danos colaterais irreversíveis que acabariam prejudicando o bem.

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Quais são alguns dos riscos de se tentar arrancar o joio neste momento? Ao mesmo tempo, por que isso não significa que devemos simplesmente ignorar o mal?
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Segunda-feira, 24 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 5
A origem do conflito na Terra

A parábola do joio explica por que existem sementes ruins no campo se o proprietário plantou apenas sementes boas. Essa pergunta está ligada a outra: se tudo o que Deus criou era bom, como o mal surgiu em nosso mundo?

3. O que as palavras de Deus revelam sobre a condição do mundo quando Ele terminou de criá-lo, e por que essa avaliação é importante? Gn 1:31

Quando Deus terminou de criar o mundo, “tudo” era “muito bom”. Em Gênesis 1, não há nenhum indício de mal na criação da Terra. Como, então, o mal surgiu na experiência humana?

4. Como o mal chegou à Terra? Que luz o livro de Gênesis lança sobre a natureza do conflito cósmico? Gn 3:1-7; Ap 12:7-9

A serpente, identificada como o próprio diabo (Ap 12:7-9), levanta mentiras sobre o caráter de Deus. A serpente primeiro faz uma pergunta, tentando lançar dúvidas sobre a ordem do Criador e, na prática, quase invertendo o que Ele havia ordenado. Depois, a serpente desafia diretamente o que Deus havia dito ao declarar a Eva: “É certo que vocês não morrerão” (Gn 3:4).

Alguém, a serpente ou Deus, estava mentindo. E agora Eva tinha uma escolha a fazer: acreditaria em Deus ou na serpente?

A natureza do conflito está ligada acima de tudo a uma questão: em que ou em quem acreditamos, o que tem a ver com o amor. Isso ocorre porque o que acreditamos sobre alguém, sobre o tipo de pessoa que ela é, e se é confiável, definem se amaremos essa pessoa e confiaremos nela. E, no caso de Deus, se ouviremos o que Ele nos diz.

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Leia Gênesis 3:15. A declaração de Deus à serpente, de que o Descendente da mulher (o Messias) feriria a cabeça da serpente, muitas vezes é mencionada como a primeira proclamação do evangelho (protoevangelho) feita nas Escrituras. Como essa promessa reforça a realidade do conflito e, ainda assim, traz esperança no meio dele?
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Terça-feira, 25 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 6
A origem do conflito no Céu

Os capítulos 1 a 3 de Gênesis são suficientes para mostrar que o mal existia antes da queda de Adão e Eva. Mesmo que o mal ainda não fosse uma realidade concreta no Éden, ele já existia conceitualmente no nome da “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2:9, 17). A astuta serpente acusou Deus de mentir, mas foi ela que mentiu. A existência da serpente (Ap 12:9) e a mentira que ela dizia mostram a realidade do mal. Assim, no Éden, antes da queda, o mal se manifestava.

5. Leia Ezequiel 28:12-19 à luz de Êxodo 25:19, 20. Como aconteceu a queda desse querubim cobridor?

De acordo com o texto, o mal e o conflito cósmico tiveram sua origem no Céu.

Antes de cair, o ser que ficou conhecido como Satanás era um “querubim cobridor”. Além de ser identificado como esse querubim, ele era o “modelo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura”, e estava “no Éden, jardim de Deus” (Ez 28:12, 13). Nenhuma dessas coisas poderia ser dita a respeito do rei humano de Tiro (ou de qualquer outro ser humano). Por essas e outras razões, podemos concluir que esse texto apresenta um vislumbre da queda de Lúcifer.

6. Que luz Isaías 14:12-15 lança sobre a origem do grande conflito?

Um ser celestial identificado como “estrela da manhã” e “filho da alva” (Is 14:12) decidiu se exaltar e se tornar semelhante a Deus. Isaías 14 complementa Ezequiel 28, onde lemos que ele “ficou orgulhoso por causa da sua formosura” (Ez 28:17), o que deveria tê-lo levado a glorificar o Deus que havia lhe dado a beleza. Contudo, ele se encheu de orgulho. Pior ainda, decidiu ocupar o lugar de Deus e levantar calúnias contra Ele. O termo hebraico traduzido como “comércio” (Ez 28:16) também significa “calúnia”, indicando como Satanás atua contra Deus e contra nós.

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Lúcifer era “perfeito [...] desde o dia em que foi criado até que se achou iniquidade” nele (Ez 28:15). Como entender que um ser com essas características caiu em pecado? Esse fato mostra que ser “perfeito” incluía liberdade moral (livre-arbítrio)?
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Quarta-feira, 26 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 7
Se Você me adorar

O desejo de Satanás de usurpar o trono de Deus também se revela nas narrativas da tentação (Mt 4; Lc 4). No encontro entre Jesus e o tentador, podemos descobrir bastante sobre a natureza desse conflito. Aqui vemos a realidade do grande conflito entre Cristo e Satanás, mas desenrolado de maneira bastante nítida e expressiva.

7. O que a Bíblia revela sobre o conflito entre Cristo e Satanás? Mt 4:1-11

“Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto” com o propósito expresso de “ser tentado pelo diabo” (Mt 4:1). E antes de enfrentar esse desafio, Jesus jejuou durante 40 dias. Então, quando o diabo apareceu, ele tentou Jesus a transformar pedras em pães, zombando da fome extrema de Cristo. Mas Ele confrontou essa tentação usando as Escrituras, e a estratégia de Satanás fracassou.

Então, na tentativa de levar Jesus a agir com presunção, o diabo O tentou a Se atirar do pináculo do templo. Satanás distorceu as Escrituras ao sugerir que, se Jesus fosse verdadeiramente o Filho de Deus, os anjos O protegeriam. Mas novamente Jesus rebate a tentação, apresentando a interpretação correta das Escrituras.

A terceira tentação revela claramente o que o diabo estava tentando fazer: ele queria que Jesus o adorasse. Satanás tenta usurpar a adoração que é exclusiva de Deus.

Para fazer isso, o adversário mostrou a Jesus “todos os reinos do mundo e a glória deles” e então disse: “Tudo isso Lhe darei se, prostrado, Você me adorar” (Mt 4:8, 9). Lucas 4:6, um texto paralelo, é ainda mais detalhado: “Eu Lhe darei todo este poder e a glória destes reinos, porque isso me foi entregue, e posso dar a quem eu quiser” (Lc 4:6).

Mais uma vez, Jesus combate a tentação com as Escrituras, e novamente Satanás fracassa. Nos três casos, Cristo usou a Palavra para Se defender dos ataques.

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Efésios 6:12 nos lembra de que “a nossa luta não é contra sangue e carne, mas contra os poderes e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas e contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (NVI). Mesmo que não precisemos viver com medo, por que devemos sempre nos lembrar da batalha que ocorre ao redor?
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Quinta-feira, 27 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 8
A natureza do conflito cósmico

Como é possível um conflito entre Deus e Satanás? Como alguém poderia se opor ao Todo-Poderoso? Se o conflito cósmico fosse simplesmente por poder, teria acabado antes de começar. Ele deve ser de um tipo diferente. Esse conflito gira em torno da disputa sobre o caráter de Deus – um conflito sobre acusações caluniosas que o diabo levantou contra Deus, de que (entre outras coisas) Ele não é totalmente bom e amoroso. Essas afirmações não podem ser desmentidas pelo poder ou pela força bruta, mas permitindo que as criaturas comparem os dois personagens concorrentes.

“Ao lidar com o pecado, Deus poderia empregar apenas a justiça e a verdade. Satanás podia fazer uso daquilo que Deus não usaria: adulação e engano. [...] Dizia também que, ao exigir submissão e obediência de Suas criaturas, Deus estava apenas procurando a própria exaltação. Portanto, deveria ser demonstrado perante os habitantes do Céu e de todos os mundos que o governo de Deus é justo. [...] Satanás tinha dado a impressão de que estava procurando promover o bem do Universo. O verdadeiro caráter do usurpador e seu objetivo real deveriam ser compreendidos por todos. Deveria ser dado um tempo para que seus atos de maldade mostrassem quem ele realmente era” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 416, 417).

8. Como é o caráter do diabo e quais são suas estratégias? Jo 8:44, 45; Ap 12:7-9

Desde o início, o plano de Satanás é fazer com que as criaturas creiam que Deus não é justo e amoroso e que Sua lei é opressiva. Não é de admirar que Jesus Se refira a ele como “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). Jesus, por outro lado, veio ao mundo para “dar testemunho da verdade” (Jo 18:37) e combater as mentiras de Satanás, derrotando e, em última análise, destruindo o diabo e seu poder (1Jo 3:8; Hb 2:14).

Satanás é (1) a “antiga serpente”, (2) aquele que acusa o povo de Deus perante a corte celestial e (3) o dragão que governa e seduz o mundo inteiro. A palavra grega traduzida como “diabo” significa “acusador”, mostrando mais uma vez que o conflito cósmico diz respeito a crenças, especialmente sobre o caráter de Deus.

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Sexta-feira, 28 de fevereiro
Ano Bíblico: RPSP: HB 9
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 412-421 (“A origem do mal”).

“Deus não é responsável, de maneira nenhuma, pela origem do pecado. Nada é mais claramente ensinado nas Escrituras do que isso. [...] O pecado é um intruso, cuja presença não tem justificativa. É algo misterioso, inexplicável. Justificá-lo equivale a defendê-lo. [...] Se ele tivesse sido imediatamente exterminado, [os habitantes do Céu e de outros mundos] teriam servido a Deus por medo, e não por amor. A influência do enganador não teria sido destruída por completo, e o espírito de rebelião não teria sido totalmente desarraigado. Devia ser permitido que o mal amadurecesse. Para o bem de todo o Universo ao longo dos séculos da eternidade, Satanás devia desenvolver de forma mais completa seus princípios. Isso faria com que todos os seres criados pudessem ver o verdadeiro caráter das acusações feitas por ele contra o governo divino, e a justiça e a misericórdia de Deus, bem como a imutabilidade de Sua lei, ficariam para sempre livres de qualquer contestação” (O Grande Conflito, p. 412, 417).

Perguntas para consideração

1. Como uma criatura perfeita como Lúcifer pôde pecar? Por que o pecado é tão “misterioso” e “inexplicável”? Podemos explicar esse primeiro pecado sem justificá-lo? Por que explicar a sua origem seria o mesmo que justificá-lo?

2. Por que Deus não eliminou Satanás de imediato? Por que era preciso permitir “que o mal amadurecesse”? Isso contribuirá “para o bem do Universo na eternidade”?

3. O conflito entre Deus e Satanás seria apenas pelo poder, ou seria de um tipo diferente? Um conflito sobre caráter teria mais sentido do que uma luta apenas por poder absoluto?

4. A compreensão da natureza do conflito abre a cortina, por assim dizer, indicando que a vida é uma miniatura do conflito cósmico. Você está vivenciando neste momento o conflito? Como agir de maneira que mostre de que lado você está?

Respostas às perguntas da semana: 1. O mal não foi criado por Deus, pois Ele semeia apenas boas sementes. 2. Jesus explicou que o mal é resultado da obra do inimigo. De um lado do conflito está Deus, que semeia boas sementes; do outro, está o inimigo, que semeia o joio. 3. O Senhor disse que tudo o que Ele tinha criado era muito bom. Portanto, Ele não é o originador do mal. 4. O mal chegou ao nosso mundo por meio do tentador, disfarçado de serpente, que se opôs às ordens divinas. 5. O mal teve origem com um querubim cobridor, que vivia ao lado do trono de Deus e era perfeito. 6. Um ser celestial encheu-se de orgulho e desejou ocupar o lugar de Deus. 7. Existe um conflito entre o verdadeiro Senhor deste mundo e o governante usurpador. Cristo derrotou Satanás pela Palavra de Deus. 8. O inimigo é mentiroso e acusador, pois o engano e a calúnia fazem parte de seu caráter e de suas estratégias.

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Resumo da Lição 9
O conflito cósmico

TEXTO-CHAVE: Gênesis 3:15

FOCO DO ESTUDO: Gênesis 3:1-4; Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-19; Mateus 13:24-30; João 8:44; Apocalipse 12:7-9

ESBOÇO

Introdução: O conflito cósmico afeta diariamente cada ser humano e o Universo como um todo. Satanás tenta usurpar a adoração devida a Deus, mas será derrotado no fim.

Temas da lição: A lição desta semana destaca três ideias principais.

1. O conflito cósmico não é uma batalha entre dois poderes onipotentes – O grande conflito gira em torno da perfeição moral do caráter de Deus. Não se trata de dois poderes independentes lutando numa guerra sem fim, já que Lúcifer foi originalmente criado por Deus e decidiu questionar o caráter do seu Criador.

2. O conflito cósmico envolve o povo de Deus – Todo o Universo sente os efeitos do conflito cósmico. No Céu, Cristo foi o alvo central da rebelião de Lúcifer. No deserto, ele questionou a condição de Jesus como o Filho de Deus. Cristo, no entanto, foi vitorioso e recebeu a autoridade de nos tornar filhos e filhas de Deus.

3. A resolução do conflito cósmico não poderia ser prematura – Chegará o dia em que Deus finalmente destruirá o mal. Nesse meio-tempo, Ele permite que o mal se desenvolva e atinja a maturidade, para que as falsas acusações feitas contra o governo divino possam ser vistas por todos os seres criados tais como realmente são.

Aplicação para a vida: Como o fato de enfrentarmos diariamente os efeitos do conflito cósmico deve nos tornar ainda mais conscientes dessa realidade e dispostos a depender de Deus em todos os momentos?

COMENTÁRIO

O conflito cósmico não é uma batalha entre dois poderes onipotentes

Existem versões distintas do conflito cósmico em diferentes meios religiosos e filosóficos. Uma versão não cristã bastante influente é conhecida como dualismo. Como explica C. S. Lewis, o dualismo é “a crença de que há dois poderes iguais e independentes por trás de tudo, sendo que um deles é bom e o outro, mau, e que esse universo é um campo de batalha onde eles travam uma luta infindável”. Dizer que esses poderes são iguais e independentes significaria que “ambos existiram desde toda a eternidade” (Cristianismo Puro e Simples [Thomas Nelson
Brasil, 2017], p. 74, 75). Esse combate entre dois poderes iguais não é o tipo de conflito cósmico ensinado pela Bíblia. De uma perspectiva bíblica, o ser que atualmente é chamado de Satanás “foi criado por Deus e [...] era bom por ocasião de sua criação, mas se corrompeu”. Semelhantemente ao dualismo, o entendimento cristão afirma que “esse Universo está em guerra”. Mas, ao contrário do dualismo, “não pensa que se trata de uma guerra entre potências independentes. Pensa que se trata de uma guerra civil, de uma rebelião, e que vivemos numa parte do Universo ocupada pelos rebeldes” (p. 79).

Assim, em vez de um conflito cósmico travado entre dois poderes onipotentes e independentes, o que temos é uma rebelião da criatura contra o Criador. De acordo com o que aprendemos sobre o papel da serpente enganadora em Gênesis 3, o conflito gira em torno da percepção do caráter de Deus conforme refletido em Sua lei. Em outras palavras, surge a pergunta: Deus é confiável? Podemos crer em Sua Palavra? Obviamente, essas duas questões são essenciais para que exista um relacionamento de amor. É impossível desenvolver um relacionamento de amor autêntico e profundo com alguém em quem não confiamos. 

A rebelião de Lúcifer contra Deus, que marca o início do conflito cósmico, começou no Céu e é mencionada em Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:12-19. O início e o desenvolvimento do conflito são descritos também em Apocalipse 12, e o início do conflito na Terra é visto em Gênesis 3. Embora os textos de Isaías e Ezequiel façam referência direta, respectivamente, aos reis de Babilônia e Tiro, “em cada passagem há um movimento do domínio local e histórico dos reis terrenos para o domínio sobrenatural celestial, descrevendo Lúcifer/Satanás e o surgimento do grande conflito” (Richard M. Davidson, “Cosmic Narrative for the Coming Millennium”, Journal of the Adventist Theological Society, v. 11, n. 1-2 [2000], p. 107). Essencialmente, Lúcifer/Satanás desejava se colocar acima de Deus. Mais precisamente, queria usurpar a posição e o poder que pertencem a Deus, mas não o Seu caráter amoroso, uma vez que tentou se exaltar por meio da “multiplicação do seu comércio”, que também pode ser traduzido como “calúnia” (Ez 28:16), e por meio da mentira (Gn 3:4; Jo 8:44).

O conflito cósmico envolve o povo de Deus

Embora o conflito cósmico tenha iniciado com a rebelião de Lúcifer contra Deus no Céu, ele acabou envolvendo de alguma forma o Universo como um todo. Mais especificamente, envolveu anjos (Ap 12:7-9) e seres humanos (Gn 3). Pelo fato de que Eva caiu na tentação do adversário e Adão a seguiu intencionalmente, o nosso mundo se tornou o palco do conflito cósmico. Em um mundo pecaminoso, a vida humana se tornou caracterizada pelo conflito cósmico. Em outras palavras, as criaturas humanas enfrentam diariamente a existência do conflito cósmico e os seus efeitos. Obviamente, esse cenário também é verdadeiro em relação à história do povo de Deus nas Escrituras. 

Cristo, em Sua condição divina, já era o alvo central da rebelião de Lúcifer noCéu (Ap 12:7; veja também Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, capítulo 1, “A origem do mal”). Além disso, Sua condição terrena como nosso Redentor e novo Representante do povo de Deus, o segundo Adão (Rm 5:14; 1Co 15:22, 45), colocou o Cristo encarnado como o alvo principal dos ataques intensificados de Satanás no deserto. 

O relato de Lucas sobre a tentação de Cristo é antecedido pela confirmação divina, ocorrida na narrativa de Seu batismo, de que Ele é o Filho de Deus: “Você é o Meu Filho amado; em Você Me agrado” (Lc 3:22). Essa declaração é seguida por uma lista genealógica, que começa com a afirmação de que Jesus era “filho de José” (Lc 3:23) e avança progressivamente para trás (Lc 3:23-38), até chegar em Adão, “filho de Deus” (Lc 3:38). Tendo em mente esse pano de fundo da linguagem da filiação, o leitor atento de Lucas percebe que Satanás iniciou suas tentações no deserto questionando se Jesus é, de fato, o “Filho de Deus” (Lc 4:3), o que é clara e precisamente o que a voz divina tinha dito a Jesus alguns versículos antes. Ao estudarmos o Evangelho de Lucas, se tomamos Adão como uma referência importante na genealogia que vem imediatamente antes da narrativa da tentação, observamos que existem fortes semelhanças com a tentação da serpente no Éden, na qual Eva também questionou uma declaração de Deus feita ao seu marido e a ela sobre os resultados fatais de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (veja Gn 3:1, 4), conforme indicado no capítulo anterior (veja Gn 2:17).

Em todo caso, a boa notícia da narrativa da tentação em Lucas é que, em Jesus, o novo Adão, encontramos uma história diferente da humanidade. Enquanto o primeiro Adão caiu em tentação no Éden, Jesus foi vitorioso na tentação no deserto. Sua vitória abriu um novo horizonte para os filhos e filhas de Deus no conflito cósmico, já que Ele é o novo Adão, ou seja, o novo cabeça da família humana.

No Evangelho de Mateus, a narrativa da tentação aparece logo após o relato do batismo de Jesus. Em vez da referência universal de Lucas a Adão, Mateus parece ter em mente o povo de Israel. A genealogia se concentra em figuras como Abraão e Davi (Mt 1:1-17), enquanto o decreto para que todas as crianças fossem mortas (Mt 2:13-16) remete à história de Moisés. A comparação com o povo de Israel se torna mais enfática quando notamos que todas as respostas que Jesus deu a Satanás no deserto foram retiradas de textos bíblicos que falam sobre
a experiência de Israel no deserto (Dt 8:3; 6:16, 13). Em resumo, onde Israel falhou, Jesus foi vitorioso, o que abre um novo horizonte para o povo de Deus no conflito cósmico, pois Cristo, como representante do Seu povo, estabelece um novo Israel.

A resolução do conflito cósmico não poderia ser prematura

A parábola do trigo e do joio, em Mateus 13:24-30, indica a presença de um conflito cósmico nos ensinos de Jesus sobre o reino dos Céus. O inimigo é capaz de semear o joio para que cresça junto com o trigo (que representa a boa semente). Essa semeadura não é apenas uma ação maligna, mas também enganosa, pois qualquer tentativa corretiva de arrancar imediatamente o joio a fim de corrigir essa situação problemática poderia colocar o trigo em perigo (Mt 13:29). Por isso, a necessária distinção e separação entre eles deve esperar até a colheita, que
representa o juízo final (Mt 13:30).

É interessante observar que o relato de Ellen G. White sobre a reação de Deus a Lúcifer/Satanás nos estágios iniciais do conflito cósmico no Céu segue o mesmo princípio bíblico destacado na parábola do trigo e do joio. Ao explicar por que Deus não destruiu imediatamente Satanás, ela ressalta que “a influência do enganador não teria sido destruída por completo, e o espírito de rebelião não teria sido totalmente desarraigado. 

Devia ser permitido que o mal amadurecesse. Para o bem de todo o Universo ao longo dos séculos da eternidade, Satanás devia desenvolver de forma mais completa seus princípios. Isso faria com que todos os seres criados pudessem ver o verdadeiro caráter das acusações feitas por ele contra o governo divino, e a justiça e misericórdia de Deus, bem como a imutabilidade de Sua lei, ficariam para sempre livres de qualquer contestação” (O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 417).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Discuta as seguintes questões com a sua classe:

1. Qual é a melhor forma de explicar a natureza do conflito cósmico a um não cristão, uma vez que todos enfrentamos os efeitos desse conflito no mundo?

2. Ao refletirmos sobre a forma como Deus lida com as falsas acusações de Satanás, somos tocados por Seu caráter amoroso e confiável. Construir relacionamentos de confiança na igreja revela o caráter amoroso de Deus?

3. Confiamos em alguém com base no caráter moral dessa pessoa. Que virtudes você precisa cultivar, pela graça divina, para refletir o caráter de Deus?

4. Quando as pessoas se afastam do Senhor e deixam de ter intimidade com Ele, sua visão sobre o caráter de Deus muda. A fim de evitar esse perigo, como podemos experimentar a presença de Deus de forma mais intencional, além de exaltar e refletir Seus atributos e caráter amoroso aos outros?

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Um livro que vale a pena ler

Coreia do Sul | Yu Jin

Quando Yu Jin tinha 9 anos, sua mãe lhe deu um livro para ler

"Como você lê muitos livros, deveria ler este livro também", disse ela. "Está em coreano e inglêsEstude. Leia. Este é um bom livro.

Era o pequeno livro Caminho a Cristo de Ellen White

Até aquele momento, Yu Jin só havia lido livros em coreano. Mas a mãe queria que ela aprendesse inglês

Como uma criança obediente, Yu Jin imediatamente começou a ler o livro

Ela lia esse livro todos os dias no ônibus enquanto ia e voltava da escola na Coreia do Sul. Ela lia durante o intervalo do almoço na escola

O texto em inglês estava muito difícil de ler. Então ela pulou essa parte e terminou a parte coreana do livro em uma semana

Ela não compreendia tudo o que lia, mas sentia uma forte convicção de que precisava ser batizada

Ela foi falar com sua mãe

"Eu quero ser batizada", disse ela

A mãe sorriu

"Quando você crescer, poderá ser batizada", disse ela

Crianças coreanas frequentemente começam a considerar o batismo por volta dos 13 anos de idade. Mas Yu Jin tinha 9 anos e ainda lhe faltavam quatro longos anos para completar 13. Ela não estava contente por ter que esperar, mas era uma criança obediente

"OK, tudo bem", disse ela

Ela não falou sobre batismo novamente

À medida que o tempo passou, ela continuou frequentando a igreja todos os sábadoscomo fazia no passado. Mas ela ia porque queria participar dos Desbravadores e de outras atividades divertidas, não porque desejava um relacionamento próximo com Deus

Quando completou 13 anos, ela foi batizada com o resto de suas amigas. Mas ela não tinha a mesma convicção para ser batizada como quando tinha 9 anos. 

Como adolescente, ela passou cada vez mais tempo com amigos não cristãos, e seu amor por Deus foi gradualmente se apagando. Ela comia como seus amigos e às vezes faltava à igreja no sábado. Ela estava cansada na manhã de sábado e não queria fazer o esforço de ir à igreja. 

Dúvidas até se infiltraram em sua mente sobre a existência de Deus

Então, em um verão, aos 16 anos, ela se voluntariou para ajudar em um programa de evangelismo. Seu trabalho era convidar outros jovens para participar das reuniões da igreja, distribuindo panfletos

Nenhum jovem foi à primeira reunião por causa de seus convites, e ela se sentiu um fracasso

Um missionário das reuniões percebeu sua decepção e orou com ela. 

Para a surpresa de Yu Jin, vários jovens que ela havia convidado compareceram à reunião seguinte

Um lampejo de fé brilhou em seu coração

Então, uma forte chuva ameaçou atrapalhar uma reunião. Ela orou, e a chuva parou. A reunião ocorreu conforme planejado

Yu Jin estava completamente transformada quando retornou para sua escola adventista no outono. Ela participava com entusiasmo de um grupo de oração liderado por estudantes, chamado "Kneelers", que se reunia todas as sextas-feiras à noite após os cultos. Ela ganhou um novo exemplar do Caminho a Cristo. Porém, dessa vez, ela não terminou o livro em uma semana. Ela leu com um grupo de outros alunos uma média de aproximadamente um capítulo por semana. Para ela, foi como se estivesse lendo o livro pela primeira vez

Yu Jin disse que está feliz por ter lido Caminho a Cristo quando tinha 9 anos

"Quando li pela primeira vez, meu coração foi profundamente tocado para seguir Jesus e ser batizada", disse ela

Ela está ainda mais feliz por -lo lido novamente. Ela disse que o livro não pode ser lido tantas vezes

"Certamente o Senhor está voltando", disse ela

Yu Jin frequenta a Academia Hankook Sahmyook, que receberá parte da oferta deste trimestre para abrir uma academia e um centro de treinamento missionário, em SeulCoreia do Sul

Por Andrew McChesney

Dicas para a história 

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2025

Tema geral: O amor e a justiça de Deus

Lição 9 – 22 de fevereiro a 1º de março

O conflito cósmico

 

Autor: Erico Tadeu Xavier

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

O conflito cósmico, às vezes chamado de “o grande conflito”, é a cosmovisão bíblica. Ele forma o cenário no qual se desenrola o drama do nosso mundo, e até mesmo do Universo. Pecado, sofrimento, morte, a ascensão e a queda das nações, a propagação do evangelho, os eventos finais – tudo isso ocorre no contexto do conflito cósmico.

 

Conflito cósmico no Céu

O conflito começou, misteriosamente, no coração de um ser perfeito, Lúcifer, que trouxe sua rebelião para a Terra por meio da queda de outros seres perfeitos, Adão e Eva. A partir desses dois acontecimentos principais, a queda de Lúcifer e depois a de nossos primeiros pais, o grande conflito se enraizou e tem assolado o mundo desde então. Todos nós participamos desse drama cósmico.

Ezequiel 28:1 e 2, 11 a 17 e Isaías 14:12 a 14 ensinam sobre a queda de Lúcifer e o surgimento do mal. Lúcifer era um ser perfeito que vivia no Céu. Como foi possível que nele surgisse a iniquidade, especialmente em um ambiente como aquele? Muitos têm, inutilmente, procurado explicar como um anjo perfeito e santo, e que, “abaixo de Cristo, havia sido o mais honrado por Deus” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 10), podia ter se rebelado contra um Deus amoroso, perfeito e santo. Ellen White nos diz claramente: “Provou-se que sua hostilidade não tinha motivo” (p. 15), o que indica que o pecado não tem explicação. Sabemos que Lúcifer teve inveja da posição de Cristo (p. 11) e insinuou dúvidas a respeito da lei de Deus (p. 13), a qual constitui uma revelação do Seu caráter (O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 392). Satanás foi expulso do Céu com todos os anjos que concordaram com ele (2Pe 2:4).

Fora da realidade do livre-arbítrio concedido por Deus a todas as Suas criaturas inteligentes, não há razão para a queda de Lúcifer. Como Ellen White afirmou de maneira profunda: “É impossível explicar a origem do pecado apontando a razão de sua existência. […] O pecado é um intruso, cuja presença não tem justificativa. É algo misterioso, inexplicável. Justificá-lo equivale a defendê-lo. Se fosse possível encontrar uma razão para ele, um motivo para sua existência, deixaria de ser pecado” (O Grande Conflito, p. 412).

Substitua a palavra “pecado” por “mal”, e a afirmação continua produzindo o efeito. “É impossível explicar a origem do mal apontando a razão de sua existência. […] O mal é um intruso, cuja presença não tem justificativa. É algo misterioso, inexplicável. Justificá-lo equivale a defendê-lo. Se fosse possível encontrar uma razão para ele, um motivo para sua existência, deixaria de ser mal.”

Embora não possamos explicar por que o mal surgiu (visto que não existe justificativa para isso), as Escrituras revelam que ele começou no coração de Lúcifer, no Céu. Além das observações impressionantes de Ellen White (veja, por exemplo, o capítulo 29, “A origem do mal”, no livro O Grande Conflito), a Bíblia não revela muito mais sobre como o mal teve início no Céu. Entretanto, a Palavra de Deus é mais explícita acerca de como ele surgiu na Terra.

 

Conflito cósmico na Terra

Gênesis 3:1 a 7 mostra o pecado e a culpa de Adão e Eva. O que é mais triste nesse episódio é que Eva sabia quais tinham sido as palavras de Deus para eles. Ela as repetiu: “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: ‘Vocês não devem comer dele, nem tocar nele, para que não venham a morrer’” (Gn 3:3). Pelo que as Escrituras revelam, nada havia sido dito sobre tocar no fruto. No entanto, Eva sabia que comer do fruto daquela árvore acarretaria morte. Então, Satanás contradisse aberta e descaradamente a Palavra de Deus: “É certo que vocês não morrerão” (Gn 3:4).

Poderia haver contraste mais claro? Por mais sutil que tenha sido a abordagem de Satanás no início, uma vez que ele chamou a atenção de Eva e viu que ela não estava resistindo, ele se opôs abertamente à ordem do Senhor. E o mais trágico é que Eva não estava numa condição de ignorância. Ela não podia alegar: “Eu não sabia”. Ela sabia.

Apesar de ter conhecimento, Eva cometeu o erro. Se, mesmo no ambiente perfeito do Éden, o conhecimento não foi suficiente para evitar que Eva (e depois Adão, que também conhecia a verdade) pecasse, não devemos nos enganar pensando que o conhecimento seja suficiente para nos salvar hoje. É evidente que precisamos conhecer a Palavra de Deus. Mas, além desse conhecimento, devemos obedecer à Bíblia.

 

Guerra no Céu e na Terra

A queda de nossos primeiros pais afundou o mundo no pecado, na maldade e na morte. As pessoas podem até discordar quanto às causas imediatas ou sobre quem é o culpado, mas quem pode negar a realidade do caos, da violência, da revolta e do conflito que aflige todos neste mundo?

Falamos sobre um conflito cósmico. Mas, independentemente das origens cósmicas desse conflito, ele também está sendo disputado na Terra. Grande parte da história bíblica, desde a queda no Éden até os acontecimentos finais que levarão à segunda vinda de Jesus, é, em muitos aspectos, uma descrição do grande conflito. Vivemos no meio desse conflito. A Palavra de Deus nos explica o que está acontecendo, o que está por trás desse conflito, e, o mais importante, como ele vai terminar.

Em Apocalipse 12:1 a 17 podemos observar uma batalha no Céu e também as batalhas na Terra. A primeira batalha é entre o dragão (Satanás; Ap 12:7-9) e Miguel, cujo nome significa, em hebraico, “Quem é como Deus?”. O rebelde Lúcifer ficou conhecido como Satanás [“adversário”], que é apenas um ser criado lutando contra o Criador eterno, Jesus (Hb 1:1, 2; Jo 1:1-4).

Lúcifer se rebelou contra seu Criador. O grande conflito não se trata de um duelo de deuses; trata-se de uma criatura que se revoltou contra o Criador e que manifesta essa rebelião atacando também a criação.

Tendo fracassado em sua batalha contra Cristo no Céu, Satanás procurou persegui-Lo na Terra logo após Seu nascimento como ser humano (Ap 12:4). Ao fracassar em sua batalha contra Cristo nesse momento, e depois sendo derrotado por Cristo no deserto, e posteriormente sendo vencido na cruz, Satanás, após sua derrota irreversível no Calvário, foi guerrear contra o povo de Cristo. Essa guerra tem devastado o povo de Deus ao longo de grande parte da história cristã (Ap 12:6, 14-16) e continuará até o fim (Ap 12:17), até que Satanás enfrente a derrota final, desta vez na segunda vinda de Jesus.

Precisamos compreender claramente as duas ocasiões em que Satanás foi expulso: a) antes da criação do mundo; b) quando Cristo o derrotou na cruz. Vivemos no tempo da “grande ira”, pois Satanás sabe muito bem qual é o seu destino e que só lhe resta “pouco tempo” (Ap 12:12). Mas a sua destruição definitiva é inevitável e o conflito cósmico deixará de existir.

 

Ilustração

Um menino estava no escritório de seu pai, porém o pai precisava acertar umas contas e necessitava de muito silêncio e concentração para conseguir fazer seu trabalho. Resolveu entregar ao filhinho um quebra-cabeça para que o menino pudesse se entreter por muito tempo e ele tivesse tempo suficiente para se concentrar no acerto das contas sem ser interrompido pelo garoto. Não fazia ainda cinco minutos e lá estava o menino com o quebra-cabeça montado.

“Como conseguiu fazê-lo tão rápido”, perguntou o pai. O filho respondeu: “Papai, do outro lado do quebra-cabeça havia a figura de um homem, e eu fui seguindo a figura dele, e o quebra-cabeça ficou certinho.”

Por trás da direção da igreja existe também a figura de um Homem que serve de modelo aos que estão dirigindo a igreja de Deus na Terra. Esse Homem é Jesus Cristo. Foi através de Jesus que a igreja de Deus ou o povo de Israel foi dirigido no passado, e é através Dele que ela também é dirigida hoje.

Ellen White escreveu: “Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e que continuará com ele até o fim”. (Mensagens Escolhidas [CPB, 2023], v. 2, p. 344). Não precisamos temer nada diante do conflito cósmico ou durante ele. O Senhor estará com os Seus filhos até o fim do grande conflito.

 

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Erico Tadeu Xavier é Pós-doutor em Teologia Sistemática e Missão Integral pela FAJE (Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta de BH), Doutor em Ministério pela FTSA, Faculdade Teológica Sul-Americana e Doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica do RJ). Iniciou seu ministério em 1991 como pastor distrital e atuou em três diferentes regiões. Foi professor do Seminário Adventista de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia, da Faculdade Adventista da Bahia (antigo IAENE), e da FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Noemi Pinheiro Xavier, Doutora em Educação. O casal tem dois filhos: Aline (psicóloga) e Joezer (designer gráfico).