Lição 13
16 a 23 de setembro
O evangelho e a igreja
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Os 1–4
Verso para memorizar: “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6:10).
Leituras da semana: Gl 6:1-10; Mt 18:15-17; 1Co 10:12; Rm 15:1; Jo 13:34; Lc 22:3

Alguns produtores de batata decidiram guardar as maiores batatas para si mesmos e plantar as menores como sementes. Depois de algumas colheitas insatisfatórias, eles descobriram que a natureza havia reduzido sua plantação de batata ao tamanho de bolas de gude. Com esse desastre, os agricultores aprenderam uma importante lei da vida.

“Eles não poderiam reter para si mesmos as melhores coisas da vida e utilizar as sobras para semente. A lei da vida decretou que a colheita seria o reflexo do plantio.

“Em outro sentido, plantar batatas pequenas ainda é uma prática comum. Tomamos as grandes coisas da vida para nós mesmos e plantamos as sobras. Esperamos que, por alguma estranha reviravolta das leis espirituais, nosso egoísmo seja recompensado com altruísmo” (International Student Fellowship Newsletter [Boletim da Sociedade Internacional de Estudantes], março de 2007).

Paulo aplicou esse princípio em Gálatas 6:1-10. Em lugar de membros que “se mordem e se devoram uns aos outros” (Gl 5:15, NVI), a igreja deve ser um lugar em que o Espírito nos leve a colocar os outros antes de nós mesmos. Entender que somos salvos pela graça deve nos tornar humildes, mais pacientes e compassivos em nossa maneira de tratar os outros.


Nesta semana, de 19 a 22 de setembro, realizaremos o Evangelismo WEB, com a participação do Pr. Rafael Rossi. As transmissões serão às 11h, 17h e 20h. Convide seus amigos!

Domingo, 17 de setembro
Ano Bíblico: Os 5–9
Restaurando os caídos

Embora Paulo tivesse elevadas expectativas para a natureza da vida cristã (Gl 5:16), seu conselho aos cristãos em Gálatas 6:1 também é realista. Os seres humanos não são perfeitos, e nem mesmo os cristãos mais dedicados estão isentos de cometer erros. No idioma grego, as palavras de Paulo em Gálatas 5:16 indicam que ele estava imaginando uma situação que provavelmente ocorreria na igreja, em algum momento. Paulo deu aos gálatas conselhos práticos sobre como lidar com situações difíceis quando elas surgissem.

1. De acordo com Gálatas 6:1 e Mateus 18:15-17, como os cristãos devem reagir se um irmão cair em algum comportamento pecaminoso?

Para sermos beneficiados pelo conselho de Paulo em Gálatas 6:1, precisamos entender exatamente o tipo de situação que Paulo tinha em mente. A questão girava em torno de duas palavras usadas na primeira metade da frase. A primeira palavra é apanhado (NTLH) ou surpreendido (NVI). Significa literalmente “ser descoberto, surpreendido ou pego de surpresa”. O contexto e diferentes nuances associados a essa palavra sugerem que Paulo tinha dois aspectos em mente. Não se referia apenas a um cristão que “apanha” um irmão em algum ato de pecado, mas também ao processo pelo qual uma pessoa é “surpreendida” por um comportamento (Pv 5:22) que, na melhor das circunstâncias, ela preferiria evitar.

A probabilidade de que a transgressão que Paulo mencionou não fosse deliberada é evidente pela linguagem que ele usou. A palavra traduzida por “falta” (ARA) ou “pecado” (NIV), que vem da palavra grega paraptoma, não se referia a um pecado deliberado, mas a um erro, um tropeço ou um passo em falso. Este último, em particular, tem sentido à luz dos comentários anteriores de Paulo sobre “andar” no Espírito. Embora isso de modo nenhum desculpe o erro da pessoa, torna claro que Paulo não estava lidando com um caso de pecado obstinado (1Co 5:1-5).

A resposta adequada em tais circunstâncias não deve ser a punição, condenação ou exclusão, mas a restauração. A palavra grega traduzida como “restaurar” (NVI) ou “corrigir” (ARA) é katartizo e significa “consertar” ou “pôr em ordem”. No Novo Testamento ela é usada no sentido de “consertar” redes de pesca (Mt 4:21) e descreve o processo de restauração de um osso quebrado, sendo um termo médico na literatura grega. Assim como não abandonaríamos uma pessoa que caísse e quebrasse uma perna, como membros do corpo de Cristo, devemos bondosamente cuidar de nossos irmãos e irmãs em Cristo que podem tropeçar e cair, enquanto trilhamos juntos o caminho para o reino de Deus.

Em vez de praticar Mateus 18:15-17, por que tantas vezes falamos mal da pessoa com quem estamos aborrecidos, permitindo que nossa irritação cresça e até planejemos uma vingança?


Segunda-feira, 18 de setembro
Ano Bíblico: Os 10–14
Cuidado com a tentação!

“Disse Natã a Davi: Tu és o homem” (2Sm 12:7).

seriedade das palavras de Paulo em Gálatas 6:1 – guardar nossa vida para que também não caiamos em tentação – não deve ser menosprezada. Podemos ver uma indicação de urgência e interesse pessoal por trás do conselho de Paulo em sua maneira de fazer o apelo. A expressão traduzida por “olhando por ti mesmo” (ARC) ou “guarda-te” (ARA) significa literalmente “considerar cuidadosamente” ou “prestar cuidadosa atenção a” (Rm 16:17; Fp 2:4). Então, o que Paulo disse literalmente foi: “mantenha o olhar atento sobre si mesmo” para que o pecado também não o pegue de surpresa. Para realçar essa advertência, Paulo mudou da segunda pessoa do plural (“vós”) na primeira metade de Gálatas 6:1 para a segunda pessoa do singular (“guarda-te”) na última metade do verso. Essa não era uma advertência geral que se aplicava a toda a congregação; era uma advertência pessoal, dirigida a cada indivíduo dentro da igreja.

Paulo não identificou explicitamente a natureza da tentação da qual ele advertiu os gálatas com tanta firmeza. Talvez ele não tivesse uma transgressão específica em mente, mas estivesse simplesmente se referindo ao perigo de cometer o mesmo pecado do qual eles estivessem tentando restaurar outra pessoa, não importando qual fosse. Ao mesmo tempo, suas palavras em Gálatas 5:26 contra a atitude de se tornarem “presunçosos” (NVI) sugere que ele os estivesse advertindo contra a ideia de que eram, de alguma forma, espiritualmente superiores àqueles a quem estavam tentando restaurar.

2. De acordo com 1 Coríntios 10:12, por que Paulo precisou advertir os gálatas contra o orgulho espiritual? Leia também Mt 26:34 e 2Sm 12:1-7

Um dos maiores perigos para a caminhada cristã é o sentimento de orgulho espiritual, que nos faz pensar que estamos, de alguma forma, imunes a cometer certos tipos de pecado. O fato sério é que todos temos a mesma natureza pecaminosa que está em oposição a Deus. Assim, sem o poder refreador do Espírito de Deus, poderíamos nos entregar a quase qualquer pecado, se as circunstâncias fossem convenientes. Essa consciência da nossa verdadeira identidade fora de Cristo pode nos impedir de cair no pecado da justificação própria e nos tornar mais solidários com os que erram.

Quantas vezes você condenou os outros (talvez apenas em seu coração) por terem cometido pecados que, um dia, você também cometeu?

No próximo sábado, realizaremos o Batismo da Primavera. Faça uma festa espiritual em sua igreja e celebre as vitórias do evangelho!

Terça-feira, 19 de setembro
Ano Bíblico: Joel
Levando as cargas uns dos outros (Gl 6:2-5)

3. Além de restaurar os caídos, quais outras práticas os Gálatas deviam seguir? Gl 6:2-5; Rm 15:1; Mt 7:12

A palavra grega traduzida como “carga” em Gálatas 6:5 é baros. Ela se referia literalmente a um grande peso ou carga que alguém tinha que carregar por uma longa distância. Com o passar do tempo, no entanto, ela se tornou uma metáfora para qualquer tipo de problema ou dificuldade, como o fardo de uma longa jornada de trabalho em um dia quente (Mt 20:12). Embora o contexto imediato da ordem de Paulo de “[levar] as cargas uns dos outros” certamente incluísse as falhas morais dos irmãos mencionadas no verso anterior, o conceito de carregar os fardos, que ele tinha em mente, era muito mais amplo. A orientação de Paulo revela várias noções espirituais sobre a vida cristã que não devem ser negligenciadas.

Primeiramente, como observou Timothy George, “todos os cristãos têm fardos. Nossos fardos podem ser diferentes em tamanho e forma e podem ser de natureza variada, dependendo da ordem providencial de nossa vida. Para alguns, é o fardo da tentação e as consequências de uma falha moral, como está em Gálatas 6:1. Para outros, pode ser doença física, distúrbio mental, crise familiar, falta de emprego, opressão demoníaca ou uma série de outras coisas; mas nenhum cristão está isento de fardos” (Galatians [Gálatas], p. 413).

Em segundo lugar, Deus não pretende que carreguemos sozinhos todos os nossos fardos. Infelizmente, muitas vezes estamos muito mais dispostos a ajudar os outros a levar seus fardos do que a permitir que os outros nos ajudem a carregar os nossos. Paulo condenou essa atitude de autossuficiência (Gl 6:3) como orgulho humano, quando nos recusamos a admitir que também temos necessidades e fraquezas. Esse orgulho não apenas nos priva do conforto dos outros, mas também impede os outros de cumprir o ministério que Deus os chamou a realizar.

Finalmente, é por meio de nossas ações que o conforto de Deus se manifesta. Esse conceito está fundamentado no fato de que a Igreja é o corpo de Cristo. Um exemplo disso está nas palavras de Paulo: “Porém Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito” (2Co 7:6). Observe que “o consolo divino não foi dado a Paulo na sua oração pessoal e espera pelo Senhor, mas por meio da companhia de um amigo e pelas boas notícias que ele trouxe”.

“A amizade humana, na qual levamos as cargas uns dos outros, faz parte do propósito de Deus para Seu povo” (John R. W. Stott, The Message of Galatians [Mensagem aos Gálatas], p. 158).

O que impede você de procurar ajuda? Seria orgulho, vergonha, ou senso de autossuficiência? Por que não procurar alguém de confiança para compartilhar seus fardos?


Quarta-feira, 20 de setembro
Ano Bíblico: Am 1–4
A lei de Cristo (Gl 6:2-5)

4. Para Paulo, levar os fardos e cumprir a lei de Cristo eram assuntos relacionados. De acordo com Gálatas 5:14; 6:2; João 13:34 e Mateus 22:34-40, o que ele quis dizer com “a lei de Cristo”?

O uso que Paulo fez da expressão “a lei de Cristo” (ton nomon tou Christou) não ocorre em nenhuma outra parte da Bíblia, embora ele tenha usado uma expressão semelhante em 1 Coríntios 9:21 (ennomos Christou). A singularidade dessa frase tem resultado em uma série de interpretações diferentes. Alguns equivocadamente argumentam que essa é uma evidência de que a lei de Deus, dada no Sinai, havia sido substituída por uma lei diferente, a lei de Cristo. Outros alegam que a palavra lei se refere simplesmente a um “princípio geral” (Rm 7:21), significando que, ao levar os fardos dos outros, estamos seguindo o exemplo de Jesus. Embora esta última interpretação tenha algum mérito, o contexto e a semelhança de linguagem com Gálatas 5:14 sugerem que, “[cumprir] a lei de Cristo” é mais uma referência ao cumprimento da lei mosaica por meio do amor. Paulo mostrou anteriormente, em sua carta, que a lei moral não foi anulada com a vinda de Cristo. Em vez disso, a lei moral, representada pelo amor, continua a desempenhar um papel importante na vida cristã. Isso é o resumo do que Jesus ensinou durante Seu ministério terrestre e também praticou em toda a Sua vida e até na Sua morte. Ao levar os fardos dos outros, não apenas estamos seguindo os passos de Jesus, mas também estamos cumprindo a lei.

Outra questão que surge nesses textos é a aparente contradição entre Gálatas 6:2 e 6:5. No entanto, esse problema é facilmente resolvido quando se percebe que Paulo estava usando duas palavras diferentes para descrever duas situações diferentes. Como já vimos, a palavra para carga no verso 2 (baros), refere-se a uma carga pesada que deve ser carregada por uma longa distância. No entanto, a palavra phortion, no verso 5, se refere à carga de navio, à mochila de um soldado, ou até mesmo a uma criança no ventre. Enquanto os dois primeiros fardos podem ser deixados de lado, este último não pode. A mulher grávida deve levar seu próprio filho. Como esse exemplo sugere, existem alguns fardos que as pessoas podem nos ajudar a carregar, mas há outros que nenhum ser humano pode carregar por nós, como o peso de uma consciência culpada, o sofrimento e a morte. Para esses, precisamos contar com a ajuda de Deus somente (Mt 11:28-30).

Embora você possa obter ajuda de outras pessoas com relação a alguns fardos, há cargas que você deve levar unicamente ao Senhor. Como você pode entregar ao Senhor as coisas que simplesmente não pode suportar?

Participe do projeto “Reavivados por Sua Palavra”: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org/

Quinta-feira, 21 de setembro
Ano Bíblico: Am 5–9
Semear e colher (Gl 6:6-10)

No Novo Testamento, a palavra traduzida por “zomba” (mukterizo) ocorre somente em Gálatas 6:7, embora apareça muitas vezes na tradução grega do Antigo Testamento. Significa literalmente “erguer o nariz em desprezo”. No Antigo Testamento, isso normalmente se referia ao desprezo pelos profetas de Deus (2Cr 36:16; Jr 20:7), e ainda foi usado uma vez para descrever de forma viva uma atitude rebelde para com Deus (Ez 8:17).

O raciocínio de Paulo era que as pessoas podem até ignorar Deus ou mesmo zombar de Seus mandamentos, mas não podem enganá-Lo. Ele é o Juiz supremo, e no fim eles terão que pagar o preço por suas ações.

5. O que Paulo quis dizer em Gálatas 6:8?

6. Quais personagens bíblicos semearam para a carne e quais semearam para o Espírito? At 5:1-5; Lc 22:3; Dn 1:8; Mt 4:1

A metáfora de Paulo sobre semear e colher não é única. É um fato da vida que aparece em muitos antigos provérbios famosos. O que é significativo, entretanto, é como Paulo o utilizou para destacar seus comentários anteriores sobre a carne e o Espírito. James D. G. Dunn observa: “Um equivalente moderno é que ‘somos livres para escolher, mas não somos livres para escolher as consequências de nossa escolha’” (Galatians [Gálatas], p. 330).

Embora Deus nem sempre nos livre das consequências terrenas dos nossos pecados, não devemos ser dominados pelo desespero por causa das más escolhas que fizemos. Deus perdoou nossos pecados e nos adotou como Seus filhos. Devemos investir nas coisas que produzirão uma colheita celestial.

Em Gálatas 6:10, entretanto, Paulo esclareceu a questão de que “a ética cristã tem um foco duplo: um é universal e totalmente abrangente: ‘façamos o bem a todos’; o outro é particular e específico: ‘especialmente aos da família da fé’. O apelo universalista de Paulo estava apoiado no fato de que todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus e são infinitamente preciosas aos Seus olhos. Todas as vezes que os cristãos se esqueceram dessa informação básica da revelação bíblica, eles se tornaram vítimas dos pecados ofuscantes do racismo, sexismo (preconceito contra o sexo oposto), tribalismo, discriminação de classes sociais e muitos outros tipos de intolerância que têm devastado a comunidade humana desde Adão e Eva até os dias atuais” (Timothy George, Galatians [Gálatas], p. 427, 428).

Você está semeando, para o bem ou para o mal. Considerando sua vida, que tipo de colheita você obterá?


Sexta-feira, 22 de setembro
Ano Bíblico: Obadias e Jonas
Estudo adicional

O Espírito de Deus mantém o mal sob o controle da consciência. Quando o ser humano se exalta acima da influência do Espírito, ceifa uma colheita de iniquidade. O Espírito tem cada vez menos influência sobre tal pessoa para restringi-la de semear as sementes da desobediência. As advertências têm cada vez menos poder sobre ela. Essa pessoa perde gradualmente seu temor de Deus. Semeia para a carne, e da carne colherá corrupção. A colheita da semente que ela mesma semeou está amadurecendo. Ela despreza os santos mandamentos de Deus. Seu coração de carne se torna um coração de pedra. A resistência à verdade a confirma na iniquidade. Foi porque os homens semearam as sementes do mal que a iniquidade, o crime e a violência predominaram no mundo antediluviano.

“Todos devem ser inteligentes com respeito ao meio pelo qual a pessoa é destruída. Não é devido a qualquer decreto que Deus emitiu contra o ser humano. Ele não torna o homem espiritualmente cego. Deus dá luz e evidências suficientes para capacitar a pessoa a distinguir a verdade do erro, mas não a força a receber a verdade. Ele a deixa livre para escolher o bem ou o mal. Se a pessoa resiste às evidências que são suficientes para guiar seu discernimento na direção correta, e escolhe o mal uma vez, fará isso mais prontamente na segunda vez. Na terceira vez estará ainda mais inclinada a se afastar de Deus e a escolher o lado de Satanás. E continuará nessa conduta até que seja confirmada no mal e creia que a mentira que escolheu é a verdade. A resistência produziu sua colheita” (MS 126, 1901, Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista v. 6, p. 1240, 1241).

Perguntas para reflexão

1. O que significa “restaurar” um irmão que caiu em pecado? Será que a restauração significa que tudo será como antes? Comente.

2. Visto que existem alguns fardos que as pessoas devem levar por si mesmas (Gl 6:5), como o cristão pode saber se deve tentar ajudar alguém?

Resumo: A indicação da presença de Deus entre Seu povo está na manifestação do espírito cristão dentro da igreja. Ela pode ser vista na maneira pela qual o perdão e a restauração são estendidos aos que erram, na maneira de se ajudarem mutuamente nas provações e nos atos de bondade, compartilhados não apenas entre si, mas também com os incrédulos.

Respostas e atividades da semana: 1. Peça a opinião dos alunos. 2. Peça a opinião dos alunos. 3. Com uma semana de antecedência, escolha um aluno para responder à questão. Peça a ele que compartilhe sua resposta no próximo sábado. Promova uma discussão em duplas sobre nosso dever de levar o fardo uns dos outros. Como podemos fazer isso na prática? 4. Peça a opinião dos alunos. 5. Peça a opinião dos alunos. 6. Com uma semana de antecedência, escolha um aluno para responder à questão. Em classe, peça a ajuda dos alunos para listar exemplos de pessoas que semearam para o Espírito e pessoas que semearam para a carne.



Resumo da Lição 13
O evangelho e a igreja

TEXTO-CHAVE: Gálatas 6:10

O ALUNO DEVERÁ

Saber: Como a vida em Cristo afeta seus relacionamentos.

Sentir: Os perigos que o orgulho espiritual traz, especialmente para os cristãos que se sentem seguros contra a tentação.

Fazer: Amar o próximo como a si mesmo, cumprindo assim a lei de Cristo.

ESBOÇO

I. Saber: Fazer o bem

A. Como os cristãos devem se relacionar com os que tropeçam?

B. Por que é especialmente importante tratar os que estão sobrecarregados da mesma forma como gostaríamos de ser tratados?

II. Sentir: Orgulho espiritual

A. Por que o orgulho espiritual é tão perigoso para os cristãos?

B. Como evitar o espírito indiferente, frio e crítico?

C. Por que é importante fazer uma cuidadosa autoavaliação e exame de consciência?

D. Quais exemplos bíblicos ilustram os perigos de pensar excessivamente em nossas habilidades?

III. Fazer: A lei de Cristo

A. Como o amor ao próximo cumpre a lei de Cristo?

B. Quais são nossos maiores desafios ao levar as cargas uns dos outros?

C. A quais membros da família precisamos servir dessa maneira?

D. Quais preconceitos (quanto ao gênero, etnia, tribo ou classe social) carregamos e que precisam ser erradicados?

RESUMO: Quando cumprimos a lei de Cristo, cuidamos dos que caíram e estão sobrecarregados. Reconhecemos nossa fraqueza e, humildemente, submetemo-nos a todas as evidências da verdade, para que não nos tornemos espiritualmente orgulhosos e cegos.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Gálatas 6:10

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Deus comissionou a igreja como Seu instrumento de transformação sobre a Terra.

Para o professor: Enfatizar a necessidade de humildade ao pregar o evangelho, mostrando que Jesus é o Salvador e nos deu o privilégio de levar Sua mensagem de amor.

Ao alcançar o mundo perdido, o Salvador onipotente poderia ter ignorado a humanidade. Como seres humanos pecaminosos, fracos e vacilantes poderiam contribuir para Seu nobre empreendimento? Enviar as hostes angelicais sem pecado, mobilizar as criaturas fiéis de outras galáxias, ou utilizar divinos controles remotos: o onipotente, onisciente Criador do Universo tinha essas e milhares de opções adicionais à Sua disposição. No entanto, Ele incluiu a comunidade de pessoas resgatadas, a igreja, como Sua agência de comunicação.

Devemos ter cuidado ao expressar essa verdade. A igreja tem o privilégio e a oportunidade de compartilhar e exemplificar o evangelho diante da humanidade caída. Essa responsabilidade sagrada, no entanto, não é uma propriedade. Os seres humanos não têm poder para conceder, nem podem impedir, o acesso a Deus. O Espírito Santo é o principal disseminador da graça de Deus com a igreja, assumindo o papel de instrumento de cooperação. Em lugar de negar o acesso a Deus, o trabalho da igreja é ampliar o acesso. Que oportunidade gloriosa! A igreja trabalha lado a lado com Deus para evangelizar e instruir seres humanos caídos. Transformação e reforma miraculosas ocorrem constantemente dentro dessa comunidade divinamente originada e ordenada. Vidas transformadas, relacionamentos restaurados, consciências livres da culpa e apoio espiritual são apenas parte dos benefícios desfrutados pela associação com a igreja de Deus.

Atividade inicial: Cada início de ano renova nossas esperanças. Novas oportunidades, juntamente com a libertação dos tropeços e falhas do ano anterior, tornam o começo do ano um evento muito aguardado e celebrado. Compartilhe artigos de revistas ou jornais, vídeos com notícias e outras informações relativas ao Ano Novo retiradas de fontes atuais. Pergunte por que a perspectiva de algo novo gera grande interesse e expectativas elevadas. Compare isso com a função da igreja em nos conduzir ao Senhor, que nos oferece libertação dos erros do passado e uma oportunidade para começar de novo, perdoados e purificados.

Compreensão

Para o professor: As Escrituras proclamam redenção para os prisioneiros, livramento da condenação e libertação das tendências dominantes. Essa continua sendo a maior obra do Céu. Jesus sacrificou tudo no Calvário e, depois, comissionou Seus representantes (a igreja), fortalecidos por meio de Seu Espírito que habita no coração, para iluminar com a perspectiva espiritual um planeta obscurecido. Essa perspectiva inclui perdão de todas as transgressões, livramento de cada tentação imaginável e intimidade cada vez maior com Deus, por meio da qual nossa vida é continuamente transformada e renovada. Cristãos encontram sentido para a vida apoiando os cristãos mais novos, incentivando e estimulando neles a confiança, que amadurece somente quando obstáculos são encontrados e superados.

Comentário bíblico

I. Restaurando os caídos

(Recapitule com a classe Gl 6:1; Mt 18:15-17.)

O objetivo constante da igreja é a restauração, não a condenação. Muitos entendem a linguagem da disciplina na igreja de forma punitiva. Membros da igreja, bem-intencionados e zelosos em proteger a reputação da igreja, declaram que os que erram devem ser separados para evitar contaminação. Essa é uma abordagem muito perigosa. No relato de João, a liderança religiosa da época de Cristo estava ansiosa para condenar a mulher adúltera. Porém, eles eram isentos de pecado? Eles não tinham necessidade de perdão? Não havia condenação divina para sua hipocrisia? Talvez a noção de proteger a reputação da igreja precise ser reexaminada. Considere o trabalho de um hospital. Ele existe com a finalidade de cura física e restauração. Será que todos os pacientes deixam o hospital com vida? Obviamente, não. A ocorrência de mortes ocasionais anula a missão e o propósito do hospital? Seria possível que sua comunidade declarasse que o hospital local deve ser fechado porque um paciente faleceu? Os hospitais deveriam limitar seus serviços apenas aos que sofrem resfriados comuns e outras doenças facilmente 

curáveis, a fim de melhorar seu histórico e reforçar sua reputação, rejeitando pacientes com traumas, vítimas de câncer e outros casos difíceis? Em vez de recusar casos difíceis, os médicos os enfrentam com determinação, pesquisando novas metodologias e técnicas para efetuar a cura. A doença é estudada meticulosamente, novas terapias são desenvolvidas, e as enfermidades consideradas sentenças de morte no passado, hoje se tornam avanços miraculosos.

Talvez os que trabalham com a doença espiritual devam adotar atitude semelhante. Assim, a disciplina seria redentiva e não punitiva, e a reputação da igreja estaria apoiada no modo compassivo e intensamente criativo pelo qual os cristãos combatem a doença do pecado.
Os cristãos devem lutar vigorosamente contra o pecado, não contra os pecadores. Obviamente, alguns se perderão. Mas se as igrejas começassem a limitar seu ministério aos “bons cidadãos”, a fim de aumentar sua taxa de sucesso, essa ação provaria que elas se esqueceram do seu propósito. Paulo utilizava a ideia da disciplina com o sentido de educar na justiça. Tratava-se de uma série de ações ou comportamentos cujo objetivo era estabelecer um relacionamento mais íntimo com Deus. Longe de ser punitiva, a disciplina de Paulo era restauradora e positiva. Como unidades de triagem bem ajustadas, as igrejas se tornam centros de cooperação e responsabilidade na realização de um objetivo comum: a cura de corações afetados pelo pecado por meio do vivificante amor de Deus.

Pense nisto: O que deve caracterizar a atitude dos que se dedicam ao trabalho de visitar pessoas afastadas de Deus? Como Jesus Se aproximava dos caídos? Como os cristãos podem se proteger contra as tentações das quais desejariam resgatar os caídos? O que significa compartilhar das cargas uns dos outros?

II. Semear e colher

(Recapitule com a classe Gl 6:6-10.)

No contexto de levar as cargas ou responsabilidades dos outros, Paulo enfatizou a responsabilidade de apoiar os mestres que proclamavam a sã doutrina. Usando uma linguagem proverbial familiar aos seus leitores, ele os exortou a fazer investimentos seguros, porque os que esperavam uma colheita abundante deviam plantar com abundância. Embora o contexto imediato esteja relacionado ao sustento material dos mestres, o texto tem uma aplicação espiritual ainda mais ampla. As realizações espirituais são proporcionais aos investimentos espirituais. Os que desejam maior força espiritual devem praticar exercícios espirituais e evitar alimento espiritual de qualidade inferior. Pouco investimento equivale a um pequeno avanço. O resultado espiritual surge de investir tempo nas coisas espirituais.

Pense nisto: Se a vida dos cristãos é dominada pela mídia secular (televisão, rádio, internet e assim por diante), como podem esperar progresso espiritual significativo? O que deve dominar o tempo do cristão se ele deseja íntima comunhão com Deus? No contexto espiritual, como os cristãos podem dedicar sua vida aos outros, especialmente os que ainda não são cristãos?

Aplicação

Para o professor: Os que se preocupam com seu futuro financeiro entendem o valor do planejamento de investimentos e estão dispostos a aplicar recursos financeiros significativos a fim de maximizar o retorno de seus investimentos. Infelizmente, as igrejas muitas vezes procedem de maneira casual a respeito de um assunto muito mais importante do que finanças. O sacrifício de Cristo foi infinitamente mais valioso do que todo o valor monetário do mundo. No entanto, os cristãos abordam a obra de investir na vida dos não cristãos de maneira aleatória e não intencional. Por meio do exercício seguinte, procure cultivar o propósito e a intencionalidade em relação a investimentos espirituais que alcancem pessoas perdidas espiritualmente em sua comunidade.

Atividade

Crie um jogo com pequenos cartões (no mínimo 10 cartões). Em cada cartão, escreva uma frase que expresse um meio pelo qual a igreja pode transformar a sociedade. Concentre-se nos métodos que sua igreja tem empregado ou nos que oferecem maior potencial para sua comunidade. Peça que os membros escolham os cartões aleatoriamente. Cada um deve ler um cartão e expressar o conceito nas próprias palavras. Peça a eles que avaliem a eficácia do conceito em relação ao trabalho de transformação espiritual da igreja utilizando uma escala numérica de 0 a 10 (10 para ótimo e 0 para totalmente ineficaz). Os membros devem justificar sua avaliação, mostrando suas razões para a classe que, por sua vez, deve relatar suas observações.

Reúna os pontos mais importantes e desenvolva um perfil das características que melhor preparem a igreja para seu papel de transformação espiritual. A lista não deve estar limitada ao seguinte conjunto de atividades e abordagens. Use tudo o que for apropriado e omita o restante. Lista: (1) distribuir literatura, (2) acampamento de verão para crianças, (3) cuidar de idosos, (4) convidar vizinhos para reuniões evangelísticas, (5) visitar encarcerados, (6) visitar os que não podem sair de casa, (7) liderar crianças na prática de algum esporte, (8) pregar o evangelho em praças públicas, (9) evangelizar de porta em porta, (10) realizar cursos de saúde, (11) providenciar roupa e itens de necessidade básica para os pobres e desamparados, (12) perdoar um irmão pelas palavras rudes, (13) consertar as roupas de uma criança necessitada, (14) levar filhos de pais separados para um piquenique, e (15) testemunhar aos vizinhos sobre a guarda do sábado.

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: Embora o planejamento e as comissões sejam ferramentas valiosas, dificilmente a igreja transforma uma vida apenas por meio de uma reunião de comissão. Simplesmente falar sobre o poder transformador do evangelho (como na classe da Escola Sabatina) não é suficiente para cumprir a comissão evangélica. Desafie sua classe a sair além dos muros e ir para as ruas, fazendo a diferença do modo único para o qual Deus tem preparado sua classe.

Atividade

Na parte final da classe da Escola Sabatina, desenvolva uma abordagem para algumas necessidades da comunidade, de maneira que a classe se comprometa a realizá-las. Defina data, horário e prazos para a realização das diversas fases de seu empreendimento.


Desafiado e vitorioso

Quando Janeesh [Dianishe] foi diagnosticado com câncer e lhe deram apenas seis meses de vida, seus vizinhos disseram que sabiam o porquê: ele tinha se tornado adventista do sétimo dia e discutido com o pastor de uma igreja que guardava o domingo.

Dois anos depois, Janeesh está vivo e muito bem, morando no sul da Índia. As pessoas ouvem com espanto enquanto ele fala sobre Jesus. “Quando falo da verdade, como está escrito na Bíblia, as pessoas escutam ansiosamente porque estou falando a partir de minha própria experiência”, diz Janeesh, que tem 30 anos.

Janeesh cresceu adorando a Deus em uma igreja cristã no vilarejo em que morava. Quando era jovem, ele estudou em um seminário. Enquanto estudava, amigos adventistas o convidaram a participar de um culto de adoração na sexta-feira à noite. Naquela noite, o pastor falou sobre a profecia bíblica, e Janeesh tomou nota cuidadosamente. Na ocasião, ele fez muitas perguntas e, depois, também questionou os professores do seminário, com o propósito de aprender mais.

Quando Janeesh ouviu falar sobre o sábado, seu primeiro desejo foi provar que estava errado. Então procurou os professores do seminário e pediu alguns versículos bíblicos que provassem que o domingo era o dia certo de adoração. Os professores não conseguiram ajudá-lo. Por isso, ele participava da Igreja Adventista aos sábados e da sua igreja, que funcionava em uma casa aos domingos. Depois de algum tempo, ele decidiu ser batizado na Igreja Adventista, saiu do seminário em que estudava e se matriculou no seminário adventista.

Novo campo missionário

Um ano depois, seu pai morreu, e Janeesh voltou para casa para cuidar da mãe. Ele compartilhou sua fé com vizinhos e amigos. Com vários amigos adventistas, entregou folhetos a todas as pessoas da aldeia. Os jovens organizaram uma série de reuniões de três dias para apresentar as mensagens dos três anjos. Muitas pessoas assistiram às reuniões e fizeram perguntas. Um pastor não adventista convidou Janeesh e seus amigos para apresentar o sábado em sua igreja. O pastor e os membros da igreja acabaram aceitando a verdade do sábado.

Mas outros cristãos da cidade ficaram contra essa mensagem. Eles organizaram a própria série de reuniões de três dias e trouxeram um jovem pastor para falar contra o sábado.

Janeesh e seus amigos assistiram às reuniões e tomaram nota de tudo o que era explicado. No último dia, o pregador perguntou se alguém na plateia tinha dúvidas sobre a santidade do domingo.

Janeesh e seus amigos se levantaram, foram à frente e leram em voz alta muitos textos bíblicos sobre o sábado. A congregação ficou admirada e o jovem pastor ficou sem palavras. Ele prometeu convidar um pastor mais experiente para explicar melhor.

Depois dessas reuniões, muitos moradores passaram a ver Janeesh com admiração e respeito. Alguns começaram a receber estudos bíblicos.

Novo desafio

Quando Janeesh foi diagnosticado com câncer, alguns pastores e membros das igrejas protestantes disseram que Deus o estava punindo por ter se tornado adventista. Também disseram que ele estava sendo punido por discutir abertamente com o pastor. E predisseram que Deus castigaria qualquer um que pregasse contra o domingo.

Janeesh lutou com sua fé. Ele ficou desanimado e deixou de falar sobre Jesus por várias semanas. Seus amigos o incentivaram a não perder a fé. Ele fez 36 sessões de quimioterapia e os membros da igreja oraram por ele.

Enquanto ainda estava fazendo quimioterapia, Janeesh voltou a dar estudos bíblicos. Os pastores que guardavam o domingo o aconselharam a não mais ensinar sobre o sábado, ou sua doença se agravaria. Mas Janeesh não lhes deu ouvidos. Em vez disso, ele e seus amigos decidiram realizar reuniões sobre o sábado. Após as reuniões, oito jovens foram batizados. Isso duplicou o número de adventistas na aldeia.

Janeesh alugou uma pequena sala e começou a dar estudos bíblicos duas vezes por semana. Ele também organizou reuniões de oração. Vinte pessoas sentavam no chão durante as reuniões. Mais e mais pessoas vinham e sentavam-se do lado de fora para ouvir as mensagens.

Testemunha viva

Os médicos não dizem que Janeesh está curado do câncer. Mas admitem que estavam errados quando disseram que ele tinha apenas seis meses de vida. Hoje, ele parece saudável e sente-se bem. Janeesh e muitos moradores dizem que isso é um milagre.

“Sou uma testemunha viva de que Deus cuida de mim”, diz Janeesh. “Como testemunha viva, é fácil falar da verdade aos outros.”

Há poucos adventistas na aldeia onde Janeesh vive, mas o número de crentes está crescendo. Em breve haverá uma igreja ativa nessa aldeia, e as crianças vão precisar de uma sólida educação cristã em uma escola com altos padrões e que ensine inglês.

A aldeia em que Janeesh mora fica a 90 minutos de carro da cidade onde está localizada uma escola adventista. Essa instituição receberá parte da oferta da Escola Sabatina deste trimestre, que ajudará a construir um prédio de salas de aula. As novas salas de aula permitirão que um maior número de famílias ofereçam educação de qualidade aos seus filhos, atendendo às expectativas de muitos pais. As crianças não apenas receberão um alto nível de educação, mas aprenderão sobre Deus, que é seu Pai e Salvador.

Resumo missionário

• A Escola Secundária Adventista em Maharashtra, no sul da Índia, atende crianças desde o Jardim da Infância até o Ensino Médio. Foi fundada em 1982 e acomoda 300 alunos, cristãos em sua maioria.

• O novo prédio de salas de aula proporcionará espaço para mais estudantes e se ajustará aos requisitos governamentais.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2017
Tema geral: “O evangelho em Gálatas”
Lição 13: 16 a 23 de setembro
O evangelho e a igreja

 

Autor: Pr. Nilton Aguiar

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução

Na lição desta semana, veremos que o Espírito Santo deve reger todas as nossas ações. Devemos semear o evangelho no coração das pessoas pelo poder do Espírito Santo. Nossas decisões sobre o que pensar e como agir devem ser motivadas por uma profunda experiência cristã. Essas escolhas devem ser feitas com muito cuidado, uma vez que, embora sejamos livres para tomar decisões, não somos livres para escolher os resultados das decisões que tomamos.

Restaurando os caídos

As reivindicações de Deus a Seu povo escolhido demonstram que é possível viver de maneira vitoriosa. Porém, ninguém está livre de cair. A história de Israel no Antigo Testamento é uma evidência bíblica de que os altos e baixos fazem parte da experiência humana.

Gigantes da fé como Abraão, Moisés, Davi e Pedro sofreram quedas em sua jornada espiritual. A própria carta aos Gálatas menciona que Paulo repreendeu Pedro (Gl 2:14). Devemos nos lembrar de que Pedro já havia passado por uma profunda experiência de conversão. Mesmo assim, aquele que viu o Cristo ressurreto, que recebeu uma comissão especial (Jo21:15-15), que teve uma visão mostrando que Deus não faz acepção de pessoas (At 10:9-16, 34-36), tropeçou na questão do preconceito. Entre outras razões, a Bíblia nos conta essas histórias para ensinar que devemos ser pacientes com aqueles que cometeram algum deslize em sua jornada cristã. Nossa função é restaurá-los. Devemos cuidar deles e tratá-los como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em situação similar. Nas palavras de Paulo, devemos corrigi-los com brandura (Gl 6:1).

Cuidado com a tentação

Em Gálatas 6:1 Paulo exortou: “Guarda-te para que não sejas também tentado”. Essa declaração é muito semelhante às palavras que encontramos em 1 Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”. Em 1 Coríntios 10, a advertência foi dada depois que Paulo mencionou episódios de queda do povo de Israel durante a jornada no deserto rumo à terra de Canaã. De idêntica maneira, todos somos suscetíveis à queda em nossa jornada rumo à Canaã celestial.

É importante observar a progressão do raciocínio de Paulo em Gálatas 6:1. Primeiro, ele levantou uma situação hipotética: “Se alguém for surpreendido nalguma falta”. Então, ele afirmou o que deve ser feito caso isso ocorra, e quem deve fazê-lo. A pessoa que errar deve ser corrigida com brandura. E quem deve fazer isso? A resposta é: “vós que sois espirituais”. Essa afirmação de Paulo deve ser interpretada à luz de Gálatas 5:16-26, especialmente os versos 16, 18, 22 e 25. Quem são as pessoas espirituais? São aquelas cheias do Espírito Santo. Para Paulo, as pessoas cheias do Espírito Santo são as que olham para os outros a fim de ajudá-los a se levantarem e, ao mesmo tempo, estão atentas à sua própria vida para não cair.

Levando as cargas uns dos outros

Ao continuar sua descrição da vida prática de uma pessoa cheia do Espírito Santo, Paulo mencionou a necessidade de levar as cargas uns dos outros. Nessa exortação paulina, encontramos o conceito de mutualidade. Na língua grega, a palavra traduzida como “uns dos outros” ocupa a primeira posição da sentença. Em grego, essa é sempre uma posição de ênfase. Isso significa que a vida na comunidade cristã é uma via de mão dupla. Todos nós ajudamos e somos ajudados. Isso gera um senso de interdependência que, de outro modo, não existiria. E essa consciência é indispensável para o crescimento e o bem-estar da comunidade de fé.

A exortação para levarmos “as cargas uns dos outros” é dada a partir de um verbo no imperativo. Isso demonstra que Paulo estava falando de um dever cristão. Lutero dizia que “um cristão deve ter ombros robustos e pernas fortes a fim de carregar a fragilidade dos irmãos”. Como cristãos, temos o dever de “carregar” pecadores em nossos corações e em nossos ombros, por meio da ajuda e da paciência, e levá-los ao trono da graça.

A lei de Cristo

Para Paulo, Cristo é o exemplo máximo de empatia. Em Filipenses 2:5-8, ele mostrou que Cristo veio ao mundo para Se identificar com a humanidade (Fp 2:5-8). Na primeira parte de Romanos 8:25, encontramos uma alusão a Isaías 53:4, 5, onde o profeta menciona: “Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; […] Ele foi traspassado pelas nossas transgressões”. Assim, “levar as cargas uns dos outros” é cumprir a lei de Cristo porque foi Cristo quem primeiro carregou nossos fardos.

Embora devamos carregar os fardos uns dos outros, isso não nos isenta da responsabilidade de levar nossos próprios fardos, conforme Paulo destacou em Gálatas 6:5. Afinal, em muitos casos, os nossos fardos resultam de decisões que tomamos. Porém, “Paulo não estava dando a entender que Deus deixa o homem carregar seus fardos sozinho. Jesus Se oferece para compartilhá-los (Mt 11:30). Alguns cristãos cometem o erro de não compartilhar seus fardos com Jesus. Ele convida todos para ir a Ele e lhes assegura o alívio dos fardos que jamais poderiam ser suportados em sua própria força” (Mt 11:28-30).

Semear e colher

A fim de falar da seriedade com que nós devemos tomar as nossas decisões, Paulo usou uma ilustração que vem do mundo da agricultura e que faz parte da vida humana em todos os tempos e sociedades. Após o dilúvio, o próprio Deus prometeu a Noé que “enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”.

O ponto que Paulo quis ilustrar é claro. “Se um agricultor deseja uma colheita, ele deve semear sua semente no campo; de outro modo, não haverá colheita. Além disso, o tipo de colheita que ele terá é determinada antecipadamente pelo tipo de semente que ele semeia”. Se ele deseja uma colheita de trigo, não pode semear feijão, e vice-versa. O mesmo corre no campo moral e espiritual. Conforme explica o livro de Jó, “quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também colherá” (Jó 4:8; ver também Pv 22:8; Os 8:7). Por outro lado, “é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz” (Tg 3:18; ver também Pv 11:18).

Como Jesus disse, não dá para esperar “figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas” (Lc 6:44 NVI). Existem leis que regem a existência humana. O que colhemos depende das decisões que tomamos. “Muitas pessoas estão enganadas quanto à lei inexorável da semeadura e colheita. Elas semeiam suas sementes de forma irrefletida e despreocupada, sem se lembrarem de que as sementes que elas semeiam inevitavelmente produzirão a colheita correspondente; ou, elas semeiam semente de um tipo e esperam colher uma colheita de outro tipo. Elas imaginam que, de alguma forma, sairão ilesas. Mas isso é impossível. Por isso Paulo advertiu: ‘de Deus não se zomba’”. Que possamos andar no Espírito, semear no Espírito e colher a vida eterna.

Conclusão

A Bíblia apresenta relatos de fracassos de grandes heróis da fé. Essa deve ser uma advertência para cada um de nós. Ninguém está livre de cair. Por isso, devemos ser pacientes com os que erram e buscar restaurá-los. Essa é uma importante característica de uma igreja cheia do Espírito Santo. Nesse processo, devemos levar as cargas uns dos outros, sem esquecer que cada um é, ao mesmo tempo, responsável por seus próprios fardos. Porém, Cristo convida todos a lançar os fardos sobre Ele. Ele tem ombros fortes o suficiente para suportar o peso de todos os fardos do mundo. Mesmo sabendo que podemos contar com a ajuda de Cristo, devemos levar a sério as decisões que precisamos tomar, pois, apesar de sermos livres para fazer escolhas, não somos livres para escolher os resultados delas. Que possamos escolher com sabedoria.

Notas

  1. O autor é pastor, mestre em Ciências da Religião, mestre e bacharel em Teologia, licenciado em Letras e autor de diversos livros e artigos. É docente do curso de Teologia, no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Cachoeira/BA, e atualmente está cursando o doutorado em Novo Testamento, na Andrews University (EUA). É casado com a professora Cristiane Aguiar, e tem dois filhos: a Karol e o Lucas.
  2. Citado por H. D. M. Spence-Jones, ed., Galatians, The Pulpit Commentary (London; New York: Funk & Wagnalls Company, 1909), 317.

  3. Francis D. Nichol, ed., The Seventh-Day Adventist Bible Commentary, v. 6 (Review and Herald, 1980), p. 986.

  4. John R. W. Stott, The Message of Galatians (Leicester, England; Downer’s Grove, IL: InterVarsity Press, 1986), p. 165.

  5. Ibid. p. 166.