No antigo Israel, quando os povos pagãos ao redor eram politeístas, adorando múltiplos “deuses” de madeira e pedra, a declaração de fé clara, distintiva e poderosa de Israel encontrava-se em Deuteronômio 6:4: “Escute, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”.
Ao longo dos séculos, o ato de cantar o Shemá (oração fundamentada na palavra hebraica para “ouvir”) relembrava os judeus da convicção espiritual que os unia como um povo e que fortalecia a determinação de manter sua identidade singular como adoradores do único Deus verdadeiro.
Para os adventistas do sétimo dia, as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 são nosso Shemá. Elas são nossa profissão de fé, definem quem somos como povo e descrevem nossa missão ao mundo. Em suma, nossa identidade profética singular está descrita em Apocalipse 14:6-12, e é ali que encontramos nossa paixão para proclamar o evangelho para o mundo.
Na lição desta semana, começaremos um estudo detalhado de Apocalipse 14:6-12, mas o faremos com os olhos da graça enquanto ouvimos Deus falar ao nosso coração.
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Quando a maioria das pessoas pensa no último livro da Bíblia, não pensa na graça. Quando consideram a mensagem divina para os últimos dias, seus pensamentos se voltam para bestas assustadoras, símbolos místicos e imagens estranhas. O Apocalipse tranquiliza pessoas, mas também assusta, o que é lamentável, porque o livro está cheio de graça e de esperança. Em meio às bestas assustadoras e alertas de perseguição à frente, Deus nos dá razões para nos alegrarmos na Sua salvação.
1. Leia Apocalipse 1:1-3 e 14:6. Por que essas passagens não falam apenas sobre destruição, mas também sobre o “evangelho eterno”?
O Apocalipse é todo sobre Jesus. É Sua mensagem ao Seu povo e aplica- se em especial à Sua igreja nos últimos dias. É uma mensagem de graça e esperança para o fim dos tempos. No livro, Cristo é descrito como o Cordeiro que foi morto, e uma bênção é prometida aos que leem, entendem e agem segundo as verdades reveladas.
De acordo com Apocalipse 1:5, 6, Jesus é Aquele que “nos ama e, pelo Seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o Seu Deus e Pai”. Em Cristo somos perdoados. A graça perdoa nosso passado, dá poder ao nosso presente e oferece esperança para o nosso futuro. Ou seja, em Cristo somos libertos da penalidade e do poder do pecado, e em breve seremos libertos de sua presença. Essa é a mensagem do último livro da Bíblia, o Apocalipse.
O Apocalipse é uma mensagem urgente, cuja proclamação é retratada primeiro como um anjo que voa rapidamente no meio do céu tendo um “evangelho eterno”.
O evangelho? Salvação pela fé em Cristo? Morte expiatória de Cristo por nós? A promessa da vida eterna, não pelo que podemos fazer, mas pelo que Cristo fez por nós? Tudo isso está no início das três mensagens angélicas? Exatamente!
Não é de admirar, então, que sejam mensagens cheias de graça, repletas de esperança e promessas para nós, seres fragilizados e sofridos.
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Observe que Apocalipse 14:6, o início das três mensagens angélicas, começa com o “evangelho eterno”. Se não compreendermos a profundidade do evangelho, perderemos todo o sentido das três mensagens angélicas. Se não entendermos o evangelho, jamais poderemos entender plenamente as questões descritas na mensagem da hora do juízo divino ou da queda de Babilônia, ou a marca da besta.
2. Leia 1 Coríntios 15:1-4, Romanos 3:24-26 e 5:6-8. Como o “evangelho eterno” é apresentado nesses textos? Que grande esperança é oferecida a nós?
O evangelho é a notícia sobre a morte de Cristo por nossos pecados, Sua ressurreição, Seu amor e Sua preocupação por nós. Pela fé em Seu sangue derramado e no poder da ressurreição, somos libertos da penalidade e do poder do pecado. Os pensamentos de Paulo estavam imersos em Cristo. O Salvador era o centro de seu ensino e pregação. O Cristo crucificado o redimiu da condenação e da culpa do passado, o Cristo ressurreto lhe deu poder para o presente, e o Cristo que voltaria lhe deu esperança para o futuro.
Observe quatro pontos nos textos de Romanos: (1) Somos justificados pela graça; (2) A graça é uma declaração da justiça de Deus; (3) A graça justifica os que pela fé aceitam Jesus; (4) Deus demonstrou Seu amor por nós enquanto éramos pecadores.
A graça não pode ser comprada, não é obtida por mérito próprio, não é merecida. Jesus morreu a dolorosa morte que os perdidos morrerão, experimentando a plenitude da ira do Pai, ou juízo, contra o pecado. Ele foi rejeitado para que pudéssemos ser aceitos, morreu a morte que era nossa para que pudéssemos viver a vida que era Dele.
É de admirar que a salvação seja pela fé, sem as obras? O que as obras, mesmo as mais bem-intencionadas e santas acrescentariam ao que foi feito por nós na cruz?
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As três mensagens angélicas são uma história de graça, são a história do grande amor do Salvador, Aquele que nos amou tanto que preferiu experimentar o próprio inferno a ter que perder um de nós. Elas falam de um amor ilimitado, insondável, incompreensível, imortal, infinito.
Deus nunca é pego de surpresa. Ele não está sujeito aos ventos instáveis das escolhas humanas. Seu plano de nos tirar do domínio do pecado não foi uma reflexão posterior, e não foi elaborado após o surgimento do pecado com seus efeitos terríveis.
3. Leia Apocalipse 13:8 e 1 Pedro 1:18-20. O que esses versos nos ensinam sobre o plano da salvação?
A expressão “evangelho eterno” (Ap 14:6) fala do passado, do presente e do futuro. Quando Deus criou a humanidade com a capacidade de fazer escolhas morais, Ele previu que o ser humano faria escolhas erradas. Uma vez que Suas criaturas tinham a capacidade de escolher, elas tinham a capacidade de se rebelar contra a amorosa natureza divina. A única maneira de evitar isso seria criar robôs controlados e manipulados por algum plano cósmico. A lealdade forçada é contrária à natureza de Deus. O amor requer escolha, e, uma vez que os seres recebem o poder de escolha, existe a possibilidade de fazer escolhas erradas. Portanto, o plano da salvação foi concebido na mente de Deus antes da rebelião de nossos primeiros pais no Éden.
“O plano da nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi ‘a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos’ (Rm 16:25). Foi um desdobramento dos princípios que, desde os séculos da eternidade, têm sido o fundamento do trono de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 11).
O “evangelho eterno” fala não só do passado e do presente – é a base de um futuro com esperança. Fala de viver eternamente com Aquele cujo coração anseia estar conosco para sempre.
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4. Qual é a extensão da proclamação do evangelho eterno, e por que isso é importante para a nossa missão e o nosso chamado? Ap 14:6
De acordo com a urgente mensagem do primeiro anjo para o tempo do fim, o “evangelho eterno” deve ser proclamado a cada nação, tribo, língua e povo. Essa é uma missão tão grandiosa, extensa, imensa e abrangente que envolve toda a nossa vida. Exige nossos melhores esforços e requer total comprometimento. Isso faz com que deixemos a preocupação com nossos interesses e nos voltemos à paixão pelo serviço de Cristo, que nos inspira com algo maior do que nós mesmos e nos leva para além dos confins estreitos de nossa mente para uma visão mais grandiosa.
5. Leia Mateus 28:19, 20. Como esses versos se encaixam com a mensagem do primeiro anjo?
Em seu livro A Quest for More: Living for Something Bigger Than You, Paul David Tripp discute a necessidade psicológica de todo ser humano de fazer parte de algo maior do que ele mesmo: “Os seres humanos foram criados para fazer parte de algo maior do que sua própria vida. O pecado nos faz encolher nossa vida até o tamanho de nossa existência natural. A graça de Cristo é dada para nos resgatar dos confins claustrofóbicos do nosso pequeno reino autocentrado e nos liberta para viver para os propósitos eternos e deleites gratificantes do reino de Deus” (B&B Media Group, “Living for Something Bigger Than Yourself”, shorturl.at/HU169).
Não há nada mais inspirador, satisfatório e gratificante do que fazer parte de um movimento divino, criado por Deus para realizar uma tarefa muito maior, mais abrangente do que qualquer ser humano poderia realizar. A comissão dada por Deus e descrita em Apocalipse 14 é a maior tarefa confiada à igreja. É um apelo para darmos a vida à grandiosa tarefa de revelar o amor de Deus pouco antes do retorno de Jesus.
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Por meio do estudo da Bíblia, os primeiros adventistas tiveram uma compreensão cada vez maior das três mensagens angélicas. Perceberam que Deus tinha uma mensagem para esta geração – uma mensagem urgente que devia ser proclamada a toda nação, tribo, língua e povo, a fim de preparar o mundo para o retorno de Cristo. Essas mensagens têm motivado as missões adventistas desde seus primórdios.
Em 1874, a Associação Geral enviou nosso primeiro missionário para a Europa. Ellen G. White chamou John Andrews de “o homem mais capaz de nossas fileiras”. Andrews falava pelo menos sete línguas, podia repetir o NT de memória e conhecia a maior parte do AT. Ele era um brilhante estudioso, escritor prolífico, pregador poderoso e teólogo competente.
Por que enviar um homem assim para um lugar em que havia bem poucos crentes? Por que enviar “o homem mais capaz” para um campo desconhecido? E por que ele estava disposto a ir? Sua esposa tinha morrido alguns anos antes. Por que ele deixaria a família e os amigos na América do Norte e navegaria com seus dois filhos para uma terra desconhecida, arriscando tudo pela causa de Cristo?
Só há uma razão: ele acreditava que Jesus em breve voltaria, que a mensagem da verdade para o tempo do fim devia ser pregada no mundo todo.
Em nossa história, os missionários mais brilhantes e capazes foram aos confins da Terra para pregar a mensagem dos últimos dias. Professores, médicos, pastores, agricultores, mecânicos, carpinteiros e comerciantes. Alguns eram funcionários da igreja, outros eram leigos que acreditavam que Jesus voltaria em breve.
6. Que semelhança há nos seguintes textos? Ap 14:6; At 1:8; Mt 24:14
A pregação do evangelho eterno salta as fronteiras geográficas, penetra nas áreas mais remotas da Terra, atinge pessoas de todas as línguas e culturas. Por fim, impactará o mundo inteiro. Como é fascinante saber que nossa mensagem, até agora, chegou a mais de 210 dos 235 países reconhecidos pelas Nações Unidas!
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Reflita sobre nossa necessidade de fazer parte de algo maior do que a vida escassa, breve, muitas vezes corrupta, arruinada e decepcionante. Esse desejo faz sentido. Fisicamente, o que somos além de pacotes de carne que carregam o próprio cérebro – alguns quilos de material orgânico à base de carbono cuja composição parece mais um balde de frango frito do que um disco rígido.
O que é o ser humano em comparação com o infinito que o cerca? Viver apenas para si mesmo, quando há tanto ao nosso redor e além de nós, é como ficar trancado a vida toda em confinamento em meio a uma grande cidade que você sente vibrando além das paredes. Poderia haver uma razão mais completa, grandiosa, gloriosa e significativa para viver do que proclamar a promessa da vida eterna em Jesus Cristo?
“Servos de Deus, com o rosto iluminado, irradiando uma santa consagração, se apressarão de um lugar a outro para proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será dada a advertência. Haverá milagres, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas acompanharão aqueles que creem. Satanás também realizará seus falsos milagres, fazendo até mesmo descer fogo do céu diante do povo (Ap 13:13). Assim, os habitantes da Terra terão que tomar sua decisão” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 508, 509).
Perguntas para consideração
- “Vários me escreveram perguntando se a mensagem de justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e eu respondi: É a mensagem do terceiro anjo em realidade” (The Review and Herald, 1o de abril de 1890). Que relação há entre justificação pela fé e as três mensagens angélicas?
- Reflita sobre a expressão “evangelho eterno”. O que é eterno no evangelho?
- O que significa o fato de que os adventistas estão em tantos países do mundo? O que isso diz sobre a bênção de Deus em nossos esforços? Sua igreja e sua classe da Escola Sabatina podem desempenhar um papel maior em “terminar a obra”?
Respostas e atividades da semana: 1. A essência do Apocalipse e do evangelho eterno é a salvação e o perdão em Jesus. 2. Por meio da morte e ressurreição de Cristo. Ele morreu por nossos pecados e a fé em Seu sangue nos justifica e nos liberta do pecado. Assim, temos a esperança de vida eterna. 3. O plano da salvação foi estabelecido antes da fundação do mundo, antes da rebelião de Adão e Eva. 4. O mundo inteiro. A grandeza da missão exige nos- sos melhores esforços e total comprometimento. 5. A comissão dada aos discípulos é semelhante à mensagem do primeiro anjo: proclamar o evangelho a todo o mundo. 6. Essas três passagens falam sobre a proclamação do evangelho a todo o mundo.
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PARTE I – VISÃO GERAL
Na lição desta semana, começamos um estudo detalhado das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12. Ao longo das Escrituras, os anjos são retratados como mensageiros de Deus. No livro do Apocalipse, anjos voando no ar representam uma mensagem celestial de origem divina que é levada rapidamente até os confins da Terra. Essas mensagens, é claro, devem ser proclamadas pelo povo de Deus nos últimos dias.
Pouco antes da vinda de Jesus, a mensagem do evangelho eterno, no contexto do juízo, abrangerá o globo rapidamente. Um dos focos do estudo desta semana é descobrir a profundidade da mensagem do evangelho. O que é o evangelho? Por que ele é chamado de eterno? Por que todo ser humano no planeta Terra deve ter a oportunidade de responder ao evangelho? Por que a salvação de cada pessoa que vive nos últimos dias da história da Terra depende da resposta individual a essa pergunta? O estudo desta semana responderá a esses questionamentos e dará uma compreensão profunda da expressão “evangelho eterno”.
Um segundo objetivo da lição desta semana será melhorar nossa compreensão da missão de Cristo para Sua igreja nos últimos dias. O anjo voando no meio do Céu, com o evangelho eterno, proclama a verdade do tempo do fim para “cada nação, tribo, língua e povo” (Ap 14:6). Há uma grandeza nessa mensagem. Ela nos chama a dar o nosso melhor para o Reino de Deus. Convida-nos a cooperar com Cristo em Seu apelo final à humanidade. Essa mensagem nos conclama a priorizar a missão de Deus de salvar a humanidade perdida porque essa é a prioridade de Deus.
PARTE II – COMENTÁRIO
Deus coloca Seu identificável selo de aprovação em Seu povo para distinguir o verdadeiro do falso. Nos dias do antigo Israel, quando as nações pagãs ao redor dele eram politeístas, a clara, distinta e poderosa declaração de fé de Israel foi encontrada em Deuteronômio 6:4, também conhecida como Shemá Israel.
Duas vezes por dia, de manhã e à noite, as famílias judias repetiam: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6:4, ARC).
“Ouve, Israel”. Ao longo dos séculos no exílio, o canto do Shemá lembrou aos judeus a visão espiritual e o caminho que os unia como povo. O canto do Shemá também fortaleceu a determinação de Israel de resistir às várias tentativas de forçá-lo a abandonar sua visão e seu caminho espiritual.
Deuteronômio 6:4 era um dos primeiros versículos que uma criança judia no antigo Israel memorizava assim que aprendia a falar. Além disso, as mães judias ensinavam continuamente seus filhos pequenos a recitar o Shemá antes de dormir.
Há um exemplo surpreendente do poder desse ponto distintivo de fé que ocorreu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Alguns líderes rabinos visitaram orfanatos cristãos em busca de crianças judias. Durante a guerra, muitos pais judeus na Europa colocaram seus filhos em orfanatos cristãos para salvá-los dos nazistas. A esperança desses pais era que eles se reunissem mais tarde com seus filhos depois da guerra, e se eles – os pais – não sobrevivessem, esperavam que parentes ou amigos sobreviventes encontrassem seus filhos.
Após a guerra, a maioria dos padres e freiras que administravam esses orfanatos não estavam dispostos a liberar as crianças judias de volta à custódia de suas famílias. Frequentemente, os padres e freiras negavam a presença de crianças judias no local. Durante uma visita, um líder rabino pediu ao padre encarregado de um orfanato que o deixasse voltar à noite, quando as crianças estariam indo dormir. O padre concordou relutantemente com o pedido do rabino. Quando o rabino voltou, ele entrou no quarto das crianças e, enquanto caminhava pelos corredores das camas, cantou as palavras hebraicas do Shemá. Uma a uma, as crianças começaram a chorar e gritaram: “Mamãe!” Muitas repetiram as palavras do Shemá. Os padres foram pegos completamente de surpresa. Eles não conseguiram apagar da memória dessas crianças os momentos em que suas mães judias os colocavam na cama todas as noites com o Shemá em seus lábios. O padre responsável não teve escolha a não ser admitir que estava “enganado”; assim, essas crianças perdidas de Israel puderam voltar “para casa”, para seu povo e para sua Torá.
Aquelas palavras que confirmavam sua identidade judaica estavam gravadas na consciência daquelas crianças, indelevelmente impressas na mente delas: “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6:4, ARC).
As três mensagens angélicas: nosso ponto de encontro
Para os adventistas do sétimo dia, as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 são o nosso Shemá – nosso ponto de união. Elas são a nossa declaração de fé distintiva, definem quem somos como povo e descrevem nossa missão para o mundo.
Encontramos nossa identidade profética distinta descrita em Apocalipse 14:6 a 12, e é aqui que encontramos nossa paixão para proclamar o evangelho ao mundo inteiro. Ellen G. White coloca desta forma: “Em sentido especial, os adventistas do sétimo dia foram postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incidiu a maravilhosa luz da Palavra de Deus. Foram incumbidos de uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Não existe nenhuma obra de tão grande importância. Eles não devem permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 9, p. 20).
Essas mensagens são urgentes, eternas e universais. O evangelho eterno está no cerne delas. O que é o evangelho? São as boas-novas eternas sobre a vida, a morte, a ressurreição, o ministério sumo sacerdotal e o breve retorno de Jesus. É a boa-nova de que Ele nos salva dos nossos pecados e nos capacita a vencê-los. Entender o evangelho é compreender o significado do imortal, insondável e inesgotável amor de Deus por nós.
O evangelho começa no coração de Deus. Antes de irmos a Ele, Ele vem até nós. Antes que O buscássemos, Ele estava nos procurando. Antes mesmo de fazermos qualquer movimento em direção a Ele, Deus estava nos atraindo para Si mesmo por meio do poder de Seu amor. O apóstolo João atesta essa verdade com estas palavras inesquecíveis: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4:10). Em Romanos 5, o apóstolo Paulo declara: “Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8).
No evangelho, Deus, em Cristo, toma a iniciativa de nossa salvação. Cristo viveu a vida perfeita que deveríamos ter vivido, morreu a morte que deveríamos ter morrido, nos atrai a Si por meio do Espírito Santo e, pelo Seu amor, graça e poder, transforma nossa vida. Por meio da cruz, é quebrado o domínio do pecado em nossa vida. Ao receber a graça de Deus, aceitar Seu sacrifício e crer em Sua promessa de vida eterna, nos tornamos Seus filhos.
Essa mensagem do evangelho eterno está no coração das três mensagens angélicas. Essas mensagens do tempo do fim são todas sobre Jesus. Elas nos levam a abandonar todo orgulho humano e justiça própria, e nos levam a confiar completamente em Jesus para nossa salvação. Além disso, nos motivam a aceitar pela fé Sua justiça no lugar de nosso comportamento injusto. A perfeição da vida de Cristo se torna nossa quando O recebemos como nosso Redentor crucificado. O evangelho nos convida a ir a Jesus exatamente como somos, mas não nos deixa na mesma condição. Em resposta ao amor de Jesus, desejaremos viver uma vida consagrada. Sua graça não cobre apenas nosso passado, mas também funciona como um princípio dinâmico em nossa vida, capacitando-nos a obedecer. O apóstolo Paulo deixa isso claro em Romanos 1:5: “Pelo qual (Jesus) recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo Seu nome” (ARC). A graça de Deus nos ensina que devemos viver “neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2:12, ARC). Essa é a incrível boa-nova do evangelho.
Quando somos salvos por Sua graça, atraídos pelo Seu amor e transformados pelo Seu poder, nossa resposta natural é compartilhar o que Cristo tem feito por nós. Nosso testemunho cristão é o transbordamento de um coração cheio do amor de Deus. Quando o evangelho quebra nosso coração duro e poluído pelo pecado, ansiamos por contar a história de Sua graça. Compreender o evangelho eterno é o fundamento de nosso testemunho ao mundo. O evangelho de Apocalipse 14:6 que é proclamado até os confins da Terra é um evangelho que cada um de nós experimentou pessoalmente. O cerne da lição desta semana é entender, experimentar e compartilhar o evangelho no contexto do breve retorno de Cristo.
PARTE III – APLICAÇÃO À VIDA
Para reflexão pessoal: Ao estudar esta lição com os alunos, é possível que muitos deles tenham se perguntado sobre sua salvação. Talvez eles não tenham a certeza de que seus pecados foram perdoados. Talvez tenham passado por tristezas profundas na vida e perguntado: “Onde estava Deus quando estávamos atravessando os vales escuros?” Ou ainda, será que é possível que os alunos estejam lutando contra algum hábito escondido ou atitude negativa que eles acreditam ser incapazes de superar?
Lembre aos alunos que o evangelho é para todos. O Cristo que morreu pelos outros, morreu por eles também. Ele ama cada um de Seus filhos. A Sua graça e Seu poder também são para todos.
Peça a um voluntário que leia em voz alta esta citação de Ellen G. White: “Jesus deseja que nos cheguemos a Ele como estamos, pecaminosos, desamparados e dependentes. Devemos ir com todas nossas fraquezas, leviandades e pecaminosidade, e, arrependidos, lançar-nos a Seus pés. Ele Se alegra ao envolver-nos em Seus braços de amor, curar nossas feridas e purificar-nos de toda impureza” (Caminho a Cristo, p. 52). Essa é a beleza do evangelho. Não precisamos temer. Jesus não está com o chicote da culpa para nos condenar. Ele está de braços abertos para nos envolver em Seu amor, nos perdoar, nos capacitar e nos enviar, nestes últimos dias, como Suas poderosas testemunhas para testificar da glória da Sua graça.
Peça a seus alunos que reflitam, na classe e durante a próxima semana, sobre as seguintes perguntas:
- Tenho a certeza da salvação neste momento? Se sim, por quê? Se não, o que me impede de acreditar que Jesus está esperando para curar minhas feridas e me envolver em Seus braços de amor?
- Como tenho testemunhado a outros do perdão, misericórdia e amor de Deus? Quais são outras maneiras de compartilhar de Sua graça com as pessoas ao meu redor?
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Encontrando o Deus da beleza
Violeta
Romênia | 8 de abril
Quando jovem, Violeta tinha medo de Deus. O cristianismo era proibido na então Romênia comunista, e ninguém falava sobre Deus com Violeta, exceto sua avó. Sua avó não tinha nada agradável para dizer sobre Deus.
“Se você fizer algo errado, Deus vai castigar você”, dizia a avó.
Violeta entendia que Deus era onipotente e onisciente e que Ele punia cada erro que as pessoas cometem.
Mas a imagem de Deus que sua avó tinha era contrária à beleza da natureza que Violeta observava enquanto crescia. Na primavera, ela via árvores brotando com folhas crescendo e, mais tarde, frutas deliciosas. Ela via como as folhas caíam no outono e os galhos ficavam vazios durante todo o inverno antes de voltarem à vida na primavera. Ela percebeu que Alguém deveria cuidar das árvores.
Os cantos dos pássaros também a impressionavam. Ela pensava que Alguém deveria ter ensinado cada pássaro a cantar uma melodia distinta. Ela percebeu as diferenças entre os humanos e os animais, que os humanos podiam pensar e os animais não podiam. “A capacidade de raciocínio deveria ter vindo de Alguém que criou os humanos para serem diferentes dos animais”, ela pensava. Ela decidiu que Ele deveria ser um Criador bom. Mas, então, ela se perguntou se seria possível que o Deus que fez a natureza fosse diferente do Deus que ela conhecia.
Já adulta, Violeta ia à igreja porque pensava que Deus a castigaria se não fosse. Ela não gostava muito; acendia velas e beijava ídolos. Ela adorava com medo e percebia que todos ao seu redor também adoravam por medo. Ela não encontrava nenhuma alegria nos rituais, mas não podia parar. Continuava ouvindo os avisos de sua avó: “Se você fizer algo errado, Deus vai castigar você”.
Aos 30 anos, Violeta sofreu um acidente de carro. Naquele dia, pela primeira vez, ela não usava cinto de segurança. Enquanto o carro capotava, ela pensou que ia morrer. Ela gritou: “Deus, me ajude!”
O carro foi destruído, mas ela rastejou para fora sem nenhum arranhão. Ela ficou em choque. Todos que viram o acidente ficaram em choque. O teto do carro estava amassado no lugar do banco onde ela estava sentada. Mas a força da batida a jogou para o banco do passageiro. Se estivesse usando o cinto de segurança, ela certamente teria morrido. Enquanto ela olhava para o acidente, uma mulher se aproximou e disse: “Deus a ama muito. Não demore. Busque-O e encontre-O”.
Violeta ouviu descrente. Ela percebeu que a mulher estava falando sobre outro Deus, não o irado que ela conhecia.
Ela começou a procurar Deus visitando várias igrejas. Ela conseguiu sua própria Bíblia e queria conhecer Jesus.
Em um verão, enquanto estava no Mar Negro de férias, ela percebeu que havia uma mulher vendendo livros em uma mesa na praia. Ela viu uma coleção de cinco livros sobre Jesus à venda e pediu para comprá-los.
“Você já leu algo de Ellen White?”, perguntou a vendedora.
Violeta reconheceu que não tinha lido. A vendedora pareceu impressionada por ela estar disposta a comprar todos os cinco livros da série Conflito sem saber nada sobre Ellen White.
“Posso te ligar mais tarde?”, perguntou ela.
Em casa, Violeta começou a ler O Desejado de Todas as Nações imediatamente. Ela queria saber mais sobre Jesus.
Depois de um tempo, a vendedora, Yulia, ligou para Violeta e convidou- -a para ir à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Violeta ficou impressionada com Yulia e com a igreja. Eles adoravam ao Deus da beleza e do amor, um Deus que combinava com a imagem que ela tinha do Deus que criou a natureza e a humanidade.
Violeta entregou seu coração ao Deus da beleza e do amor, o Deus da Bíblia, e se uniu à Igreja Adventista.
Hoje, ela dá estudos bíblicos, ensinando outros sobre o Deus da beleza e do amor que ela encontrou na Bíblia.
“Deus é o Criador, o Todo-Poderoso, mas Ele nos ama”, diz ela. “Este é o Deus que eu esperava encontrar quando era pequena. Eu acredito firmemente que Deus é amor.”
A educação, incluindo os estudos bíblicos, é uma parte importante da forma como os adventistas compartilham as boas-novas sobre o belo e amoroso Deus Criador na Romênia. Parte de sua oferta no décimo terceiro sábado ajudará a expandir a educação adventista abrindo uma escola e um centro educacional extracurricular na Romênia.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Use um mapa para mostrar os locais dos dois projetos de missão, uma escola de ensino fundamental e um centro educacional extracurricular, que receberão parte das ofertas do décimo terceiro sábado deste trimestre na Romênia. Você pode usar o mapa missionário (baixe o mapa no Facebook pelo site bit.ly/fb-mq) para mostrar as cidades de Moisei (escola de ensino fundamental) e Galati (centro educacional extracurricular).
- Saiba que Violeta trabalha meio período nos Centros de Influência Sola Scriptura, uma iniciativa na Romênia na qual os membros da igreja realizam estudos bíblicos, seminários de saúde e outras atividades em mais de 50 locais em todo o país. Os estudos bíblicos por meio da Sola Scriptura prepararam o caminho para seu batismo.
- Baixe outras fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Baixe as publicações sobre a missão e fatos rápidos da Divisão Intereuropeia: bit.ly/eud-2023.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2023
Tema Geral: As três mensagens do Apocalipse
Lição 3 – 8 a 15 de abril
O evangelho eterno
Autor: Moisés Mattos
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução: Nesta semana começamos um estudo mais detalhado das três mensagens angélicas. O tema da semana tem que ver com o evangelho eterno. Veremos o que isso significa nos tópicos a seguir.
I – O que é evangelho?
Derivada da palavra grega “euanggelion", evangelho significa boa-nova. É uma expressão enfatizada pelo cristianismo que não tem uma história longa fora do Novo Testamento. Segundo Barclay (William Barclay, Palavras-Chaves do Novo Testamento, p. 69), no grego clássico há, pelo menos, três sentidos: (1) Originalmente significava a recompensa dada a um mensageiro por ter trazido boas-novas; (2) Depois passou a significar os sacrifícios feitos aos deuses ao serem recebidas as boas-novas; (3) Mais tarde, no grego helenista, chegou a significar as próprias boas-novas.
Portanto, evangelho é notícia boa sobre o que Deus fez por nós dando o Seu Filho e nos garantindo o perdão dos pecados e a vida eterna.
Contudo, podemos ter problemas quando falamos de evangelho no contexto das mensagens angélicas. À primeira vista, o Apocalipse é juízo escaldante e não graça, amor e evangelho. Esta, pelo menos, é a opinião de muitas pessoas sobre o livro.
Um estudo cuidadoso, no entanto, nos possibilita dizer que o último escrito da Bíblia é todo sobre Jesus, Seu amor, Sua graça, e sobre a salvação que Ele oferece. Ele é o Cordeiro morto, Aquele “que nos ama e, pelo Seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1:5). Inclusive, não se pode olvidar que o Cordeiro (Jesus) é um Personagem destacado no livro. Uma breve pesquisa revela que o Cordeiro aparece pelo menos 30 vezes no Apocalipse a partir do capítulo 5.
A ênfase no Cordeiro sinaliza claramente que o Apocalipse é evangelho e não desgraça. Não é sem sentido que as mensagens angélicas começam com o evangelho, isto é, com as boas notícias a respeito de Jesus e da Sua salvação. Isso é graça pura. Inclusive, o texto de Romanos 3:24-26 destaca quatro pontos sobre essa graça salvífica: (1) Somos justificados pela graça; (2) A graça é uma declaração da justiça de Deus; (3) A graça justifica os que pela fé aceitam Jesus; (4) Deus demonstrou Seu amor por nós enquanto éramos pecadores. Tudo isso é reforçado no último livro da Bíblia com destaque para as três mensagens angélicas e sua mensagem de salvação.
II – Por que evangelho eterno?
O evangelho é eterno porque está ligado aos atos passados, presentes e futuros de Deus.
Paulo resume isso ao escrever aos Efésios e retratar os atos salvíficos de Deus em Efésios 1:4: “Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, Nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele.”
Pode-se dizer que, dentro do plano de Deus, o evangelho da salvação foi planejado mesmo antes do pecado. “O plano da nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi ‘a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos’ (Rm 16:25). Foi um desdobramento dos princípios que, desde os séculos da eternidade, têm sido o fundamento do trono de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 11).
O pecado não pegou Deus de surpresa. Tampouco foi Ele foi o responsável pela origem do mal, mas, em Sua onisciência, Ele previu a tragédia e preparou o plano de resgate desde tempos imemoriais. Os resultados desse plano se desenvolverão pela eternidade.
Conclusão
Em síntese, a mensagem de Apocalipse 14 é uma mensagem de justificação pela fé em Jesus Cristo. Isto é boa-nova. Esse evangelho é proclamado e os homens e mulheres precisam aceitá-lo pela fé. Essa fé envolve uma entrega e uma decisão. Ellen White captou essa verdade quando escreveu há 133 anos: “Vários me escreveram perguntando se a mensagem de justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e eu respondi: é a mensagem do terceiro anjo em realidade” (The Review and Herald, 1º de abril de 1890).
Diante desse imensurável amor de Deus, o desafio aos remanescentes fiéis é cumprir a missão de Apocalipse 14:6: “pregar aos que habitam na Terra, e a cada nação, tribo, língua e povo” o evangelho eterno do amor e do perdão do Deus criador e redentor. Esse verso tem motivado a missão da igreja em todo o mundo e nossos maiores esforços devem ser nessa direção (At 1:8; Mt 24:14; Ap 14:6). Aceitaremos o desafio?
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Moisés Mattos é mestre em Teologia e pós-graduado em gestão empresarial. Serve à Igreja Adventista há mais de 30 anos em diferentes funções. Atualmente exerce sua atividade como pastor na Igreja Central de São Carlos, SP, e produz os comentários da Lição da Escola Sabatina para o canal Classe de Professores, no YouTube. Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, é pai de Thamires e Lucas.