Lição 2
05 a 11 de abril
O fundamento de Gênesis
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: AP 11
Verso para memorizar: “No dia seguinte, vendo que Jesus vinha em sua direção, João disse: – Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29).
Leituras da semana: Is 40:7, 8; Gn 22:1-13; Jo 3:16; Ap 5:5-10; 1Co 15:15-19; Ap 12:1-9

Um dos principais problemas com muitas interpretações atuais das profecias do Apocalipse é que elas falham em compreender como o Apocalipse utiliza o AT. O autor bíblico estava familiarizado com o AT e utilizou conceitos que eram bem conhecidos por seu público.

Embora seja importante pesquisar toda a Bíblia em busca de passagens que se relacionem com o texto do Apocalipse que estamos estudando, algumas passagens específicas nos ajudam a compreender esse livro de forma mais eficaz. Isso é particularmente verdadeiro em relação ao livro de Gênesis, que revela como nosso mundo chegou ao caos do pecado. Quase todos os conceitos fundamentais mencionados no Apocalipse aparecem, de alguma forma, nos primeiros capítulos da Bíblia.

Nesta semana, vamos estudar alguns dos grandes conceitos que estão no centro da mensagem do Apocalipse. Vamos selecionar apenas alguns para ilustrar a importante verdade de que compreender os fundamentos do AT por trás do Apocalipse nos permite ver vários detalhes do texto bíblico. Cada um desses detalhes traz lições valiosas sobre a natureza da humanidade, de Deus e do conflito que ocorre no Universo e, portanto, em nossa vida também.

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Domingo, 06 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 12
O princípio da “primeira menção”

A maioria dos cursos de graduação começa com disciplinas gerais, que abordam questões básicas e amplas, formando a base para estudos posteriores à medida que o aluno se aprofunda naquela área. Da mesma forma, quando lemos a Bíblia inteira, vemos que Deus também apresenta uma disciplina introdutória no livro de Gênesis, onde Ele introduz ideias que serão tratadas em mais detalhes no restante da Bíblia.

De modo geral, na primeira vez que um conceito ou símbolo é mencionado na Bíblia, especialmente nos capítulos iniciais de Gênesis, descobrimos que esse texto nos dá uma compreensão geral de tal conceito, o que nos ajuda a entender como ele é usado em outras passagens da Bíblia.

Estudiosos se referem a isso como “lei da primeira menção”, embora seja mais apropriado chamá-la de princípio (ou padrão) em vez de lei, porque nem sempre se aplica e existem exceções à regra. No estudo geral da Bíblia, e mais especificamente das profecias, Deus transmite a verdade gradualmente ao longo da história, começando com um conceito básico e ampliando-o ao longo de anos ou séculos.

1. Leia Isaías 40:7, 8; Malaquias 3:6; Hebreus 13:8. Que princípio vemos nesses textos que nos ajudam a compreender melhor as profecias?

Hoje, grande parte da sociedade prefere falar sobre “credibilidade” em vez de “verdade”, pois muitos acreditam que a verdade é algo subjetivo, que pode mudar ao longo do tempo. Muitas vezes, até mesmo a existência da verdade é questionada.

No entanto, quando Deus estabelece a verdade, Ele não muda de ideia. Uma vez que Ele começa a ensinar a verdade, repetições de princípios ou temas não mudam seus significados, mas, em contraste, lançam mais luz sobre esses significados. Portanto, quando estudamos as profecias, faz sentido adquirir boa compreensão do livro de Gênesis, onde conceitos importantes são explicados pela primeira vez, e então aplicar essa compreensão fundamental enquanto exploramos o restante da Bíblia.

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Por que é importante não permitir que ninguém nem nada, não importa a boa intenção ou lógica, enfraqueça nossa fé na Bíblia e nas verdades infalíveis que ela ensina? Quais são algumas maneiras sutis pelas quais isso pode acontecer?
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Segunda-feira, 07 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 13
Compreendendo o amor de Deus

Herdar a natureza pecaminosa significa que nossa percepção do Universo foi contaminada por tendências ao egoísmo e ao orgulho. Enxergamos o mundo de uma perspectiva limitada, em vez da perspectiva onisciente de Deus. Talvez nenhum conceito tenha sido mais distorcido pela humanidade do que o amor. A cultura popular promove uma compreensão de amor que se concentra em realizações, não em promover o bem dos outros. Por isso, temos dificuldade em compreender o assunto da maneira como Deus o vê.

Entender a natureza do amor é uma chave importante para compreender a profecia. Um dos temas fundamentais do grande conflito é a distorção generalizada do caráter de Deus. Ellen G. White concluiu a série “Conflito dos Séculos” com estas palavras: “Desde o menor átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeita alegria, declaram que Deus é amor” (O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 560).

2. A palavra “amor” aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 22:2. O que essa história ensina sobre o amor de Deus? Gn 22:1-13

Às vezes, além de encontrar a primeira ocorrência de um conceito na Bíblia, pode ser útil encontrar a primeira menção desse conceito em livros específicos da Bíblia, especialmente nos evangelhos. A primeira menção de “amor” em cada um dos evangelhos está em Mateus 3:17, Marcos 1:11, Lucas 3:22 e João 3:16.

Por exemplo, a primeira vez que João menciona “amor” (Jo 3:16) é bastante reveladora: ela parece estar ligada à história de Isaque. A fé de Abraão em Deus era tão profunda que o fez acreditar que o Senhor seria capaz de ressuscitar seu filho caso o oferecesse em sacrifício (Hb 11:19). Essa história prefigurava o amor de Deus pela humanidade. Ele nos amou a ponto de dar o “Seu Filho Unigênito” e, então, O ressuscitou (em Gn 22:2, 12, 16, Isaque também é chamado de “único filho”). Assim, foi revelado o tipo de amor que Deus tem por nós – um amor que se sacrifica.

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Como expressar aos outros o amor sacrifical que Deus tem por nós? Isso é difícil?
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Terça-feira, 08 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 14
A pergunta de Isaque: onde está o cordeiro?

A primeira menção bíblica a um cordeiro (em hebraico, seh) ocorre na mesma história em que o amor é mencionado pela primeira vez (Gn 22). O cordeiro, claro, é um dos símbolos mais frequentes do Apocalipse, onde Jesus é chamado de “Cordeiro” mais de 20 vezes. Em uma das cenas mais poderosas do Apocalipse, quando João visita a sala do trono de Deus, nos capítulos 4 e 5, o Cordeiro desempenha o papel central.

3. A história de Isaque nos ajuda a entender como os cordeiros são usados de modo simbólico? Como essa história se relaciona com o que João viu em Apocalipse 5? Gn 22:7, 8; Êx 12:3-13; Ap 5:5-10

A primeira menção de um cordeiro na Bíblia se encontra na pergunta de Isaque: “Onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). O restante da Bíblia responde a essa pergunta em muitos detalhes. Os outros 38 livros do AT conduzem o leitor por um caminho em que a pergunta de Isaque é respondida com detalhes e de modo progressivo, desde os rituais da Páscoa até a ocupação da eira de Araúna por Davi e assim por diante. A história do AT é pontuada com inúmeras profecias messiânicas que preveem a ocasião em que a pergunta de Isaque seria respondida plenamente. Então, no NT, essa pergunta é respondida quando Jesus aparece em carne e osso, desenvolve um ministério entre Seu povo e entrega Sua vida em sacrifício na cruz.

Na primeira menção de um cordeiro em João (1:29-34), parece que João Batista estivesse respondendo à pergunta de Isaque, e o cenário não poderia ser mais apropriado: pecadores se arrependiam e eram batizados, simbolizando a morte para o pecado e o início de uma nova vida. De repente aparece Jesus, o Cordeiro de Deus, e os céus O anunciam (Mt 3:17). Observe que uma voz, do Anjo do Senhor, também anunciou do céu a solução para o problema de Abraão e Isaque (Gn 22:11-14).

Quando juntamos todas as peças, fica claro que Jesus, o Cordeiro de Deus, é nosso Substituto. Isso ajuda na compreensão do Cordeiro morto visto por João.

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Por que saber que Jesus é nosso Substituto é essencial para nossa salvação? Que esperança você teria se Ele não fosse seu Substituto, especialmente no juízo?
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Quarta-feira, 09 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 15
Lidando com a morte

Talvez o aspecto mais cruel de viver em um mundo separado do Criador seja o fato de que a morte nos espreita. Ela é o “salário do pecado” (Rm 6:23), a penalidade que recebemos por termos sido desconectados da única Fonte de vida: o Criador. Assim, a morte tem papel importante nas profecias – tanto sua realidade quanto, ainda mais importante, sua solução, encontrada apenas em Jesus e em Sua morte e ressurreição.

A primeira menção da morte na Bíblia e a primeira vez em que ela ocorreu lançam luz sobre esse tema importante nas profecias, nos ajudando a compreender a gravidade do pecado e nos dando ferramentas para entender como Deus solucionou esse problema.

4. Qual foi a primeira menção e a primeira ocorrência de morte? Por que as pessoas morrem, como Deus vê a morte e qual é a Sua solução para esse problema? Gn 2:15-17; 4:8-15; 1Co 15:15-19; Ap 1:18

Alguns dizem que “a morte é simplesmente parte da vida”. Isso não é verdade. A morte é o oposto da vida, a destruição da vida; é uma intrusa que nunca deveria ocorrer. Mesmo que estejamos acostumados com a morte, nosso coração protesta quando nos deparamos com ela, como se a humanidade percebesse, de modo coletivo, que existe algo fundamentalmente errado com a morte. Há alguns casos de morte que parecem ainda mais trágicos, como a morte de uma criança. Na maioria das vezes, esperamos que os pais morram antes dos filhos, pois essa é a ordem natural das coisas.

Contudo, a primeira morte registrada nas Escrituras vai contra o padrão normal. Antes de Adão e Eva morrerem, eles vivenciaram a tragédia da morte quando seu filho justo foi morto pelo irmão ímpio. Foi uma morte especialmente injusta.

Jesus, o Justo, foi morto pelos ímpios, assim como Abel. Que morte poderia ter sido mais injusta do que a de Cristo? Que paralelos vemos entre a morte de Abel e a de Cristo? Como a morte de Abel nos ajuda a entender por que Jesus possui as “chaves da morte e do Hades [sepultura]” (Ap 1:18, NVI) e o que Deus nos oferece Nele?

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Sem que o problema da morte seja resolvido, por que nossa vida é, em última análise, inútil, sem sentido e fútil? Somos gratos pela solução que Jesus nos oferece?
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Quinta-feira, 10 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 16
A serpente

A questão da adoração é um dos assuntos centrais do Apocalipse. O “dragão” é identificado como aquele que promove falsos sistemas de adoração (Ap 13:2-4), e não é por acaso que o Apocalipse o descreve como serpente. Essa imagem nos leva de volta ao jardim do Éden, onde uma serpente entrou no paraíso e convenceu Adão e Eva a segui-la na rebelião contra o Criador.

5. Compare Gênesis 3:1-5 com Apocalipse 12:1-9. Quais são os temas comuns nesses relatos? Os detalhes da menção à serpente em Gênesis nos ajudam a compreender as questões que levaram à guerra no Céu?

Existem dois relatos em que Satanás leva o mundo inteiro para o caminho errado. O primeiro está em Gênesis, quando existiam apenas duas pessoas. O segundo é apresentado em Apocalipse 12 e 13, em que Satanás é identificado como o “sedutor de todo o mundo” (Ap 12:9) e como aquele que dá poder à besta do mar, de modo que “toda a terra se maravilhou, seguindo a besta” (Ap 13:2, 3). Um dos temas das profecias é a natureza imutável do grande conflito. O caráter de Deus e Sua Palavra não mudam, nem as ambições de Satanás.

Felizmente, a natureza do grande conflito não muda, e as Escrituras proféticas nos trazem todas as informações necessárias. Por isso, podemos compreender o mundo e reconhecer as armadilhas espirituais. Deus sempre será quem Ele é, e isso também é verdade em relação ao inimigo. Satanás pode usar mil disfarces, mas milênios de história de pecado, juntamente com o cenário profético descrito no Apocalipse, mostram que ele nunca se desviou das estratégias que usou no Éden. Deus nos prometeu sabedoria e discernimento (Tg 1:5), e armados com a certeza das Escrituras, não precisamos cair nas mentiras do diabo. Apesar disso, infelizmente muitos já caíram nessas mentiras, e muitos outros – a maior parte da humanidade – ainda cairão.

A cultura e os padrões sociais mudam; coisas antes aceitáveis se tornam inaceitáveis, e vice-versa. Considerando que as questões centrais e os participantes do grande conflito não mudam, como avaliar as mudanças no cenário cultural? Ainda encontramos hoje as mentiras originais do Éden, de que jamais morreremos e seremos como Deus?

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Sexta-feira, 11 de abril
Ano Bíblico: RPSP: AP 17
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 368-376 (“O Apocalipse”).

Muitas religiões lidam com ideias, sem se preocupar com a história. Já a religião cristã está alicerçada em eventos históricos. A Bíblia é o registro das interações de Deus com a humanidade na história, e ao estudar milhares de anos dessas interações, aprendemos sobre o caráter imutável de Deus.

Alguns se queixam de que estão cansados de ouvir as mesmas coisas. Quando ouvem pregações sobre nossa mensagem, pensam que não têm nada para aprender. Contudo, o fato de nossa mensagem ser imutável e consistente não significa que ela seja simplista ou pouco desafiadora. Quando estudamos informações transmitidas pela mente de um Deus infinito, percebemos que nunca esgotaremos um assunto.

O Apocalipse foi escrito para alicerçar a igreja em sua mensagem histórica para todos os tempos. “Alguns dos obreiros mais jovens [...] cansaram-se das verdades tantas vezes repetidas. Buscando algo novo e estimulante, procuraram introduzir novas propostas de doutrina” (Atos dos Apóstolos, p. 369). O Apocalipse é um livro sobre o futuro e sobre o passado, projetado para nos fortalecer na fé, para que não sejamos levados pelo desejo de buscar originalidade.

Perguntas para consideração

1. Quando estudamos as Escrituras, adquirimos novas informações e entendimentos. Como equilibrar o desejo de aprender coisas novas com a importância de permanecer alicerçados nas verdades que já compreendemos?

2. Como a igreja deve responder a novas interpretações das profecias? Embora sempre exista mais a aprender, como saber se a nova luz é verdadeira ou se é um erro?

3. Um marinheiro que estava morrendo disse ao médico: “Sou órfão. Depois que eu morrer, quem se lembrará de mim?” O médico respondeu: “Sempre me lembrarei de você.” Mas o médico morreria, junto com a memória do órfão. Esse relato nos ajuda a perceber que a vida seria fútil e não teria sentido se a morte tivesse a palavra final?

Respostas às perguntas da semana: 1. Deus não muda, e a Sua Palavra permanece para sempre. Para compreender uma parte da Bíblia, devemos estudar outras partes dela. 2. A palavra “amor” ocorre pela primeira vez na Bíblia na história de Isaque. Abraão estava disposto a oferecer seu filho em sacrifício, prefigurando o amor de Deus pela humanidade. 3. Nas histórias de Isaque e do êxodo, Deus providenciou um cordeiro que morreria em lugar de Isaque e dos israelitas. Esse animal representa o verdadeiro Cordeiro de Deus, que é nosso Substituto. 4. A morte é o oposto da vida e é o salário do pecado. Cristo venceu a morte e promete vida eterna a todos os que creem Nele. 5. Alguns dos temas comuns são: mulher, serpente e engano. Desde o início, Satanás utiliza as mesmas armas no conflito contra Deus, especialmente o engano.

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Resumo da Lição 2
O fundamento de Gênesis

TEXTO-CHAVE: João 1:29

FOCO DO ESTUDO: Gn 22:1-18; Jo 3:16

ESBOÇO

Introdução: Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, contém verdades fundamentais que formam o núcleo da mensagem profética e de salvação das Escrituras. Desde a narrativa cósmica da criação (Gn 1–2), na qual Deus transformou o caos e o vazio em vida, até a história de José, na qual Deus trouxe redenção em meio a ações malignas (Gn 50:20), o livro de Gênesis testemunha o plano divino da salvação. No meio do livro, a história do sacrifício de Isaque (Gn 22:1-18) estabelece os temas básicos desse plano.

Na lição desta semana, descobriremos os vários temas do plano da salvação de Deus conforme eles emergem da história dramática da Akedah (“sacrifício de Isaque”). O primeiro tema é “amor”, do qual deriva todas as demais ações de Deus.

Nessa história, a palavra hebraica ‘ahab, “amor”, é usada pela primeira vez na Bíblia, especificamente, no discurso de Deus referindo-se ao amor de um pai (Gn 22:2).

O segundo tema da Akedah é a expressão do amor de Deus através do sacrifício de Seu Filho, que é ilustrado por Isaque em sua identificação com o cordeiro (Gn 22:7-10). O terceiro tema é a manifestação real do amor de Deus na história, especificamente, no grande conflito que colocará a “semente” em oposição à serpente e terminará com a vitória da “semente” sobre o mal e a morte. Esse evento é descrito no aparecimento inesperado do “carneiro” (Gn 22:13), que ilustra o evento escatológico do Dia da Expiação.

COMENTÁRIO

O amor de Deus

É impossível compreender plenamente o amor de Deus, pois é impossível “compreender [...] qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade – e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3:18, 19). No entanto, é significativo que o verbo ’ahab, “amar”, apareça pela primeira vez nas Escrituras em referência ao amor de um pai – o amor de Abraão por Isaque, seu “único filho” (Gn 22:2). É nesse contexto específico do amor de Abraão por seu filho único que a qualidade do amor de Abraão por Deus seria “testada” e, assim, revelada (Gn 22:1; compare com Gn 22:12).

Mas não era apenas o amor de Abraão por Deus que deveria ser testado e revelado. Durante a experiência pessoal de Abraão, o amor de Deus também foi revelado a Abraão.

Ele entendeu, então, a profundidade do amor de Deus. Como Ellen G. White explica: “Foi para impressionar a mente de Abraão com a realidade do evangelho e para provar sua fé que Deus mandou que ele matasse seu filho. A aflição que ele sofreu durante os dias tenebrosos daquela terrível prova foi permitida para que compreendesse por sua própria experiência algo da grandeza do sacrifício feito pelo infinito Deus para a redenção do ser humano. [...] Que prova mais forte se pode dar da infinita compaixão e do amor de Deus?” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 122, ênfase acrescentada).

Deus não deu a Abraão uma explicação filosófica, teológica ou psicológica de Seu amor. Deus escolheu permitir que Abraão suportasse (em seu nível finito) o que Deus deveria suportar (em Seu nível “infinito”). Esse paralelo entre Abraão, que ofereceu seu “único filho”, a quem ele amava, e Deus, que ofereceu Seu único Filho, a quem Ele ama (Jo 5:20), é enfatizado por João, que usa a mesma linguagem (intertextualidade) em sua definição de amor: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’” (Jo 3:16; compare com 1Jo 4:9).

O Cordeiro de Deus

O título “Cordeiro de Deus” é usado por João Batista para identificar Jesus: “No dia seguinte, vendo que Jesus vinha em sua direção, João disse: – Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29; compare com Jo 1:36). É interessante e significativo que a referência a um “cordeiro” apareça pela primeira vez nas Escrituras no contexto da história de Isaque para se referir ao sacrifício de “um holocausto” (Gn 22:7). No entanto, não é a primeira vez que um cordeiro é usado como sacrifício. É provável que Abel tenha oferecido um cordeiro para holocausto (Gn 4:4; compare com Nm 18:17). Mas é a primeira vez que a palavra ?ê, “cordeiro”, é explicitamente mencionada. É também a única passagem da Bíblia em hebraico em que a palavra ?ê, “cordeiro”, é definida. Todas as outras passagens das escrituras que contêm essa palavra a usam em um sentido indefinido. Esse caso único testifica uma aplicação especial e única. Isaque (com Abraão) se refere a um cordeiro único que transcende todos os outros.

O fato de que a palavra “cordeiro” é usada por João em seu Evangelho (Jo 1:29, 36), e especialmente em Apocalipse (23 vezes), no sentido definido como “o cordeiro”, sugere que João está aludindo ao “cordeiro” da pergunta de Isaque, “Onde está o cordeiro?” (Gn 22:7). Essa relação intertextual nos permite supor que “o cordeiro” de Isaque se refere ao Filho de Deus, conforme entendido por João. Essa interpretação é, de fato, confirmada na resposta de Abraão à pergunta de Isaque: “Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto” (Gn 22:8).

A construção da frase de abertura da declaração de Abraão em Gênesis 22:8 é particularmente reveladora. Primeiro, embora o hebraico normalmente coloque o verbo em primeiro lugar, seguido pelo sujeito, aqui a palavra “Deus” é colocada no início da frase antes da forma verbal para enfatizar o fato de que a solução está somente em Deus. É Deus quem proverá. Outro ponto é que essa frase de abertura de Gênesis 22:8 tem a mesma construção reflexiva que a frase lek leka, “vai tu mesmo”, que introduziu o chamado de Deus (Gn 22:2; compare com Gn 12:1, tradução literal do autor). Nesse caso, a frase em Gênesis 22:8 poderia ser traduzida da seguinte forma: “Deus Se verá como o Cordeiro” (aposição), o que significa que Deus proverá a Si como o Cordeiro. Sendo assim, identificamos Deus como o Cordeiro. Portanto, o Cordeiro mencionado aqui não é apenas o animal físico que Isaque tinha em mente; é o próprio Deus.

A vitória de Deus

Isaque esperava que um cordeiro fosse provido por Deus. No entanto, em vez disso, apareceu um carneiro: “Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro” (Gn 22:13). A aparência do carneiro aponta para o carneiro do Dia da Expiação (Lv 16:3, 6). Há de fato uma conexão intertextual única entre essa passagem do sacrifício de Isaque e o texto do Dia da Expiação. Mais do que qualquer outra passagem bíblica, o texto da amarração de Isaque compartilha uma linguagem comum com o texto do Dia da Expiação. Encontramos a mesma associação das palavras ‘olah, “oferta queimada” (Gn 22:13; compare com Lv 16:3, 5); ra’ah, “aparecer”, na mesma forma passiva niphal (Gn 22:14; compare com Lv 16:2); e yiqqakh “ele tomou” (Gn 22:13; compare com Lv 16:5). Essa importante conexão intertextual entre as duas passagens indica que o escritor da legislação do Dia da Expiação, em Levítico 16, tinha o texto do sacrifício de Isaque em mente.

Por outro lado, é digno de nota que o texto do sacrifício de Isaque também está presente no texto de Daniel 8, que é uma profecia precisamente a respeito do Dia da Expiação escatológico. A primeira linha que introduz a visão de Daniel, “Levantei meus olhos e vi, e eis um carneiro” (v. 3), claramente alude ao texto do sacrifício de Isaque, dado que a frase de Daniel é uma citação de Gênesis 22:13. Essa alusão ao texto do sacrifício de Isaque é ainda mais reforçada pelas importantes conexões intertextuais entre Levítico 16 e Daniel 8 (veja especialmente o uso comum do verbo ra’ah, “viu”, uma palavra-chave em ambas as passagens). À luz de Daniel 8, entendemos, então, que o carneiro na história da Akedah aponta tipologicamente para o Dia da Expiação escatológico. 

Essa perspectiva cósmica é de fato confirmada na bênção divina que conclui o texto da Akedah (Gn 22:17). A bênção prometida por Deus diz respeito não apenas aos futuros descendentes do próprio Abraão, mas também ao futuro das nações. O Senhor promete que a semente de Abraão “possuirá o portão dos seus inimigos”. Essa promessa se refere à vitória de Cristo sobre a serpente e à vitória da vida sobre a morte, previstas em Gênesis 3:15. A história do sacrifício de Isaque leva, então, à expiação final para o povo de Deus durante o Dia da Expiação
escatológico (compare com Dn 8:14). Esta lição parece ter sido mantida na epístola aos Hebreus, que aplica a bênção final da Akedah (Hb 6:14) ao momento extraordinário do Dia da Expiação, durante o qual o Sumo Sacerdote podia penetrar “além do véu” (Hb 6:19; compare com Lv 16:2, 15).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Leia os seguintes comentários sobre os silêncios e as perguntas de Isaque a Abraão em Gênesis 22:6-8. Que lições espirituais esses silêncios e perguntas nos ensinam?

Gênesis 22:6: “Os dois caminhavam juntos”. A frase ocorre duas vezes (Gn 22:6, 8) e soa trágica, enfatizando a caminhada silenciosa de pai e filho.

Gênesis 22:7, 8: Isaque rompeu o silêncio. Em Gênesis 22:7 e 8, o silêncio é finalmente quebrado pela voz de Isaque. Seu diálogo nesses dois versículos constitui a primeira e única vez que Isaque fala nessa história:

“Isaque rompeu o silêncio e disse a Abraão, seu pai: – Meu pai!” (Gn 22:7). Quando Isaque fala pela primeira vez, ele inicialmente pronuncia uma palavra em hebraico ’abi, “meu pai!”, que nos lembra de seu relacionamento com Abraão, que está se preparando para o abate.

“Abraão respondeu:Eis-me aqui, meu filho” (Gn 22:7). As palavras “meu filho” (beni) correspondem às palavras “meu pai” (’abi). Apesar do compromisso de morte, o pai ama seu filho, e a intensidade desse amor por seu único filho torna o sacrifício ainda mais doloroso (compare com Jo 5:20).

Isaque perguntou:Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). Essa pergunta é outra maneira de se referir à realidade inexprimível, sem ter que declarar explicitamente: “Sou eu o cordeiro?”

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De azarado a amado

Tailândia | Chhaina

Chhaina cresceu odiando o nome de Jesus Cristo. Chhaina pertencia a uma importante religião mundial no Camboja, e ele e sua família odiavam o cristianismo.

Mas então a família de Chhaina passou a odiá-lo.

Tudo começou quando o avô de Chhaina morreu repentinamente. Chhaina amava seu avô e passava muito tempo com ele. Mas na religião deles, se você passa muito tempo com alguém e algo ruim acontece, você é considerado responsável. A família de Chhaina se perguntou se o menino era azarado.

Então o tio de Chhaina morreu repentinamente. Chhaina havia passado muito tempo com seu tio. Agora sua família realmente começou a se perguntar se ele era azarado.

Então os pais de Chhaina faliram. Eles venderam tudo o que possuíam, mas, ainda endividados, cruzaram a fronteira para a Tailândia para trabalhar em uma fábrica de televisão. Chhaina foi instruído a ficar para trás.

"Sua vida não trouxe paz, mas apenas destruição", disse um membro da família.

"Você nunca deveria ter nascido", disse outro.

Chhaina tinha 18 anos. Ele se sentia muito sozinho.

Então um amigo o convidou para aulas de violão em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia. Chhaina se sentiu dividido. Ele sabia que os adventistas amavam Jesus. Ele odiava Jesus. Mas ele amava o violão e queria muito aprender a tocar.

Ele foi para a Igreja Adventista.

Depois disso, ele não perdeu uma aula de violão na igreja. Ele gostou imediatamente do pastor e de sua esposa. Eles falaram sobre um Jesus que era muito diferente daquele sobre o qual ele havia ouvido falar de seus pais. Eles disseram que Jesus não amava apenas as pessoas
que O amavam; Jesus também amava as pessoas que O odiavam. Seu amor era tão grande que Ele morreu para que mesmo as pessoas que O odiavam pudessem viver eternamente.

Chhaina começou a ir à igreja todos os sábados. O amor por Jesus cresceu em seu coração, e ele foi batizado. Ele orou para se reunir com seus pais. Ele queria que eles o aceitassem sem se preocupar que ele fosse azarado. "Quero minha família de volta", ele orava todos os dias.
"Prometo servi-Lo pelo resto da minha vida e não servir a nenhum outro deus."

Mas Jesus parecia tão silencioso. Chhaina não tinha uma compreensão completa do papel da fé na vida cristã. A religião tradicional de sua família dava grande ênfase às obras. Então, enquanto orava, ele decidiu provar por meio de suas obras que era digno de uma resposta. Ele
se voluntariou para o projeto Um Ano em Missão, uma iniciativa da igreja na qual passou um ano em serviço missionário. Em seguida, ele ajudou um missionário francês a distribuir Bíblias no Camboja. Ele esperava que seu trabalho na igreja convencesse Jesus a responder às suas orações. Mas Jesus parecia tão silencioso. Às vezes, Chhaina se sentia chateado e orava: "Estou fazendo muito por Ti. Por que não fazes nada por mim?".

Depois de cinco anos, os pais de Chhaina retornaram ao Camboja. Eles não tiveram escolha. As autoridades da Tailândia não renovaram seus vistos de trabalho. Sem terra ou casa, eles aceitaram um convite de Chhaina para ficar com ele em sua casa alugada. Não importava
mais se ele não tinha sorte. Eles não tinham mais para onde ir. 

No sábado, Chhaina convidou seus pais para ir à igreja. "Vocês não têm dinheiro, mas encontraremos comida para todos nós lá", disse ele.

Os membros da igreja receberam calorosamente seus pais, e seus pais desfrutaram da refeição de comunhão. No sábado seguinte, eles voltaram para mais comida e comunhão, e seus corações começaram a amolecer. O Jesus de quem ouviram falar na igreja era muito diferente do Jesus que odiaram por tantos anos. Um ano se passou, e os pais de Chhaina foram batizados.

Foi o maior milagre que Chhaina poderia ter imaginado. Jesus não apenas respondeu à sua oração para trazer seus pais de volta ao Camboja, mas também conquistou seus corações. Jesus tinha feito muito mais do que ele havia pedido. Com espanto, ele percebeu que Jesus
havia respondido às suas orações não por causa de algo que ele havia feito, mas por causa de quem Jesus é.

Hoje, Chhaina não se sente mais azarado. Ele se sente amado. Ele não esqueceu sua promessa de servir a Jesus pelo resto de sua vida. Hoje, ele está estudando Teologia na Universidade Internacional Ásia-Pacífico, na Tailândia, em preparação para uma vida de serviço missionário.

Chhaina está entre os milhares de estudantes que estudaram na Universidade Internacional Ásia-Pacífico por causa de uma oferta do trimestre. Parte dessa oferta de 1988 ajudou a construir o campus do que era então chamado de Thailand Mission College. A oferta do trimestre continua a abençoar Chhaina e muitos outros 36 anos depois. Obrigado por ser fiel com sua doação missionária.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre no mapa as localizações do Camboja e da Tailândia. Em seguida, mostre a cidade tailandesa de Muak Lek, onde fica a Universidade Internacional Ásia-Pacífico.
• Pronuncie Chhaina da mesma forma que o país da China em inglês.
• Assista a um pequeno vídeo no YouTube com Chhaina em: bit.ly/Chhaina-SSD.
• Baixe fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os Fatos Rápidos da Divisão Sul-Asiática do Pacífico: bit.ly/ssd-2025.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2025

Tema geral: "Alusões, imagens e símbolos"?

Lição 2 – 5 de abril a 11 de abril

O Fundamento de Gênesis

 

Autor: Elton de Lima Alves Júnior

Editor: Lucas Diemer

Revisora: Rosemara Santos

 

O uso que o Novo Testamento faz do Antigo aparece em citações, alusões e ecos. Diferentemente das citações que são explícitas, as alusões e ecos são identificados por palavras, frases e conceitos. Esses elementos têm implicações para a interpretação do texto profético.

Nenhum livro do Novo Testamento faz tanta referência ao Antigo como o Apocalipse. Esse livro foi organizado para ser lido em constante conexão com o texto veterotestamentário (Richard Bauckham, The Climax of Prophecy: Studies on the Book of Revelation [T&T Clark, 1993], p. xi). Estudiosos estimam que, pelo menos, 68,81% do livro alude ao Antigo Testamento. Ou seja, dos 404 versos do livro, 278 transmitem conceitos do Antigo Testamento.

Entre os livros a que João faz referência, Gênesis exerce um importante papel. Diversos temas no livro do Apocalipse possuem relação com o primeiro livro da Bíblia. Alguns desses temas são: a adoração (Ap 4:11; 5:13; 14:7); a autoridade universal de Deus (Ap 10:6); a relevância dos mandamentos (Ap 12:17) e a natureza do grande conflito (Ap 12 e 13).

Contudo, há outros conceitos que têm origem no primeiro livro das Escrituras Sagradas, os quais destacaremos a seguir.

 

Primeira menção

O livro de Gênesis lança as bases para os conceitos bíblicos posteriores, especialmente aqueles presentes nas profecias. Assim, o que se desenvolve ao longo das Escrituras é, em muitos sentidos, desdobramento desses conceitos iniciais. Por isso, compreender sua mensagem é essencial para quem busca interpretar a Bíblia e suas profecias.

Entre essas ideias, algumas podem ser mencionadas. A primeira envolve a relevância dos mandamentos de Deus, pois Apocalipse 12:17 claramente alude a Gênesis 3:15 e seu contexto, que inclui Gênesis 2:16 e 17. Esse paralelo destaca a necessidade de obediência, inclusive num contexto de perfeição e salvação. A segunda demonstra a natureza da relação que Deus sempre desejou ter com o ser humano. Textos como Gênesis 2:16 e 3:8 sugerem uma relação próxima da divindade com a humanidade, algo que Deus restaurará na Nova Jerusalém (Ap 21:3, 4). A terceira trata do modus operandi divino ao julgar, uma vez que Gênesis 3 e 4 revelam que o juízo divino é precedido por uma investigação dos fatos, evidenciando que Deus trabalha com evidências. Esse princípio é explicado melhor em Daniel 7 e Apocalipse 20.

Finalmente, é preciso destacar que esses e outros conceitos indicam que Deus não muda. Sua vontade é perfeita e Seus planos são dignos de aceitação. Por isso, Ele é digno de confiança.

 

O amor de Deus

Entre as principais informações que Gênesis transmite ao leitor, o amor e o caráter de Deus se destacam. Esses aspectos são revelados de diversas maneiras, sobretudo na história da tentação e da queda. O termo, a princípio, não é explicitamente usado, mas acaba aparecendo pela primeira vez em Gênesis 22.

            A história da tentação e da queda em Gênesis 3 demonstra a natureza do amor divino. Ali, Eva enfatizou que do fruto de todas as árvores do jardim ela e seu marido podiam comer (Gn 3:2). Essas árvores criadas por Deus eram “agradáveis à vista e boas para alimento” (Gn 2:9), e seu fruto podia ser comido “livremente” (Gn 2:16). Isso demonstra que o amor de Deus se manifesta por Sua generosidade e provisão. No entanto, a serpente tenta distorcer essa realidade ao sugerir que Deus proibiu todos os frutos (Gn 3:1).

            Mais adiante, o texto acrescenta que esse amor também envolveria a chegada do descendente da mulher (Gn 3:15). Seria Alguém com uma natureza distinta daquela que o ser humano adquiriu após o pecado, conforme o texto sugere, aparentemente (Gn 3:22). A necessidade da fé Nele também está implícita no relato. Além disso, Gênesis introduz a função substitutiva desse descendente, representado como “o cordeiro” (Gn 22:7). É sobre esse aspecto que nos voltamos agora.

 

Onde está o cordeiro?

Um dos símbolos favoritos para Jesus no Apocalipse é “Cordeiro”. O termo é usado 28 vezes para Cristo. A única vez que isso não ocorre aparece em Apocalipse 13:11. Por que João utiliza essa imagem para se referir a Jesus? A razão principal está no primeiro livro das Escrituras.

De modo intencional, Gênesis 22:7 utiliza a expressão “o cordeiro”. No contexto, ele seria providenciado por Deus, para Si mesmo. Esse cordeiro substituiu a Isaque no holocausto, sendo oferecido em seu lugar para salvá-lo da morte. O ponto em destaque é que as promessas feitas a Abraão só poderiam ser alcançadas porque Deus proveu “o Cordeiro”.

            Por isso, o Apocalipse deixa claro que o sacrifício do Cordeiro é um símbolo de vitória sobre a morte e as forças do mal (Ap 5). Contudo, os benefícios desse sacrifício só podem ser obtidos pela fé no descendente da mulher, o cordeiro. Essa fé implica segui-Lo “por onde quer que Ele vá” (Ap 14:5), algo que o dragão, a antiga serpente, tem tentado impedir desde o princípio.

 

A serpente

            As Escrituras destacam duas realidades sobre o diabo: primeiro, ele deseja ser adorado como Deus; segundo, ele não muda suas estratégias. Um comparativo entre Gênesis e Apocalipse aponta nessa direção.

Em Gênesis, a serpente é a primeira criatura a falar depois de Deus. E fala como Deus. Contudo, para dizer exatamente o contrário. Se Deus proibiu um fruto e autorizou todos os demais (Gn 2:16; 3:3), a serpente sugere que todos estão proibidos (Gn 3:1). Se Deus diz que, ao comer do fruto proibido, o primeiro casal morreria (Gn 2:17), a serpente diz que eles, quando comerem (Gn 3:5), terão seus olhos abertos e não morrerão (Gn 3:4).

O motivo pelo qual o diabo age dessa forma, utilizando a serpente, é seu desejo de ser seguido e adorado. Ele quer que sua palavra tenha o mesmo peso da Palavra divina. Seu desejo é ser tratado como Deus. O texto de Apocalipse 13:4 evidencia isso, mostrando que suas ações resultam na adoração que lhe é prestada.

            Isso revela sua estratégia, aparentemente repetida ao longo dos séculos. Primeiro, o diabo leva o ser humano a questionar a Palavra de Deus, com suas insinuações contrárias a ela. Só então revela sua verdadeira intenção. As tentações feitas a Jesus também seguem esse mesmo padrão. O diabo parte da Palavra de Deus no batismo de Jesus e, então, apresenta seu verdadeiro desejo: ser adorado (Mt 4:1-11 e Lc 4:1-13).

 

Conclusão

Assim como lentes e óculos ajudam as pessoas a enxergar melhor, o Antigo Testamento, especialmente o livro de Gênesis, oferece auxílio para a compreensão do Apocalipse. Por isso, ao estudar as profecias, use essas lentes com mais frequência. Afinal, quem não conhece o início jamais entenderá o fim. Sigamos firmes nessa jornada!

 

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Elton Júnior é pastor adventista. Formou-se Bacharel em Teologia pelo UNASP-EC, em 2008. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Trabalhou em diversas funções em Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. É Mestre em Interpretação Bíblica pelo UNASP. Atualmente mora em Santiago, servindo como Secretário Executivo da União Chilena, desde 2023. É casado com Gisselle, pedagoga. O casal tem três filhos: Isaac, Rebecca e Giovanna.