Por meio de intenso estudo da Bíblia, os adventistas compreenderam o significado da lei no lugar santíssimo do santuário celestial. Examinando o coração da lei, também descobriram o significado da observância do sábado. O quarto mandamento, mais do que qualquer outro, identifica Deus como Criador, o fundamento da verdadeira adoração – um tema especialmente relevante nos últimos dias da história (Ap 14:6-12).
O objetivo de Satanás desde o início tem sido impedir a adoração a Deus mediante a subversão da lei divina. Ele sabe que tropeçar “em um só ponto” significa ser “culpado de todos” (Tg 2:10); assim, encoraja as pessoas a transgredir a lei. Satanás odeia o sábado porque ele relembra a existência de um Criador e de como Suas criaturas deve m adorá-Lo. Mas esse mandamento também está preservado na lei no lugar santíssimo do santuário celestial. Visto que a lei é o que define o pecado, desde que as pessoas busquem ser fiéis a Deus, Sua lei deve continuar sendo válida, incluindo o mandamento do sábado.
O objetivo desta lição é mostrar a ligação entre o santuário, a lei de Deus, o sábado e a crise vindoura relacionada com a marca da besta. Também examinaremos a relevância do Dia do Senhor para a geração do fim dos tempos.
*Esta lição se baseia nos capítulos 25 a 27 do livro O Grande Conflito.
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1. O que está na arca da aliança, no lugar santíssimo do santuário? Ap 11:19; Êx 25:16; 31:18; Ap 12:17
O Dia da Expiação era um dia de juízo. Israel devia participar desse evento com arrependimento, exame de consciência e abstenção do trabalho (Lv 23:29-31). Somente nesse dia, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo para fazer expiação pelo pecado. No compartimento mais interior do santuário, estava a arca da aliança. Nela havia os Dez Mandamentos, escritos em tábuas de pedra. A tampa dourada da arca era chamada de propiciatório, onde se aspergia sangue para purificar o santuário do pecado. A presença de Deus Se manifestava na Shekinah, a glória divina sobre o propiciatório. Cada sacrifício oferecido revelava a misericórdia de Deus para com o ser humano pecador, mas o Dia da Expiação mostra que o pecado é lembrado até o dia do juízo (Hb 10:3). De fato, o pecado seria completamente removido séculos depois, somente por meio do sangue de Cristo, quando Ele morreu na cruz. É pela fé em Seu sangue que podemos ser purificados do pecado (1Pe 1:18, 19). Na presença de Deus, a misericórdia e a justiça combinam-se harmoniosamente.
Ao olhar para o santuário celestial, João viu “o santuário de Deus” e a “arca da Sua aliança” (Ap 11:19). Ellen G. White escreveu: “Dentro do santo dos santos, no santuário celestial, a lei divina está sagradamente guardada – a lei que foi pronunciada pelo próprio Deus em meio aos trovões do Sinai e escrita por Seu próprio dedo nas tábuas de pedra. A lei de Deus que se encontra no santuário celestial é o grandioso original, do qual os preceitos inscritos nas tábuas de pedra, registrados por Moisés no Pentateuco, eram uma cópia exata. Os que chegaram à compreensão desse ponto importante foram levados a ver o caráter sagrado e imutável da lei divina” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 365).
À medida que os primeiros crentes adventistas estudavam os ensinamentos bíblicos sobre o santuário, perceberam o significado da lei de Deus e do sábado. Eles raciocinaram que, se a lei de Deus tinha sido retratada na arca da aliança no santuário celestial, certamente não podia ter sido eliminada na cruz.
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2. Leia Mateus 5:17, 18; Salmo 111:7, 8; Eclesiastes 12:13, 14; 1 João 5:3 e Provérbios 28:9. Qual deve ser a relação do cristão para com a lei?
Os adventistas seguem os passos dos reformadores que defendiam a santidade da lei. João Wesley afirmou: “A lei ritual ou cerimonial, entregue por Moisés aos filhos de Israel, contendo todas as injunções e ordenanças relacionadas aos antigos sacrifícios e serviços do templo, nosso Senhor veio destruir, dissolver e abolir. [...] Mas a lei moral, contida nos Dez Mandamentos, e reforçada pelos profetas, Ele não removeu. Não era o objetivo de Sua vinda revogar alguma parte dela. Essa é uma lei que nunca poderá ser quebrada; que resiste, como uma testemunha fiel nos céus. [...] Cada parte dessa lei deve permanecer em vigor, sobre toda a humanidade, e em todas as épocas; não dependendo de tempo ou lugar; ou quaisquer outras circunstâncias, sujeitas a mudanças; mas da natureza de Deus e da natureza do homem, e da relação imutável para com um e outro” (John Wesley, O Sermão do Monte [Vida, 2012], p. 128).
3. Compare Êxodo 34:5-7 com Romanos 7:11, 12; Salmos 19:7-11; 89:14; 119:142, 172. Qual é a relação entre a lei de Deus e o Seu caráter?
Visto que a lei é uma transcrição do caráter de Deus, o fundamento de Seu trono e a base moral da humanidade, Satanás a odeia. “Se o santuário terrestre era uma figura ou modelo do celestial, a lei depositada na arca da Terra era uma transcrição exata da lei que está na arca do Céu, e que a aceitação da verdade sobre o santuário celestial envolvia o reconhecimento dos requisitos da lei de Deus, e da obrigatoriedade do sábado do quarto mandamento. Nisso estava o segredo da intensa hostilidade manifestada contra a harmoniosa exposição das Escrituras, que revelavam o ministério desempenhado por Cristo no santuário celestial” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 366).
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4. Qual é a relação entre a criação, o sábado e a lei de Deus? Ap 14:6, 7; 4:11; Gn 2:1-3; Êx 20:8-11
A criação fala do nosso valor aos olhos de Deus. Não estamos sozinhos no Universo. O enredo científico comum da origem da vida, reivindicado pela mídia e pela cultura popular, apresenta uma visão incompatível com o relato bíblico em todos os sentidos.
Estamos aqui porque Jesus nos criou. Ele é digno de nossa adoração não apenas porque nos criou, mas também porque nos redimiu. Criação e redenção estão no centro de toda a verdadeira adoração. Portanto, o sábado é vital para entender o plano da salvação. O sábado fala do cuidado de um Criador e do amor de um Redentor.
No fim da semana da criação, Deus descansou na beleza e majestade do mundo que havia feito. Ele também descansou como um exemplo para nós. O sábado é uma pausa semanal para louvar Aquele que nos fez. Ao adorarmos no sábado, abrimos o coração para receber a bênção especial que Ele colocou apenas nesse dia e em nenhum outro dia.
O sábado aponta para o Criador que nos amou demais para nos abandonar quando nos afastamos de Seu propósito para nós. É um símbolo eterno do descanso Nele, um sinal especial de lealdade ao Criador (Ez 20:12, 20). É um símbolo de descanso, não de obras; da graça, não do legalismo; de segurança, não de condenação; de dependência de Deus para a salvação, não de nós mesmos. O descanso sabático é o descanso nos braços Daquele que nos criou, nos redimiu e voltará para nos buscar.
A mensagem de Deus para o mundo no tempo do fim, apresentada em Apocalipse 14, chama as pessoas a descansar em Seu amor e cuidado a cada sábado. Chama-nos a lembrar-nos Daquele que nos criou e a dar-Lhe glória. Guardar o sábado também é um elo entre a perfeição do Éden e a glória dos novos céus e da nova Terra. Isso nos lembra que um dia os esplendores do Éden serão restaurados.
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5. Como a Bíblia revela a ira de Satanás? Por que o diabo está irado com o povo de Deus no tempo do fim? Ap 12:12, 17; 13:7
Apocalipse 12 descreve o conflito cósmico entre Cristo e Satanás ao longo dos séculos. Seu clímax é o ataque final de Satanás ao povo de Deus. Apocalipse 13 apresenta os dois aliados do dragão, a besta do mar e a besta da terra. Esses dois poderes se juntam a ele para guerrear contra o povo de Deus.
6. Leia Apocalipse 13:4, 8, 12, 15; 14:7, 9-11. (Ver também Ap 15:4; 16:2; 19:20; 20:4; 22:9.) Que tema-chave aparece em todos esses versos?
Observe o contraste: as pessoas adoram o Criador ou adoram outra coisa. O Criador é digno de adoração (Ap 4:11). A controvérsia entre Cristo e Satanás começou no Céu sobre adoração: “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14). Satanás queria a adoração que pertencia apenas ao Criador. Ele tem êxito por meio da atividade da besta do mar (Ap 13:4).
A besta do mar é a mesma que o chifre pequeno, que tentaria “mudar os tempos e a lei” e exerceria autoridade por 1.260 “dias” proféticos, isto é, por 1.260 anos (Dn 7:25; Ap 13:5). A única parte dos Dez Mandamentos que trata do tempo é o quarto mandamento. Esse poder tentou mudar o dia de adoração do sábado para o domingo.
Procurar mudar o dia de adoração, o sábado do sétimo dia, que Deus deu como sinal de Sua autoridade (Êx 31:13; Ez 20:12, 20), é uma tentativa de usurpar a autoridade divina no nível mais básico possível. Nesse ponto está o foco do conflito final sobre a verdadeira e a falsa adoração.
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O primeiro anjo disse com voz forte: “Temam a Deus e deem glória a Ele, pois é chegada a hora em que Ele vai julgar. E adorem Aquele que fez o céu, a Terra, o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). O apelo do Céu é para que demos nossa suprema lealdade e adoração sincera ao Criador à luz do juízo iminente.
O segundo anjo declarou: “Caiu! Caiu a grande Babilônia que fez com que todas as nações bebessem o vinho do furor da sua prostituição” (Ap 14:8). Babilônia representa um sistema religioso caído que rejeitou a mensagem do primeiro anjo em favor de um falso sistema de adoração. Por isso, Apocalipse 14:9-11 adverte contra adorar “a besta e a sua imagem”. A escolha será entre adorar ao Criador ou adorar a besta. Cada pessoa decidirá quem terá sua lealdade – Jesus ou Satanás.
7. Leia Apocalipse 14:12. Quais são as duas características daqueles que se recusam a adorar a besta? Por que ambas são de vital importância?
No fim dos tempos, Deus terá um povo leal a Ele diante da maior oposição e da perseguição mais feroz da história. Por meio do dom da justiça de Cristo, esse povo será obediente e cheio de graça. Adorar o Criador está em oposição direta a adorar a besta, e essa adoração é demonstrada por meio da observância dos mandamentos de Deus. O conflito final sobre a fidelidade a Cristo ou a lealdade ao poder da besta terá como foco a adoração, e no centro desse grande conflito entre o bem e o mal estará o sábado.
Os comprometidos seguidores do Salvador não só terão fé “em” Jesus, mas também terão a fé “de” Jesus, que é uma fé tão profunda, tão confiante, tão comprometida, que todos os demônios do inferno e todas as provações da Terra não podem abalá-la. Essa fé torna possível confiar quando não se pode ver, crer quando não se pode raciocinar e esperar quando não se consegue entender. A “fé de Jesus” é um dom que recebemos pela fé. Vai conduzir-nos na crise que se aproxima. Quando a crise final estourar e enfrentarmos boicote econômico, perseguição, prisão e a própria morte, a “fé de Jesus” nos levará pelas últimas horas da Terra até que Jesus volte.
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“Na ausência de testemunho bíblico a seu favor, muitos, esquecendo-se de que o mesmo raciocínio fora empregado contra Cristo e Seus apóstolos, insistiam com incansável persistência: ‘Por que nossos grandes homens não compreendem essa questão do sábado? Apenas poucos creem como vocês. Não pode ser que vocês estejam certos e que todas as pessoas cultas no mundo estejam erradas.’ Para refutar esses argumentos, bastava citar os ensinos das Escrituras e a história de como o Senhor lidou com Seu povo em todos os tempos” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 383).
“Os cristãos das gerações passadas observaram o domingo supondo que, fazendo isso, estavam guardando o sábado bíblico; e hoje existem cristãos verdadeiros em todas as igrejas […] que creem sinceramente que o domingo é o dia de repouso [...]. Deus aceita a sinceridade de propósito e a integridade de tais pessoas. Porém, quando a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido sobre a obrigatoriedade do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma estará honrando mais o papado do que a Deus. […] E somente depois que essa situação estiver assim claramente exposta perante o povo, e este for levado a escolher entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que aqueles que continuam a transgredir receberão o sinal da besta” (O Grande Conflito, p. 377).
Perguntas para consideração
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Por que devemos vigiar para que os eventos finais não nos peguem despreparados?
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O juízo e a lei se harmonizam com salvação somente pela graça mediante a fé?
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Como podemos testemunhar aos que não compreendem o significado do verdadeiro sábado e sinceramente guardam o domingo, o primeiro dia da semana?
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Quais são os perigos da união da igreja com o Estado? Sendo cristãos, como deve ser nosso relacionamento com o governo?
Respostas e atividades da semana: 1. A lei dos Dez Mandamentos, escrita em tábuas de pedra. 2. A lei de Deus é eterna. O cristão deve temer a Deus e guardar os Seus mandamentos, pois este é o dever de cada pessoa. Se amamos a Deus, guardamos os Seus mandamentos. 3. A lei de Deus é santa, justa e boa, sendo uma transcrição do caráter divino e o fundamento de Seu trono. 4. O sábado é um memorial da criação e aponta Deus como nosso Criador. Por isso, devemos lembrar desse dia para o santificar, conforme o mandamento. 5. Satanás está irado contra a igreja porque ela é fiel a Deus. Ele está irado porque sabe que lhe resta pouco tempo. 6. A marca da besta e a falsa adoração. 7. A guarda dos mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Para nos mantermos firmes e fiéis a Deus, precisamos ter a fé de Jesus.
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TEXTO-CHAVE: Apocalipse 12:17
FOCO DO ESTUDO: Ec 12:13, 14; Pv 28:9; Dn 7:25; Is 51:7, 8; Ap 13:15-17; Ap 12:17; Ap 14:6-12
ESBOÇO
Introdução: Os temas bíblicos do grande conflito e do santuário celestial estão intrin- secamente interligados com a ideia da lei divina e do sábado, que está incluído em Sua lei. Na verdade, a origem do grande conflito remonta às falsas acusações que Lúcifer levantou contra a natureza de Deus, a Sua lei e os fundamentos de Seu governo. O anjo rebelde apresentou a ideia de que possuímos autonomia e que somos plenamente capazes de determinar o propósito da existência conforme nossos próprios critérios, e de moldar nossos relacionamentos e sociedade de acordo com nossa vontade. Em última instância, essa proposição profana revela o explícito anseio por afastar Deus de nossa vida, relações e até mesmo do Universo. Por essa razão, nossa insistência na validade da lei de Deus não se trata de legalismo nem de busca pela salvação por meio de obras, mas, na medida em que a lei é a expressão do caráter divino, ela está no cerne do próprio grande conflito.
Defender a lei de Deus é defender o caráter Dele e Seu status como Criador e legítimo Rei do Universo, entronizado no santuário celestial. Essa defesa da lei divina denota nossa compreensão de que somente Deus é a fonte suprema de padrões morais e do propósito da existência. Abandonar o Senhor e os Seus princípios de vida levará ao caos e à morte eterna. Por esses motivos, os adventistas do sétimo dia proclamam as seguintes verdades bíblicas:
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A imutabilidade da lei de Deus;
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O sábado como sinal da criação e monarquia de Deus;
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O santuário celestial como a sede do governo de Deus e da salvação no Universo; e
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O movimento adventista como a igreja remanescente, chamada a proclamar o último convite de Deus à humanidade para retornar ao Seu reino.
A peça central da missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia são as três mensagens angélicas de Apocalipse 14. Elas indicam que o grande conflito é uma escolha entre dois princípios diametralmente opostos: um proposto pelo diabo, culminando em perdição; e outro de Deus, que guia em direção à vida.
Temas da lição: O estudo desta semana enfatiza quatro temas principais:
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A lei de Deus, que inclui o sábado, é eterna e imutável porque representa o ser, o caráter e o status de Deus como Criador e Rei do Universo, e Seus princípios para a vida e os relacionamentos.
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O santuário celestial é a sede do governo de Deus e de Sua salvação.
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O grande conflito começou por causa dos impulsos de Lúcifer de usurpar o status e a autoridade de Deus.
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Perto do fim do grande conflito na Terra, Deus chamou e estabeleceu Sua igreja remanescente. Ele a comissionou a proclamar Seu chamado final de misericórdia para a humanidade, convidando-a a aceitá-Lo como seu Criador, Salvador e Senhor, que é a única Fonte e Caminho para a vida.
COMENTÁRIO
Cristianismo e a lei de Deus
Muitos cristãos têm sentimentos contraditórios em relação à lei de Deus. Por um lado, todos concordam que, em vários graus, ela é boa e necessária. Até Martinho Lutero, que muitos protestantes acham que tinha uma visão negativa da lei, dedicou uma parte significativa de seu Catecismo Maior para comentar a importância dela para a vida do cristão. No prefácio do Catecismo Maior, Lutero confessou que, sempre que possível, recitava os Dez Mandamentos junto com a Oração do Senhor, o Credo e o Salmo.
Por outro lado, ao longo da história, os cristãos encontraram razões e meios não só para diminuir a importância da lei de Deus, mas também para alterá-la. Nos períodos primitivo e medieval, os teólogos consideravam relativamente fácil a modificação do sábado. Por quê? Como no caso do santuário, a integração do dualismo e da visão de mundo da filosofia grega possibilitou a rejeição do sábado. Se seguirmos a linha de pensamento da filosofia grega, a qual diz que o domínio celestial é desprovido de espaço, a concepção de um santuário literal que ocupe espaço no Céu se tornaria paradoxal. Da mesma forma, a ascensão de Jesus ao Céu com um corpo humano material, real e ocupante de espaço, também era inaceitável para a filosofia grega.
Da mesma forma, se a esfera celestial é atemporal, um sábado literal, como tempo sagrado, era irrelevante para Deus e para a religião. No entanto, o sábado é um tema muito claro na Bíblia para ser simplesmente descartado. Por essa razão, muitos cristãos primitivos e medievais aplicaram à Bíblia o método alegórico-interpretativo, o único que lhes permitia reconciliar as cosmovisões grega e bíblica. De acordo com esse método, o significado mais importante de um ensino bíblico não era o literal, mas um espiritual, transcendente e atemporal. Eles concluíram, portanto, que os cristãos não precisavam celebrar um sábado literal. Em vez disso, eles poderiam substituí-lo por um significado espiritual, como um descanso abstrato e eterno em Deus. Portanto, não é surpreendente que, durante os períodos medievais, os cristãos não tenham atribuído um enfoque especial à lei de Deus.
Os reformadores protestantes mudariam essa tendência ao retornar a uma interpretação gramatical ou literal da Bíblia. É por isso que eles conferiram aos Dez Mandamentos um papel de destaque na experiência cristã, chegando a incluí-los nos catecismos. No entanto, mesmo nesses documentos, a lei de Deus era vista de maneira parcialmente autoritativa. Por exemplo, apenas alguns parágrafos depois de destacar a importância dos Dez Mandamentos para a vida do cristão, Lutero faz um comentário sobre o mandamento do sábado. O Catecismo Maior de Lutero conclui que o sábado é uma ordenança do Antigo Testamento e não diz respeito aos cristãos, que foram libertos dele por Cristo. Apesar da reformulação teológica que ele estava promovendo, Lutero não conseguiu se desvincular por completo da atração exercida pelos preceitos filosóficos gregos e da maneira de elaborar o pensamento cristão tradicional.
Em tempos atuais, o dispensacionalismo encontrou mais uma justificativa ou maneira de reduzir a relevância da lei de Deus para os cristãos. A premissa central dessa linha de pensamento é que a história da salvação é dividida em diversas dispensações ou períodos temporais. No entanto, essa fragmentação não se trata apenas de uma categorização ou separação simplista na narrativa da salvação. Em vez disso, em cada uma dessas dispensações, Deus estabelece uma aliança distinta com um determinado grupo de pessoas, dando-lhes uma revelação única e uma responsabilidade diferente em comparação com aqueles que fizeram aliança com Ele antes. Uma das fases, conhecida como a era da lei, engloba o período entre o Sinai e a morte de Jesus, sendo definida pela aliança e pelas leis reveladas no Monte Sinai. Os dispensacionalistas pensam que a lei foi revelada ou “acrescentada” apenas a Israel e não a outras pessoas antes do Sinai ou depois de Cristo. É por isso que eles afirmam que a lei de Deus e o sábado não são relevantes para os cristãos.
Todas essas formas de diminuir ou descartar a lei de Deus acabarão levando ao estabelecimento da marca da besta, uma substituição da lei divina por leis humanas ou demoníacas, mesmo dentro da estrutura do cristianismo. Sendo assim, o sábado será substituído por um falso sábado. O sinal da besta simboliza exatamente a intenção original e o propósito de Satanás no conflito supremo: repudiar a autoridade de Deus e Sua lei, substituindo-as pelo domínio e pela lei do diabo. Os adventistas do sétimo dia acreditam que foram incumbidos por Deus de proclamar as três mensagens angélicas, que convocam as pessoas a retornar ao reino divino, a acolher e sustentar Sua lei, a rejeitar a marca de Satanás e a autoridade exercida pelos poderes da besta. Além disso, chamam as pessoas a se unirem ao remanescente de Deus nos últimos dias, aguardando a iminente volta de Cristo (Ap 14:6-12). É por isso que os adventistas do sétimo dia incorporaram uma crença fundamental inteira sobre a lei de Deus:
“Os grandes princípios da lei de Deus são incorporados nos Dez Mandamentos e exemplificados na vida de Cristo. Expressam o amor, a vontade e os propósitos de Deus acerca da conduta e das relações humanas, e são obrigatórios a todas as pessoas, em todas as épocas. Esses preceitos constituem a base do concerto de Deus com Seu povo e a norma do julgamento de Deus. Por meio da atuação do Espírito Santo, eles apontam para o pecado e despertam o senso da necessidade de um Salvador. A salvação é inteiramente pela graça, e não pelas obras, e seu fruto é a obediência aos mandamentos. Essa obediência desenvolve o caráter cristão e resulta em uma sensação de bem-estar. É evidência de nosso amor ao Senhor e de nossa solicitude pelos seres humanos. A obediência da fé demonstra o poder de Cristo para transformar vidas e fortalece, portanto, o testemunho cristão” (Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (org.), Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2018], p. 296).
Essa crença fundamental denominada “A lei de Deus” destaca pelo menos dois aspectos essenciais da lei. Primeiro, que a lei é o reflexo do caráter de Deus e dos princípios de Seu reino (ver Sl 89:14). Como tal, ela está localizada bem no coração do santuário celestial, na arca da aliança no lugar santíssimo (Ap 11:19). Por isso, a lei de Deus permanece eterna e válida para todas as pessoas, em todas as circunstâncias. A natureza e o caráter de Deus são constantes, o que resulta em uma lei imutável. O próprio Jesus Cristo reiterou que Sua vinda não tinha o propósito de alterar a lei, mas sim de cumpri-la (Mt 5:17-19). Ao longo da história, dentro do Seu povo, em nenhum momento, concedeu autoridade a alguém para modificar ou reduzir a lei, seja de forma parcial ou completa.
Em segundo lugar, a lei de Deus é o reflexo da natureza de amor e justiça Dele, que se reflete nos princípios de Seu reino. De acordo com Paulo, “o amor é o cumprimento da lei” (Rm 13:10, NVI). É por esse motivo que a lei não pode ser colocada em oposição ao evangelho ou à salvação. Ela não é, não foi, nem nunca será o inimigo. Nossos inimigos são o pecado e o diabo. A lei de Deus é “santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7:12, ARA). A salvação é um dom da graça de Deus. Aceitamos essa bênção e tomamos posse dela por meio da fé. No entanto, a salvação é obra do Espírito Santo, que visa restaurar-nos ao nosso estado original como filhos de Deus, que refletem perfeitamente Seu amor e justiça.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
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Se você estiver em um país não cristão, como a religião local entende o conceito de lei, em geral, e de lei divina, principalmente? Como você explicaria a lei de Deus a seus amigos no contexto de sua cultura local? Se você mora em um país cristão, como os cristãos de seu país se relacionam com a lei de Deus? Como você pode compartilhar com eles a mensagem adventista da lei?
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Nos dias atuais, em muitos países cristãos, poderíamos explorar o debate entre o domingo e o sábado como o dia sagrado atual de Deus. Entretanto, surge a questão: como abordar essa temática em nações não cristãs? Como você explicaria a seus amigos a verdade sobre o sábado e o grande conflito? Além disso, como você também explicaria sobre a marca da besta em um contexto não cristão?
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Compare a lei cerimonial com a moral. Quais são as semelhanças e diferenças entre elas? O que cada uma delas revela sobre Deus? De que forma cada uma dessas leis se relaciona com Jesus Cristo?
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Ligando para números aleatórios
Armênia | Lyubov
Lyubov queria mais do que tudo compartilhar seu amor por Jesus na Armênia. Mas como?
Uma amiga sugeriu que ela testemunhasse pelo telefone. Era 7995, uma era muito antes dos celulares na República Soviética. Ela teria que ligar por meio de um telefone fixo.
Lyubov nunca havia falado com estranhos por telefone. Essa ideia a assustava. Ela não sabia por onde começar. Por sete dias, orou pedindo a Deus que revelasse se era Sua vontade que ela testemunhasse por telefone.
Ao orar, lentamente cresceu em seu coração o desejo de falar com estranhos. No sétimo dia, ela orou:"Diga-me para que número ligar". Então ela discou um número aleatório.
"Alô",ela disse ao estranho. "Eu quero estudar a Bíblia com você."
A resposta e as que se seguiram não foram animadoras. Algumas pessoas que atendiam o telefone estavam tristes. Outras ouviam cuidadosamente, mas não aceitavam os estudos bíblicos.
Então Lyubov ligou para uma senhora chamada Olga. Ela concordou em receber os estudos bíblicos.
Olga gostou das ligações, e as duas mulheres começaram a conversar regularmente. Durante uma conversa, Olga mencionou que sua sogra era idosa, doente e não cristã.
"Vá até sua sogra", disse Lyubov. "Conte a ela sobre Jesus. Peça que ela aceite Jesus como seu Salvador pessoal."
Quando Lyubov ligou de volta alguns dias depois, Olga disse que sua sogra havia falecido. Mas ela tinha esperança. "Naquele dia em que nos falamos, eu fui até ela e contei-lhe sobre Jesus", disse ela. "Ela aceitou Jesus como seu Salvador pessoal e pediu perdão por seus pecados. Naquela noite, ela morreu."
Dois a nos depois, Olga entregou seu coração a Jesus e foi batizada com outro parente.
Lyubov ficou emocionada! Três pessoas - Olga, sua sogra e outro parente - haviam sido ganhos para Cristo através do telefone.
Lyubov continuou fazendo ligações telefônicas. Uma pessoa começou a chorar quando Lyubov mencionou Deus. "Eu tenho uma filha que não está se sentindo bem", disse a voz aos prantos. "Ela tem epilepsia grave. Ela já perdeu as esperanças. Você pode falar com ela se desejar."
Antes que Lyubov pudesse responder, a mãe entregou o telefone para a filha de 23 anos, Alla.
Lyubov falou, mas Alia não respondeu. O telefone estava silencioso no outro lado da linha. Lyubov não estava acostumada a fazer um monólogo pelo telefone, e ela orou pedindo ajuda.
Quando ligou da vez seguinte, ela disse que Alia estava lendo o livro Primeiros Escritos, de Ellen White, e que estava desfrutando sua descrição da Nova Terra. AI la estava em silêncio.
Lyubov descreveu o I indo jardim que Deus estava preparando para Seus filhos na Nova Terra. Alia continuou em silêncio.
Então Lyubov se lembrou de um desenho animado bastante popular da era soviética que também destacava um lindo jardim.
"Você conhece esse desenho?", perguntou ela.
Uma risada feliz eclodiu do outro lado da linha. Lyubov ficou surpresa. Era o primeiro som que Alia havia feito.
"Você sabe rir!" ela exclamou. "Imagine que Deus tem preparado um jardim para nós que é ainda mais bonito que aquele do desenho."
Lyubov continuou falando na Nova Terra. Então ela ouviu um estalido no outro lado da linha e o som de uma voz de mulher.
"Desculpe", a mulher disse. "Eu tenho ouvido você há muito tempo. O que você está dizendo é muito interessante."
Alia riu efusivamente. Palavras de alegria saíram de sua boca. Ela ficou encantada por alguém ter escutado inesperadamente a conversa de um outro ramal.
Então a mãe de Alia entrou na linha. Ela ficou feliz de ouvir a Alia conversando, e estava se perguntando o que havia feito ela rir.
Então aquelas três pessoas -Alia, a mãe e a vizinha -começaram a participar do estudo bíblico de Lyubov.
Algumas semanas depois, um homem entrou na chamada.
"Com licença", ele disse, interrompendo o estudo bíblico um dia. "Tenho ouvido sua conversa. É muito interessante."
Ele se apresentou como líder de outra denominação cristã. Então Lyubov tinha quatro pessoas estudando a Bíblia.
Após algum tempo, Alia entregou seu coração a Jesus e foi batizada. Seus ataques epilépticos pararam, e ela é uma fiel adventista hoje.
Lyubov louvou a Deus pela oportunidade de testemunhar por meio do telefone. "Sou muito grata ao Senhor Deus pelo dom que Ele me deu de servir as pessoas, especialmente os estranhos, por telefone", disse ela.
Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir um centro de influência que ajudará famílias a conhecer sobre Deus em Yerevan, Armênia, onde Lyubov vive.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre a localização da Armênia no mapa. Então mostre Yerevan, a capital do país e futuro local do centro de influência para famílias, um dos projetos da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre.
- • Lyubovse pronuncia como: LU-bof.
- Assista a um curto vídeo no YouTubesobre Lyubov: bit.ly/Lyubov-ESD.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Euro-Asiática: bit.ly/esd-2024.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024
Tema Geral: O grande conflito
Lição 9 – 25 de maio a 1º de junho
O fundamento do governo de Deus
Autor: Eleazar Domini
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
Quando falamos do santuário, Juízo Investigativo, graça, lei de Deus, estamos falando de temas doutrinários importantes para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Por não compreenderem o ritual tipológico do santuário, por não saberem definir a função da lei e sua relação com a graça, muitos têm caído no engano de achar que os adventistas acreditam numa salvação por meio de obras e que o sacrifício de Cristo não foi completo na cruz, já que Ele ainda precisa fazer algo no santuário celestial. Porém, a compreensão verdadeira desses temas se torna como uma chuva no meio do deserto, como orvalho numa terra seca. Ao compreender o trabalho de Cristo como nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial; ao entender que, embora a lei não salve, todo salvo obedecerá à lei de Deus; ao compreender perfeitamente esses temas, todo sincero leitor da Bíblia encontrará paz de espírito e regozijo na salvação.
I – Doutrina central
Muitos pensam que a doutrina distintiva dos Adventistas do Sétimo Dia é o sábado. Ainda que a Igreja Adventista seja bastante conhecida pela guarda do sábado, existem outras igrejas cristãs que também observam esse mandamento. A doutrina distintiva dos Adventistas do Sétimo Dia é a doutrina do santuário. A verdadeira compreensão da doutrina do santuário provê um equilíbrio entre fé e obras, estabelece a graça como único meio de salvação, aponta para o trabalho sacerdotal de Cristo e mostra o verdadeiro papel da Sua santa lei.
O santuário tipológico erigido na Terra apontava para todo o ministério salvífico realizado por Cristo em todas as suas fases. Ele era o Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo. No santuário terrestre, era realizado o ministério sacerdotal diário que apontava para o trabalho que Cristo exerceria após Sua ascensão ao Céu. No santuário havia a arca da aliança e sobre ela o propiciatório, onde dois anjos querubins esculpidos em ouro puro estavam um diante do outro. Ali, entre eles, aparecia a shekinah, isto é, a glória de Deus. Dentro da arca, havia os Dez Mandamentos escritos pelo dedo de Deus em pedras, um transcrito do Seu caráter e base de Seu governo: Sua santa lei.
Como o santuário terrestre era apenas uma sombra, uma figura do verdadeiro santuário celestial, conforme Hebreus 8:5, cremos que Cristo, o Cordeiro de Deus, é o verdadeiro Sacerdote e Sumo Sacerdote que exerce Seu ministério sacerdotal ali, num santuário não feito por mãos de homem; cremos também que há querubins verdadeiros diante do Senhor. Na correlação entre o santuário terrestre e o celestial cremos que onde aparecia a shekinah, no propciatório, na verdade está o trono de Deus. Isso pode ser visto claramente na visão descrita no livro de Ezequiel, no qual o profeta vê o trono de Deus e, ao seu redor, anjos querubins. Abaixo do propiciatório, no santuário terrestre, estava a lei. Por isso, cremos que a lei de Deus está na base de Seu trono. É por ela que todos serão julgados. Por isso, o salmista disse: “Justiça e juízo são a base do Teu trono; misericórdia e verdade vão adiante do Teu rosto” (Sl 89:14). Não há justiça e juízo onde não lei: “O pecado não é imputado, não havendo lei. […] Eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 5:13; 7:7). Só há possibilidade de haver justiça e de ser executado um verdadeiro juízo onde há leis que regem um sistema. Só sabemos que é crime matar porque há uma lei que estabelece tal ato como crime. O infrator dessa lei pode ser julgado em juízo. Se não houvesse lei, ou seja, um parâmetro de julgamento, não haveria juízo nem condenação.
A lei nunca teve o poder de salvar, aliás, nunca foi esse o propósito dela. Como vimos, ela aponta o pecado e é o parâmetro pelo qual a justiça deve ser satisfeita, sendo ela a base do justo juízo de Deus. Obviamente, nenhum pecador seria aprovado nas amplas reivindicações da lei de Deus. Consequentemente, todos estaríamos reprovados em Seu juízo. É aí que entra o sangue do Cordeiro, aspergido no propiciatório, símbolo da intercessão e dos méritos substitutivos de Cristo em nosso favor. A justiça Dele foi perfeita, pois Sua perfeita obediência atendeu às exigências de uma lei santa: “Ao entregar-se a Ele, aceitando-O como seu Salvador, você, por causa Dele, será considerado justo, não importa quão pecaminosa possa ter sido a sua vida. O caráter de Cristo substituirá seu caráter, e você será aceito diante de Deus como se não houvesse pecado” (Caminho a Cristo, p. 62). Percebeu? O santuário nos permite ter uma visão clara e equilibrada da salvação, do papel da graça e da importância da obediência, não como um meio para salvação, mas como uma resposta à graça oferecida pelo Cordeiro.
II – O sábado e a lei
Todos os mandamentos da lei de Deus parecem ter uma lógica em suas palavras. Não teremos outros deuses nem adoraremos imagens de escultura porque temos um Deus verdadeiro; é lógico pensar assim. Não tomamos o nome de Deus em vão porque Ele é santo; há lógica em obedecer a esse mandamento. Honramos aos pais, não matamos, não adulteramos, não furtamos, não dizemos falso testemunho nem cobiçamos aquilo que não nos pertence porque amamos a Deus e ao próximo. Há lógica em obedecer a esses mandamentos. O quarto mandamento, porém, aparentemente não possui uma lógica. O sábado tem as mesmas 24 horas que qualquer outro dia. O importante não seria separar um dia para Deus? Por que teria que ser exatamente o sétimo? Não parece haver uma lógica, além da obediência à vontade Deus.
Algo similar aconteceu no Éden: Deus disse para não comer determinado fruto. Qual era o problema do fruto? É que ele era venenoso, amargo, doce, bonito, feio, pequeno, grande? Não! Era uma questão de obediência: “Deus tornou obrigatória a observância do sábado para todos os povos. ‘O sábado’, afirma-se claramente, ‘foi estabelecido por causa do homem’ (Mc 2:27). Todos aqueles, portanto, que se encontram em perigo de ser enganados nesse ponto, deem atenção à Palavra de Deus e não às declarações de seres humanos. [...] Toda pessoa tem sido provada, como o foram Adão e Eva no Éden. Assim como a árvore do conhecimento do bem e do mal foi colocada no meio do jardim do Éden, o mandamento do sábado é colocado no meio do Decálogo. Acerca do fruto da árvore do conhecimento, fez-se a restrição: Dele não comereis [...] para que não morrais. Acerca do sábado, Deus disse: Não o profaneis; antes, santificai-o. [...] Assim como a árvore do conhecimento foi o teste da obediência de Adão, o quarto mandamento é o teste que Deus deu para provar a lealdade de todo o Seu povo. A experiência de Adão deve ser para nós uma advertência, enquanto o tempo durar. Adverte-nos a não aceitar de lábios mortais ou de anjos qualquer sugestão que nos afaste um jota ou um til da santa lei de Jeová” (Review and Herald, 30 de agosto de 1898).
Olhando atentamente para o quarto mandamento, entretanto, percebemos que há uma lógica tão linda por trás dele que, se cada ser humano o observasse, não haveria ateus: “Se o sábado tivesse sido universalmente guardado, os pensamentos e afeições dos seres humanos teriam sido dirigidos ao Criador como objeto de reverência e culto, e jamais haveria idólatras, ateus ou incrédulos. A guarda do sábado é um sinal de lealdade para com o verdadeiro Deus, “Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7). Portanto, conclui-se que a mensagem que ordena aos seres humanos adorar a Deus e guardar Seus mandamentos apelará especialmente para que observemos o quarto mandamento” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], 368). Aqui está a grande lógica do sábado: Ele aponta para um Deus criador; é através desse mandamento que voltamos os nossos olhos para a criação do mundo em seis dias literais com o descanso no sétimo dia. Até o quarto mandamento, não sabemos quem é o Deus que ordena que não adoremos outros deuses, que não adoremos imagens de escultura nem tomemos Seu nome em vão. No quarto mandamento, porém, Ele é apresentado como o Criador do Universo. Quem é o Deus do primeiro, do segundo e do terceiro mandamentos? É Aquele que em seis dias fez o céu, a Terra, o mar e tudo o que neles há. É esse o Deus que adoramos. Observe que, nos demais mandamentos, não é dito, por exemplo: “Não terás outros deuses diante de mim porque Eu sou o Senhor que fez o céu, a Terra, o mar e tudo o que neles há.” Simplesmente é dito que não tenhamos outros deuses. É no quarto mandamento que temos a apresentação do Deus dos demais nove mandamentos. Por isso, Satanás odeia tanto o quarto mandamento, o qual nos permite saber que não adoramos qualquer divindade, mas o Deus criador de todas as coisas.
III – A marca da besta X selo de Deus
Quando vamos ao livro do Apocalipse, vemos que o ódio de Satanás ao quarto mandamento se intensifica e se evidencia por meio das obras das bestas que sobem do mar e da terra. Quem é a besta que sobe do mar? No livro do Apocalipse, temos as características de quem seria esse animal: “E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do Seu nome, e do Seu tabernáculo (onde se encontra a lei de Deus), e dos que habitam no Céu” (Ap 13:5, 6). Olhando para o Livro de Daniel, percebemos características similares: “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo” (Dn 7:25). Em ambos os textos é retratado um poder que possui as mesmas características:
- a) Fala blasfêmias;
- b) Persegue os santos;
- c) O tempo de perseguição é similar, 1.260 anos, retratado no período de 42 meses ou “tempo, tempos e metade de um tempo”, que corresponde a três anos e meio, levando-se em conta o princípio do dia-ano.
Por essas características e outras, contidas nos dois relatos, já que a análise não foi exaustiva, podemos concluir que se trata do mesmo poder perseguidor. Entre as características apontadas por Daniel, está a de que esse poder cuidaria em “mudar os tempos e a lei”. Aqui nós temos uma figura de linguagem chamada hendíadis, que é uma figura de gramatical pela qual se decompõe uma ideia em duas. Para deixar mais claro, o que o texto de Daniel realmente quer dizer numa tradução mais próxima ao original é que esse poder cuidaria em mudar da lei o tempo, ou seja, mudar da lei aquilo que se refere ao tempo. O único mandamento da lei que se refere ao tempo é o sábado. Daniel já previa que um poder mudaria o mandamento da lei de Deus que diz respeito ao tempo. Isso tem seu exato cumprimento com o papado e a mudança que este realizou do sábado para o domingo.
Apocalipse 12 termina dizendo que o dragão está irado com aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus. Na sequência, é apresentada uma besta, aquela mesma que perseguiu os santos por 1.260 anos e que mudou o mandamento de Deus do sábado para o domingo. Se a ira do diabo é contra quem guarda os mandamentos de Deus, e se o diabo vai usar um poder para perseguir o povo que guarda os mandamentos, é óbvio concluir que o sábado da lei (o mandamento que foi mudado), será um dos pontos centrais nessa perseguição. Ademais, as Escrituras dizem que o sábado é um sinal entre Deus e Seu povo, conforme Ezequiel 20:20. Se a marca, sinal de Deus com Seus filhos, é um dia, logicamente a contrafação não seria um código de barras, um chip ou algo dessa natureza. Se o sinal de Deus seria um dia, o sinal da besta seria também um dia, mas um dia falso. Assim, sabemos que haverá uma perseguição por parte daqueles que vão observar um falso dia de repouso, ao passo que os que resolverem obedecer a Deus e aos Seus mandamentos serão os perseguidos. Deus, no entanto, estará sempre com Seus filhos.
Conclusão
Devemos estar preparados para as cenas que estão justamente diante de nós. Breve, muito em breve as mais severas provas virão sobre nós e, se não estivermos escondidos no esconderijo do Altíssimo, seremos presas fáceis. “Não está longe o tempo em que cada pessoa será provada. A observância do falso sábado será imposta sobre todos. A controvérsia será entre os mandamentos de Deus e os mandamentos dos homens. Os que pouco a pouco têm se rendido às exigências mundanas e se conformado com os costumes do mundo acabarão se rendendo também aos poderes terrestres, em vez de se sujeitarem ao menosprezo, ao insulto e às ameaças de prisão e morte. Nesse tempo, o ouro será separado da escória. A verdadeira religiosidade será claramente distinguida da devoção aparente e falsificada. Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho ficarão em trevas. Os que têm se vestido com os ornamentos do santuário, mas não estão revestidos com a justiça de Cristo, aparecerão então na vergonha de sua própria nudez” (Ellen G. White, Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 110).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.