O Evangelho de João é um mosaico de temas. João usa sinais (ou milagres) para mostrar que Jesus é o Messias prometido pelos profetas. João usa uma série de testemunhas para proclamar que Jesus é o Cristo. Ele também apresenta as declarações que começam com as palavras “Eu Sou” para apontar à divindade de Cristo.
Todas as três Pessoas da Divindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, são mencionadas no primeiro capítulo de João (Jo 1:1-4, 14, 18, 32-34). Durante séculos, os seres humanos buscam compreender plenamente a natureza da Trindade, mas como não conseguem, muitos acabam rejeitando esse ensino bíblico. Porém, é uma tolice rejeitar alguma coisa só porque não conseguimos compreendê-la completamente ou porque não se enquadra dentro dos estreitos limites do raciocínio humano.
João nos diz que, se quisermos compreender a Deus, devemos olhar para Jesus e para o que foi revelado na Palavra. Isso nos leva a uma percepção totalmente nova a respeito dos relacionamentos que existem entre as três Pessoas da Divindade, entre as Pessoas da Divindade e os seres humanos, e entre os próprios seres humanos. A lição desta semana examina como o Evangelho de João apresenta o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas agora dentro do contexto do discurso de despedida de Jesus (Jo 13–17).
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O Evangelho de João é escrito do ponto de vista de toda a narrativa bíblica, que começa com as nossas origens: “No princípio, Deus criou os céus e a Terra” (Gn 1:1). Em outras palavras: no princípio, o Pai, o Filho e o Espírito Santo criaram os céus e a Terra. Eles são a fonte de tudo o que existe. Eles criaram o Universo, incluindo todos os seres que nele habitam. Em nosso planeta, houve uma criação especial da vida, e o mais especial dessa criação foi a humanidade. E o propósito de Deus ao criar a humanidade era que vivêssemos em harmonia amorosa com Ele e uns com os outros.
Infelizmente, Lúcifer trouxe o pecado a este mundo, o que, entre outras coisas, é uma ruptura do nosso relacionamento com Deus. Ele distorce a imagem e o caráter de Deus. Assim, Jesus assumiu sobre Si a nossa natureza humana para restaurar o conhecimento de Deus e trazer a salvação à humanidade.
Enquanto esteve aqui, Jesus submeteu a vida ao Pai, vivendo de acordo com Sua orientação. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30); “O Pai está em Mim e [...] Eu estou no Pai” (Jo 10:38); “Se não faço as obras do Meu Pai, não acreditem em Mim” (Jo 10:37).
1. Quais são algumas das obras e funções do Pai, conforme descritas nas passagens a seguir?
Jo 3:16, 17; 6:57
Jo 5:22, 30
Jo 6:32; 14:10, 24
Jo 6:45
Jo 15:16; 16:23
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Fomos criados para desenvolver um relacionamento pessoal com o Senhor (Gn 1:26, 27). No entanto, por causa do pecado, esse relacionamento foi profundamente abalado. Podemos ver o impacto imediato desse distúrbio na história do jardim do Éden.
2. Qual foi a brecha ocasionada pelo pecado? E o que significa que foi Deus quem procurou Adão e Eva, e não o contrário? Gn 3:7-9
Diante do rompimento causado pelo pecado, a intenção divina era oferecer cura à humanidade, mesmo que ninguém aceitasse o que Deus estava disposto a oferecer.
Para concretizar a restauração do relacionamento quebrado, uma das três Pessoas da Divindade encarnou como ser humano. Assim, o Verbo (ou a Palavra) Se fez carne e habitou entre nós, manifestando a glória de Deus (Jo 1:14-18). Como resultado, a humanidade recebeu Sua plenitude e graça. Jesus veio para declarar a glória de Deus, para que o relacionamento rompido fosse restaurado, pelo menos para os que estivessem dispostos a aceitar, pela fé, o que lhes é oferecido em Cristo Jesus.
3. Que esperança maravilhosa encontramos nos seguintes textos? Jo 1:1, 2; 5:16-18; 6:69; 10:10, 30; 20:28
“Em Cristo, há vida, original, não emprestada, não derivada” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 423). Como Filho encarnado, Cristo tornou-Se plenamente humano, mas continuou sendo Deus. A vida de Cristo, como Ser humano entre humanos, era dom de Deus. “A divindade de Cristo é a garantia da vida eterna para o crente” (O Desejado de Todas as Nações, p. 530).
A humanidade não conheceu nem reconheceu a Deus (Jo 17:25). Assim, Ele enviou o Seu único Filho (Jo 9:4; 16:5) para que pudesse ser conhecido.
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João descreve como Jesus realizou atividades que apontavam para o Pai. Cristo explicou quem é o Pai e mostrou qual é o relacionamento Dele com o nosso mundo. Tudo isso está de acordo com João 1:18, que diz que Ele revela ou dá a conhecer o Pai (em grego, ex?geomai, que significa “explicar”, “interpretar”, “expor”). Jesus fez isso inúmeras vezes. A palavra “Pai” (pat?r) ocorre 136 vezes no Evangelho de João e 18 vezes nas cartas de João, totalizando mais de um terço dos usos no NT. O discurso de despedida de Jesus é um dos textos de João em que Ele revelou o Pai mais plenamente.
Jesus era o representante do Pai na Terra e veio para cumprir, em carne humana, a vontade do Pai. Jesus Cristo disse que em todas as coisas Ele procurava fazer a vontade do Pai e não a Sua própria vontade (Jo 5:30). Ainda que pareça surpreendente, essa afirmação mostra que Jesus, como Ser humano, estava plenamente rendido ao Pai.
Jesus disse também que havia sido enviado pelo Pai para concluir a obra que havia recebido, a salvação da humanidade, e que o próprio Pai dava testemunho dessa obra (Jo 5:36-38).
Cristo proclamou que o Pai O tinha enviado para ser o único meio de acesso da humanidade a Deus (Jo 6:40, 44). O Pai deseja que as pessoas obtenham a vida eterna encontrada em Jesus, que promete ressuscitá-las no dia da ressurreição.
4. O que o Evangelho de João ensina sobre o relacionamento de Jesus com o Pai? Jo 7:16; 8:38; 14:10, 23; 15:1, 9, 10; 16:27, 28; 17:3
As afirmações de Jesus sobre Seu relacionamento com o Pai são surpreendentes. Ele diz que todos os Seus ensinos são ensinos do Pai; que tudo o que Ele diz ouviu pessoalmente do Pai; que crer Nele é o mesmo que crer no Pai; que as Suas próprias palavras e obras são palavras e obras do Pai; e que Ele e o Pai estão unidos em amar a humanidade e trabalhar pela sua salvação. Que testemunho poderoso da proximidade de Jesus com Seu Pai celestial!
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O Espírito Santo não é apresentado no Evangelho de João de modo tão destacado quanto o Pai e o Filho. No entanto, Seu papel é crucial para o sucesso da missão de Jesus.
5. Qual é a importância do Espírito Santo na conversão? Jo 1:10-13
Já no primeiro capítulo de João, vemos quão central é o papel do Espírito Santo. João nos diz que todos os que receberam o Verbo, isto é, todos os que creram Nele, se tornaram filhos de Deus, “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1:13). Isso acontece somente por meio da obra do Espírito Santo.
6. Quais são as obras do Espírito? Jo 3:5-8; 6:63; 14:26; 15:26; 16:7-11
“Descrevendo aos discípulos a obra do Espírito Santo, Jesus procurou inspirar-lhes a alegria e a esperança que animavam Seu coração. Ele Se alegrava por tudo o que havia providenciado para ajudar Sua igreja. O Espírito Santo era a maior dádiva que podia solicitar do Pai para exaltar Seu povo. Seria dado como agente de regeneração, sem o qual o sacrifício de Cristo não teria sido de qualquer proveito. O poder do mal estivera se fortalecendo por séculos, e a submissão das pessoas a esse cativeiro satânico era alarmante. O pecado só poderia ser resistido e vencido por meio da poderosa atuação da terceira pessoa da Divindade, a qual viria não com energia modificada, mas na plenitude do poder divino” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 540).
É uma bênção receber o Espírito Santo, que certifica que Deus é verdadeiro (Jo 3:33). O Espírito nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8-11). Por isso, a chave para sabermos o que é certo, verdadeiro e bom é submetermos nossa razão e experiências à Palavra de Deus, por meio do poder convincente do Espírito Santo.
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João 17 costuma ser chamado de oração sacerdotal de Jesus. Ela conclui o discurso de despedida. Cristo veio ao mundo para que a humanidade finalmente fosse restaurada ao relacionamento pessoal e original com Deus. Jesus realizou com fidelidade os sinais que o Pai havia Lhe dado para fazer. Em palavras e atos, Ele levou Deus às pessoas.
Cristo logo estaria deixando este mundo. Ele queria compartilhar mais uma vez o amor que tinha pelos discípulos. Desejava que compreendessem a íntima relação que existe entre Ele, o Pai e o Espírito Santo. E, além disso, queria que os discípulos desenvolvessem o mesmo relacionamento pessoal que Ele mesmo tinha com Deus, o Pai, e com o Espírito Santo.
7. Que palavras e frases em João 17 mostram o desejo de Jesus de que existisse um relacionamento de amor entre Ele, o Pai e os discípulos?
Ao lerem João 17, alguns concluem que a única coisa que importa é a unidade e o amor. Sem dúvida, o propósito de Deus é nos restaurar a um relacionamento pessoal Consigo mesmo e com todas as pessoas. No entanto, uma leitura mais atenta mostra que há uma ligação muito mais profunda entre amor e verdade.
“E a vida eterna é esta: que conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro” (Jo 17:3). Jesus Se refere ao “único Deus verdadeiro”, não ao que supomos a respeito Dele. “Manifestei o Teu nome àqueles que Me deste do mundo. [...] e eles têm guardado a Tua palavra. [...] verdadeiramente reconheceram que saí de Ti” (Jo 17:6, 8). “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:17).
Cristo revelou o Pai, o que era essencial por causa dos conceitos errados sobre Deus. João mostra que Jesus levou essa missão a sério. Ele representou corretamente a Palavra e as ações de Deus. Se a verdade não fosse importante, por que ir tão longe?
Jesus enfrentou dificuldades e foi rejeitado pelas autoridades religiosas. Ele sofreu a indiferença do povo e até dos discípulos. Um deles O traiu e outro O negou três vezes. Jesus sofreu provações e morreu na cruz pelas mãos daqueles a quem tinha vindo salvar.
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Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 533- 549 (“‘Não se turbe o vosso coração’”); “Nota Adicional Sobre o Capítulo 1 [de João]”, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 1006-1015.
Ao avaliar quem era Jesus, Seus oponentes O julgaram “segundo a carne”, de acordo com padrões humanos (Jo 8:15). Isso talvez fosse pior do que julgar “segundo a aparência” (Jo 7:24). Em João 8, eles recorreram aos critérios da carne, isto é, da humanidade decaída, que vive no mundo caído e não se importa com a orientação do Espírito Santo (Jo 3:3-7). Eles viram a “carne” de Jesus, por assim dizer, mas nunca refletiram sobre a possibilidade de que Ele fosse o Verbo feito carne (Jo 1:14). Julgar Cristo por esses critérios limitados é avaliá-Lo do ponto de vista mundano (2Co 5:16).
“O Consolador é chamado ‘o Espírito da verdade’. Sua obra é definir e manter a verdade. Ele primeiro habita no coração como o Espírito da verdade e torna-Se o Consolador. Há conforto e paz na verdade, mas nenhuma paz ou conforto real pode ser achado na falsidade. É por meio de falsas teorias e tradições que Satanás controla a mente. Encaminhando as pessoas a falsas normas, ele deforma o caráter. Por meio das Escrituras, o Espírito Santo fala à mente e grava a verdade no coração. Assim expõe o erro, expulsando-o do ser. É pelo Espírito da verdade, agindo por meio da Palavra de Deus, que Cristo conduz a Si Seu povo escolhido” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, [CPB, 2021], p. 539, 540).
Perguntas para consideração
1. A vida eterna é conhecer a Deus (Jo 17:3). Isso significa simplesmente conhecer fatos sobre Ele? “Você conhece a Deus?” Isso tem a ver com conhecer a Jesus?
2. Na prática, o que significam as palavras: “A Tua palavra é a verdade?” (Jo 17:17).
3. “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal” (Jo 17:15). Nossas escolhas influenciam a maneira como essa oração será respondida em nossa vida?
Respostas às perguntas da semana: 1. Amou o mundo e enviou o Filho; entregou a Cristo o julgamento; por meio de Jesus e de Suas palavras, alimenta os que creem; ensina e leva as pessoas até Cristo; ouve as orações. 2. O pecado rompeu o relacionamento da humanidade com Deus. Por isso, somente Ele poderia tomar a iniciativa de salvar. 3. Jesus é plenamente Deus; está unido ao Pai e é o único que pode conceder vida e salvação. 4. Existe perfeita unidade e identificação entre o Pai e o Filho, inclusive em termos de ensino, obras, relacionamento com o Seu povo, mandamentos e glória. 5. Somente o Espírito Santo pode nos dar novo nascimento e nova vida. 6. Produz conversão e vida espiritual, ensina a verdade, dá testemunho de Cristo e convence o mundo. 7. “Para que eles sejam um, assim como Nós somos um”; “E como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, também eles estejam em Nós”; “Para que sejam um, como Nós o somos; Eu neles, e Tu em Mim”.
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FOCO DO ESTUDO: João 1:13; 3:5-8; 6:63; 14:6-11, 26; 15:26; 16:7-11; 17:1-26
ESBOÇO
Introdução: A lição desta semana trata do Deus triúno e da interconexão de Jesus, a segunda Pessoa da Trindade, com os outros dois membros da Trindade.
Há pelo menos dois lugares no NT em que os três membros da Trindade são mencionados num mesmo contexto. No batismo de Jesus, conforme registrado em Mateus 3:16, 17, o Espírito Santo desceu e pousou sobre Jesus, e a voz do Pai foi ouvida. Em João 1:1 a 3 e 32, aprendemos que Jesus e o Pai são um, e que João Batista testemunhou o Espírito Santo, na forma de uma pomba, pousar sobre o Filho.
Os capítulos 13 a 17 de João são os capítulos de despedida de Jesus, pouco antes de Sua crucificação, ressurreição e ascensão ao Céu. Durante esses capítulos, Jesus aborda o tema crucial de Seu relacionamento com o Pai e o Espírito Santo, bem como a maneira pela qual podemos nos aproximar de Deus por meio Dele. Jesus desejava nos deixar com essa compreensão vital para que sempre nos recordássemos de que Ele veio do Pai, é semelhante ao Pai, e que o Espírito Santo, Seu representante, é enviado para nos instruir, convencer e consolar até Sua volta.
COMENTÁRIO
O Pai celestial
Gênesis 1 e João 1 compartilham algo em comum. O Deus triúno esteve ativamente envolvido tanto na criação, por meio de Jesus, quanto na redenção, também por intermédio de Jesus. A Palavra criativa, que é Jesus, deu origem a um mundo perfeito que acabou manchado pelo pecado e rompeu a harmonia original entre Deus e Suas criaturas. No entanto, Jesus, como a Palavra redentora, assumiu a missão de restaurar essa harmonia perdida e triunfou sobre o pecado e a morte (Rm 6:8-14; 2Co 5:21).
É fácil presumir que Jesus sofreu sozinho na cruz, mas o Pai e o Espírito Santo também sofreram com Ele. Em 2 Coríntios 5:19, Paulo diz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação”. É importante ressaltar que Deus nos chama a participar ativamente no ministério da reconciliação, concedendo-nos o incrível privilégio de atuarmos como embaixadores do Seu reino, colaborando na obra de Jesus.
Jesus testificou que Ele e Seu Pai são um e, de fato, eles foram um desde a eternidade. Ele mesmo disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30), e “O Pai está em Mim”, e “Eu estou no Pai” (Jo 10:38). O Pai investiu grandemente neste mundo e Ele o ama tanto quanto ama Seu único Filho. Jesus faz a vontade perfeita de Seu Pai (Jo 5:30); o Pai fala e age por meio Dele (Jo 14:10); e o Pai traz salvação para aqueles que creem em Seu Filho (Jo 3:16).
Jesus e o Pai
A criação e a salvação foram ambas iniciativas de Deus. Ele criou Adão e Eva por amor, para compartilhar comunhão com eles. Essa comunhão foi interrompida pelo pecado, mas Deus não nos deixou entregues ao nosso próprio destino. Ele tomou a iniciativa de restaurar nosso relacionamento rompido com Ele. Às vezes, tendemos a enfatizar nosso compromisso com Deus, mas qual seria nosso compromisso humano sem o grande compromisso Dele conosco? É o compromisso Dele que inspira o nosso. Paulo reforça esse ponto ao perguntar: “Ou será que você despreza a riqueza da bondade, da tolerância e da paciência de Deus, ignorando que a bondade de Deus é que leva você ao arrependimento?” (Rm 2:4).
Jesus Se ofereceu para vir ao nosso mundo pecaminoso em uma missão divina para resgatá-lo das garras do maligno. Deus, em Seu amor, compartilhou dessa iniciativa e concordou em vir a este mundo na Pessoa de Seu Filho e morrer por todos. João 3:16 revela claramente que Deus amou o mundo a ponto de enviar Seu único Filho para morrer por ele, pois apenas Sua morte poderia nos redimir da nossa condição de morte espiritual. O relato de Abraão e Isaque também tipifica essa promessa divina por meio do consentimento deles em obedecer ao chamado de Deus.
Mas houve uma diferença, pois o sacrifício de Isaque não foi vicário como deveria ser o de Cristo. Essa diferença surgiu porque o Filho de Deus é a Fonte da vida, e Isaque não. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. [...] A vida estava Nele e a vida era a luz dos homens (Jo 1:1, 2, 4). Ellen G. White afirma que “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 423).
Conhecer o Filho é conhecer o Pai (Jo 14:6-11)
Mais do que em qualquer lugar da Bíblia, uma abundância de referências ao Pai aparece no Evangelho de João, especialmente nos últimos capítulos. Jesus menciona o Pai exatamente 136 vezes, descrevendo quem Ele é e a unidade entre os dois. Embora alguns críticos literários possam questionar essa aparente redundância, Jesus queria assegurar que conhecêssemos e valorizássemos Seu Pai. Além disso, Jesus enfatizou como Ele viveu a vontade perfeita de Seu Pai em tudo o que Ele disse e fez.
Talvez a única referência que resuma esse foco seja a resposta de Cristo a Filipe em João 14:9, na qual o Salvador afirma: “Quem vê a Mim vê o Pai”. Essa declaração deve levar todos nós a nos relacionarmos com Deus, o Pai, da mesma forma que nos relacionamos com Deus, o Filho, pois todas as características de Jesus que vemos nos evangelhos também devemos atribuir ao Pai. Essa compreensão edificante deveria nos encorajar a cultivar um relacionamento de amor mútuo com o Pai, da mesma forma que o fazemos com o Filho.
A pergunta pertinente que devemos considerar aqui é: Como nossa vida cotidiana seria afetada se seguíssemos o exemplo de Cristo de não buscarmos nossa própria vontade, mas, em vez disso, buscarmos a sábia vontade de nosso Pai celestial?
O Espírito Santo (Jo 1:13; 3:5-8; 6:63; 14:26; 15:26; 16:7-11)
O Espírito Santo desempenha um papel crucial e ativo no processo dinâmico da conversão espiritual, uma transformação descrita por Jesus como o novo nascimento. Mesmo no início do seu evangelho, João aborda essa questão vital do novo nascimento, que não é “do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1:13). Esse evento miraculoso ocorre pela influência ativa e estimulante do Espírito Santo no coração humano.
É o Espírito Santo que desperta a consciência para a necessidade urgente da salvação e convence o coração da veracidade de tudo o que o Pai e o Filho dizem e fazem. Além de ser nosso Consolador, ou Aquele que Se senta ao nosso lado para nos consolar, o Espírito Santo é especialista em convencer. Devemos ser gratos quando experimentamos uma dose de culpa, pois é um sinal claro de que o Espírito está ativo em nossa vida, chamando-nos para corrigir o que está errado.
Outras funções do Espírito Santo, mencionadas no Evangelho de João, são encontradas em João 16:8 a 15. Para começar, o Espírito convence a nossa consciência da culpa em relação ao pecado que nos assola e que deve ser removido da nossa vida. Um segundo ponto é que Ele nos convence da justiça e da alegria de fazer o que é certo em vez do que é egoísta. Essa justiça, tanto imputada quanto transmitida, vem somente do “Sol da justiça” por meio do ministério do Espírito. Em terceiro lugar, o Espírito nos convence do juízo, que certamente virá. Essa convicção deve nos levar ao arrependimento e à preparação para a breve vinda de Cristo. A convicção do juízo vindouro deve acelerar nossa vinda ao Pai em verdadeiro arrependimento e reforma. Além disso, o Espírito Santo nos guia em toda a verdade tal como é em Jesus. Ao testemunharmos aos outros, Jesus traz à nossa memória as coisas que precisamos dizer na hora certa (Lc 21:14, 15). Por fim, o Espírito glorifica Jesus ao honrar Suas palavras e Sua vontade.
A oração de Jesus (Jo 17)
A oração em João 17 é descrita como a oração intercessória de Jesus, que é a mais longa e profunda de Suas orações. Nela, Jesus ora por Si mesmo, por Seus discípulos e por todos os crentes, presentes e futuros, porque, em Sua oração, Ele disse: “Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em Mim, por meio da palavra que eles falarem” (Jo 17:20). As orações de Cristo não são apenas poderosas, mas abrangentes. Ele ora por nós de modo pessoal, com paixão e poder, e de forma contínua.
Jesus orou pessoalmente por Pedro em Lucas 22:31, 32. Ele orou fervorosamente por Seu povo teimoso e rebelde (Mt 23:37). Em Hebreus 5:7, Paulo nos diz que Jesus suplicou com “forte clamor e lágrimas”. Ele ora poderosamente, até mesmo pelos Seus inimigos que O crucificaram: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34). As orações de Jesus foram respondidas na conversão de Seus inimigos em resposta à pregação de Pedro, que foi ungida pelo Espírito Santo. Por fim, Jesus ora perpetuamente, não de forma intermitente, como fazemos quando oramos pelos outros. Hebreus 7:25 diz que Jesus “também pode salvar totalmente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere as seguintes questões e comente com a classe:
1. Reflita sobre uma ocasião em que você se sentiu frustrado por não compreender plenamente o que estava na Palavra de Deus. Nesse contexto, como essa experiência o ajudou a reconhecer a infinitude de Deus em contraste com sua própria finitude? O conhecimento perfeito de nosso Deus infinito abarca todo o espectro do saber e da sabedoria, enquanto nosso conhecimento limitado abrange apenas uma pequena fração desse espectro. Diante dessa realidade, como devemos nos submeter à Sua vontade e “acalmar-nos, sabendo que Ele é Deus”?
2. Você já percebeu que o Pai é semelhante ao Filho e vice-versa? De que maneira? Como essa compreensão o ajuda a se tornar mais próximo de Deus, o Pai?
3. Você acredita que, já nesta vida e ainda mais no Céu, poderá compartilhar a familiaridade e a proximidade que Jesus tem com o Pai?
4. Se, por algum motivo, você resistir à convicção do Espírito Santo sobre o pecado, a justiça e o juízo, como poderia lidar com essa resistência?
5. Você já pensou que, para edificar sua fé e fortalecer sua vida de oração, você deveria unir sua frágil fé e suas orações com as formidáveis orações de fé de Jesus? Que diferença essa união fará em sua jornada espiritual rumo ao reino de Deus?
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Por que Caleb está sorrindo?
Alasca | Caleb
Caleb decidiu fazer um breve culto em sua cabana no Acampamento Polaris, no Alasca. Era o segundo dia de acampamento, e os seis garotos sob sua supervisão como conselheiro de acampamento estavam cansados após um dia cheio de atividades.
Antes que Caleb pudesse começar, um dos garotos adormeceu. Ele estava sof rendo de sintomas de abstinência de mascar tabaco. Muitas crianças nativas do Alasca no acampamento de verão adventista do sétimo dia são viciadas em mascar tabaco e sofrem de abstinência de nicotina durante os primeiros dias de acampamento.
Enquanto o garoto dormia, Caleb acendeu a pequena lareira da cabana. Embora fosse verão, as noites do Alasca ficavam bem frias.
Embora os outros cinco garotos estivessem cansados, eles não queriam ir para a cama ainda. “Podemos ir até a lareira?”, um garoto perguntou.
Caleb convidou os garotos para o culto. Ele começou o culto com uma pergunta:
“Quem é Deus para você?”.
Os garotos se revezaram para responder.
“Ele é o Salvador”, disse um.
“Ele está no Céu”, disse outro
“Ele é fortemente fiel”, disse um terceiro. “Fortemente Fiel” era o tema do acampamento para aquele ano.
Então, foi a vez de Caleb de dizer aos garotos quem Deus era para ele.
“Deus é amoroso com todas as melhores características”, ele disse. “Ele é generoso, muito perdoador, misericordioso e pacífico.”
Um dos garotos exclamou: “São muitas palavras complicadas, cara!”
Caleb sorriu.
“Deus é como um melhor amigo que está sempre ali por você e até melhor que isso”, disse ele.
Os garotos silenciosamente ponderaram a ideia de um melhor amigo sempre presente por um momento. Era incomum para os garotos ficarem quietos.
O garoto que ficou impressionado com as palavras grandes falou novamente.
“Você já viu algum anjo?”, ele perguntou.
Sem dar tempo para ouvir a resposta, ele exclamou: “Eu já!”.
Então, ele contou a incrível história sobre um anjo com asas brilhantes. Parecia que ele estava inventando a história enquanto contava.
Caleb sorriu.
“Os anjos são muito legais”, ele disse.
Ele ficou feliz de ver que os garotos queriam falar sobre coisas espirituais. Todo o propósito de Acampamento Polaris era para compartilhar o amor de Jesus com as crianças nativas do Alasca.
Após o culto, os cinco garotos brincaram de esconde-esconde. O garoto que devia procurar saiu para a varanda. Os outros garotos se esconderam na cabine. Dois deles entraram debaixo de um beliche; outro ficou atrás de seu casaco, que estava pendurado na parede; e o último se sentou em um buraco entre seu beliche e a parede e colocou seu saco de dormir sobre sua cabeça.
Depois de brincar de esconde-esconde por cerca de 40 minutos, os garotos foram para a cama. A maioria deles adormeceu rapidamente. Mas um estava terrivelmente com saudade de casa.
“Estou com saudade de casa”, ele disse a Caleb. “Eu não durmo quando estou com saudade de casa.”
“Você não precisa dormir imediatamente”, Caleb disse. “Mas eu preciso que você se deite.”
Ele se deitou e eventualmente dormiu.
Caleb também se deitou. Enquanto ele ia dormir, lembrou-se de como os garotos haviam mostrado interesse em Deus e queriam falar sobre coisas espirituais durante o culto. Ele sorriu. Deus estava operando nos corações dos garotos.
Obrigado por sua oferta anterior que ajudou o Acampamento Polaris a receber novos chalés, banheiros e chuveiros de verdade. Caleb e os garotos de sua cabana estão muito gratos àqueles que contribuíram com aquela oferta de 2015. Você pode ajudar a espalhar o evangelho no Alasca novamente com parte das ofertas deste trimestre, que ajudará a abrir um centro de influência em Bethel. Obrigado por sua oferta generosa.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre Dillingham, Alasca, no mapa. O Acampamento Polaris está localizado próximo a Dillingham. Mostre também a localização de Bethel, onde parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir um centro de influência.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Norte-Americana: bit.ly/nad-2024.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024
Tema geral: Temas do Evangelho de João
Lição 11 – 7 a 13 de dezembro
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Autor: Manolo Damasio
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
A doutrina da Trindade é uma das mais profundas e misteriosas revelações sobre Deus na Bíblia. Desde o princípio das Escrituras, como vemos no Evangelho de João, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são apresentados como distintas Pessoas que coexistem em perfeita unidade. Ao longo da história, essa verdade desafiou o entendimento humano, levando muitos a questionar e até rejeitar aquilo que não podem compreender totalmente. No entanto, o fato de nossa compreensão ser limitada não invalida o ensino bíblico. Assim como a vastidão do Universo excede nosso conhecimento, a natureza de Deus também está além de nossas percepções finitas. Nossa tarefa, portanto, é aceitar com reverência o que Deus nos revelou, reconhecendo que o mistério da Trindade reflete a grandiosidade de um Deus que transcende nossa compreensão.
Após o relato da celebração da Páscoa/Santa Ceia de Jesus com Seus discípulos (Jo 13), João apresenta, de forma inédita (os outros três evangelhos não o fazem), a memória do que ocorreu entre o jantar e o aprisionamento de Jesus. É uma seção relativamente longa, que representa cerca de 1/4 de todo o Evangelho de João.
Jesus reserva para esse diálogo inúmeras lições para Seus discípulos. E quando João recupera esses momentos em seu evangelho, ele considera ser imprescindível que a igreja entenda o significado das palavras de Jesus. O relacionamento de Jesus com o Pai e o Espírito Santo são retratados de forma especial nessa seção, embora também o sejam no restante do livro.
Fazia parte do propósito de Jesus reconstruir a percepção distorcida da imagem do Pai, advogada por Lúcifer e agravada pelo pecado. Jesus discursa a favor do Pai e ilustra em Sua própria vida esses ensinamentos.
Aspectos destacados do Pai
Amor e salvação: Oferece a salvação por meio do Filho (Jo 3:16, 17).
Sustentação e vida: É a fonte de vida e sustenta a missão de Jesus (Jo 6:57).
Justiça e julgamento: Delegou ao Filho a tarefa de julgar, mas guia o julgamento (Jo 5:22, 30).
Provisão espiritual: Dá o pão da vida e responde às orações (Jo 6:32; 14:10, 24).
Ensinador e guia: Ensina, atrai e direciona para a verdade (Jo 6:45).
Presença ativa: Atua por meio de Jesus em palavras e obras (Jo 15:16; 16:23).
O Pai é apresentado como o centro de amor, justiça e propósito em toda a obra da redenção.
Parte do problema causado pelo pecado foi a separação causada entre Criador e criaturas (Is 59:2). Uma aliança divina estabeleceu que Jesus restauraria a comunhão perdida. O Dr. Rodrigo Silva, renomado teólogo adventista, utiliza a analogia de um formigueiro para ilustrar as intenções de Deus ao encarnar em Jesus Cristo. Ele descreve que, se uma pessoa quisesse salvar um formigueiro de ser destruído, a comunicação direta seria impossível devido à diferença entre a natureza humana e a natureza das formigas.
Para ser compreendido pelas formigas, essa pessoa precisaria se tornar uma delas e, ao viver entre elas, demonstrar seu cuidado, orientá-las e conquistá-las por meio da confiança. De forma semelhante, Deus, ao assumir a forma humana em Jesus, não apenas revelou Seu amor e caráter, mas também tornou possível uma relação de confiança com a humanidade. A encarnação divina permite que compreendamos quem é Deus e nos relacionemos com Ele de forma pessoal, eliminando barreiras de medo e desconfiança.
Logicamente, a obra de Cristo não se limitou a revelar o Pai. Ele também pagaria o preço do nosso resgate, algo que veremos ainda melhor na próxima semana.
O Evangelho de João revela uma profunda conexão entre Jesus e o Pai, marcada por unidade, amor e cooperação absoluta. Jesus destaca que Suas palavras e obras não são Dele mesmo, mas uma expressão direta da vontade do Pai que O enviou. Essa unidade é tão profunda que Jesus afirma estar no Pai e o Pai Nele, refletindo uma harmonia perfeita em propósito e missão. Além disso, o amor que o Pai tem por Jesus é a base para o amor que Jesus oferece a Seus seguidores, que são convidados a permanecer nesse amor por meio da obediência e fé. Essa relação de amor e submissão serve de exemplo para os discípulos, que devem guardar os mandamentos de Cristo e, assim, participar da comunhão divina.
Jesus também ensina que conhecer o Pai e o Filho é a essência da vida eterna, indicando que Seu relacionamento com o Pai é o modelo e o caminho para o relacionamento dos fiéis com Deus. Ele veio ao mundo para revelar o Pai, mostrando Seu caráter de amor e justiça, e promete fazer morada naqueles que O amam e obedecem. Por fim, o evangelho destaca que Jesus veio do Pai e a Ele retornará, cumprindo a obra de reconciliação da humanidade com Deus. Essa relação única entre Jesus e o Pai não apenas fundamenta a missão de Cristo, mas também convida os crentes a experimentar a mesma comunhão com o Deus verdadeiro.
O Evangelho de João provoca surpresa ao revelar a profundidade do relacionamento entre Jesus e o Pai, algo que transcendia a compreensão humana da época. Essa unidade perfeita em palavras, obras e amor desafia as limitações do entendimento humano, deixando claro que tais mistérios só podem ser plenamente compreendidos por meio da atuação do Espírito Santo.
O Espírito Santo
Todavia, talvez sejam as declarações de Jesus sobre o Espírito Santo que tenham causado maior estranheza e ainda causem certa confusão na mente de alguns. Ao mesmo tempo, Seu papel é absolutamente essencial para iluminar corações e mentes, tornando possível que os mistérios insondáveis da revelação divina sejam aceitos e vividos.
Desde o primeiro capítulo, João destaca a ação transformadora do Espírito, que torna os crentes filhos de Deus por um nascimento que não é carnal, mas espiritual, operado pelo poder divino. É o Espírito Santo que capacita os fiéis a enxergar a glória do Pai revelada no Filho e a viver em comunhão com esse Deus triúno. Sem o Espírito, o amor do Pai, a obediência do Filho e o chamado à vida eterna permaneceriam apenas como conceitos distantes. É Ele quem traduz a revelação divina em experiência pessoal, conduzindo-nos à compreensão das verdades que desafiam a razão humana e à confiança nelas.
Os discípulos ainda não sabiam disso, mas segundo Ellen G. White, o “Espírito Santo era a maior dádiva que [Jesus] podia solicitar do Pai para exaltar Seu povo” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 540). A identificação de Jesus com o Espírito Santo e a unidade entre Eles ganham relevo no Seu discurso (Jo 14:16-20, 26; 15:26; 16:13, 14; 20:21, 22).
No Evangelho de João, Jesus revela uma profunda unidade entre Ele e o Espírito Santo, destacando que a presença do Espírito é uma continuidade de Sua própria missão e obra. Ao prometer “outro Consolador”, Jesus mostra que o Espírito Santo não é um simples Substituto, mas Seu Representante, Alguém que garante a presença de Cristo entre nós de maneira espiritual, habitando nos discípulos para orientá-los, confortá-los e guiá-los na verdade. Essa unidade é evidenciada na interdependência das ações: o Espírito é enviado tanto pelo Pai quanto por Jesus, e Seu propósito é glorificar a Cristo, enquanto Cristo revela o Pai. Essa cooperação perfeita reflete a essência divina compartilhada por ambos, formando um elo inseparável na Trindade.
Além disso, Jesus deixa claro que o Espírito não age de forma independente. Suas palavras, obras e revelações fluem diretamente do que é de Cristo, garantindo que a mensagem divina permaneça consistente e fiel. Ao soprar sobre os discípulos e dizer: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20:21, 22), Jesus simboliza a entrega do mesmo poder e autoridade que Ele recebeu do Pai, reafirmando a unidade e continuidade dessa missão celestial. O Espírito não apenas glorifica a Cristo, mas também torna Sua presença real e pessoal em cada crente, permitindo que a comunhão com o Deus triúno seja experimentada de forma profunda e transformadora.
É interessante notar também a mudança na obra e atuação do Espírito Santo, como expressa nos versos 16 e 17 do capítulo 14 de João.
“E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para sempre: é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará em vocês.”
Posteriormente, o apóstolo Paulo desenvolveu e aprofundou esse conceito. Mas perceba as duas expressões que indicam a mudança de fase: “com vocês” e “em vocês”. Há 26 ocorrências nos escritos de João e outras 216 nos escritos de Paulo que expressam a ideia de que a Divindade habita “em nós”.
Podemos crer que o problema da separação entre nós e Deus foi realmente resolvido.
“O mistério que esteve escondido durante séculos e gerações, mas que agora foi manifestado aos seus santos. A estes Deus quis dar a conhecer a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vocês, a esperança da glória ” (Cl 1:26, 27).
Isso é um mistério. Uma honra, mas ainda um mistério. Nenhuma religião ou filosofia faz tal afirmação. Maomé não habita nos muçulmanos. Buda não habita nos budistas. Influenciam? Instruem? Seduzem? Sim. Mas ocupam? Não!
Como disse Max Lucado: “O cristão é um lugar onde Cristo acontece”.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se bacharel em Teologia pelo Unasp-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É mestre em Liderança pela Universidade Andrews e pós-graduado pelo Unasp, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.