Lição 2
07 a 13 de julho
O Pentecostes
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Sl 135–139
Verso para memorizar: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (At 2:32, 33).
Leituras da semana: At 2:1-13, 22-39; Jo 14:16; Jl 2:28-32; Sl 110:1-3

Pentecostes” vem da palavra pent?kost?, o nome grego para a Festa das Semanas (Êx 34:22), também conhecida como a Festa das Primícias (Nm 28:26). O termo significa “quinquagésimo” e deve seu uso ao fato de que a festa era celebrada no quinquagésimo dia a partir da oferta do feixe de cevada, no primeiro dia após a Páscoa. Era um dia de alegria e ação de graças, em que o povo de Israel trazia diante do Senhor os “primeiros frutos da colheita do trigo” (Êx 34:22, NVI).

A festa então se tornou um símbolo apropriado da primeira colheita espiritual da igreja cristã, quando o Espírito Santo foi derramado mais abundantemente do que nunca, e 3 mil pessoas foram batizadas em um único dia (At 2:41). Tendo ocorrido após a ascensão de Jesus e Sua exaltação no Céu, esse derramamento do Espírito foi um acontecimento repentino e sobrenatural, que transformou os apóstolos de galileus simples e desconhecidos em homens de convicção e coragem que mudariam o mundo.

O Pentecostes é muitas vezes tido como a data de nascimento da igreja, a ocasião em que os seguidores de Cristo, judeus e (posteriormente) gentios, foram legitimados como a nova comunidade de Deus na Terra.


No mês de julho teremos a Semana de Oração Jovem. Prepare sua igreja, convide seus amigos e ore para que vidas sejam alcançadas pelo evangelho.

Domingo, 08 de julho
Ano Bíblico: Sl 140–144
A vinda do Espírito

Em obediência à ordem de Jesus, os fiéis aguardaram em Jerusalém a promessa do Espírito, em meio a orações fervorosas, arrependimento sincero e louvor. Quando chegou o dia, “estavam todos reunidos no mesmo lugar” (At 2:1), provavelmente o mesmo cenáculo de Atos 1. Mas logo iriam para uma área mais pública (At 2:6-13).

1. Leia Atos 2:1-3. Quais elementos sobrenaturais acompanharam o derramamento do Espírito? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) O céu foi aberto, e a multidão viu os anjos cantando hinos de vitória.

B. ( ) Surgiu um som como de vento impetuoso e línguas de fogo.

A cena foi intensa. Primeiramente, houve um estrondo vindo do céu como o de um vento impetuoso que encheu todo o lugar e, em seguida, surgiram o que parecia ser chamas de fogo, que pousaram sobre os que estavam ali.

Nas Escrituras, vento e fogo são frequentemente associados a uma “teofania” ou manifestação divina (por exemplo, Êx 3:2, 19:18 e Dt 4:15). Além disso, vento e fogo também podem ser usados para representar o Espírito de Deus (Jo 3:8; Mt 3:11). No caso do Pentecostes, seja qual for o significado preciso desses fenômenos, eles eram sinais que inauguravam um momento único na história da salvação: o prometido derramamento do Espírito.

O Espírito sempre estivera em atuação. “Durante a era patriarcal, a influência do Espírito Santo tinha sido muitas vezes revelada de maneira muito notável, mas nunca em Sua plenitude. Agora, em obediência à palavra do Salvador, os discípulos faziam suas súplicas por esse dom e, no Céu, Cristo acrescentou Sua intercessão. Ele reclamou o dom do Espírito para que pudesse derramá-lo sobre Seu povo” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 37).

João Batista profetizou que o Messias vindouro batizaria com o Espírito (Lc 3:16; compare com At 11:16), e o próprio Jesus Se referiu a esse batismo diversas vezes (Lc 24:49; At 1:8). O derramamento do Espírito no Pentecostes seria Seu primeiro ato de intercessão diante de Deus (Jo 14:16, 26; 15:26). Nessa ocasião, a promessa foi cumprida.

Embora o batismo do Espírito no Pentecostes tenha sido um evento singular relacionado à vitória de Jesus na cruz e à Sua exaltação no Céu, o ser cheio do Espírito é uma experiência que deve se repetir constantemente na vida do cristão (At 4:8, 31; 11:24; 13:9, 52; Ef 5:18).

Quais são as evidências da atuação do Espírito em sua vida?


Segunda-feira, 09 de julho
Ano Bíblico: Sl 145–150
O dom de línguas

Em Atos 2:4, o dom do Espírito se manifestou por meio do ato de falar em línguas. No entanto, esse dom foi apenas uma dentre as muitas diferentes manifestações do Espírito (At 10:45, 46; 19:6). Outras incluem previsão do futuro (At 11:28), visões (At 7:55), pregação inspirada (At 2:8; 28:25), cura (At 3:6, 12; 5:12, 16) e qualificação para o serviço (At 6:3, 5).

O dom de línguas no Pentecostes não ocorreu por ser supostamente a evidência típica ou mais importante da dotação do Espírito. Ele foi manifestado para dar início à missão mundial da igreja. Ou seja, o chamado feito em Atos 1:8 exigia o dom de línguas. Se os apóstolos tinham que atravessar barreiras culturais e alcançar os confins da Terra com o evangelho, eles precisavam ser capazes de falar nos idiomas daqueles que necessitavam ouvir o que eles tinham a dizer.

2. Leia Atos 2:5-12. Qual é a evidência de que, no Pentecostes, os apóstolos falaram em idiomas estrangeiros existentes?

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Estima-se que no primeiro século havia de oito a dez milhões de judeus no mundo, e que até 60% deles viviam fora da Judeia. No entanto, muitos que estavam em Jerusalém para a festa eram originários de terras estrangeiras e não podiam falar aramaico, a língua dos judeus que habitavam na Judeia naquele tempo.

Não há dúvida de que, em sua maioria, os conversos no Pentecostes eram judeus de várias nações que agora podiam ouvir o evangelho em seu próprio idioma nativo. Que os apóstolos falaram em idiomas estrangeiros existentes, e não em línguas extáticas e desconhecidas, é evidenciado pelo termo dialektos, que significa idioma de uma nação ou região (At 2:6, 8; compare com At 21:40; 22:2; 26:14). É evidente, portanto, que eles estavam falando nesses idiomas diferentes. O milagre era que aqueles simples galileus agora podiam falar idiomas que, até horas antes, não conheciam. Para os judeus locais que testemunhavam a cena, mas não estavam familiarizados com tais idiomas, a única explicação possível era que os apóstolos estavam bêbados, proferindo sons estranhos que não faziam sentido para eles. “Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” (At 2:13).

Uma manifestação poderosa de Deus estava acontecendo diante de seus olhos e, no entanto, essas pessoas pensaram que era apenas embriaguez. Como podemos ter cuidado para não ser tão espiritualmente cegos?


Terça-feira, 10 de julho
Ano Bíblico: Pv 1–3
O sermão de Pedro

A acusação de embriaguez deu a Pedro a oportunidade de explicar o que estava acontecendo. Em seu discurso, o apóstolo primeiramente fez alusão às Escrituras (At 2:16-21), descrevendo o derramamento do Espírito como o cumprimento de uma profecia.

3. Compare Atos 2:17 com Joel 2:28. Como Pedro entendeu o tempo do cumprimento da profecia de Joel?

A profecia de Joel tratava da futura era da salvação (Jl 2:32), que seria caracterizada por vários sinais no mundo natural e um abundante derramamento do Espírito (Jl 2:28-31). Ao interpretar o evento do Pentecostes à luz dessa profecia, Pedro pretendia enfatizar a relevância histórica do momento. Mas há uma diferença importante na maneira em que ele citou Joel. Em vez de citar a palavra introdutória “depois”, usada por Joel (Jl 2:28) e que apontava para um futuro indefinido, Pedro disse “nos últimos dias”
(At 2:17), indicando que o ato final no grande drama da salvação havia recém-começado. Certamente, essa não é uma descrição completa dos eventos finais, mas uma evidência do grande senso de urgência que distinguia a igreja primitiva. Eles não sabiam quando o fim viria, mas estavam convencidos de que não demoraria muito.

4. Leia Atos 2:22-32. Qual foi o ponto principal na apresentação de Pedro sobre o evangelho? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) A profecia das 2.300 tardes e manhãs.

B. (  ) A ressurreição de Cristo.

Após destacar o significado profético do Pentecostes, Pedro se voltou para os recentes acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Jesus. A ressurreição, no entanto, recebeu maior ênfase, pois representava o fator decisivo na história do evangelho. Para Pedro, a ressurreição era a vindicação suprema de Jesus (At 2:22, 27), e ele citou as Escrituras para provar seu argumento quanto ao significado da ressurreição.

Visto que Jesus era o Messias, Ele não podia ser retido pela morte. Para Pedro e todos os outros escritores do Novo Testamento, portanto, a ressurreição de Jesus se tornou uma evidência poderosa, não apenas de Sua messianidade, mas também de toda a mensagem cristã de salvação.

Com a morte ao nosso redor, sempre nos ameaçando ou aos nossos entes queridos, por que a ressurreição de Jesus é uma verdade tão importante?


Quarta-feira, 11 de julho
Ano Bíblico: Pv 4–7
A exaltação de Jesus

Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (At 2:33).

Na terceira parte do discurso, Pedro voltou à questão das línguas que, inicialmente, havia atraído as pessoas. Em vez de estarem embriagados, o que teria sido estranho às 9 horas da manhã (At 2:15), os fiéis falavam em línguas porque o Espírito Santo havia acabado de ser derramado do Céu.

5. Leia Atos 2:33-36. Qual é a relação entre a exaltação de Jesus, à destra de Deus, e o derramamento do Espírito?

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A destra de Deus é uma posição de autoridade (Sl 110:1-3). O argumento de Pedro, fundamentado nas Escrituras, era que Jesus derramou o Espírito sobre Seus seguidores porque havia sido elevado a essa posição no Céu. A exaltação não concedeu a Cristo um status que Ele não possuía antes (Jo 1:1-3; 17:5). Em vez disso, ela representou o supremo reconhecimento do Pai de Sua prerrogativa como Senhor e Salvador (At 2:36).

Na verdade, esse evento nos leva a um dos temas mais importantes da Bíblia: o conflito cósmico entre o bem e o mal. A questão é que o Espírito não poderia vir em Sua plenitude se Jesus não fosse exaltado (Jo 7:39), e Jesus não seria exaltado se não tivesse triunfado na cruz (Jo 17:4, 5). Em outras palavras, a exaltação de Cristo era a condição para a vinda do Espírito, pois ela significava a aprovação de Deus da Sua obra na cruz, incluindo a derrota daquele que usurpara o domínio deste mundo (Jo 12:31).

A entrada do pecado no mundo lançara uma sombra sobre Deus. A morte de Jesus era necessária, não só para redimir o ser humano, mas também para vindicar o nome de Deus e expor Satanás como um impostor. No ministério de Cristo, a era da salvação já estava em vigor (Lc 4:18-21). Ao expulsar demônios e perdoar pecados, Ele estava libertando cativos de Satanás. Entretanto, era a cruz que Lhe daria autoridade total para realizar essas coisas. Quando o sacrifício pessoal de Cristo foi autenticado no Céu, Satanás levou um golpe decisivo, e o Espírito estava sendo derramado para preparar um povo para a vinda de Jesus.



Quinta-feira, 12 de julho
Ano Bíblico: Pv 8–11
As primícias

As palavras de Pedro compungiram o coração dos ouvintes. É possível que entre eles estivessem alguns que haviam pedido a crucificação de Jesus algumas semanas antes (Lc 23:13-25). Mas naquele momento, convencidos de que Jesus de Nazaré era de fato o Messias designado por Deus, eles clamaram, entristecidos: “Que faremos, irmãos?” (At 2:37).

6. Leia Atos 2:38. Quais são os dois requisitos básicos para receber o perdão? Complete as lacunas:

“Respondeu-lhes Pedro: ________________, e cada um de vós seja ________________ em nome de Jesus Cristo para ________________ dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2:38).

Arrependimento significa mudança radical de direção na vida, afastamento do pecado (At 3:19; 26:20), em vez de simples sentimento de tristeza ou remorso. Juntamente com a fé, o verdadeiro arrependimento é um dom de Deus, mas, como todos os dons, pode ser rejeitado (At 5:31-33; 26:19-21; Rm 2:4).

Desde os dias de João Batista, o arrependimento era associado ao batismo (Mc 1:4). Ou seja, o batismo se tornou uma expressão do arrependimento, um rito que simboliza a lavagem dos pecados e a regeneração moral produzida pelo Espírito Santo (At 2:38; 22:16; compare com Tt 3:5-7).

7. Leia Atos 2:38, 39. Qual promessa especial é dada aos que se arrependem e são batizados?

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As pessoas no Pentecostes receberam não apenas o perdão dos pecados, mas também a plenitude do Espírito para o crescimento pessoal, para o serviço na igreja e especialmente para a missão. Essa foi talvez a maior de todas as bênçãos, pois a principal razão da existência da igreja é compartilhar as boas-novas do evangelho (1Pe 2:9). A partir daquele momento, portanto, eles teriam a certeza da salvação e o poder do Espírito Santo, que lhes capacitaria a cumprir a missão para qual a igreja foi chamada.

Por que a compreensão de que recebemos a remissão dos pecados é tão importante para quem deseja proclamar o evangelho? Afinal, como podemos oferecer esperança em Jesus para os outros, se nós mesmos não a temos?


Sexta-feira, 13 de julho
Ano Bíblico: Pv 12–15
Estudo adicional

O derramamento do Espírito Santo no Pentecostes revelou uma verdade crucial sobre o que ocorreu no Céu e sobre como Deus, o Pai, aceitou o sacrifício de Cristo pelos pecados do mundo. O derramamento do Espírito mostrou, também, que a obra de Jesus no Céu em nosso favor, fundamentada em Seu sacrifício na Terra, foi então iniciada. Esses acontecimentos extraordinários são manifestações adicionais da maravilhosa verdade de que o Céu e a Terra estão ligados de uma maneira que simplesmente não podemos compreender agora.

“A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. […] Ao atravessar os portais do Céu, Jesus foi entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi essa cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em abundantes torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi, de fato, glorificado com aquela glória que teve com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento do Pentecostes foi uma comunicação do Céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. Em conformidade com Sua promessa, Jesus enviou do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 38, 39).

Perguntas para discussão

1. Com relação ao Pentecostes, o que a igreja pode experimentar hoje? O que pode ser repetido e o que não pode?

2. Pedro fez da ressurreição de Jesus uma parte muito importante de sua mensagem no Pentecostes. O que tornou a ressurreição ainda mais extraordinária foi que, independentemente das expectativas messiânicas judaicas, ninguém naquela época esperava que o Messias fosse ressuscitado dos mortos. Isso nem passava pelo “radar espiritual” deles. Não era o que aqueles que aguardavam a vinda do Messias tinham previsto. Em vez de conhecer os mais recentes ensinamentos populares, nossa maior necessidade não é saber o que a Bíblia ensina?

3. Atos 2:38 fala sobre a necessidade do batismo. Isso significa que quem acreditava em Jesus, mas morreu antes de ser batizado, deve necessariamente estar perdido? Justifique sua resposta.

Respostas e atividades da semana: 1. B. 2. Discuta com os alunos sobre a má compreensão do dom de línguas. Quais passagens as pessoas costumam usar para provar que os apóstolos falaram línguas estranhas e não idiomas existentes? Como explicar essas passagens à luz de Atos 2? 3. Peça a um aluno que leia o texto bíblico e compartilhe sua resposta. 4. F; V. 5. A exaltação de Jesus representava o reconhecimento do Pai e a aceitação das obras de Cristo na cruz. Portanto, Jesus podia cumprir a promessa do derramamento do Espírito. 6. Arrependei-vos – batizado – remissão. 7. O recebimento do Espírito Santo.



Resumo da Lição 2
O Pentecostes

TEXTOS-CHAVE: Atos 2:1-13, 22-39; Joel 2:28-32

O ALUNO DEVERÁ

Conhecer: A importância fundamental do Pentecostes. 
Sentir: A influência do Espírito Santo em sua vida como indivíduo e na igreja como comunidade.
Fazer: Compartilhar situações reais em que o Espírito Santo enriqueceu sua vida pessoal e comunitária.

ESBOÇO

I. Conhecer: A promessa e o Pentecostes

A. Quais promessas Jesus fez em relação ao Espírito Santo? (Jo 14:15-18; 16:8-14; At 1:8)

B. Como essas promessas foram cumpridas no Pentecostes? (At 2:1-12, 16-21, 38, 39)?

II. Sentir: A preparação e a proclamação

A. Os discípulos se prepararam para receber o Espírito no dia de Pentecostes? De que maneira? (At 2:1, 2)

B. É possível separar o recebimento do Espírito da proclamação da mensagem que Ele nos envia? Explique.

C. No Pentecostes, como o Espírito habilitou os discípulos a proclamar a mensagem que lhes foi dada?

III. Fazer: O poder do Espírito e a colheita

Quando o plano da redenção é pregado mediante o poder do Espírito Santo, que tipo de resultado pode ser esperado? (At 2:36-41)

RESUMO

No Pentecostes, quando os discípulos se reuniram unanimemente em estudo e oração, Deus derramou sobre eles o Espírito Santo. Como podemos experimentar esse derramamento do Espírito hoje?

Ciclo do aprendizado

1 Motivação

Focalizando as Escrituras: Atos 2:38

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Embora o Pentecostes não tenha sido o primeiro derramamento do Espírito Santo sobre o povo de Deus, nunca devemos esquecer que esse derramamento representa um evento poderoso na história da redenção. O Jesus ressuscitado passou 40 dias com Seus discípulos, ensinando-lhes sobre o significado da cruz e do túmulo vazio, sobre o cumprimento da promessa de que Ele não desampararia Seus seguidores após Sua ascensão (Jo 14:16, 17), e sobre o derramamento do Espírito para que cumpríssemos a grande comissão evangélica (Mt 28:19, 20; At 1:8). O Espírito que esteve presente na criação e na experiência do novo nascimento (Jo 3:5) é o mesmo que concluirá a comissão do evangelho.

Para o professor: Embora o Pentecostes seja um evento importante na história da igreja, não devemos cometer o erro de presumir que a obra do Espírito tivesse começado apenas naquele dia. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito são eternamente presentes, coeternos, coexistentes e iguais. Quando Deus disse: “Façamos o homem à Nossa imagem” (Gn 1:26), Ele Se referiu à pluralidade de três Pessoas e à singularidade de propósito. Quando Paulo declarou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm 3:16), ele se referiu ao papel ativo do Espírito Santo na Palavra escrita de Deus. Da criação ao novo céu e à nova Terra, os três membros da Divindade foram e são participantes ativos. Nesta semana, a Lição enfatiza como o Espírito opera tanto no discípulo individualmente quanto na comunidade dos fiéis. Lucas menciona o Espírito Santo cerca de 55 vezes no livro de Atos, levando alguns estudiosos a descrever o livro como “o evangelho do Espírito Santo”. A igreja primitiva era de fato uma igreja cheia do Espírito. Assim também deve ser a igreja de hoje.

Discussão: A partir do Pentecostes, o Espírito Santo Se tornou a irresistível realidade da vida e do ministério da igreja. Peça a alguns alunos que escolham uma das seguintes passagens e indiquem como o Espírito guiou a obra da igreja:

At 2:14-21

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At 4:31

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At 8:29

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At 10:19; 11:12

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2 Compreensão

Para o professor: Embora fosse um gentio, Lucas tinha uma elevada compreensão da história, das leis e costumes judaicos. Portanto, em seu relato sobre os primórdios da igreja cristã, Lucas teve por fundamento as festas do Antigo Testamento: a Páscoa e o Pentecostes. A Páscoa comemora a divina libertação de Israel da escravidão egípcia (Êx 12:1-28; Lv 23:5-8), e o Pentecostes é uma festa de gratidão a Deus pelas primícias (Êx 34:22; Nm 28: 26) e pela colheita (Êx 23:16). O Novo Testamento interpreta que a Páscoa foi cumprida na cruz: “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1Co 5:7). O Novo Testamento também entende que o Pentecostes, que ocorria 50 dias após a Páscoa/crucificação, foi cumprido nos eventos de Atos 2, quando a vinda do Espírito Santo produziu a primeira grande colheita de 3 mil pessoas (At 2:41). O estudo desta semana deve reforçar três aspectos do Espírito Santo: (1) a preparação para o recebimento do Espírito; (2) a pregação cheia do Espírito; (3) e os resultados dessa pregação.

Comentário bíblico

I. Preparação para o recebimento do Espírito

(Recapitule com a classe At 2:1-13.)

Após Sua ressurreição, Jesus passou 40 dias com os discípulos, “falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1:3). O tempo deles com Jesus foi talvez o período de preparação mais intenso para os discípulos – para conhecerem mais sobre o evangelho e sobre a missão de levar o evangelho até os confins da Terra. Jesus “determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai” (At 1:4). Sem o recebimento do Espírito, o evangelismo é vazio e fútil. Por isso, havia necessidade de preparação: “Esses dias de preparo foram de profundo exame de coração. Os discípulos sentiram sua necessidade espiritual, e suplicaram do Senhor a santa unção que os devia capacitar para a obra da salvação [...]. Sentiam a responsabilidade que pesava sobre eles. Compreendiam que o evangelho devia ser proclamado ao mundo e clamavam pelo poder que Cristo havia prometido” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 37).

Os discípulos esperaram, oraram e estudaram as Escrituras. Então, de repente, no dia de Pentecostes, o Espírito desceu quando estavam todos reunidos em um só lugar, em oração e com um só propósito (At 2:1). O Espírito de Deus, como “um vento impetuoso”, encheu a casa e “todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2:2, 4). Com a vinda do Espírito, todos os dias que os discípulos tinham passado com Jesus – todos os seus questionamentos, a cruz, o túmulo vazio – foram imbuídos de um significado mais profundo.

Pense nisto: Um incidente surpreendeu e deslumbrou a multidão que tinha vindo de diferentes partes do mundo e estava reunida em Jerusalém: cada grupo ouviu os discípulos pregarem em seu próprio idioma (At 2:7, 8). Pelo menos 16 desses grupos linguísticos foram identificados em Atos 2:9-11. O que você entende por esse “dom de línguas”? (Compare com 1Co 14).

II. Pregação cheia do Espírito

(Recapitule com a classe At 2:14-19.)

O primeiro sermão da igreja cristã, registrado em Atos 2:14-39, apresenta três elementos essenciais da pregação: inspiração, fundamento e conteúdo.

A inspiração para pregar continua sendo hoje a mesma do Pentecostes: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar” (At 2:4). Sem a capacitação do Espírito, sem o compromisso pleno com a Palavra inspirada por Ele, nenhuma pregação real pode ocorrer. O poder do Espírito capacitou Pedro a pregar seu primeiro sermão. Um pregador não é fruto de sua erudição, eloquência, habilidade nem riqueza, mas do Espírito. Um sermão é um milagre realizado pelo Espírito; tem origem no compromisso com as Escrituras, e é expresso por meio de humildes lábios de barro.

O fundamento de todo sermão é a Palavra de Deus. Quase 50% do sermão de Pedro em Atos 2 são citações do Antigo Testamento. Um sermão que não nasce da Bíblia não pode tornar viva a Palavra diante da congregação. Sem a Palavra inspirada, como poderíamos falar sobre o Verbo encarnado? Um sermão deve começar com esse entendimento e se fundamentar firmemente na revelação de Deus. Essa perspectiva bíblica, iluminada pelo Espírito Santo, levou os apóstolos a relacionar o que estava acontecendo naquele dia à profecia de Joel. “Isto é o que foi dito pelo profeta Joel”, Pedro proclamou (At 2:16, ARC). A pregação deve ser capaz de ligar o presente ao passado e, em seguida, apontar para o futuro.

O conteúdo do sermão deve ser sempre Jesus – o Cristo encarnado, crucificado, ressuscitado, que foi elevado às alturas e em breve retornará. Para os seguidores de Jesus, não havia dúvida quanto a isso: “Os discípulos deviam levar avante sua obra no nome de Cristo. Cada uma de suas palavras e cada ato devia atrair a atenção sobre Seu nome como possuindo esse poder vivificante pelo qual os pecadores podem ser salvos [...]. O nome de Cristo devia ser a senha, a insígnia, o laço de união, a autoridade para seu curso de ação e a fonte de seu sucesso” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 28).

Pense nisto: O sermão de Pedro frequentemente se refere a “este Jesus”. Como o apóstolo usou essa expressão para convencer seu público?

III. Os resultados da pregação cheia do Espírito

(Recapitule com a classe At 2:38-42.)

A pregação eficaz, cheia do Espírito, deve levar os ouvintes a um único objetivo: ter o coração compungido e perguntar a si mesmos: “Que faremos?” (At 2:37). A pregação pentecostal, juntamente com a manifestação do poder do Espírito e a pregação do apóstolo centrada na Bíblia e capacitada pelo Espírito, abalou a cidade de Jerusalém, e a multidão se voltou para Pedro, perguntando: “Que faremos”? Nenhum sermão deve terminar sem que alguém faça essa pergunta. Pregação não é entretenimento. Não é disseminar informação. Pregar é falar sobre “este Jesus”; é conduzir o povo à Sua cruz, mostrar-lhe Suas feridas, descrever Sua vitória, oferecer-lhe Sua esperança e o convidar a aceitá-Lo como seu Senhor e Salvador. Um sermão que não convida os ouvintes a aceitar Jesus reflete a timidez do pregador ou sua falta de confiança no poder do Espírito Santo para transformar vidas.

Pense nisto: Um sermão eficaz deve levar o pecador ao batismo em nome de Jesus; deve confirmar o santo no recebimento do Espírito Santo. Como um discípulo moderno de Cristo pode fazer desse sermão uma parte de sua vida?

3 Aplicação

Para o professor: Você ficou surpreso com o resultado do Pentecostes? Um batismo de 3 mil pessoas em um único dia em Jerusalém! Onde há a Palavra e o Espírito, há poder, e a igreja cresce. Essa foi a mensagem de Pedro. E esse é o nosso desafio.

Pergunta para reflexão: Desde o início de sua história, os adventistas são conhecidos pelo evangelismo. Nossos métodos evangelísticos são eficazes hoje? Por quê?

4 Criatividade

Para o professor: Em alguns grupos cristãos, falar em línguas é considerado um sinal essencial do recebimento do Espírito Santo. Atos 2:6 menciona vários grupos linguísticos que se reuniram em Jerusalém e ouviram a mensagem em seu próprio idioma. Alguns ficaram maravilhados. Outros pensaram que os discípulos estivessem bêbados. Desde então a questão de falar em línguas tem sido problemática na igreja. O apóstolo Paulo deu bons conselhos sobre como lidar com essa questão de maneira que não afete negativamente a unidade entre os cristãos. Discuta com a classe os conselhos de Paulo à igreja, em 1 Coríntios 14, sobre o dom de línguas.


Pastor e esposa convertidos

Hee-Sook [Hi-Suk] e outras duas colegas colportoras trabalhavam em uma cidade perto de Seul, capital da Coreia do Sul. Enquanto andavam por uma rua, viram um outdoor informando a realização de um retiro de estudantes de uma denominação evangélica, e decidiram ver do que se tratava. O endereço informado no cartaz era o da casa de um casal que servia como pastores de uma das maiores denominações evangélicas da Coreia do Sul. Mas, as colportoras não sabiam disso quando chegaram à casa.

“Somos da Casa Publicadora Coreana e queremos mostrar alguns livros”, Hee-Sook disse. Para sua surpresa, o marido identificou o nome da casa publicadora adventista e perguntou imediatamente: “Por que vocês guardam o sábado?” Hee-Sook contou a história da criação relatada em Gênesis. Explicou como Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, o sábado, e o santificou. Entregou alguns cursos bíblicos por correspondência e prometeu levar a segunda lição na semana seguinte.

Interesse despertado 
Enquanto faziam a oferta, ela percebeu que Ki-Jo Moon [Ki-Jo Mún], conhecia a Bíblia. Ele era pastor havia 30 anos e a esposa, durante dez anos. Por isso, Hee-Sook teve a ideia de não levar o curso bíblico na visita seguinte. Em vez disso, presenteou o casal com uma coleção dos cinco livros que compõem a série Conflito dos Séculos, de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis, O Desejado de Todas as Nações, Atos dos apóstolos e O Grande Conflito, que custava 300 mil wons coreanos, aproximadamente 265 dólares.

O pastor Ki-Jo Moon expressou interesse especial no livro de Daniel e perguntou onde poderia obter informações sobre ele. Na visita seguinte, Hee-Sook levou comentários dos livros de Daniel e Apocalipse. Algum tempo depois, o pastor enviou a seguinte mensagem de texto: “Parece que tenho estudado a Bíblia de maneira superficial por toda minha vida”, escreveu.

“Posso visitar sua igreja?” Evidentemente a resposta foi positiva. Ele foi, gostou do culto e retornou algumas vezes. Porém, surpreendentemente, deixou de ir. Toda vez que era perguntado sobre a razão da ausência, ele se desculpava dizendo estar muito ocupado ou não se sentindo bem. Depois de algum tempo, Kee-Sook soube que a esposa dele o proibira de ir à igreja adventista, repreendendo-o: “Você é pastor. Que vergonha! Você não pode fazer isto!” Entretanto, a colportora continuou convidando o pastor.

Mensagem de saúde 
Sete anos se passaram desde o primeiro encontro e, certo dia, ela telefonou novamente, convidando-o para frequentar a um seminário sobre saúde na igreja adventista. Os seminários incluíam sessões de detox, onde os convidados experimentariam vários sucos preparados para limpar o organismo. Informado sobre isso, o pastor sugeriu: “Seria melhor se você falasse com minha esposa.” Então, Hee-Sook ligou para ela, que prontamente decidiu acompanhar o marido. Essa foi a primeira vez que ela demonstrou interesse na igreja adventista.

Finalmente, o casal aceitou o convite para participar de séries evangelísticas. Aparentemente, o esposo parecia convicto pela mensagem, mas não estava seguro o bastante para mudar de denominação. Diante disso, Hee-Sook convidou o casal para uma segunda série evangelística. Eles participaram de todas as reuniões e declararam: “Estamos atraídos por esta mensagem”

Passados oito anos, em fevereiro de 2017, o casal foi batizado. A Palavra de Deus e nossa mensagem de saúde transformam vidas!

 

Conhecendo a Coreia do Sul

  • A Coreia do Sul tem 715 igrejas e 247.143 membros. Com uma população de 75.916 pessoas, isso significa um adventista para cada 407 habitantes.
  • Mas de 50% da população coreana não pertencem a nenhuma religião organizada, embora 28% se declarem cristãos e 16%, budistas.
  • A região metropolitana de Seul, conhecida como Cidade Especial de Seul, abriga mais de 25 milhões de habitantes, tornando a cidade a terceira maior do mundo.

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018

Tema Geral: O Livro de Atos dos Apóstolos

Lição 2: 7 a 14 de julho

O Pentecostes

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Cristian Piazzetta
Capelão da Escola Adventista
Cachoeirinha, RS 

Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA

Esboço da lição da semana

  1. A vinda do Espírito Santo (At 2:1-4)
  2. O dom de línguas (At 2:5-13)
  3. O sermão de Pedro (At 2:14-36)
  4. O primeiro batismo (At 2:37-41)

I. A vinda do Espírito Santo (At 2:1-4)

O tempo de espera havia acabado. Após seguir a orientação dada pelo próprio Jesus de aguardar em Jerusalém o poder prometido (At 1:4), os apóstolos estavam reunidos a fim de receber a unção do Espírito do Senhor que os habilitaria a testemunhar de Cristo. Embora Lucas tenha sido um pouco vago quanto à referência ao local, pode-se inferir que os discípulos estavam reunidos no mesmo cenáculo de Atos 1:13 (hyperoon), o qual não deve ser confundido com o local da Última Ceia de Lucas 22:11 (katalyma). Reunidos ali para celebrar a festa de Pentecostes, os discípulos foram surpreendidos com manifestações sobrenaturais que acompanharam o derramamento do Espírito Santo. A vinda do Espírito Divino é descrita em três declarações paralelas: (1) veio do céu um som, parecido com um vento impetuoso, que encheu toda a casa, (2) em seguida, apareceram línguas, parecidas com fogo, que pousaram sobre cada um deles, e (3) finalmente, todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas. A ênfase de Lucas está na objetividade do evento. Ele foi audível, visível e corpóreo. As imagens de vento e fogo eram parte do aparato utilizado por Deus em Suas manifestações (teofanias) nos tempos do Antigo Testamento (cf. 1Rs 19:11; Is 66:15). Certamente, o impacto desses símbolos estava em demonstrar que o próprio Deus estava ali presente e a tão aguardada promessa do derramamento do Espírito Santo era agora uma realidade (Jl 2:28-30; cf. Lc 3:16; Jo 14:16; 15:26; At 1:8).

II. O dom de línguas (At 2:5-13)

Os versos seguintes apresentam o resultado do derramemento do Espíriro Santo sobre aqueles que estavam no cenáculo: eles falaram em línguas. Embora falar outras línguas seja um dom espiritual legítimo, é importante ressaltar que ele é apenas uma dentre as mais diversas formas pelas quais o Espírito de Deus Se manifesta. Em 1 Coríntios 12, o apóstolo Paulo listou uma série de outros dons do Espírito Santo (v. 8-11), indicando que Sua manifestação “é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (v. 7), ou seja, cada dom tem um propósito específico. Por que, então, a manifestação do Espírito Santo se deu na forma de línguas no dia de Pentecostes?

1. O porquê das línguas

O próprio contexto do episódio evidencia que o dom de falar em línguas no Pentecostes foi uma capacitação necessária para que os apóstolos dessem início à missão mundial da igreja. Em outras palavras, se Jesus os havia comissionado para ser Suas testemunhas até os confins da Terra, era de suma importância que eles fossem capazes de comunicar o evangelho na língua nativa dos ouvintes com os quais entrariam em contato. E isso aconteceu já no próprio dia de Pentecostes. Lucas foi enfático ao destacar a vasta quantidade de nações representadas em Jerusalém por ocasião da festividade judaica (v. 9-11). Tão ampla era a representatividade de povos ali que Lucas hiperbolizou ao dizer que ali havia judeus “vindos de todas as nações debaixo do céu” (v. 5). O fato é que, a fim de que o evangelho fosse anunciado àquelas pessoas, a barreira linguística que separava os apóstolos delas precisava ser transposta. A habilidade linguística conferida aos apóstolos foi a intervenção divina para que a mensagem fosse anunciada. É notável o espanto daquelas pessoas quando perceberam como os discípulos podiam então falar em suas línguas maternas (v. 8) Embora já tenha sido sugerido que o milagre, na verdade, se deu no fato de as pessoas entenderem os discípulos, ou seja, uma capacitação especial para compreendê-los, o texto é claro ao indicar que foram os discípulos que receberam o Espírito Santo, não a multidão. Logo a manifestação se deu neles. Outro ponto importante é o próprio fato de as pessoas terem ficado atônitas e perplexas ao ver os discípulos “falando” em suas línguas maternas” (v. 8), o que indica que o milagre estava ligado à faculdade de falar. Sem dúvida, a intervenção miraculosa do Pentecostes se deu no fato de que aqueles simples galileus podiam então falar idiomas que até então eram desconhecidos por eles. A finalidade exclusiva era pregar o evangelho. Ellen G. White comenta:

“‘E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu’ (At 2:5). Durante a dispersão os judeus tinham sido espalhados por quase todas as partes do mundo habitado, e em seu exílio tinham aprendido a falar várias línguas. Muitos desses judeus estavam nessa ocasião em Jerusalém. […] Cada língua conhecida estava representada por eles. Essa diversidade de línguas teria sido um grande empecilho à proclamação do evangelho. Portanto, de maneira miraculosa, Deus supriu a deficiência dos apóstolos. O Espírito Santo fez por eles o que não teriam conseguido fazer por si mesmos em toda uma existência. Então eles podiam proclamar as verdades do evangelho em toda parte, falando com perfeição a língua daqueles por quem trabalhavam.”

2. A natureza das línguas

Que as línguas faladas pelos apóstolos se tratavam de idiomas conhecidos é a conclusão mais lógica e pertinente a respeito do próprio vocábulo grego empregado por Lucas para expressar a reação da multidão ao ouvir os discípulos: “E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (v. 8). A palavra grega traduzida por “língua” é dialektos, que significa o idioma de uma nação ou região, daí a origem da palavra “dialeto”. Refere-se apenas a uma língua humana, com vocabulário, gramática, sintaxe, etc. Não deve haver dúvidas de que os apóstolos falaram os idiomas estrangeiros das nações ali representadas.

Tentativas de equiparar o dom de línguas de Atos 2 aos fenômenos carismáticos modernos não condizem com a caracterização bíblica do dom. Enquanto o dom de línguas bíblico é tipificado pela inteligibilidade (1Co 14:9-11) e pela edificação da igreja (1Co 14:12), não é isso o que acontece hoje nas manifestações de glossolalia em alguns círculos cristãos, onde pessoas entram em estado de transe e pronunciam sons sem sentido, incompreensíveis a elas mesmas e aos outros participantes.

É conhecido o fato de que línguas extáticas eram amplamente comuns e praticadas em cultos pagãos da antiguidade, como é relatado por Heródoto e por Virgílio. Análises realizadas por linguistas têm destacado a grande similaridade entre as línguas extáticas nos movimentos pentecostais e aquelas praticadas em rituais pagãos; ou seja, trata-se do mesmo fenômeno. Uma boa evidência disso é o estudo da Dra. Felicitas Goodman, uma antropóloga e linguista que, depois de realizar estudos in loco de várias comunidades pentecostais de fala inglesa e espanhola nos Estados Unidos e no México, e depois de comparar gravações de aúdios de rituais não cristãos da África, Bornéu, Indonésia e Japão, publicou seus resultados em 1972 em uma extensa monografia entitulada: Speaking in Tongues: A Cross-Cultural Study in Glossolalia. [Falando em Línguas: Um Estudo Transcultural em Glossolalia] (University of Chicago Press, 1972). Goodman afirma: “Quando todos os aspectos da glossolalia são levados em consideração, isto é, a estrutura segmentar (como sons, sílabas, frases) e outros elementos como ritmo, sotaque e especialmente a entonação geral, a associação entre transe e glossolalia é então aceita por muitos pesquisadores como uma suposição correta.”

III. O sermão de Pedro (At 2:14-36)

O sermão de Pedro após a manifestação do dom de línguas foi o primeiro dos “discursos evangelísticos” do livro de Atos e é muito significativo, pois representa o “Kerygma primitivo” (primeira proclamação) da igreja, ou seja, o conteúdo da pregação inicial cristã que geralmente consistia em textos das Escrituras relacionando o Messias a Jesus, com ênfase em Sua morte e ressureição, e apresentando um chamado ao arrependimento. A mensagem de Pedro enfatizou dois aspectos principais: (1) a profecia de Joel, e (2) a exaltação de Jesus.

1. A profecia de Joel

Para Pedro, estava claro que o que havia acabado de acontecer era o cumprimento profético de Joel 2. A profecia de Joel foi originalmente concebida depois que uma praga de gafanhotos tinha devastado a terra de Israel e resultado numa fome severa. Joel conclamou as pessoas ao arrependimento, prometendo a restauração da terra e prevendo a chegada do Dia do Senhor, que seria o alvorecer da era messiânica, quando o Espírito seria derramado sobre toda carne. Ao interpretar o evento do Pentecostes à luz dessa profecia, Pedro enfatizou a relevância histórica do momento. A profecia de Joel havia acabado de ser cumprida. O Espírito havia finalmente sido disponibilizado completamente e o ato final do grande drama da salvação havia começado. Portanto, o Espírito já veio. Ele já foi outorgado por Deus ao Seu povo. O que falta é nos apropriarmos completamente do dom que já está disponível (cf. Ef 5:18) desde aquele momento.

2. A exaltação de Jesus

Após ter destacado o significado profético do Pentecostes, Pedro dirigiu sua atenção para os acontecimentos então recentes da vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus. No entanto, foi a ressurreição que recebeu maior ênfase, pois representou o elemento decisivo na história do evangelho, a evidência final de que Jesus não era um homem comum. Por ser o Messias (v. 23), Ele não poderia ser detido pela morte e, por haver ressuscitado (v. 32), foi exaltado por Deus à Sua destra, tornando assim possível a vinda do Espírito Santo. A questão é que a vinda do Espírito era condicional à vitória de Jesus na cruz (Jo 17:4, 5) e Sua subsequente exaltação no Céu (Jo 7:39). Pela cruz, Deus recuperou o governo moral do Universo e o direito de reclamar a humanidade de volta para Si. A exaltação de Jesus foi o momento supremo em que isso foi reconhecido não apenas por Deus, mas também pelos anjos e todos os demais seres criados (Ap 5:8-14; cf. Fp 2: 8, 9; Hb 2:9). O Pentecostes foi o resultado de tudo isso. Era hora de atacar o reino de Satanás e resgatar o ser humano de volta para Deus.

IV. O primeiro batismo (At 2:37-41)

A resposta ao sermão de Pedro não poderia ter sido mais positiva. As palavras inspiradas do apóstolo de fato “perfuraram [katenyg?san] o coração” dos ouvintes (v. 37), que apenas queriam saber o que fazer depois de tão profunda exposição acerca dos efeitos da morte e ressureição de Jesus. Pedro, então, destacou os quatro principais aspectos da experiência da conversão: (1) arrependimento, (2) batismo, (3) perdão de pecados e (4) recebimento do dom do Espírito (v. 38). O número expressivo de batismos naquele dia, quase três mil, revela a forte atuação do Espírito no coração daquelas pessoas. O Pentecostes foi o primeiro assalto ao reino de Satanás depois da cruz. Cada um de nós tem hoje o privilégio de testemunhar de Jesus, ampliando esse assalto e trazendo mais e mais cativos do pecado para o reino do nosso grande Deus.

Conclusão

Pontos a ser enfatizados em classe:
– O cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo.
– O propósito do dom de línguas.
– A natureza das línguas faladas.
– Vida, morte e ressurreição de Jesus.
– A exaltação de Jesus como condição para a vinda do Espírito Santo.
– Nossa participação individual na obra de resgate iniciada pelos apóstolos no Pentecostes.

 

Supervisor do comentário:

Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).

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¹Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 39, 40.
²L. Carlyle May, (1956), ‘A Survey of Glossolalia and Related Phenomena in Non?Christian Religions’ in American Antrophology, p. 75.
³Felicitas Goodman (1972), Speaking in Tongues: A Cross-Cultural Study in Glossolalia, 23.