Vez após vez, os salmos destacam a verdade de que o Senhor soberano, que criou e sustenta o Universo, também Se revela como um Deus pessoal, que inicia e mantém um relacionamento com Seu povo. Deus está perto de Seu povo e de Sua criação, tanto no Céu quanto na Terra (Sl 73:23, 25). Lemos que “nos céus, o Senhor estabeleceu o Seu trono” (Sl 103:19) e “cavalga sobre as nuvens” (Sl 68:4); contudo, “perto está o Senhor de todos os que O invocam, de todos os que O invocam em verdade” (Sl 145:18). O Livro dos Salmos sustenta inabalavelmente a verdade de que o Senhor é o Deus vivo, que age em favor daqueles que O invocam (Sl 55:16-22). Os salmos são significativos precisamente porque são inspirados pelo Deus vivo e se referem a Ele, que ouve as orações e as responde.
Devemos lembrar que a resposta adequada à proximidade do Senhor consiste em uma vida de fé Nele e de obediência a Seus mandamentos. Ele não aceitará nada menos que essa fé e obediência, conforme a história de Israel muitas vezes revelou.
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1. Leia Salmo 139:1-18. Como esses versos retratam poeticamente o poder (Sl 139:1-6), a presença (Sl 139:7-12) e a bondade de Deus (Sl 139:13-18)? O que a grandeza de Deus diz sobre Suas promessas?
Você já quis ajudar alguém, mas não tinha meios? Da mesma forma, algumas pessoas já tentaram ajudar você, mas não entenderam suas necessidades. Diferentemente das pessoas mais amorosas e mais bem-intencionadas, Deus nos conhece perfeitamente, bem como nossas circunstâncias, e tem os meios para nos ajudar. Portanto, Suas promessas de ajuda e libertação não são clichês, mas firmes garantias.
O conhecimento de Deus sobre o salmista é tão grande e único que nem mesmo o ventre de sua mãe poderia escondê-lo do Pai (Sl 139:13, 15). A onisciência divina envolve o tempo (Sl 139:2), o ser interior (Sl 139:2, 4) e o espaço (Sl 139:3) – toda a existência do salmista. Esse maravilhoso conhecimento se revela nas Suas obras de criação, e Seu grande conhecimento das pessoas se manifesta em Seu cuidado por elas.
Essa maravilhosa verdade sobre Deus nos conhecer intimamente não deve nos assustar, mas nos levar aos braços de Jesus e ao que Ele realizou por nós na cruz. Pois, pela fé em Jesus, foi-nos dada a Sua justiça, “a justiça de Deus” (Rm 3:5, 21).
Destaca-se a presença divina com a descrição de Deus chegando até o “o mais profundo abismo” (sheol, “sepultura”) e às “trevas” (Sl 139:8, 11, 12), lugares não retratados comumente como Sua habitação (Sl 56:13). Sua presença também toma as “asas da alvorada” (leste) para alcançar “os confins dos mares” (oeste; Sl 139:9). Essas imagens transmitem o fato de que não há no Universo lugar em que estejamos fora do alcance de Deus. Embora Ele não faça parte do Universo, como acreditam alguns, Ele está perto de tudo. O Senhor não apenas criou o Universo, mas o sustenta (Hb 1:3).
Como Aquele que sabe tudo sobre nós, Deus pode nos ajudar e nos restaurar. A percepção de Sua grandeza provoca no salmista uma explosão de louvor e uma confiança renovada. Ele aprecia a investigação divina como o meio que pode remover de sua vida qualquer coisa que perturbe seu relacionamento com Deus.
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2. Como Deus Se envolve com a nossa vida? Sl 40:1-3; 50:15; 55:22; 121
O Senhor Se revela nas Escrituras como o Deus vivo que age em favor dos que O invocam. Para o salmista, “o Senhor [está] sempre diante [dele]” (Sl 16:8). Portanto, ele confia em Deus e O invoca (Sl 7:1; 9:10). O Senhor o ouvirá mesmo quando clamar das “profundezas” (Sl 130:1, 2), indicando que nenhuma circunstância escapa ao domínio de Deus. O clamor do salmista, por mais urgente que seja, tem esperança. O Salmo 121, por sua vez, celebra o poder do Criador na vida do indivíduo fiel. Esse poder inclui:
(1) A certeza de que “Ele não permitirá que os seus pés vacilem” (Sl 121:3). A imagem do “pé” muitas vezes descreve a jornada de vida de alguém (Sl 66:9; 119:105; Pv 3:23). O uso da palavra hebraica para “vacilar” descreve a segurança que Deus dá ao mundo (Sl 93:1) e a Sião (Sl 125:1).
(2) A imagem do Senhor como Guardião de Israel, que não dormita nem dorme. Isso destaca o constante estado de alerta e prontidão do Senhor para agir em favor de Seus filhos (Sl 121:3, 4).
(3) A figura do Senhor como “a sombra à sua direita” (Sl 121:5, 6), que traz à mente a coluna de nuvem da época do Êxodo (Êx 13:21, 22). Da mesma forma, o Senhor provê abrigo físico e espiritual ao Seu povo.
(4) A presença de Deus está à sua direita (Sl 121:5). A mão direita normalmente designa a mão mais forte de uma pessoa, a mão da ação (Sl 74:11; 89:13). Aqui ela transmite a proximidade e o favor de Deus (Sl 16:8; 109:31; 110:5).
(5) A proteção de Deus ao Seu povo, claramente confirmada no Salmo 121:6-8. Deus preservará Seus filhos de todo o mal. Nem “o sol” nem “a lua” lhes farão mal. Deus preservará sua “saída” e a sua “entrada”. Essas figuras poéticas enfatizam o cuidado abrangente e incessante de Deus.
O ponto crucial? O salmista confiava no cuidado amoroso de Deus. Nós, é claro, devemos fazer o mesmo.
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3. O que o salmista faz em tempos de aflição? Sl 17:7-9; 31:1-3; 91:2-7
O salmista passa por diferentes problemas e, neles, volta-se para o Senhor, que é um refúgio em todas as adversidades. A confiança é uma escolha deliberada de reconhecer o senhorio de Deus sobre a vida em todas as circunstâncias. Se a confiança não funciona na adversidade, não funcionará em tempo algum. O testemunho do salmista: “Diz ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio” (Sl 91:2), brota de sua experiência passada com Deus e fortalece sua fé para o futuro. O salmista chama Deus de Altíssimo e Onipotente (Sl 91:1, 2), lembrando-se da grandeza insuperável de seu Deus.
O salmista também fala da segurança que se pode encontrar em Deus: o “esconderijo” (“abrigo” ou “lugar secreto”), “sombra” (Sl 91:1), “refúgio”, “fortaleza” (Sl 91:2), “asas”, “escudo”, “proteção” (Sl 91:4) e “morada” (Sl 91:9). Essas imagens representam refúgios seguros na cultura do salmista. Basta pensar no calor insuportável do sol naquela parte do mundo para apreciar a sombra ou recordar os tempos das guerras na história de Israel, a fim de valorizar a segurança proporcionada pelo escudo ou pela fortaleza.
4. Leia Salmo 17:8; Mateus 23:37. Que imagem é usada e o que ela revela?
Uma das metáforas mais profundas é a que se refere a estar “à sombra das Tuas asas” (Sl 17:8; 57:1; 63:7). Essa metáfora sugere conforto e segurança, indicando a proteção de uma ave-mãe. O Senhor é comparado a uma águia que protege seus filhotes com suas asas (Êx 19:4; Dt 32:11) e a uma galinha que reúne seus filhotes sob as asas (Mt 23:37).
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5. Leia 1 Coríntios 10:1-4. Como Paulo descreve a história do Êxodo? Que lição espiritual ele procura ensinar?
6. Como a libertação de Israel do Egito é descrita poeticamente? Sl 114
Que representação poética da maravilhosa libertação divina de Seus filhos da escravidão do Egito é dada no Salmo 114. Em todo o AT, e até mesmo no NT, a libertação do Egito é vista como um símbolo do poder de Deus para salvar Seu povo. Nesses versos em Coríntios Paulo considerou toda a história como uma metáfora, um símbolo da salvação em Jesus Cristo. O Salmo 114 também descreve como Deus, Criador e Soberano sobre os poderes da natureza, salvou Seu povo no Êxodo. O mar, o rio Jordão, as montanhas e colinas representam poeticamente os poderes naturais e humanos que se opõem a Israel em seu caminho para a terra prometida (Dt 1:44; Js 3:14-17). Deus, porém, é soberano sobre todos eles.
De fato, para muitos dos filhos de Deus em todos os tempos e em todos os lugares, o caminho para a Jerusalém celestial está repleto de perigos. Os salmos os encorajam a olhar além das colinas e em direção ao Criador do céu e da Terra (Sl 121:1).
O espírito do Salmo 114 relembra o ato de Jesus de acalmar a tempestade no mar e em proclamar que a igreja não tem nada a temer pois Ele venceu o mundo (Mt 8:23-27; Jo 16:33).
As grandes obras do Senhor em favor de Seu povo devem inspirar toda a Terra a tremer diante de Sua presença (Sl 114:7). O tremor deve ser entendido como reconhecimento e adoração, e não como estar aterrorizado (Sl 96:9; 99:1). Com Deus ao lado, os crentes não têm nada a temer.
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7. Leia os Salmos 3:4; 14:7; 20:1-3; 27:5; 36:8; 61:4; 68:5, 35. De onde vem a ajuda nesses textos?
O tema do refúgio e ajuda espiritual e física aparece notavelmente no contexto do santuário, o qual é um lugar de ajuda, segurança e salvação. Ele oferece abrigo para os que estão em dificuldades. Deus defende os órfãos e as viúvas e dá força ao Seu povo a partir do Seu santuário. Quando “desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus” (Sl 50:2), os justos juízos divinos são proclamados, e a bênção do Senhor é proferida (Sl 84:4; 128:5; 134:3). O refúgio no santuário supera a segurança proporcionada por qualquer outro lugar do mundo, pois Deus habita no santuário. Sua presença, não meramente o templo como um edifício sólido, oferece segurança. Da mesma forma, sendo o monte onde o Senhor habitava, o Monte Sião superava outros montes, embora em si mesmo fosse uma colina comum (Sl 68:15, 16; Is 2:2).
8. “Não temos Sumo Sacerdote que não possa Se compadecer das nossas fraquezas; pelo contrário, Ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno” (Hb 4:15, 16). Qual é a relação entre essa passagem e o que o salmista diz sobre o santuário?
A santidade do santuário de Deus leva o salmista a reconhecer que todos somos pecadores e indignos do favor divino. Ele afirma que a libertação se baseia somente na fidelidade e graça de Deus (Sl 143:2, 9-12). Nada em nós nos dá qualquer mérito diante do Senhor. É somente quando temos um relacionamento estreito com Deus por meio do arrependimento e da aceitação da graça e do perdão divinos que podemos rogar pela garantia da libertação divina. O serviço do santuário representava a salvação encontrada em Jesus.
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 158-164 (“A noite de luta”). O que aprendemos com Jacó sobre o poder da oração insistente e da confiança em Deus? Os salmos fortalecem a fé em Deus, que é o Refúgio dos que se entregam em Suas mãos. “Deus fará grandes coisas por aqueles que confiam Nele. A razão pela qual Seu povo não tem maior força é que confiamos demais em nossa sabedoria e não damos ao Senhor oportunidade para revelar Seu poder em nosso favor. Se puserem sua inteira confiança Nele e Lhe obedecerem fielmente, Deus ajudará Seus filhos fiéis em toda emergência” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 430).
No entanto, alguns salmos podem representar um sério desafio quando suas promessas não correspondem à nossa situação. Em momentos assim, temos que aprender a confiar na bondade divina, mais poderosamente revelada na cruz.
Além disso, às vezes alguns salmos podem ser usados para promover falsas esperanças. A resposta de Jesus ao uso impróprio do Salmo 91:11, 12 por Satanás mostra que confiar em Deus não deve ser confundido com tentá-Lo (Mt 4:5-7) nem presunçosamente pedir a Deus que faça algo contrário à Sua vontade.
“As maiores vitórias da igreja de Cristo, ou do cristão em particular, não são as que são ganhas pelo talento ou educação, pela riqueza ou favor dos homens. São as vitórias obtidas na sala de audiência de Deus, quando a fé cheia de ardor e agonia lança mão do braço do Todo-poderoso” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 164). Perguntas para consideração 1. As adversidades sobrevêm às pessoas, mesmo aos que acreditam nas promessas de proteção divina. Os salmistas sofreram adversidades e conheceram fiéis que sofreram. Como aprender a confiar em Deus nas adversidades? 2. Como desenvolver a fé em Deus em todas as circunstâncias (Sl 91:14; 143:8, 10; 145:18-20)? O que nos leva a perder essa fé? Por que a confiança em Deus nos bons momentos é crucial para aprender a confiar Nele nos maus momentos?
Respostas e atividades da semana: 1. Deus está em toda a parte, e sempre ao nosso lado. Ele é onipresente, onisciente e onipotente. Ele sabe tudo sobre nós e nos restaura. 2. Deus nos protege e nos guarda. Encontramos refúgio Nele. 3. Ele se volta para Deus com esperança, pois encontra Nele proteção, segurança e refúgio. 4. Uma ave-mãe. O amor e a proteção divina. 5. Como um tipo que simbolizava a salvação em Cristo. 6. A natureza é poeticamente descrita tremendo e fugindo da presença divina. Em Sua soberania, tudo o que Ele criou se submete a Ele. 7. Do santuário, lugar da habitação de Deus. 8. Ela mostra que, no santuário, temos um Sumo Sacerdote que vive para interceder por nós.
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ESBOÇO
Introdução: O Saltério é um livro de orações. Seja qual for o assunto abordado nos salmos – louvor, lamento, a esperança messiânica, o Reino de Deus ou a história da redenção –, os salmistas manifestavam forte confiança no Senhor. Não importava quais fossem suas necessidades ou circunstâncias, eles confiavam que o Criador permaneceria com eles.
Na semana passada, consideramos a supremacia de Deus e como, sendo o Soberano divino, Ele é retratado nos salmos como Criador, Rei e Juiz. Essas descrições, bem como as declarações de fé que brotam delas, inspiravam os salmistas com confiança para crer que Deus livraria Seus filhos de qualquer circunstância difícil. Devemos considerar atentamente essa certeza maravilhosa e vivê-la em nossa experiência diária. Esteja pronto para compartilhar com os membros da classe o entusiasmo gerado por essa esperança.
COMENTÁRIO
Deus ouve
Os salmistas imploravam constantemente ao Senhor para que fossem ouvidos. Vários salmos iniciam com um clamor para que Yahweh ouça: Salmos 4:1; 13:3; 17:1; 27:1; 28:2; 54:2; 55:2; 60:5; 61:1; 64:1; 86:1; 102:1; 108:6; 130:2; 140:6; 142:6; 143:1. Nesses cânticos, o salmista clamava a Deus com o coração cheio de tristeza: “Senhor, Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; ouve-me, ó Deus de Jacó!” (Sl 84:8, grifo nosso). Em suas orações, os salmistas insistiam em ser ouvidos (Sl 30:10; 38:16; 39:12; 66:16; 69:13, 16, 17; 119:145, 149). Eles clamavam na certeza de que “o Senhor os escuta e os livra de todas as suas angústias” (Sl 34:17).
Em diversas ocasiões, os escritores dos Salmos afirmavam que Deus tinha ouvido suas queixas e necessidades (Sl 22:24; 28:7; 31:22; 34:4; 40:1; 66:19; 116:1; 120:1). “Elevo a Deus a minha voz e clamo, elevo a Deus a minha voz, para que me atenda” (Sl 77:1). Recordar-se das respostas que Deus havia concedido às orações no passado fortalecia os salmistas com a certeza de que Ele as responderia outras vezes. Com plena confiança na resposta divina, os salmistas declaravam repetidamente que o Senhor responderia às suas orações (Sl 4:1; 6:8, 9; 10:7; 17:6; 65:2). Eles nos asseguram que Deus está disponível para ouvir nossas orações de manhã, ao meio-dia ou à noite (Sl 5:3; 55:17). A experiência dos salmistas lhes mostrava que, mesmo se a família os abandonasse, Deus ouviria o clamor deles (Sl 27:10; 106:44).
“Ouvir, escutar” (em hebraico, shamah) significa mais do que reconhecer a voz ou registrar um som. No contexto da verdade de que o Senhor é Aquele que ouve, a palavra ouvir, ou escutar, também significa agir. Ou seja, podemos confiar que Deus agirá em favor de Seu povo em resposta às orações dele. Quando os israelitas estavam escravizados no Egito, o Senhor “ouviu o gemido deles” (Êx 2:24) e os libertou. O Livro dos Salmos é um convite para desfrutarmos desse mesmo nível de confiança.
Deus Se importa
No Livro dos Salmos, o Senhor é retratado como Rei poderoso, pronto para lutar por Seu povo. Ao mesmo tempo, Ele também é representado como Deus bondoso e amoroso que cuida dos que Nele confiam. Várias imagens são usadas para retratar o terno cuidado de Deus. Ele é descrito como Pastor amoroso que cuida de Suas ovelhas indefesas (Sl 23). Como seu Pastor, Ele provê tudo para elas (v. 1): descanso, alimento e água (v. 2), conforto e direção (v. 3), Sua presença até mesmo no vale da sombra da morte (v. 4), abundância (v. 5), bondade e misericórdia (v. 6).
O salmista usou também a figura de uma ave, que protege os filhotes sob suas asas, para retratar o cuidado de Deus (Sl 91:1, 4). O Senhor, nosso Guardião, está sempre atento às necessidades de Seus filhos (Sl 121:4). Ele é como um pai que Se compadece dos filhos (Sl 103:13) e também é o Protetor dos órfãos. No entanto, o amor e a proteção de Deus transcendem até mesmo os laços de amor paternos e humanos: “Porque, se o meu pai e a minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá” (Sl 27:10).
Que ternas representações da consideração de Deus por cada um de nós! Que essas imagens nos inspirem a nos apoiar totalmente Nele e a confiar em Seu cuidado em todos os aspectos de nossa vida.
Deus é nosso abrigo
Em geral, o Antigo Testamento é bastante moderado no uso de adjetivos. Para compensar essa escassez, os poetas hebreus dependiam fortemente de comparações a fim de expressar suas ideias, usando uma grande quantidade de ricas metáforas para mostrar, por exemplo, como Deus protege aqueles que O seguem em um mundo bastante conturbado: “Pois Tu tens sido o meu refúgio e uma torre forte contra o inimigo” (Sl 61:3). Vamos estudar brevemente o significado das imagens específicas que estão presentes nessas comparações:
1. Abrigo (Sl 61:3; 143:9) – Essa imagem sugere um lugar seguro em meio à guerra, um refúgio diante da tempestade e do calor.
2. Torre (Sl 61:3) – Nos tempos bíblicos, as torres tinham um significado muito mais forte e profundo do que hoje. Elas eram essencialmente salvaguardas. Em épocas de guerra ou perseguição, o povo se escondia em uma torre, como nos casos de Gideão (Jz 8:17) e Abimeleque (Jz 9:50-52).
O Salmo 18:1 e 2 aplica a Yahweh outras metáforas, que são extraídas de diversas partes do Saltério:
3. Força – Esse termo remete à ideia de firmeza: Deus é o nosso fundamento e apoio.
4. Rocha – No idioma hebraico, esse termo geralmente se refere a uma grande pedra, localizada em um penhasco, que oferecia proteção contra ataques. Os restantes da tribo de Benjamim fugiram e se esconderam na rocha de Rimom (Jz 20:47). Assim, foram poupados da destruição.
5. Fortaleza – Fortalezas eram postos militares pequenos e bem defendidos. Josafá construiu muitas dessas fortalezas na terra de Judá para proteger seu reino (2Cr 17:12).
6. Escudo – Essa parte da armadura era a principal defesa do soldado no campo de batalha (Sl 119:114).
7. Fortaleza – Símbolos de segurança, as fortalezas eram estruturas defensivas construídas nas montanhas (Jz 6:2) ou no deserto (1Sm 23:14, 19).
Hoje poderíamos usar outras ilustrações, retiradas de nossa própria realidade, para nos ajudar a compreender o cuidado e a proteção de Deus por nós. Com certeza, o Senhor nos provê Seu amparo, dia após dia, em meio aos perigos deste mundo.
Deus é nosso Defensor
Deus é nosso Vindicador, Advogado e Defensor. Essa imagem obviamente é extraída do ambiente jurídico (Jó 5:4) e é empregada principalmente no contexto de pessoas vulneráveis como viúvas e órfãos. O livro de Jó e o Livro dos Salmos descrevem o Senhor como o “Juiz” (em hebraico, dayin) das viúvas e dos órfãos (Sl 68:5), isto é, o “Defensor” deles (NVI, NVT). Nos salmos, julgar está equiparado a defender “o meu direito e a minha causa” (Sl 9:4), ou está em paralelo com juízo, como está no Salmo 76:9: “Ó Deus, Te levantaste para julgar, para salvar todos os oprimidos da Terra” (NVI). Deus é descrito como o Defensor dos necessitados e dos oprimidos (Sl 10:17, 18; compare com Dt 10:18; Sl 10:14). Ele é louvado pelos pobres (Sl 74:21), porque “não desprezou nem detestou a dor do aflito, nem ocultou dele o Seu rosto, mas o ouviu, quando Lhe gritou por socorro” (Sl 22:24). Yahweh sempre defende os oprimidos (Sl 72:4; 103:6; 146:7).
Deus, nosso libertador
Todas as expressões e metáforas que analisamos descrevem vários aspectos da maneira pela qual Deus cuida daqueles que O seguem. Por isso, o Senhor é chamado de nosso libertador. Isso ocorre quatro vezes no livro dos Salmos:
1. O Salmo 18:2 se refere a Deus como libertador no contexto das lutas do salmista contra seus inimigos. Como vimos, esse cântico retrata o Senhor como um poderoso Guerreiro.
2. O Salmo 40:17 fala sobre a libertação do pecado. Davi reconheceu a esmagadora realidade de que “são incontáveis os males que me cercam; as minhas iniquidades me alcançaram” (Sl 40:12).
3. O salmista invocou seu Libertador (Sl 70:5) ao ser atacado por aqueles que buscavam sua vida e desejavam prejudicá-lo.
4. No Salmo 144, o salmista pediu ao seu Libertador (Sl 144:2) para resgatá-lo daqueles “que têm lábios mentirosos e que, com a mão direita erguida, juram falsamente” (v. 8, NVI).
Como mostram os salmos, Deus deseja nos livrar de nossos pecados e ansiedades, bem como dos conflitos com outras pessoas. Assim, no sentido mais amplo da palavra, Jesus – o Deus dos salmos – é o nosso Salvador.
Auxílio vindo do santuário
O propósito de nosso estudo nesta semana não é simplesmente admirar a habilidade literária e artística dos salmistas. Mais do que o prazer que essas imagens tão criativas nos proporcionam, as figuras e metáforas dos salmos nos oferecem uma visão mais profunda da obra de Deus na redenção da humanidade. Davi disse: “Com a minha voz clamo ao Senhor, e Ele do Seu santo monte [isto é, o Seu santuário] me responde” (Sl 3:4); e “do Seu templo Ele ouviu a minha voz” (Sl 18:6). Assim, a obra de libertação divina e o terno cuidado do Senhor têm início com Sua obra em nosso favor no santuário celestial.
Vários momentos-chave no Livro dos Salmos nos ensinam que o Senhor trabalha em favor dos seres humanos na sede celestial de Seu governo (veja Sl 11:4-6; 20:2; 29:9; 33:13, 14; 60:6; 68:35; 96:1-13; 102:20, 21; 150:1-6). Após um estudo dessas passagens, juntamente com vários outros textos do Antigo Testamento relacionados ao santuário, Elias Brasil de Souza conclui: “O santuário celestial é também descrito como um lugar de adoração onde os seres celestiais adoram [Yahweh], sendo a fonte de ajuda e lugar de expiação, onde purificação e perdão são concedidos” (O Santuário Celestial no Antigo Testamento [Academia Cristã; Ceplib, 2014], p. 320).
Nosso Defensor e Libertador nos ouve de Seu santo monte e trabalha em nosso favor. Na maioria das vezes, como adventistas do sétimo dia, quando ouvimos a expressão “santuário celestial”, geralmente pensamos no Dia da Expiação (veja Lv 16) e no juízo pré-advento (veja Dn 7:9-14). Naturalmente, esses conceitos são parte fundamental da “verdade presente”. Ao mesmo tempo, devemos nos esforçar para enfatizar a obra de perdão, defesa, cuidado e proteção que nosso Senhor nos oferece no lugar santíssimo do santuário celestial – mesmo antes da obra final do Dia da Expiação. A obra de intercessão sacerdotal de Cristo em nosso favor é essencial. Todo o Céu está envolvido na redenção dos pecadores.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Os salmos constituem um livro de emoções bastante intensas, que vão da euforia à melancolia, e do complexo ao elementar. Mas também é um livro de profundos conceitos teológicos. As verdades bíblicas estudadas nesta semana, ricas em imagens e metáforas, contêm promessas maravilhosas que podemos reivindicar em nossas lutas diárias. Ao lermos as imagens e figuras dos salmos, devemos reservar um tempo para meditar acerca delas, usando nossa imaginação para compreender melhor as verdades contidas nessas profundas figuras de linguagem.
O foco do estudo desta semana está em compreender que o Senhor do Céu é nosso defensor e libertador. Ele ouve nossas orações e petições. Ele cuida de nós. “O Senhor olha dos Céus e vê todos os filhos dos homens; do lugar de Sua morada, observa todos os moradores da Terra” (Sl 33:13, 14). Com um coração compassivo e terno, o Senhor examina a nós e nossas famílias; do santuário celestial, Ele pesa nossas obras com infinito amor e justiça.
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Futebol no sábado
Índia | Cosmas
Cleaning vivia para o futebol. Ele jogava futebol sempre que tinha tempo livre depois da escola em sua cidade natal no nordeste da Índia. Quando se mudou para outra cidade para se preparar para os exames estaduais, encontrou outros adolescentes que jogavam futebol e se juntou a eles aos sábados.
Mas Cleaning ficou surpreso ao ouvir as pessoas cantando hinos e orando a Deus do outro lado do campo de futebol enquanto ele jogava aos sábados. O campo estava localizado ao lado do campus de uma escola e igreja adventista do sétimo dia.
Cleaning passou nos exames estaduais e concluiu o 10º ano. Ele se inscreveu para o 11º ano em uma escola na cidade onde se preparou para os exames estaduais, mas foi rejeitado. Desiludido, ele pediu conselhos a dois amigos. Os dois meninos planejavam estudar na Escola Adventista ao lado do campo de futebol e o incentivaram a se juntar a eles. Ele se inscreveu na escola e foi aceito. Ele ficou muito feliz.
Com o passar dos meses, ele entendeu a razão de as pessoas cantarem hinos e orarem a Deus enquanto ele jogava futebol aos sábados. Na escola, ele leu em Gênesis 2 que Deus havia separado o sétimo dia da semana, o sábado, como um dia santo no final da semana da Criação. Ele viu em Êxodo 20 que Deus havia lembrado Seu povo sobre a importância de guardar o sábado nos Dez Mandamentos. Ele percebeu que o próprio Jesus guardou fielmente o sábado enquanto viveu na Terra e nunca mudou o dia de adoração para o domingo.
Cleaning disse a seus pais que queria fazer parte da Igreja Adventista. Seus pais, no entanto, recusaram a ideia. Não querendo desapontá-los, Cleaning relutantemente desistiu do batismo.
A cidade natal de Cleaning não tinha uma Igreja Adventista, e ele perdia os cultos de sábado quando voltava para casa nas férias. Ele falou com seus pais e dez irmãos e irmãs sobre o que havia aprendido sobre o Dia do Senhor na escola. Mas eles não quiseram ouvir.
“É bom que você seja aluno da Escola Adventista”, disse sua mãe. “Mas você não precisa se tornar um adventista.’’ Seu pai foi mais enfático. “Se você decidir se tornar adventista, não fará parte desta família”, disse ele. “Você será expulso da família.”
Depois de se formar no 12º ano na Escola Adventista, Cleaning se matriculou em uma faculdade não cristã na mesma cidade, mas sentiu-se desconfortável. Ele sentiu que não pertencia àquele lugar e ansiava por estudar em uma faculdade cristã.
Certo dia, enquanto jogava futebol, Cleaning ouviu de um colega de time adventista sobre uma organização de estudantes missionários adventistas chamada Movimento dos 1.000 Missionários. Cleaning gostou da ideia de ser um estudante missionário e procurou os líderes locais da organização.
Em pouco tempo, ele se filiou à Igreja Adventista e passou oito meses como estudante missionário, ensinando crianças da quarta série.
Seus pais não ficaram satisfeitos por ele ter se tornado adventista. Mas ele não morava mais em casa, e havia pouco que eles pudessem fazer para puni-lo.
Enquanto isso, um desejo cresceu no coração de Cleaning de se tornar pastor, e ele se matriculou na Universidade Adventista Spicer.
Hoje, ele está no segundo ano do curso de teologia e espera alcançar o coração dos jovens por meio do futebol.
“Meu objetivo é me tornar pastor e também alcançar os jovens da comunidade por meio do futebol”, disse ele. “Eu gostaria de abrir uma academia de futebol e ministrar aos jovens. Como você sabe, muitos jovens amam futebol. Por meio desse esporte, quero alcançar os jovens e levá-los a Jesus Cristo.”
Ele disse que encontrou liberdade em conhecer e seguir a Bíblia. Ele anseia para que sua família desfrute da mesma liberdade. “Acredito fortemente nas palavras do apóstolo João em João 8:32: 'Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará'”, disse ele. “Por favor, ore por mim enquanto me preparo para me tornar um ministro do evangelho.”
Parte da oferta deste trimestre ajudará a construir ou reconstruir seis escolas adventistas do sétimo dia, como aquela em que Cleaning aprendeu pela primeira vez sobre o sábado do sétimo dia na Índia. Obrigado por suas ofertas generosas.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024
Tema geral: O Livro dos Salmos
Lição 4 – 20 a 27 de janeiro
O Senhor ouve e liberta
Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
Nas Escrituras Sagradas, Deus é apresentado como sendo transcendente (um Ser excelso e além do ser humano – inatingível e incompreensível), e imanente (um Ser próximo e presente). Esses dois conceitos são apresentados por Isaías: “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos” (Is 57:15). Esse Deus, que habita no mais “alto e santo lugar”, ao mesmo tempo pode Se inclinar para ouvir a oração de uma pessoa contrita e abatida, fazendo-Se presente ao nosso lado.
Esse é o tema trabalhado na lição desta semana, com o título “O Senhor ouve e liberta”. O verso para memorizar relembra não apenas o ato divino de ouvir o clamor de Seus filhos, mas também de agir pelo livramento daqueles que assim O pedem (Sl 34:7).
A aproximação – lições de domingo a terça-feira – Salmos 139, 40, 121 e 91
O salmo 139 testifica da aproximação de Deus para com Seus filhos. Essa aproximação é considerada pelo fato de Deus nos ter criado, sendo por isso o único que nos conhece perfeitamente. Por essa razão, o salmo começa informando que Deus “sonda” e “conhece” o salmista. O verbo “sondar” vem da palavra hebraica chaqar (pronuncia-se raqar), e tem o sentido de uma busca profunda, um examinado detalhado (BROWN, Francis; DRIVER, S. R.; BRIGGS, Charles A. The Brown-Drives-Briggs Hebrew and English Lexicon. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1994. p. 350). O que implica dizer que Deus nos conhece de forma perfeita e detalhada, como é apresentado nos versículos seguintes do capítulo (Sl 139:2-4, 13-16).
Além desse conhecimento detalhado, Deus também Se faz presente ao nosso lado, pois nos versículos 7 a 12 não há nenhum espaço em que o salmista possa estar ausente da presença de Deus. A Sua presença e o Seu conhecimento apresentam a proximidade de Deus em relação às Suas criaturas, revelando a Sua imanência. Essa aproximação de Deus é manifestada pelo Seu cuidado por nós.
O cuidado divino foi comentado nos textos dos salmos selecionados para as lições de segunda e terça-feira. O Salmo 40:1 a 3 dá a certeza de que Deus ouve o clamor. A imagem é Deus Se inclinando de Seu trono para ouvir (v. 2). Além de Se inclinar para ouvir, seguem-se outras ações, demonstrando total interatividade entre Deus e a pessoa que clama. Após Se inclinar para ouvir, Deus retira a pessoa do “poço de perdição” e a coloca “sobre uma rocha”. Como resultado desse livramento, Deus coloca “um novo cântico” nos lábios da pessoa e depois a usa como testemunha do Seu cuidado e amor, pois “muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor” (v. 3).
A presença cuidadora de Deus é descrita no conhecido Salmo 121. O salmo apresenta a constante vigilância de Deus sobre Seu povo, usando a metáfora do sono, dizendo que Deus, o “guarda de Israel” não “dorme”, vigiando noite e dia sobre Seu povo. Dos versículos 5 a 8, por três vezes se repete que o Senhor é quem guarda Israel, e essa “guarda” é constante, ocorrendo de dia e de noite (v. 6). Ele guarda Seu povo completamente, pois guarda as pessoas “de todo mal” (v. 7) e em todo tempo, “desde agora e para sempre” (v. 8).
A mesma ideia de proteção é vista no Salmo 91, sendo este o salmo mais conhecido sobre proteção apresentado no livro. A proteção prometida nesse salmo é condicional ao que está escrito já em seu primeiro versículo: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente” (Sl 91:1). A condição apresentada nesse texto para a experiência de proteção do capítulo é habitar “no esconderijo do Altíssimo” e descansar “à sombra do Onipotente”. O versículo é escrito em paralelismo sinônimo, em que a segunda linha repete a mesma ideia da primeira, porém, usando trocadilhos de sinônimos. Abaixo, segue o texto em paralelo:
Linha A |
O que habita |
no esconderijo |
do Altíssimo, |
Linha B |
e descansa |
à sombra |
do Onipotente. |
Claramente se percebe os três pares sinonímicos do texto: (1) habita e descansa; (2) esconderijo e sombra, e (3) Altíssimo e Onipotente. O verbo “habitar” encontra seu paralelo em “descansar”. Esses dois verbos indicam essa ação realizada em um lugar, que é descrito como sendo o “esconderijo” ou “sombra” do “Altíssimo”, o “Onipotente”. A imagem da “sombra” de Deus se refere à proteção que a pessoa pode ter ao estar em comunhão com o Senhor, assim como a lição exemplifica a metáfora da águia ao cuidar de seus filhotes (Êx 19:4; Dt 32:11; Sl 17:8; 57:1; 63:7; Mt 23:37). Então, esse “lugar” chamado “esconderijo” ou “sombra” é uma metáfora usada para falar sobre a comunhão que a pessoa pode experimentar com Deus. A pessoa que experimenta essa comunhão vivenciará a proteção divina, não necessariamente ou somente no aspecto físico, pois muitas pessoas que andavam em comunhão com o Senhor infelizmente já experimentaram tragédias que, se não ceifaram a vida delas, deixaram marcas irreparáveis. Portanto, essa proteção divina, em primeiro lugar, diz respeito à proteção da fé. Mesmo que o pior aconteça, caindo até “mil” de um lado “e dez mil” do outro lado (v. 6), a fé não será atingida. Em um segundo plano, a proteção desse salmo se cumprirá de forma literal (física), quando o fiel de Deus estiver passando pelo “tempo de angústia o qual nunca houve” (Dn 12:1), justamente a “angústia” mencionada no versículo 15.
Lembranças do êxodo – lição de quarta-feira – Salmo 114
A versão do Salmo 114 na Bíblia Hebraica Stuttgartensia traz os oito versículos que o compõem separados por duplas: (a) v. 1, 2; (b) v. 3, 4; (c) v. 5, 6; (d) v. 7, 8. Essa mesma divisão pode ser vista na versão Almeida Revista e Atualizada, por conter um espaço adicional no fim dos versículos 2, 4, 6 e 8. Essas 4 duplas se intercalam, como mostrado no desenho da estrutura abaixo:
V. 1, 2 – “casa de Jacó” |
V. 3, 4 – “mar [...] fugiu; o Jordão tornou atrás”. |
V. 5, 6 – “ó mar, que assim foges? [...] Jordão, para tornares atrás? |
V. 7, 8 – “Deus de Jacó”. |
O centro da estrutura repete as duas experiências em que as águas foram detidas diante do povo de Israel: 1º) na travessia do Mar Vermelho (Êx 15:15-31); 2º) na travessia do rio Jordão (Js 3; 4). Esses dois eventos marcaram a história de Israel, recordando a operação do poder de Deus em favor de Seu povo. Essa recordação é importante para todo aquele que espera em Deus por algum milagre, pois mesmo diante das impossibilidades humanas, Deus pode “abrir o mar” diante de nós.
O santuário como centro cósmico de comando – lição de quinta e sexta-feira
O santuário de Deus é o centro cósmico de onde advém ajuda, comando e orientação para o povo de Deus. Na experiência do deserto, Israel tinha o santuário como centro de sua vida, orientação e adoração. Isso foi exemplificado até mesmo na distribuição das tribos e suas respectivas tendas ao redor do santuário (Nm 2). Os textos apresentados na lição de quinta-feira reforçam essa ideia central da teologia do santuário. Se o leitor desejar analisar a centralidade do tema do santuário em Salmos e em todo o Antigo Testamento, recomendo a obra de Elias Brasil de Souza (O Santuário Celestial no Antigo Testamento. Santo André, SP: Academia Cristã, 2014; Cachoeira, BA: CePLIB, 2014).
Em Salmos podemos encontrar a certeza de que Deus ouve nossas orações e clamores, atendendo-nos conforme a Sua soberana vontade. O que devemos fazer é dirigir a nossa atenção para a Sua santa habitação, de onde Ele ouve e nos responde.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo – campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela Universidad Peruana Unión (UPeU – campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata – Libertador San Martin – Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira, nascida em Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.