Imagine como foram os atos da criação – luz em meio às trevas, oceanos repletos de vida, pássaros levantando voo. E a criação sobrenatural de Adão e Eva? Não podemos sequer começar a compreender como Deus fez isso.No entanto, depois da criação ativa, Deus voltou Sua atenção para outra coisa. Não parecia tão espetacular quanto baleias saltitantes ou deslumbrantes exibições de penas. Deus simplesmente criou um dia, o sétimo dia, e o tornou especial. Mesmo antes que a humanidade se precipitasse na vida estressante imposta por nós mesmos, Deus estabeleceu um marcador como auxílio vivo à memória. Ele queria que esse dia fosse um momento para interrompermos nossas atividades e aproveitarmos a vida – um dia para ser e não fazer, para celebrar a dádiva da relva, do ar, da vida selvagem, da água, das pessoas e, acima de tudo, do Criador de toda boa dádiva.
Esse convite ao descanso continuou mesmo depois que o primeiro casal foi exilado do Éden. Deus queria ter certeza de que o convite resistiria ao teste do tempo e, portanto, desde o início, Ele o entrelaçou na própria estrutura do tempo.
Nesta semana estudaremos o maravilhoso convite de Deus para entrarmos, repetidamente, em um descanso dinâmico, a cada sete dias.
No princípio, Deus estava ali. Ele falou e tudo passou a existir. A luz separou o dia da noite; o firmamento, o céu e os mares passaram a existir no segundo dia; a terra seca e a vegetação vieram no terceiro. Deus formou a estrutura básica do tempo e da geografia e a preencheu nos três dias seguintes. Os luzeiros governavam o céu de dia e de noite. Diferentemente das histórias das culturas antigas, o relato bíblico diz que o Sol, a Lua e as estrelas não são deuses. Eles entraram em cena somente no quarto dia e estavam sujeitos à palavra do Criador. A descrição que Moisés fez do quinto e sexto dias (Gn 1:20-31) é repleta de vida e beleza. Pássaros, peixes, animais terrestres – todos ocupavam o espaço preparado por Deus.
1. O que a avaliação de Deus indica sobre a criação? Gn 1:1-31
Deus não criou um espaço qualquer; era um lugar perfeito. Criaturas enchiam a Terra. Como o refrão de uma melodia, Deus dizia que tudo "era bom”, ao término de cada dia.
2. O que foi diferente na criação da humanidade em relação ao restante das criaturas da Terra? Gn 1:26, 27; 2:7, 21-24
Deus Se inclinou e começou a dar forma ao barro. A criação da humanidade à imagem e semelhança de Deus é uma lição prática de intimidade e proximidade. Deus Se inclinou e soprou o fôlego de vida nas narinas de Adão, e ali estava então um ser vivo. A criação especial de Eva a partir da costela de Adão adiciona outro elemento importante à semana da criação. O casamento é parte do plano de Deus para a humanidade – uma parceria sagrada entre ‘ish e ‘ishshah, “homem” e “mulher”.
Quando Deus examinou tudo o que tinha feito no sexto dia, o refrão soou diferente: “Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom” (Gn 1:31, ênfase acrescentada).
A criação podia ser “muito boa”, mas ainda não estava completa. Ela terminou com o descanso de Deus e uma bênção especial sobre o sétimo dia, o sábado. “E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito” (Gn 2:3). O sábado é parte da criação divina. É o auge da criação. Deus fez o descanso e criou um espaço para comunhão no qual o ser humano pudesse interromper suas atividades cotidianas e descansar lado a lado com o Criador.
Infelizmente, o pecado entrou no mundo e mudou as coisas. Não há mais comunhão direta com Deus. Há nascimentos dolorosos, trabalho árduo, relacionamentos frágeis e disfuncionais, angústias e pesares que conhecemos como parte da vida. Mesmo assim, o sábado permanece como símbolo duradouro da criação e da esperança e promessa da recriação. Se o homem precisava do descanso sabático antes do pecado, quanto mais depois?
Muitos anos depois da criação, quando Deus libertou Seus filhos da escravidão no Egito, Ele os fez lembrar novamente desse dia especial.
3. Leia Êxodo 20:8-11. Qual é a importância do sábado em relação à criação? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) O sábado nos remete à nossa origem e formação.
B. ( ) O sábado serviu apenas para Adão e Eva.
Com esse mandamento, Deus nos convida a nos lembrar de nossas origens. Ao contrário do que muitos creem, não somos produtos eventuais de forças indiferentes, insensíveis e inconscientes. Fomos criados à imagem de Deus para compartilhar da comunhão com o Senhor. Não importa que os israelitas tivessem sido tratados como escravos sem valor. A cada sábado, de maneira especial, eles eram convidados a lembrar quem realmente eram: seres feitos à imagem do próprio Deus.
“E uma vez que o sábado é uma lembrança da obra da criação, é um testemunho do amor e do poder de Cristo” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 281).
Após 40 anos de peregrinação no deserto, surgiu uma nova geração de israelitas que tinha vagas lembranças do Egito. Eles tiveram uma experiência muito diferente da vida de seus pais e haviam testemunhado a repetida falta de fé de seus antepassados e, como consequência, também tiveram que vagar pelo deserto enquanto a geração de seus pais ia morrendo. Eles tiveram o privilégio de ter o santuário no centro do acampamento e podiam ver a nuvem indicando a presença de Deus pairando sobre o tabernáculo. Quando a nuvem se movia, eles sabiam que era hora de fazer as malas e segui-la. Essa nuvem que fornecia sombra durante o dia e luz e calor à noite era um lembrete constante do amor e do cuidado de Deus por eles.
4. Qual lembrete personalizado do descanso sabático eles tinham? Êx 16:14- 31.
Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Eles tinham o lembrete da arca da aliança.
B. ( ) Eles tinham o lembrete do maná, que caía em dobro na sexta-feira.
Diferente da teologia popular, esse texto prova que o sábado é anterior ao Sinai.
O que aconteceu? O alimento especial que Deus provia era um lembrete diário de que o Criador sustenta a criação. De modo tangível, o Senhor supria suas necessidades. Cada dia em que a comida aparecia e desaparecia com o Sol era um milagre. Sempre que alguém tentava guardar o maná para o dia seguinte, ele apodrecia e cheirava mal; no entanto, todas as sextas-feiras havia porção dupla, e o que restava para o sábado permanecia miraculosamente fresco.
Israel agora tinha o serviço do santuário e todas as leis e regulamentos registrados em Levítico e Números. Ainda assim, o idoso Moisés convocou todos, repetiu a história do povo e recapitulou as leis que Deus tinha dado (Dt 5:6-22).
Essa nova geração finalmente estava pronta para entrar na Terra Prometida. Israel estava prestes a passar por uma mudança de liderança, e Moisés desejava garantir que eles se lembrassem de quem eram e qual era sua missão. Ele não queria que repetissem os erros de seus pais. Portanto, ele repetiu as leis de Deus. Os Dez Mandamentos foram repetidos para que aquela geração, prestes a conquistar Canaã, não se esquecesse deles.
Os israelitas estavam acampados no lado oriental do Jordão. Haviam tomado posse das terras do rei de Basã e de dois reis dos amorreus. Mais uma vez, naquele momento crucial, Moisés reuniu o povo e o lembrou de que a aliança feita no Sinai não era apenas para seus pais, mas para eles também. Ele então repetiu os Dez Mandamentos para benefício deles.
5. Compare Êxodo 20:8-11 e Deuteronômio 5:12-15. Qual é a diferença na maneira em que o mandamento do sábado foi expresso nessas passagens?
Em Êxodo 20:8, o mandamento começa com a ordem: “Lembre-se”. Em Deuteronômio 5:12, começa com a palavra “Guarde”. A palavra “lembrar” aparece posteriormente no próprio mandamento (Dt 5:15). Nesse verso, eles foram instruídos a se lembrarem de que haviam sido escravos. Embora aquela geração tivesse crescido livre, todos eles teriam nascido na escravidão se não fosse o resgate milagroso. O mandamento do sábado devia lembrá-los de que o mesmo Deus que esteve ativo na história da criação também estava ativo em sua libertação: “O Senhor, seu Deus, o tirou de lá com mão poderosa e braço estendido” (Dt 5:15).
Essa verdade se encaixa nas circunstâncias dos israelitas daquele momento, que estavam pela segunda vez na fronteira da terra prometida, cerca de quarenta anos depois que a primeira geração tinha falhado tão miseravelmente. Eles eram tão incapazes de conquistar aquela terra quanto seus antepassados o foram de escapar do Egito. Necessitavam do Deus que age com “mão poderosa” e com “braço estendido”.
O sábado estava prestes a assumir uma dimensão adicional. Visto que Deus é o Libertador, Israel devia guardar o dia de sábado (Dt 5:15).
A criação está relacionada ao sábado, mesmo em Deuteronômio 5, apesar da motivação diferente. Em certo sentido, a libertação de Israel do Egito foi o início de uma nova criação, semelhante à história da criação em Gênesis. O povo libertado era a nova criação (Is 43:15).
O Êxodo é visto como símbolo da libertação do pecado, ou seja, da redenção. Por isso, encontramos no sábado um símbolo tanto da criação quanto da redenção. De maneira muito real, então, o sábado nos aponta para Jesus, nosso Criador e Redentor.
Deus ordena que Seu povo guarde o sábado. Junto com os mandamentos “não matarás” e “não furtarás” está o mandamento para lembrarmos do Seu dia, mesmo que a Bíblia não dê detalhes de como devemos guardá-lo exatamente.
6. Que atmosfera deve ser criada e promovida no sábado? Sl 92; Is 58:13
Visto que a guarda do sábado significa celebrar a criação e a redenção, sua atmosfera deve ser de alegria e deleite no Senhor, não de tristeza.
A lembrança do sábado não começa no sétimo dia. Como o primeiro sábado foi o ponto alto da criação, devemos “nos lembrar do sábado” durante a semana e planejar para deixar de lado o trabalho semanal e santificar o sábado quando ele chegar. A preparação intencional durante a semana e especialmente no dia de preparação (Mc 15:42) – a sexta-feira – é essencial e aumenta a alegria, à medida que cresce a expectativa para esse dia especial.
7. Que aspecto importante da guarda do sábado é destacado em Levítico 19:3?
A guarda do sábado também significa cultivar o relacionamento com a família e os amigos. Deus concede tempo para uma concentrada comunhão com a família e inclui o descanso até para os servos e os animais (Êx 20:8-11). O sábado e a família andam juntos.
Embora o tempo para descanso e para a família sejam princípios importantes, a guarda do sábado também significa adorar a Deus coletivamente com a família da igreja. Jesus participou de cultos de adoração e os promoveu (Lv 23:3; Lc 4:16; Hb 10:25).
Mesmo que nossa rotina e ritmo semanal sejam apressados, no fundo do nosso coração, há um anseio pelo verdadeiro descanso sabático e pela comunhão com o Criador. Ao nos lembrarmos de interromper nossos negócios, de planejar passar mais tempo com Deus e de nutrir os relacionamentos, entramos no ritmo e no descanso do sábado.
“Deus deu aos homens o memorial de Seu poder criador para que O discernissem nas obras de Suas mãos. O sábado nos convida a contemplar, nas obras criadas, a glória do Criador [...]. Mais do que em qualquer outro dia, devemos, no santo dia de descanso, estudar as mensagens que Deus escreveu para nós na natureza [...]. À medida que penetramos no seio da natureza, Cristo nos torna real Sua presença, e nos fala ao coração de Sua paz e amor” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 25, 26). “Uma das razões importantes pelas quais o Senhor libertou Israel da escravidão do Egito foi para que o povo pudesse guardar Seu santo sábado [...]. Evidentemente, Moisés e Arão renovaram o ensino sobre a santidade do sábado, pois o faraó se queixou a eles: ‘Vocês ainda querem que eles [o povo] descansem de suas tarefas!’ (Êx 5:5). Isso indica que Moisés e Arão começaram uma reforma do sábado no Egito.
“Entretanto, a observância do sábado não era para ser uma comemoração da escravidão do povo no Egito. A observância do sábado como lembrança da criação devia incluir uma lembrança alegre da libertação da opressão religiosa no Egito, que dificultava a observância do sábado. Da mesma forma, a libertação da escravidão devia acender para sempre no coração do povo uma terna consideração pelos pobres e oprimidos, pelos órfãos e viúvas” (Nota do apêndice do livro de Ellen G. White, From Eternity Past, p. 549).
Perguntas para consideração
1. Como o sábado mostra que a evolução teísta e o adventismo do sétimo dia são incompatíveis? Por que santificar o sétimo dia na comemoração de bilhões de anos, quando a Palavra diz que o sábado foi santificado após os primeiros seis dias da criação?
2. O que você acha do argumento de que o dia não importa, contanto que tenhamos um dia de descanso por semana, ou de que Jesus é nosso descanso sabático e que, portanto, não há necessidade de guardar nenhum dia como dia de descanso?
3. O sábado pode ser um lembrete da liberdade? Como evitar torná-lo restritivo e legalista?
4. Alguns dizem que guardar o sábado é tentar garantir a salvação. Você concorda com isso?
Respostas e atividades da semana: 1. Tudo o que Ele havia criado era “bom”. 2. Ao criar o homem e a mulher, o Senhor não usou apenas Sua palavra, mas as próprias mãos, formando o homem do barro e soprando o fôlego de vida em suas narinas. A humanidade foi criada à Sua semelhança. 3. A. 4. B. 5. Em Êxodo 20, o mandamento faz referência à criação divina; em Deuteronômio 5, o mandamento faz referência à libertação da escravidão no Egito. 6. Devemos promover o louvor, a adoração e contemplação das obras do Senhor e cuidar dos interesses do nosso próximo. 7. O bom relacionamento familiar.
ESBOÇO
O clímax de toda a criação de Deus é o sábado bíblico. Nos primeiros três dias da semana da criação, Deus criou a luz, formou os céus e a Terra, separou a porção seca e criou todos os tipos de plantas. No quarto dia, Ele fez o Sol, a Lua e as estrelas. Nos dois dias seguintes, Deus encheu a Terra com peixes e aves, e criou os seres humanos. Deus santificou o sétimo dia, o sábado, para que nesse dia os seres humanos O reverenciassem pelas maravilhas da criação, desfrutassem de relacionamentos fraternos e entrassem em comunhão com seu Criador. Na lição desta semana, descobriremos como o sábado está entrelaçado na estrutura do tempo como um memorial ao nosso Criador pelo dom da vida, tanto no presente quanto na eternidade.
Esta lição revela que ao longo dos séculos o sábado tem sido um memorial para o povo de Deus, lembrando-o constantemente de seu Criador. Se o sábado tivesse sido fielmente guardado em cada geração, não haveria ateus, agnósticos ou humanistas seculares. O sábado fala de um Deus que nos criou, que Se preocupa conosco e que cuida de nossas necessidades diárias. Esse dia é também um lembrete do poder de Deus para nos libertar. O Criador todo-poderoso libertou Israel da escravidão do Egito e pode nos libertar da escravidão dos hábitos pecaminosos que nos escravizam.
No sábado, descansamos na bênção Daquele que nos criou, que nos redimiu, que está nos santificando e que voltará para nos buscar. O sábado é o oásis celestial para descanso no deserto árido de nosso mundo frenético e secular.
COMENTÁRIO
As incríveis maravilhas do espaço falam de um Deus todo-poderoso que é o Criador do Universo. Frank Borman foi o comandante da primeira tripulação espacial a viajar além da órbita terrestre. Olhando para a Terra a 400.000 quilômetros de distância, Borman respondeu pelo rádio uma mensagem, citando Gênesis 1:1, “No princípio, Deus criou os céus e a Terra”. Mais tarde, ele explicou: “Tive uma enorme sensação de que ali tinha que haver um poder maior do que qualquer um de nós – que havia um Deus, que realmente havia um começo.” Muitos dos maiores pensadores deste mundo ficaram tão comovidos com o incrível planejamento, e com a complexidade, ordem e vastidão do Universo que desenvolveram uma fé fundamental em Deus. Vejamos alguns exemplos:
Algumas pessoas pensam que a ciência é antagônica à fé. No entanto, a maioria das grandes figuras que moldaram o empreendimento científico desde o início foram crentes devotos – Nicolau Copérnico (1473-1543 d.C.), que descobriu que o Sol, e não a Terra, é o centro de nosso sistema solar; Isaac Newton (1643-1727 d.C.), que revelou a lei da gravidade; Blaise Pascal (1623-1662 d.C.), que inventou a primeira calculadora; e James Maxwell (1831-1879 d.C.), que formulou as leis do eletromagnetismo. Todos eram cristãos e atestaram que o estudo da natureza não desafiou sua fé, mas a fortaleceu.
Gênesis 1:1 é o fundamento das Escrituras. “No princípio, Deus criou os céus e a Terra”. A palavra hebraica para “criar” nessa passagem é bara. Refere-se a algo que Deus fez. Esse verbo hebraico está sempre ligado à atividade criativa de Deus, que tem a habilidade, o incrível poder, de criar algo do nada. Deus falou, e a Terra passou a existir. Ele falou, e então a Terra foi coberta de verde vivo, árvores e flores floresceram, e o Sol, a Lua e as estrelas passaram a existir instantaneamente.
Poder ilimitado de Deus
Para ter uma pequena ideia de como o poder de Deus é ilimitado, vamos considerar apenas um astro: o Sol. Deus criou o Sol? Certamente. Gênesis 1:14-16 conta a história de Deus criando dois luzeiros para governar os céus: o Sol, para governar o dia, e a Lua, para governar a noite. Existimos em um dos planetas que giram em torno do Sol, que produz mais energia em um segundo do que os humanos produziram em toda a sua história. Ou seja, a soma de toda a energia elétrica e de toda a energia produzida a partir do carvão ou do gás desde o início dos tempos é menor do que a energia que o Sol produz em um segundo.
O Sol tem um diâmetro de aproximadamente 1.392.700 quilômetros e pode conter um milhão de planetas do tamanho da Terra. Há pelo menos 100 bilhões de estrelas em nossa galáxia, a Via Láctea. O Sol é apenas uma delas. Uma estrela chamada Estrela da Pistola emite dez milhões de vezes a energia gerada pelo Sol. Um milhão de estrelas do tamanho do nosso Sol podem caber facilmente na esfera da Estrela da Pistola. Alguns cientistas estimam que existam dez bilhões de trilhões de estrelas no Universo. Alguém disse que o número de estrelas é semelhante à quantia de grãos de areia na praia.
O profeta Isaías nos convida a meditar sobre o poder criativo de Deus com estas palavras: “Levantem os olhos para o alto e vejam. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem-contadas, as quais Ele chama pelo nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar” (Is 40:26). O sábado é um memorial eterno, um sinal eterno, um lembrete perpétuo do incrível poder criativo de Deus.
No fim da semana da criação, o texto de Gênesis 2:1-3 declara: “Assim, pois, foram acabados os céus e a Terra e tudo o que neles há. E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito.” Deus descansou não porque estivesse cansado. Ele descansou revigorado pela beleza e majestade do mundo que havia criado. Descansou como um exemplo para nós. O sábado é uma pausa semanal para louvar Aquele que nos criou. Ao adorarmos no sábado, abrimos nosso coração para receber a bênção especial que Ele colocou nesse dia em particular.
Um Criador que Se importa
O sábado nos lembra de que não somos órfãos cósmicos em um globo rochoso giratório. Ele nos aponta para um Criador que nos criou com um propósito e nos amou demais para nos abandonar quando nos afastamos desse propósito. O sábado nos lembra Daquele que providenciou todas as coisas boas da vida para nós. O cuidado divino é ilustrado no milagre tríplice do maná. Na sexta-feira caía o dobro de maná. Nada caía no sábado. Se os israelitas reunissem mais do que podiam comer em qualquer dia da semana, exceto na sexta-feira, o que sobrasse estragaria. Na sexta-feira, o maná guardado para comer no sábado não estragava. A adoração no sábado durante aqueles 40 anos de peregrinação pelo deserto lembrou os israelitas do Deus Criador, que cuidava deles. É importante observar cuidadosamente que os israelitas guardavam o sábado antes da promulgação da lei no Monte Sinai. O mandamento do sábado em Êxodo 20:8-11 começa com a expressão “Lembre-se”. Ele aponta para um Deus que criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Se, como alguns creem, Deus colocou este mundo em movimento e ele evoluiu ao longo de milhões de anos, não haveria absolutamente nenhuma necessidade do sábado e nada para se lembrar.
O sábado é um símbolo eterno de nosso descanso Nele. É um sinal especial de lealdade ao Criador (Ez 20:12, 20). Em vez de ser uma exigência legalista arbitrária, esse dia revela que o verdadeiro descanso em relação à justiça pelas obras é encontrado Nele. O sábado fala de um Deus que fez tudo para que pudéssemos descansar em Suas realizações. O verdadeiro descanso sabático é o descanso da graça nos braços amorosos Daquele que nos criou, redimiu-nos e voltará para nos levar para o descanso da vida eterna.
O Libertador
Há outro aspecto importante no mandamento do sábado. Deuteronômio 5 reafirma esse mandamento para uma nova geração prestes a entrar na terra prometida. Essa passagem os lembra de que eles tinham sido escravos no Egito, e seu Criador todo-poderoso os libertou. Ele é o único que pode nos libertar da escravidão do pecado. Ele é o único que pode quebrar as correntes que nos prendem. Ele é o único que pode nos livrar das garras do pecado. Essa é a mensagem do sábado: um Criador todo-poderoso deseja recriar nosso coração.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Ao considerar a aplicação prática do sábado em sua vida, reflita sobre as seguintes perguntas:
• Quando você pensa no descanso sabático, o que lhe vem à mente? O conceito de descanso sabático é significativo para você?
• Por que a verdade bíblica sobre a criação é importante em sua vida? Que diferença prática faz se fomos criados ou evoluímos ao longo de milhões de anos? Como a crença em qualquer uma dessas duas visões afeta nossa vida no presente?
• Você já havia pensado no sábado como sinal de libertação? Por que essa verdade bíblica é importante?
• O sábado fala de descansar em um Deus que supre todas as nossas necessidades. O maná ilustra isso. Esse conceito do sábado faz diferença em sua vida?
• Ellen G. White escreveu: “E ao início do tempo de angústia fomos cheios do Espírito Santo ao sairmos para proclamar o sábado mais amplamente” (Primeiros Escritos, p. 33). Considerando a lição desta semana, o que Ellen G. White quis dizer com essa declaração? Ela ainda explica que, por meio da expressão “ao início do tempo de angústia”, está se referindo a um tempo pouco antes do encerramento do período de graça, quando a porta da graça ainda está aberta. O que podemos fazer hoje para aproveitar melhor as bênçãos que Deus nos oferece por meio do sábado, a fim de nos prepararmos para dar um testemunho fiel ao mundo nestes últimos dias?
Anjo no posto de gasolina
Lamphai olhou perplexa para o confuso labirinto de rodovias ao redor e acima dela na cidade americana de Chicago. Ela não tinha ideia de como encontrar o esposo. Olhou para as quatro crianças sentadas no carro e pensou no que fazer a seguir.
O casal havia chegado aos Estados Unidos como refugiados do Laos, país do sudoeste asiático, e estavam viajando com os seis filhos por todo o país em busca de um trabalho. Eles saíram de Sacramento, Califórnia e viajaram 2.250 km até Grand Island, Nebraska, onde souberam que uma fábrica estava admitindo pessoas com pouca fluência na língua inglesa. Mas, quando chegaram, souberam que os cargos estavam preenchidos e a empresa não estava mais contratando pessoas. Eles estavam no meio dos Estados Unidos com seis filhos, sem casa, emprego e inglês básico.
Para complicar o problema, Lamphai não tinha coragem de dirigir nas rodovias americanas. Ela havia obtido sua carteira de motorista na Califórnia recentemente, e dois amigos acompanharam a família até Nebraska. Um dirigia o carro da família e o outro dirigia o caminhão de mudança. Mas eles não puderam ficar.
Entrando em contato com todos os que poderiam ajudá-los, Lamphai e o marido souberam sobre uma possível vaga de emprego em Holland, Michigan, uma cidade localizada a 1.200 km de distância. Lamphai decidiu desbravar a rodovia americana e confiante que Deus estaria ao seu lado, a família começou a viagem de 12 horas até Michigan. O marido foi à frente, dirigindo o caminhão com dois filhos e todos os seus pertences. Ela seguiu com os outros quatro filhos no carro.
Tudo correu bem até chegar em Chicago. Lamphai tentou seguir o marido de perto, mas ela se viu presa no trânsito intenso e perdeu de vista o caminhão. Perplexa e confusa no emaranhado de pistas, sem saber decidir qual o caminho escolher, ela parou em um posto de gasolina. Nem ela nem o marido não tinham celular. Não tinha nenhum meio de entrar em contato com ele e não tinha ideia de como encontrar seu destino. Sua única esperança era Deus. Ela estava agradecida pelos missionários que visitaram o campo de refugiados na Tailândia e lhes apresentaram o Pai. Juntos, ela e os quatro filhos oraram a Deus pedindo ajuda.
Quando abriram os olhos, viram um homem gentil caminhar na direção deles. “Deixe-me adivinhar”, ele disse. “Você está procurando seu esposo, Veuy?” “Sim!”, ela respondeu, com surpresa. Então se perguntou: “Como este total desconhecido sabe o nome do meu marido?”
“Entre no carro e me siga”, o homem disse, virando-se em direção ao seu carro. “Vou lhe ajudar a encontrá-lo.” Obedientemente, Lamphai o seguiu de volta à rodovia, em meio à confusão de estradas de Chicago, até que, de repente, viu à sua frente o caminhão do marido. Um sentimento de gratidão brotou nela e nos filhos. Viraram-se para acenar em agradecimento ao bondoso estranho, mas ele já havia sumido. Seu carro tinha desaparecido antes de conseguirem se despedir.
A familia chegou em segurança em Holland, Michigan. Veuy e Lamphai conseguiram emprego em uma empresa de barcos de uma família adventista e passaram a frequentar a igreja adventista local. Pouco tempo depois, convidaram os novos amigos de Lao para acompanhá-los, sendo disponibilizada a eles uma sala onde poderiam realizar os cultos em seu idioma. O grupo cresceu e hoje eles têm sua própria igreja onde Lamphai apresenta com alegria o Deus que enviou um anjo até o posto de gasolina para ajudá-la em seu caminho.
Várias congregações do Laos surgiram na Divisão Norte-Americana como resultado da oferta do décimo terceiro sábado em 2011. Com a oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre, você ajudará a disponibilizar pastores e recursos para grupos como o de Lamphai. Muito agradecemos por planejar uma oferta generosa neste trimestre.
Informações Adicionais
• Pronúncia de Lamphai .
• Pronúncia de Veuy . (oo como “u”).
• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Para mais notícias missionárias e outras informações sobre a Divisão Norte Americana acesse bit.ly/NAD-2021.
Esta história ilustra os componentes seguintes do plano estratégico da Igreja Adventista, “I Will Go”: Objetivo de Crescimento Espiritual nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas nas grandes cidades, através da Janela 10/40, entre grupos de pessoas não-alcançadas e para religiões não cristãs” através da KPI 2.9, que diz: “cada Associação e Missão fora da janela 10/40 tem um plano de cinco anos para alcançar um aumento mensurável e significativo (por exemplo, 30% em cinco anos) de novas igrejas”; Objetivo de Crescimento Espiritual No. 6 – “aumentar a adesão, retenção, recuperação e participação de crianças, jovens e adultos jovens” através de dois KPIs “Os membros da Igreja exibem compreensão intercultural e respeito por todas as pessoas” (6.6) e “evidências de que as igrejas locais e escolas adventistas estão respondendo às oportunidades que a migração em massa oferece para o ministério, e que os imigrantes estão sendo integrados nas comunidades adventistas locais” (6.7). Conheça mais sobre o plano estratégico em IWillGo2020.org.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2021
Tema Geral: Descanso em Cristo
Lição 9 – 21 a 27 de agosto
Livres para descansar
Autor: Weverton Castro
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Introdução
Os primeiros capítulos da Bíblia são a base para todo o restante das Escrituras. Sem a aceitação da verdade de que “No princípio, Deus criou os céus e a Terra” (Gênesis 1:1) o restante dos ensinos da Palavra de Deus não tem sentido. A criação também tem fortes conexões com a libertação do povo de Israel do Egito. A seguir veremos como o sábado tem um destaque especial na semana da criação e como esta é resgatada durante o êxodo do povo de Israel.
1. Um dia em destaque na criação
O relato da semana da criação, conforme registrado em Gênesis 1, demonstra uma intencionalidade e organização em cada dia. Os três primeiros dias são considerados a criação do espaço físico, enquanto que os outros três são dedicados ao preenchimento desse espaço. O relato é construído de uma forma que nos lembra um arquiteto preparando uma casa para os moradores que estão prestes a chegar. Vejamos os detalhes:
Primeiro dia – luz.
Segundo dia – céu.
Terceiro dia – mar, terra e plantas.
Quarto dia – luzeiros (Sol, Lua e estrelas).
Quinto dia – aves e peixes.
Sexto dia – animais terrestres.
O primeiro dia da criação, no qual foi criada a luz, tem um paralelo direto com o quarto dia, no qual foram criados os luzeiros. Da mesma forma, o segundo dia da criação, no qual foi criado o céu, tem um paralelo direto com o quinto dia, no qual foram criadas as aves. O terceiro dia, no qual foram criados o mar, a terra (porção seca) e as plantas, têm um paralelo com o sexto dia (e parte do quinto), nos quais foram criados os peixes e os animais terrestres.
Diante desses diversos paralelos, percebemos que um dia é deixado em destaque. Ele não tem paralelo com nenhum outro dia, pois é singular. No início do capítulo 2, o sábado é qualificado por dois importantes adjetivos: abençoado e santificado. “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gn 2:2, 3, ARA).
2. A teologia do sábado
No final do sexto dia da criação encontramos duas características importantes que apontam para o contexto no qual o sábado foi criado. No último verso do capítulo 1 de Gênesis, logo após o término da criação, a Bíblia declara: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia” (Gn 1:31, ARA).
As duas expressões que demonstram a ação divina após a conclusão de Sua obra de criação são importantes, pois preparam o caminho para o dia do sábado. A primeira expressão é a ação demonstrada pelo verbo “ver”, o qual é a tradução do termo hebraico ra’ah, que também significa “contemplar, gostar de olhar para”. Ou seja, a primeira ação de Deus ao terminar Seu trabalho foi separar um tempo para a contemplação, para o regozijo em Suas obras. A segunda expressão aponta para a satisfação divina, “eis que era muito bom”.
Contemplação da criação e satisfação pelas obras divinas: tais características são importantes, pois abrem o caminho para o recebimento do sábado. No sétimo dia da semana, todo filho de Deus, seguindo o exemplo do Criador, deveria separar um tempo para a observação das obras divinas e buscar o regozijo e a satisfação por tudo o que Deus tem feito.
3. O êxodo e a recriação
A lição desta semana cita também a cena do êxodo dos filhos de Israel em conexão com a criação do mundo. Esse é um tema de uma profundidade tremenda, pois ao analisar a narrativa do êxodo é possível identificar diversos elementos que relacionam a saída do povo do Egito com a criação do planeta Terra. Sem dúvida, a libertação de Israel se tornou um símbolo da recriação para o povo de Deus e de uma “descriação” para o povo pagão.
3.1 A recriação para o povo de Deus
Ao olharmos para a travessia do Mar Vermelho encontramos diversas palavras e expressões que apontam diretamente para o relato da criação, conforme está descrito no livro de Gênesis. Da perspectiva do povo de Israel, todo o processo de libertação foi uma espécie de recriação, tendo conexões diretas com os três primeiros dias da semana da criação:
A. Divisão entre luz e trevas – Em Êxodo 14:19, 20 encontramos o Anjo de Deus e uma nuvem sobrenatural, a qual separava o povo de Israel dos egípcios, trazendo luz durante o período da noite. A palavra noite (do hebraico khoshek) é a mesma expressão que aparece no primeiro dia, em Gênesis 1:4, para se referir às trevas.
B. Separação entre águas e águas – Em Êxodo 14:21 encontramos a intervenção divina para a salvação do povo de Israel ao separar as águas do Mar Vermelho. Tal imagem conecta-se com o segundo dia da criação, no qual Deus separou também as águas (Gênesis 1:6, 7).
C. A porção seca – Em diversos textos da narrativa do Êxodo (Êxodo 14:16, 22, 29; 15:19) há um destaque para a terra “seca” na qual o povo atravessou o mar. Tal expressão deriva da palavra hebraica yabashah, a qual é a mesma usada no terceiro dia da criação para se referir à “porção seca” criada por Deus (Gênesis 1:9).
3.2 A descriação para o povo pagão
Enquanto para o povo de Israel a libertação era um símbolo de recriação, para o povo do Egito o processo foi o contrário. É possível perceber no texto um movimento contrário, uma espécie de “descriação”, indo na direção contrária do relato da criação do Gênesis.
A. Águas são reunidas – Em Êxodo 14:28, ao relatar a derrota do exército egípcio, a Bíblia usa a expressão que descreve as águas se juntando, o que é o processo contrário do relato da criação, no qual Deus separou as águas.
B. O cenário pré-criação: Em Êxodo 15:5, 8, ao falar sobre o cenário da derrota dos egípcios em seu cântico, Moisés usou a palavra hebraica tehom, traduzida como “profundezas”, a qual é a mesma usada em Gênesis 1:2 para se referir ao cenário de caos antes da semana da criação.
C. O Espírito de Deus: Em Êxodo 15:8, 10 aparece a expressão hebraica ruakh, a qual pode ser traduzida como “vento” ou “espírito”. No relato da destruição do povo do Egito, esse vento (ruakh) seca as águas; em Gênesis 1:2, o Espírito (ruakh) pairava sobre as águas.
Após analisar os diversos detalhes textuais e linguísticos do relato do Êxodo percebemos a existência de uma forte conexão entre esse evento e a semana da criação. A Bíblia aponta para uma espécie de recriação para o povo de Deus e uma “descriação” para o povo pagão. Nesse cenário de recriação o sábado novamente ganha destaque, pois foi nesse contexto que Deus pediu que o dia sagrado fosse relembrado pelo povo que desejava retornar ao plano original do Criador.
Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Weverton de Paula Castro é pastor e professor de Teologia no Seminário Adventista da Faculdade Adventista da Amazônia (FAAMA). Ele é casado com a enfermeira Jozy Anne e é pai do pequeno André, nascido no início de 2021. Graduado em Teologia e Filosofia, tem mestrado intracorpus em Interpretação Bíblica (FADBA) e em Ciências da Religião (UEPA). Atualmente é doutorando em Educação Religiosa (Andrews University).