Em 1 Reis 18:19-40, encontramos uma narrativa impressionante que revela a natureza do conflito cósmico. Na experiência de Elias no monte Carmelo, o Senhor expôs os chamados “deuses” das nações. No entanto, os bastidores dessa história mostram que eles eram muito mais do que meras invenções da imaginação pagã. Por trás dos “deuses” que as nações pensavam que adoravam havia algo bem mais profundo.
Moisés disse: “Ofereceram sacrifícios aos demônios, não a Deus; sacrificaram a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, diante dos quais os seus pais não tremeram” (Dt 32:17). Paulo acrescentou: “As coisas que eles sacrificam são sacrificadas a demônios e não a Deus; e eu não quero que vocês estejam em comunhão com os demônios” (1Co 10:20).
Por trás dos falsos “deuses” das nações, existiam, na verdade, demônios disfarçados. Isso significa, portanto, que todos os textos bíblicos que se referem à idolatria e aos deuses estrangeiros tratam do conflito cósmico.
Assim, podemos compreender melhor o tema do grande conflito. Além disso, essa verdade tem profundas implicações para entender melhor a natureza desse conflito e como ele lança luz sobre o problema do mal.
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Os falsos “deuses” das nações eram demônios disfarçados. Textos bíblicos apresentam evidências de que os poderes demoníacos às vezes estão por trás dos poderes terrestres. Mesmo os anjos de Deus podem enfrentar a oposição das forças do inimigo.
1. Leia Daniel 10:1-14, com atenção especial aos versículos 12 e 13. O que essa passagem ensina que é mais relevante para o conflito cósmico? Por que o anjo enviado por Deus foi “resistido” durante 21 dias?
Como um anjo enviado de Deus foi “resistido” por três semanas? Sendo todo-poderoso, Deus tinha o poder de responder a Daniel imediatamente – isto é, se Ele quisesse. Caso o Senhor exercesse Seu poder para fazer isso, Ele poderia fazer com que um anjo aparecesse a Daniel naquele instante. Contudo, o “príncipe do reino da Pérsia” “resistiu” ao anjo de Deus durante três semanas (Dn 10:13). O que aconteceu?
“Durante três semanas, Gabriel se empenhou na luta com os poderes das trevas, procurando conter as influências que estavam agindo na mente de Ciro. [...] Tudo o que o Céu podia fazer em favor do povo de Deus foi feito. A vitória foi finalmente ganha. As forças do inimigo foram contidas durante toda a vida de Ciro e de seu filho Cambises” (Ellen G. White, Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 332).
Para que o conflito cósmico possa acontecer, Deus não deve exercer todo o Seu poder. O inimigo precisa receber alguma liberdade e poder autênticos, que não podem ser removidos de maneira arbitrária, mas restringidos por alguns parâmetros conhecidos por ambas as partes (cujos detalhes não nos são revelados). Parece que, dentro do conflito cósmico, existem alguns parâmetros aos quais até os anjos de Deus se submetem e que podemos chamar de “regras de engajamento”.
Em certo sentido, não é difícil compreender esses limites de atuação, pois o Senhor trabalha apenas por meio do amor, e o amor, e não a imposição, é o fundamento de Seu governo. Deus age unicamente por meio dos princípios que se originam do amor. Esse conceito nos ajuda a entender melhor o grande conflito.
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O livro do Apocalipse nos apresenta uma visão mais ampla de como os poderes celestiais atuam no conflito cósmico. O diabo é descrito como o “grande dragão” que se opõe a Deus e seduz “todo o mundo” (Ap 12:9).
2. O que Apocalipse 13:1-8 revela sobre os limites de atuação do inimigo?
O dragão (Satanás) não apenas trava uma guerra contra o Senhor (Ap 12:7-9) e Seus servos (Ap 12:1-6), mas também é descrito como o líder que está por trás dos reinos terrenos que perseguem o povo de Deus ao longo dos séculos.
O dragão “deu à besta o seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap 13:2, 5; 17:13, 14). A besta do mar recebeu uma “boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e foi-lhe dada autoridade para agir durante quarenta e dois meses” (Ap 13:5).
Assim, o dragão (Satanás) concede poder e autoridade à primeira besta (que simboliza um poder político-religioso terrestre). Esse poder é exercido para usurpar a adoração que é exclusiva de Deus. A besta profere blasfêmias contra o nome do Senhor. Além disso, trava guerra e chega a vencer os santos de Deus, pelo menos por um período de tempo. Essa autoridade e poder de atuação mundial lhe são dadas pelo dragão, o príncipe usurpador deste mundo.
No entanto, também existem limites claros para Satanás e seus agentes, incluindo limites de tempo. “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vocês, cheio de fúria, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12).
Satanás sabe que “pouco tempo lhe resta”, e os acontecimentos descritos no Apocalipse ocorrem dentro de cronogramas proféticos, que apresentam limites específicos para o domínio das forças do mal (veja Ap 12:14; 13:5).
No fim, o Senhor triunfará. Ele “lhes enxugará dos olhos toda lágrima. E já não existirá mais morte, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4).
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No livro de Jó, encontramos alguns vislumbres fascinantes sobre a realidade do grande conflito.
3. Que princípios do grande conflito são revelados em Jó 1:1-12; 2:1-7?
Jó apresenta várias verdades: (1) Houve um concílio celestial, não apenas um diálogo entre Deus e Satanás, já que outros seres celestiais estão envolvidos.
(2) Existe alguma disputa, assinalada pelo fato de Deus perguntar se Satanás havia reparado em Jó. Por que reparar em Jó? Essa pergunta faz bastante sentido no contexto de uma disputa mais ampla e que já existia antes.
(3) Enquanto o Senhor diz que Jó era íntegro, reto e temente a Deus, Satanás afirma que Jó temia a Deus apenas porque Ele o protegia. Essa era uma acusação contra o caráter de Jó e contra o caráter de Deus (veja Ap 12:10; Zc 3).
(4) Satanás alegava ser injusto que Deus protegesse Jó com uma “cerca” (Jó 1:10), pois isso tornava impossível que ele provasse suas afirmações. Isso mostra que Satanás tinha limites (regras de engajamento) e que ele queria prejudicar Jó.
Deus respondeu às acusações de Satanás permitindo que o inimigo testasse a sua teoria, mas com limites. Primeiro Deus concedeu a Satanás poder sobre “tudo” o que Jó tinha, mas proibiu que infligisse danos pessoais a ele (Jó 1:12). Depois, Satanás afirmou que Jó só se preocupava consigo mesmo. Deus permitiu que Satanás atingisse Jó pessoalmente, mas ordenou que sua vida fosse poupada (Jó 2:3-6).
Satanás trouxe calamidades contra a família de Jó, mas o patriarca continuou a bendizer o Senhor (Jó 1:20-22; 2:9, 10), mostrando que as acusações eram falsas.
A história de Jó ensina várias coisas: (1) Existem regras de engajamento no conflito; (2) Existem parâmetros na corte celestial pelos quais as acusações contra o Senhor são respondidas, sem que Ele viole os princípios do amor, o fundamento do governo de Deus e Sua maneira de dirigir o Universo e as criaturas inteligentes.
As cenas celestiais descritas no livro de Jó nos oferecem uma visão fascinante da realidade do grande conflito e de como ele se desenrola aqui na Terra.
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No conflito cósmico, Satanás e seus aliados recebem temporariamente poder de atuação significativo, que é limitado por alguns tipos de regras de engajamento.
Essas regras limitam não apenas as ações dos inimigos (o diabo e seus aliados), mas também a ação de Deus para eliminar ou reduzir o mal que (temporariamente) está sob jurisdição do inimigo. O Senhor não quebrará Suas promessas, pois Ele está em harmonia com as regras de engajamento, o que concede algum domínio limitado e temporário a Satanás. Por isso, Ele limita moralmente o Seu próprio curso de ação no futuro (sem, com isso, diminuir Seu poder e autoridade).
4. Leia João 12:31; 14:30; 16:11; 2 Coríntios 4:4; Lucas 4:6. O que esses textos ensinam sobre o governo do inimigo neste mundo?
O NT apresenta um confronto entre o reino da luz e o reino das trevas, sendo as trevas provenientes de Satanás e de sua rebelião. Parte da missão de Cristo era derrotar o reino de Satanás (1Jo 3:8).
No entanto, existem “regras” que limitam o que Deus pode fazer ao agir em harmonia com os princípios que fundamentam Seu governo. Esses limites incluem, por exemplo: (1) conceder livre-arbítrio às criaturas e (2) agir segundo as regras de engajamento pactuais, sobre as quais não temos pleno conhecimento, pelo menos por enquanto. Esses impedimentos e limitações à ação divina têm consequências significativas para a capacidade moral de Deus de reduzir e/ou eliminar imediatamente o mal neste mundo. Assim, o mal e o sofrimento continuam a existir, o que pode, de fato, levar muitas pessoas a questionar a existência de Deus ou a Sua bondade. No entanto, quando compreendemos o pano de fundo do grande conflito e os limites que o Senhor colocou sobre como Ele lidará com o mal, conseguimos, até certo ponto, entender melhor o porquê disso – pelo menos até o triunfo final de Deus sobre o mal.
Jesus chamou Satanás de “príncipe” deste mundo. Como esse fato nos ajuda a compreender, pelo menos um pouco, por que o mal ainda existe no mundo? É reconfortante perceber que se trata, na verdade, apenas de um domínio temporário!
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O conflito cósmico é, acima de tudo, uma disputa a respeito do caráter de Deus, gerada pelas acusações do diabo contra o Seu governo, Sua bondade e Sua justiça. É uma espécie de processo judicial da aliança que envolve o Universo inteiro.
Tal conflito não pode ser resolvido simplesmente pelo poder, mas exige que cada lado demonstre suas afirmações.
Quando são apresentadas alegações graves contra alguém que está no poder, a melhor (e talvez a única) maneira de responder a essas acusações é permitir que seja feita uma investigação independente, imparcial e aberta. No caso de Deus, se as acusações ameaçam Seu governo (que está fundamentado no amor), elas não podem simplesmente ser varridas para debaixo do tapete.
O que tudo isso nos diz sobre o conflito cósmico e a relação dele com o problema do mal? Se Deus fizesse uma promessa, será que Ele a quebraria? Claro que não. Mas, como o Senhor age em harmonia com as regras de engajamento, Sua ação futura seria limitada em termos morais. Por isso, o domínio temporário do reino das trevas ocasiona o mal que existe atualmente em nosso mundo.
5. Leia Marcos 6:5; 9:29. Até mesmo a ação divina pode estar totalmente relacionada com fatores como fé e oração?
Em ambas as histórias, parecem estar em vigor alguns limites ou regras de engajamento, relacionados com elementos como fé e oração. Na Bíblia, há evidências de que a oração faz diferença no mundo, dando espaço para as ações divinas, que, de outra forma, poderiam não estar disponíveis em termos morais. No entanto, não devemos cometer o erro de pensar que a oração e fé são os únicos fatores presentes. Provavelmente existem outros fatores dos quais nem sempre temos conhecimento. Isso se encaixa no que estudamos anteriormente sobre as regras de engajamento.
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Leia, de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 307-312 (“O poder de Satanás”).
“O homem caído é um legítimo prisioneiro de Satanás. [...] Unicamente Deus é capaz de limitar o poder do maligno. Este anda de um lado para outro, para cima e para baixo na Terra. Não está desatento nem por um instante, temendo perder uma oportunidade de destruir pessoas. Importante é que o povo de Deus compreenda isso, a fim de escapar de seus ardis. Satanás está preparando seus enganos, para que, na última campanha contra o povo de Deus, eles não percebam que é ele. [...] Enquanto algumas pessoas iludidas advogam a ideia de que ele não existe, ele as está levando cativas e atuando grandemente por meio delas. Melhor que o povo de Deus, Satanás sabe o poder que esse povo pode ter sobre ele, quando fazem de Cristo a sua força. Quando roga humildemente ao poderoso Vencedor que o auxilie, o mais fraco dos crentes na verdade, repousando firmemente em Cristo, pode com êxito repelir a Satanás e todo o seu exército. Ele é astuto demais para apresentar-se aberta e ousadamente com suas tentações, pois então as entorpecidas energias do cristão seriam despertadas, e ele haveria de apoiar-se no forte e poderoso Libertador. Aproxima-se, porém, sorrateiramente, e atua de maneira disfarçada por meio dos filhos da desobediência que professam piedade” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 307).
Perguntas para consideração
1. O que significa ser um “legítimo prisioneiro de Satanás”? Ele pode fazer tudo o que quiser com as pessoas? Se não, por quê? Isso se relaciona com o que chamamos de “regras de engajamento” dentro do conflito cósmico?
2. Por que Deus concederia a Satanás algum poder de atuação no conflito cósmico, mesmo que apenas temporariamente? Como Ele responde às acusações do inimigo?
3. Como você responderia aos que negam a existência de Satanás? Mesmo que não possamos provar a existência dele, que evidências podemos mostrar às pessoas?
Respostas às perguntas da semana: 1. Existe uma batalha entre os anjos de Deus e as forças do mal que afeta os eventos terrestres. 2. O dragão atua somente dentro de restrições estabelecidas por Deus, como um tempo específico de 1.260 dias proféticos. 3. Há um conflito entre Deus e Satanás. O inimigo, dentro de certos limites, faz acusações contra os servos de Deus. 4. Satanás possui um domínio temporário deste mundo, como usurpador. 5. Deus estabeleceu que Suas ações seriam limitadas, muitas vezes, por elementos como fé e oração.
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TEXTO-CHAVE: 1 João 3:8
FOCO DO ESTUDO: Jó 1:1-12; 2:1-7; Daniel 10; Lucas 4:6; João 12:31
ESBOÇO
Introdução: Satanás é limitado por Deus em seu governo. Ele é um governante ilegítimo, especialmente no que diz respeito ao seu caráter.
Temas da lição: A lição desta semana destaca três conceitos principais.
1. Satanás é um “governante” ilegítimo e temporário – Deus concedeu a Satanás um governo limitado e temporário depois que o pecado entrou neste mundo, mas esse governo não é uma autoridade legítima. Embora Deus tenha limitado Sua própria atividade para eliminar o mal deste mundo, Jesus venceu o diabo. A vitória de Cristo sobre a tentação no deserto e a derrota de Satanás na cruz indicam que o governo do inimigo é ilegítimo e temporário.
2. Satanás lança calúnias e faz prisioneiros sob seu “governo” – Apesar do fato de Satanás ser um governante ilegítimo e temporário, os seres humanos podem se tornar prisioneiros legais do seu governo. A vontade humana é inclinada a seguir as sugestões de Satanás, a menos que Cristo habite em nós, guiando nossos desejos e nossa vida.
3. Satanás é limitado em seu “governo” – O inimigo possui espaço e tempo para “governar”, mas é limitado por Deus nesse “governo”. No desenrolar da história humana, os poderes sobrenaturais do bem se opõem às forças do mal, e as orações dos crentes são um recurso eficaz contra elas.
Aplicação para a vida: Satanás é limitado em seu governo temporário. Devido à vitória de Cristo, não estamos sob a escravidão do medo da morte. Mas ainda assim precisamos estar vigilantes e depender do poder de Deus. De que modo sua vida de oração pode ajudá-lo a resistir com sucesso ao governo ilegítimo de Satanás?
COMENTÁRIO
Satanás é um “governante” ilegítimo e temporário
Nos evangelhos sinóticos, o foco do antagonismo entre Cristo e Satanás é a tentação no deserto (Mt 4:1-11; Mc 1:12, 13; Lc 4:1-13). Entre os três evangelhos sinóticos, Lucas apresenta detalhes adicionais, na terceira tentação, sobre a suposta autoridade de Satanás: “Num instante Lhe mostrou todos os reinos do mundo” (Lc 4:5). Então o diabo disse a Jesus: “Eu Lhe darei todo este poder e a glória destes reinos, porque isso me foi entregue, e posso dar a quem eu quiser” (Lc 4:6).
É discutível se Satanás tinha a autoridade que afirmava ter e, em caso afirmativo, como a teria adquirido. Mas, sem dúvida, depois que o pecado entrou no mundo, “Deus concedeu a Satanás considerável liberdade para exercer sua influência nefasta pelo mundo” (Sydney H. T. Page, Powers of Evil: A Biblical Study of Satan and Demons [Baker, 1995], p. 98). Contudo, essa liberdade não significa que Satanás exerça autoridade legítima. Ao rejeitar a oferta do adversário, Jesus não reconheceu a legitimidade dessa autoridade.
No Evangelho de João, o antagonismo entre Satanás e Jesus é destacado nas referências ao “príncipe” (NAA) ou “governante” (NVT) deste mundo (Jo 12:31; 14:30; 16:11). Em João 12:31-33, Jesus enfatiza o juízo deste mundo e a expulsão do seu príncipe/governante, com especial referência à Sua morte. Em João 14:30, no contexto de Seu discurso de despedida aos discípulos, Ele diz: “Aí vem o príncipe do mundo”. Destacando o antagonismo presente nessa afirmação, Jesus acrescenta: “E ele não tem poder sobre Mim.” Essa declaração provavelmente tem em vista a chegada de Judas Iscariotes, o agente pelo qual “o próprio Diabo antecipa a morte de Jesus” (D. A. Carson, O Comentário de João [Shedd, 2007], p. 509). No entanto, a cruz não representou o triunfo do diabo, mas, surpreendentemente, sua derrota. Então, enquanto Jesus ensinou aos discípulos a respeito do Parakletos prometido, o Espírito Santo, enfatizou mais uma vez, agora em João 16:11, que o “príncipe deste mundo já está julgado”, o que parece remeter à expulsão de Satanás descrita em João 12:31.
Portanto, enquanto os evangelhos sinóticos destacam a vitória de Cristo sobre Satanás na tentação no deserto, ocorrida no início do Seu ministério público, o Evangelho de João enfatiza a derrota de Satanás, o príncipe/governante deste mundo, ocorrida na cruz, ou seja, no fim do ministério terreno de Jesus (veja Powers of Evil, p. 129). Em ambos os casos, vemos que Satanás é um governante ilegítimo e temporário de um mundo pecaminoso, um mundo que é paradoxalmente amado por Deus, mas também julgado por rejeitar Jesus (Jo 1:10, 29; 3:16, 17, 19; 9:39; 12:31, 47; 14:17; 15:18, 19; 16:8; 17:9, 14, 16, 21). Como indica Robert Recker, Satanás “é um príncipe/governante deposto ou em processo de deposição” (“Satan: In Power or Dethroned?”, Calvin Theological Journal, v. 6, n. 2 [1971], p. 147).
Satanás lança calúnias e faz prisioneiros sob seu “governo”
Ainda que Satanás seja um governante ilegítimo, por causa do pecado os seres humanos se tornaram legítimos prisioneiros do governo dele. Ellen G. White ressalta que “o homem caído é um legítimo prisioneiro de Satanás. [...] O homem é naturalmente inclinado a seguir as sugestões de Satanás e não consegue resistir com êxito a tão terrível inimigo, a menos que Cristo, o poderoso vencedor, habite nele, guiando-lhe os desejos e dando-lhe resistência” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 307). Não foi Deus quem “fez de Satanás o ‘príncipe deste mundo’, mas [...] os seres humanos o fizeram por meio do seu próprio pecado” (Powers of Evil, p. 129).
Embora Satanás, da perspectiva do pecado humano, seja um governante legítimo de seres humanos corrompidos, ele ainda é um governante ilegítimo do ponto de vista de seu caráter e de suas ações. Jesus o descreveu enfaticamente como mentiroso e homicida. Em Suas palavras, Satanás “foi assassino desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). Lançar mentiras ou calúnias e fazer dos seres humanos prisioneiros mortais são a essência do seu “governo”, que devia ser derrubado por Jesus.
O Evangelho de João destaca que o “príncipe” ou “governante” deste mundo foi derrotado e expulso pelo sacrifício de Cristo na cruz e por Sua ressurreição e ascensão ao Pai (Jo 12:31-33; 16:11). Contudo, a oração intercessória de Jesus em favor dos discípulos (Jo 17) pressupõe que a influência de Satanás sobre a humanidade não terminou com a cruz. “Ao contrário, João indica que a oposição incitada por Satanás contra Jesus também seria dirigida contra Seus seguidores” (Powers of Evil, p. 130). Jesus orou para que o Pai guardasse Seus seguidores
“do Maligno”, porque eles estão no mundo, mas não pertencem ao mundo (Jo 17:15, 16, NVI). Em 1 João 5:19, o apóstolo faz distinção entre os que creem em Deus e os incrédulos (que pertencem ao mundo), contrastando o povo de Deus com os que estão sob o poder de Satanás: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.”
Hebreus 2:14 e 15 descreve o poder que o diabo exerce sobre os pecadores, sujeitando-os à escravidão, em termos do “poder da morte”. Essa passagem também ensina que Jesus destruiu esse poder por meio de Sua morte. Assim, por causa da vitória de Cristo, não vivemos mais “escravizados pelo medo da morte” (Hb 2:15, NVT). Mas ainda precisamos vigiar e depender do poder de Deus. A história da salvação ainda não terminou, e o inimigo, “o diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). Além disso, antes de sua destruição final (Ap 20:10), Satanás continua a acusar os crentes diante de Deus (Ap 12:10), e a história de Jó indica que essas calúnias fazem parte de sua estratégia de acusação (Jó 1:9-11; 2:5).
Satanás é limitado em seu “governo”
Por causa do pecado, os seres humanos fizeram de Satanás um governante, e Deus leva em consideração as acusações caluniosas levantadas por ele, em vez de simplesmente ignorá-las. O Senhor permite que isso aconteça para que, no fim, essas acusações se demonstrem claramente equivocadas. Por essa razão, Satanás possui espaço e tempo para “governar”, mas, como a história de Jó também indica, ele é limitado por Deus nesse “governo”. Referindo-Se a Jó, Deus disse a Satanás: “Só não estenda a mão contra ele” (Jó 1:12); “Poupe-lhe a vida” (Jó 2:6).
Além disso, Daniel 10 nos informa sobre os limites dos poderes malignos. Esse capítulo revela que “o desenrolar da história humana não é determinado apenas pelas decisões tomadas pelos seres humanos, pois existe uma dimensão invisível da realidade que também deve ser levada em conta. Em particular, existem forças malévolas no Universo que exercem influência nefasta no domínio sociopolítico, especialmente no que diz respeito ao povo de Deus. No entanto, o poder desses agentes malignos é limitado, pois poderes transcendentes do bem se opõem a eles, e as orações fiéis dos crentes também são eficazes contra eles. Por mais antagônicas que sejam as forças do mal em relação à vontade de Deus, elas não podem impedir que essa vontade seja concretizada” (Powers of Evil, p. 64).
Ellen G. White menciona a existência de um conflito cósmico semelhante em relação à vida de cada pessoa e destaca a importância da oração nesse contexto. No capítulo “O poder de Satanás”, em Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, ela ressalta que “unicamente Deus é capaz de limitar o poder do maligno” (p. 307). Acrescenta ter visto “anjos maus contendendo por pessoas, e anjos de Deus a lhes resistirem. A luta era acirrada”. No entanto, acrescenta ela, “não cabe” “aos anjos santos controlar a mente dos homens contra sua vontade. Caso eles
cedam ao inimigo e não façam esforços para resistir-lhe, então os anjos de Deus pouco mais podem fazer do que restringir o exército de Satanás para que não destrua, até que seja dada mais luz aos que estão em perigo, a fim de movê-los a despertarem e se voltarem para o Céu em busca de socorro” (p. 310). Nesse contexto, ela destaca que “o grande Comandante do Céu e da Terra limitou o poder de Satanás”; a autora também enfatiza a importância da oração, porque “nosso Salvador escuta a fervorosa oração da fé e envia reforço daqueles anjos magníficos em poder, a fim de” libertar Seus servos (p. 311).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
O livro de Jó apresenta vislumbres fascinantes sobre a realidade do grande conflito. Jó decidiu temer a Deus apesar de todas as circunstâncias que estava vivendo. Levando em conta essa perspectiva, discuta as seguintes questões:
1. Como a proteção de Deus sobre nós pode nos inspirar a temê-Lo, desejá-Lo e amá-Lo cada vez mais? Sua proteção pode nos desafiar em nossa resposta a Ele ou acaba bloqueando essa expressão?
2. Satanás possui limitações impostas ao seu governo, algo que fica evidente na cena do concílio celestial de Jó. O que os limites ao poder de Satanás nos dizem sobre o poder e as ações de Deus?
3. No capítulo “O poder de Satanás” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 311), Ellen G. White destaca a importância da oração para que Deus envie anjos a fim de nos libertar. Diante disso, quão importante é manter uma vida de oração para abrir caminhos a fim de que Deus possa atuar em nossa vida?
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Orando na tempestade
Coreia do Sul | Movimento Missionário da Academia
Um dos projetos do décimo terceiro sábado deste trimestre é treinar crianças e adolescentes para serem missionários na Coreia do Sul. O projeto prevê a abertura de um centro de treinamento missionário na Academia Hankook Sahmyook, que inclui uma escola de ensino fundamental e uma escola de ensino médio, na capital da Coreia do Sul, Seul.
Os programas de treinamento missionário são uma parte fundamental da vida adventista na Coreia do Sul. A história desta semana é sobre um grupo de 19 adolescentes coreanos que se juntaram a um desses programas chamado Movimento Missionário da Academia.
Uma forte tempestade irrompeu na primeira noite que 19 missionários adolescentes sul-coreanos passaram em uma ilha filipina.
Os adolescentes, de 14 a 17 anos, não estavam preparados para uma tempestade quando se juntaram ao programa de treinamento missionário de um ano chamado Movimento Missionário da Academia. Parte do programa exigia a participação deles em uma viagem missionária internacional, e eles foram para a ilha remota a fim de ajudar nas reuniões evangelísticas sob a orientação de um pastor sul-coreano, que pregaria.
Mas a tempestade que os recebeu em sua primeira noite ameaçou estragar seus planos.
Onze meninos estavam dormindo em barracas montadas no chão de concreto de uma igreja parcialmente construída, localizada em uma praia de areia. Oito meninas estavam dormindo em uma casa de palha próxima.
A noite estava escura como breu, exceto pelos intensos clarões de relâmpagos. A chuva caía intensamente, e o vento uivava. O prédio da igreja não tinha portas nem janelas, e as barracas que abrigavam os meninos tremiam violentamente.
Então, o pastor sul-coreano começou a acordar os meninos.
"A situação é grave", disse ele a dois meninos em uma barraca. "Precisamos nos levantar e orar."
Ele pediu aos meninos que acordassem os meninos na barraca ao lado e os instruís- sem a passar a mensagem até que todos estivessem reunidos para orar na casa de palha.
Enquanto isso, o diretor do programa missionário acordou as meninas na casa de palha com instruções semelhantes.
Em pouco tempo, os adolescentes se reuniram na casa de palha. As paredes do prédio tremeram com a rajada da tempestade.
Nenhum dos adolescentes ou adultos tinha visto uma tempestade tão forte.
Eram 4 horas da manhã.
Todos se ajoelharam e oraram para que Deus cessasse a tempestade. Por duas horas, os missionários oraram enquanto o vento uivava, os relâmpagos iluminavam o céu e a chuva caía. O pastor pediu a Deus que perdoasse os pecados de todos no grupo. Os adolescentes cantaram hinos de louvor. Cada pessoa dedicou tempo para oração pessoal.
O pastor disse aos adolescentes para irem dormir. Como era a primeira noite deles na ilha, ele não queria que eles ficassem muito exaustos em seu primeiro dia inteiro.
O sol estava brilhando intensamente no céu azul quando todos acordaram duas horas depois.
A tempestade preparou o cenário para o resto da semana. A viagem missionária se tornou uma temporada de oração. Sempre que chovia, todos se ajoelhavam e oravam. Sempre que um adolescente enfrentava um desafio, como convidar pessoas para participar das reuniões noturnas, todos se ajoelhavam e oravam. Os adolescentes perceberam que estavam lutando pela salvação de almas. Às vezes, eles se ajoelhavam em duplas e oravam por alguém que tinham acabado de conhecer em uma vila próxima.
A viagem missionária reservou algumas surpresas para os adolescentes, que estavam acostumados a comodidades como água encanada e assentos sanitários aquecidos em casa, na Coreia do Sul. Na ilha, eles usavam pás para cavar suas próprias fossas e tomavam banhos ao ar livre com baldes ou no oceano. Ninguém reclamava.
Todas as noites, os adolescentes se reuniam perto do prédio da igreja em construção para ler a Bíblia, conversar sobre o dia e agradecer a Deus pela vida, pela comida e pelo clima agradável.
No final da viagem, sete pessoas foram batizadas no mar. Elas haviam estudado a Bíblia com membros da igreja local e tomaram a decisão de ser batizadas durante as reuniões evangelísticas.
Os adolescentes se alegraram porque sete pessoas entregaram seus corações a Jesus. Eles voltaram para a Coreia do Sul, expressando o desejo de serem missionários vitalícios para Jesus.
Parte da oferta deste trimestre treinará os alunos para se tornarem missionários na Academia Hankook Sahmyook em Seul, Coreia do Sul. Sua oferta ajudará a abrir um centro de treinamento missionário e uma academia na instituição.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre Seul, Coreia do Sul, no mapa.
- A foto mostra os adolescentes sul-coreanos reunidos do lado de fora do prédio da igreja em construção para ler a Bíblia, conversar sobre o dia e agradecer a Deus pela vida, pela comida e pelo clima agradável.
- Saiba que esta história é baseada em uma entrevista com o diretor de 28 anos do Movimento Missionário da Academia, Kim MinJae.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os Fatos Rápidos da Divisão Norte-Asiática do Pacífico: bit.ly/nsd-2025
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2025
Tema geral: O amor e a justiça de Deus
Lição 10 – 1º a 8 de março
Regras de engajamento
Autor: Erico Tadeu Xavier
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Os capítulos 10 a 12 de Daniel formam uma unidade com três elementos. A primeira parte é o capítulo 10, a segunda parte é a visão registrada do capítulo 11:2 até o capítulo 12:4, e a terceira conclui o capítulo 12 e todo o livro de Daniel (Dn 12:5-13). A última visão dada a Daniel teve lugar dois anos depois da volta dos judeus de Babilônia. Nessa visão, Deus ergueu o véu da História e mostrou a Daniel algumas realidades do mundo invisível – o conflito entre as forças do bem e as do mal. Apocalipse 12:7 a 9 revela um quadro semelhante: Miguel e Seus anjos lutando contra o príncipe do mal e seus anjos. Mas o resultado nos dois livros é o mesmo: Miguel, o grande Príncipe, vence Satanás e livra o Seu povo, os que foram “achados inscritos no livro” (Dn 12:1).
Daniel em visão – Dn 10:1-9
Por que Daniel chorou e jejuou durante três semanas? (Dn 10:2, 3). Embora nenhuma razão aparente seja dada no capítulo em si, as circunstâncias históricas da Palestina da época podem nos dar a resposta. Foi no terceiro ano de Ciro (535 a.C.), mais provavelmente, que foi erguida pelos samaritanos a oposição contra os judeus, como está registrado em Esdras 4:1-5. Daniel deve ter ouvido sobre a oposição dos samaritanos. Por isso, teria jejuado e orado por seu povo na Palestina.
“Agora, vim para fazer com que você entenda o que vai acontecer com o seu povo nos últimos dias. Porque a visão se refere a dias ainda distantes” (Dn 10:14).
Em Daniel 10, “os últimos dias” se referem ao futuro, que começa no tempo de Cristo e termina com a segunda vinda de Cristo. Sabemos isso porque as profecias Daniel 2, 7, 8 e 9, entre outras, se estendem inquestionavelmente ao fim do mundo presente.
O grande conflito – Dn 10:12, 13, 20, 21
Que tipo de batalha Daniel viu? “Enquanto Satanás procurava influenciar as mais elevadas autoridades no reino da Média-Pérsia para que não se mostrassem favoráveis ao povo de Deus, anjos trabalhavam no interesse dos exilados. Era uma controvérsia na qual todo o Céu estava interessado. Por intermédio do profeta Daniel, temos um lampejo dessa poderosa luta entre as forças do bem e do mal.
“Durante três semanas, Gabriel se empenhou na luta com os poderes das trevas, procurando conter as influências que estavam agindo na mente de Ciro. E antes que a contenda terminasse, o próprio Cristo veio em auxílio de Gabriel ” (Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 332).
Quem é o “príncipe” do reino da Pérsia (v. 13)? Efésios 6:12 pode ajudar a responder. Contraste o príncipe do reino da Pérsia com o Príncipe em Daniel 10:21. Quem é “o Príncipe de vocês”?
Como vemos em Daniel 10, embora Satanás e Cristo estivessem trabalhando pela mente do rei persa, nenhum deles podia forçá-lo. O livre-arbítrio humano, embora seja um dos maiores dons que recebemos, custou um preço terrível: a morte de Jesus na cruz. Se não tivéssemos livre-arbítrio, não poderíamos ter pecado, e se não tivéssemos pecado, não teria havido a cruz, porque não haveria necessidade dela. Assim, de muitas formas, a cruz é o maior exemplo não só da realidade do livre-arbítrio humano, mas das consequências de abusarmos dele. Como é importante, então, fazer tudo em nosso poder para manter a nossa vontade ao lado de Cristo e da Sua santa lei.
A grande verdade é que todos estamos, realmente, no meio do grande conflito, e a que lado vamos nos unir, a que “príncipe” vamos nos aliar, no fim, é nossa própria escolha, e de ninguém mais.
O Dragão – Ap 12:3, 4, 6 e 7-12
No sentido primário, o dragão é Satanás (Ap 12:9). No sentido secundário, o dragão representa os poderes terrestres usados por Satanás para combater Cristo, Sua verdade e Seu povo. Satanás agiu por meio do Império Romano para matar a Cristo e atacar o evangelho e a igreja primitiva (Ap 12:4). Ele usou também o papado medieval para impelir a igreja ao deserto, onde ela foi perseguida por 1.260 anos (de 538 A.D. a 1798 A.D. Ver Ap 12:6, 13-16). Ao nos aproximarmos do fim do tempo, Satanás usará uma união político-religiosa apóstata, na tentativa de destruir a igreja cristã remanescente (Ap 12:17; comparar com o capítulo 17). Visto que o dragão de Apocalipse tem essa quádrupla aplicação (refere-se a Satanás, ao Império Romano, ao papado e à “Babilônia” antitípica), ele se equipara aos poderes da ponta pequena mencionados em Daniel 7 e 8.
“Por ocasião da expulsão mencionada nos versos 9, 10 e 13 [de Apocalipse 12], ‘o acusador de nossos irmãos’ já estivera ativamente empenhado em acusá-los ‘de dia, e de noite, diante do nosso Deus’. Evidentemente, a queda de que tratam esses versículos ocorreu depois de um período durante o qual Satanás esteve acusando ‘os irmãos’, e parece, portanto, que esta não pode ser a expulsão original de Satanás antes da criação da Terra” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 810).
A cruz significou a condenação de Satanás. “Cristo curvou a cabeça e morreu, mas manteve firme Sua fé em Deus e Sua submissão a Ele. [...]
“Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o universo celestial. Havia se revelado um assassino. Derramando o sangue do Filho de Deus, Satanás perdeu completamente a simpatia dos seres celestiais. Daí em diante, sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais poderia ficar à espreita dos anjos ao saírem das cortes celestiais, acusando perante eles os irmãos de Cristo de estarem revestidos de trevas e contaminados pelo pecado. Estavam desfeitos os últimos elos de aproximação entre Satanás e o mundo celestial” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 612, 613).
Os limites de Satanás
Ao falar da morte de Cristo na cruz, Ellen White destacou: “Derramando o sangue do Filho de Deus, Satanás perdeu completamente a simpatia dos seres celestiais. Daí em diante, sua obra seria restrita” (ibid.). Também existem limites claros para Satanás e seus agentes, incluindo limites de tempo. “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vocês, cheio de fúria, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12).
Na experiência de Jó, os limites também foram dados. Deus respondeu às acusações de Satanás permitindo que o inimigo testasse sua teoria, mas com limites. Primeiro Deus concedeu a Satanás poder sobre “tudo” o que Jó tinha, mas proibiu que infligisse danos pessoais a ele (Jó 1:12). Depois, Satanás afirmou que Jó só se preocupava consigo mesmo. Deus permitiu que Satanás atingisse Jó pessoalmente, mas ordenou que sua vida fosse poupada (Jó 2:3-6).
Os limites também incluem a operação de curas e milagres. Três verdades sobre Satanás podem ser apresentadas:
- Ele é capaz de operar milagres para enganar.
“Ele operará maravilhas ainda maiores” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 5, p. 593).
- O inimigo falsifica os milagres que não pode realizar.
“Há, porém, um limite além do qual Satanás não pode ir; e aí ele chama em seu auxílio o engano e falsifica a obra que não tem realmente o poder de efetuar” (ibid.).
- Satanás não pode dar vida.
“[Satanás] não tem o poder de criar ou dar a vida; isso é prerrogativa de Deus apenas” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 219).
Conclusão
“O homem caído é um legítimo prisioneiro de Satanás. [...] Unicamente Deus é capaz de limitar o poder do maligno. Este anda de um lado para outro, para cima e para baixo na Terra. Não está desatento nem por um instante, temendo perder uma oportunidade de destruir pessoas. Importante é que o povo de Deus compreenda isso, a fim de escapar de seus ardis. Satanás está preparando seus enganos, para que, na última campanha contra o povo de Deus, eles não percebam que é ele. [...] Enquanto algumas pessoas iludidas advogam a ideia de que ele não existe, ele as está levando cativas e atuando grandemente por meio delas. Melhor que o povo de Deus, Satanás sabe o poder que esse povo pode ter sobre ele, quando fazem de Cristo a sua força. Quando roga humildemente ao poderoso Vencedor que o auxilie, o mais fraco dos crentes na verdade, repousando firmemente em Cristo, pode com êxito repelir a Satanás e todo o seu exército. Ele é astuto demais para apresentar-se aberta e ousadamente com suas tentações, pois então as entorpecidas energias do cristão seriam despertadas, e ele haveria de apoiar-se no forte e poderoso Libertador. Aproxima-se, porém, sorrateiramente, e atua de maneira disfarçada por meio dos filhos da desobediência que professam piedade” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 307).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Erico Tadeu Xavier é Pós-doutor em Teologia Sistemática e Missão Integral pela FAJE (Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta de BH), Doutor em Ministério pela FTSA, Faculdade Teológica Sul-Americana e Doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica do RJ). Iniciou seu ministério em 1991 como pastor distrital e atuou em três diferentes regiões. Foi professor do Seminário Adventista de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia, da Faculdade Adventista da Bahia (antigo IAENE), e da FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Noemi Pinheiro Xavier, Doutora em Educação. O casal tem dois filhos: Aline (psicóloga) e Joezer (designer gráfico).