Lição 2
05 a 11 de outubro
Sinais da divindade
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Lc 23
Verso para memorizar: “Então Jesus declarou: – Eu Sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em Mim não morrerá eternamente. Você crê nisto?” (Jo 11:25, 26).
Leituras da semana: Jo 6:1-15; Is 53:4-6; 1Co 5:7; Jo 6:26-36; 9:1-41; 1Co 1:26-29; Jo 11

A Bíblia deixa claro que Jesus Cristo é o Filho eterno, um com o Pai, não criado e não derivado. Jesus é Aquele que criou tudo o que existe (Jo 1:1-3). Assim, o Filho sempre existiu; nunca houve um tempo em que Ele não existisse. Embora Jesus tenha vindo a este mundo e tomado sobre Si a nossa natureza humana, Ele sempre manteve a divindade e, em momentos específicos, disse e fez coisas que revelaram Sua natureza divina. 

Essa verdade era importante para João. Por isso, ao narrar alguns dos milagres de Jesus, ele os usou para indicar a divindade de Cristo. Jesus não apenas disse coisas que revelaram Sua divindade, mas confirmou Suas palavras com obras que manifestaram essa natureza divina. 

A lição desta semana analisa três dos maiores sinais realizados por Jesus que mostram a Sua divindade. O mais surpreendente é que, em todos esses casos, algumas pessoas não creram no milagre nem perceberam seu significado. Após o milagre, alguns se afastaram de Jesus; outros aumentaram a cegueira espiritual; e outros começaram a planejar a morte de Jesus. Contudo, muitos passaram a crer que Ele é o Messias. 



Domingo, 06 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 24
O milagre do alimento para 5 mil

Em João 6:4 e 5, o apóstolo destaca que o milagre da multiplicação de pães e peixes ocorreu perto da Páscoa, a festa que comemorava a libertação de Israel do Egito. O cordeiro pascal substituiu a morte do primogênito. Esse sacrifício simbolizava a morte de Jesus por nós. Na cruz, o castigo que merecíamos por causa dos nossos pecados recaiu sobre Jesus. Ele, que é a nossa Páscoa, morreu em nosso lugar (1Co 5:7). 

“Carregou a culpa da transgressão, e o rosto do Pai Lhe foi ocultado até que Seu coração foi quebrantado e Sua vida desfeita. Todo esse sacrifício foi feito para que os pecadores pudessem ser redimidos” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 450, 451). 

1. Leia João 6:1-14. Que paralelos existem entre Jesus e Moisés? Isto é, o que Jesus fez que deveria ter lembrado ao povo a libertação que seus antepassados haviam recebido pelo ministério de Moisés? 

Vários detalhes dessa história colocam Jesus em paralelo com Moisés no êxodo. A época da Páscoa (Jo 6:4) aponta para a grande libertação do Egito. Jesus subiu ao monte (Jo 6:3), assim como Moisés subiu o monte Sinai. Jesus testou Filipe (Jo 6:5, 6), assim como os israelitas foram provados no deserto. A multiplicação dos pães (Jo 6:11) lembra o maná. Recolher os pães que sobraram (Jo 6:12) remete ao maná, que era recolhido pelos israelitas. Sobraram 12 cestos de pedaços de pão (Jo 6:13), o mesmo número das 12 tribos de Israel. E o povo comentou que Jesus era o Profeta que viria ao mundo (Jo 6:14), isto é, o “profeta semelhante a” Moisés, predito em Deuteronômio 18:15. Tudo isso aponta para Jesus como o novo Moisés – que veio para libertar Seu povo. 

Assim, João descreve Jesus não apenas fazendo sinais e maravilhas, mas sinais e maravilhas que, em seu contexto, deveriam ter tido um significado especial para o povo judeu. Cristo estava apontando, em essência, para Sua própria divindade. 

 

Leia Isaías 53:4-7 e 1 Pedro 2:24. Que grande verdade esses textos ensinam sobre Jesus como o Cordeiro de Deus? Como a Sua divindade está ligada a essa verdade, e por que essa é a verdade mais importante que podemos conhecer?


Segunda-feira, 07 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 1
Este é verdadeiramente o Profeta

2. Leia João 6:14, 15, 26-36. Como o povo respondeu ao milagre e como Jesus usou isso para buscar ensinar quem Ele é? 

Os judeus esperavam um Messias terrestre que os libertaria da opressão do Império Romano. Duas dificuldades de uma guerra são alimentar as tropas e cuidar dos feridos e mortos. Com Seus milagres, Jesus mostrou que era capaz de fazer ambas as coisas. 

Mas não foi para isso que Jesus veio ao mundo, e não foi esse o propósito do Seu milagre. O relato da multiplicação dos pães e peixes deu a oportunidade de ilustrar que Jesus é o pão da vida, e que o próprio Deus havia descido do Céu. “Eu sou o pão da vida”, disse Ele. “Quem vem a Mim jamais terá fome” (Jo 6:35). 

Essa é a primeira das sete declarações de João que começam com as palavras “Eu sou”. Em tais casos, essa expressão está ligada a algum predicado: “o pão da vida” (Jo 6:35); “a luz do mundo” (Jo 8:12); “a porta” (Jo 10:7, 9); “o bom Pastor” (Jo 10:11, 14); “a ressurreição e a vida” (Jo 11:25); “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6); e “a videira verdadeira” (Jo 15:1, 5). Cada uma dessas declarações aponta para uma verdade sobre Jesus. Essas declarações remetem a Êxodo 3:13 e 14, em que Deus Se apresentou a Moisés como o grande Eu Sou (Jo 8:58). Jesus é esse grande Eu Sou. 

Mas o povo ignorava tudo isso. 

“Seus corações descontentes perguntavam por que Jesus podia realizar tão grandiosas obras como as que tinham presenciado e não podia também dar saúde, força e riqueza a todo o Seu povo, libertá-lo de seus opressores e exaltá-lo ao poder e à honra. O fato de Ele alegar ser o Enviado de Deus, mas recusar ser rei de Israel, era um mistério que não conseguiam entender. Sua recusa foi mal interpretada. Muitos concluíram que não ousava afirmar Seus direitos, porque Ele próprio duvidava do divino caráter de Sua missão. [...] Abriram a mente à incredulidade, e a semente que Satanás lançara deu fruto segundo sua espécie na forma de incompreensão e deserção” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 301, 302). 

Eles procuravam benefícios materiais em vez da verdade que permanece para a vida eterna. Essa é uma armadilha na qual podemos cair se não tomarmos cuidado. 

 

Como evitar ser capturados pelas coisas materiais em detrimento das espirituais?


Terça-feira, 08 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 2
A cura do cego – parte 1

3. Leia João 9:1-16. O que os discípulos achavam ser a causa da cegueira daquele homem, e como Jesus corrigiu essas crenças falsas? 

Os discípulos estabeleceram uma ligação entre doença e pecado. Várias passagens do Antigo Testamento (AT) apontam nessa direção (compare com Êx 20:5; 2Rs 5:15-27; 15:5; 2Cr 26:16-21), mas a história de Jó deveria mostrar que isso nem sempre é verdadeiro. 

Jesus esclarece a questão, não negando alguma ligação entre pecado e sofrimento, mas, nesse caso, apontando para um propósito mais elevado, de que Deus seria glorificado pela cura. O relato contém certas afinidades com a história da criação. Por exemplo, Deus formou o primeiro homem do pó da terra (Gn 2:7), assim como Jesus fez lama para dar ao cego o que lhe faltava desde o nascimento. 

Em Mateus, Marcos e Lucas, as histórias de milagres seguem um padrão comum: uma expressão do problema, a condução do indivíduo a Jesus, a cura e o reconhecimento da cura acompanhado de louvor a Deus. 

Na história de João 9, essa sequência é completada em João 9:7. Mas, como geralmente acontece no Evangelho de João, o significado do milagre torna-se um tema de debate bem mais amplo, levando a um longo diálogo entre o homem curado e os líderes religiosos. Essa discussão gira em torno de dois pares de conceitos que estão relacionados e são contrastados: pecado/obras de Deus e cegueira/visão. 

É só em João 9:14 que o narrador conta ao leitor que Jesus fez essa cura no sábado, o que, segundo a tradição, e não segundo a Bíblia, violava o mandamento. E, assim, os fariseus consideraram Jesus como transgressor do sábado. A conclusão deles foi de que Ele não vinha de Deus, porque supostamente não guardava o sábado (Jo 9:16). Mas outras pessoas acharam inquietante que um pecador pudesse fazer sinais como aqueles. 

A discussão estava longe de terminar, mas já surgia uma divisão. O cego ficava cada vez mais cônscio de quem é Jesus, mas os líderes religiosos, cada vez mais confusos e cegos quanto à Sua verdadeira identidade. 

Será que às vezes ficamos tão cegos pelas nossas próprias crenças e tradições que podemos ignorar verdades importantes que estão diante dos nossos olhos?


Quarta-feira, 09 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 3
A cura do cego – parte 2

4. Que perguntas os líderes fizeram e como o cego lhes respondeu? Jo 9:17-34 

Essa longa seção de João 9 é a única parte do evangelho em que Jesus não desempenha o papel principal, embora seja o assunto da discussão. Assim como a questão do pecado deu início à história (Jo 9:2), os fariseus pensavam que Jesus fosse um pecador por ter curado no sábado (Jo 9:16, 24) e difamaram o homem curado como alguém que tinha nascido “cheio de pecado” (Jo 9:34). 

Nessa história ocorre uma inversão bastante curiosa. O cego passa a ver cada vez mais, não apenas fisicamente, mas espiritualmente, à medida que cresce no seu apreço por Jesus e na confiança Nele. Os fariseus, por outro lado, tornam-se cada vez mais cegos em seu entendimento, primeiro ficando divididos a respeito de Jesus (Jo 9:16) e depois sem saber de onde Ele veio (Jo 9:29). 

Entretanto, o relato do milagre dá a João a oportunidade de dizer quem é Jesus. O tema dos sinais em João 9 se cruza com vários outros temas do evangelho. João reafirma que Jesus é a luz do mundo (Jo 9:5; Jo 8:12). A história também trata da origem misteriosa de Jesus: Quem é Ele? De onde vem? Qual é a Sua missão? (Jo 9:12, 29; Jo 1:14). A figura de Moisés, mencionada em relatos de milagres anteriores, também aparece nesse capítulo (Jo 9:28, 29; Jo 5:45, 46; 6:32). Por último, há o tema da resposta da multidão. Algumas pessoas amam as trevas mais do que a luz, enquanto outras respondem com fé (Jo 9:16-18, 35-41; 1:9-16; 3:16-21; 6:60-71). 

A cegueira espiritual dos líderes religiosos é assustadora. Um mendigo, antes cego, declarou: “Desde que o mundo existe, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este Homem não fosse de Deus, não poderia ter feito nada” (Jo 9:32, 33). No entanto, os guias espirituais da nação, que deveriam ter sido os primeiros a reconhecer Jesus e aceitá-Lo como o Messias, diante de todas as evidências, não conseguiam enxergar essa realidade. Ou, em vez disso, realmente não queriam ver. Que advertência sobre como o nosso coração pode nos enganar! 

Leia 1 Coríntios 1:26-29. Como o que Paulo escreveu nesse texto se ajusta ao que aconteceu em João 9, e como o mesmo princípio se aplica até hoje?


Quinta-feira, 10 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 4
A ressurreição de Lázaro

João 11 está repleto de tristeza: a notícia da doença de um amigo querido (Jo 11:1-3); o choro pela sua morte (Jo 11:19, 31, 33); a queixa das irmãs de que Lázaro não teria morrido se Jesus estivesse presente (Jo 11:21, 32); e as lágrimas de Jesus (Jo 11:35). 

Mas Jesus demorou dois dias antes de iniciar a jornada até Lázaro (Jo 11:6), chegando a dizer que Se alegrava por não ter ido antes (Jo 11:14, 15). Essa atitude não foi de frieza. Pelo contrário, teve o propósito de revelar a glória de Deus. 

Quando chegamos a João 11:17 a 27, Lázaro já estava morto havia quatro dias. O seu corpo já estaria se decompondo e, como disse Marta: “Senhor, já cheira mal, porque está morto há quatro dias” (Jo 11:39). A demora de Jesus apenas ajudou a tornar o milagre ainda mais impressionante. Ressuscitar um cadáver em decomposição? Que outra prova Jesus poderia ter dado de que Ele é o próprio Deus? 

E, como Deus, Aquele que criou a vida, Jesus tem poder sobre a morte. Assim, Ele aproveita essa oportunidade, a morte de Lázaro, para revelar uma verdade crucial sobre Si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em Mim não morrerá eternamente” (Jo 11:25, 26). 

5. Leia João 11:38-44. O que Jesus fez que confirmou a Sua reivindicação? 

Assim como Jesus mostrou que é a luz do mundo (Jo 8:12; 9:5) ao dar visão ao cego (Jo 9:7), aqui Ele ressuscita Lázaro dentre os mortos (Jo 11:43, 44), demonstrando que é a ressurreição e a vida (Jo 11:25). 

Esse milagre, mais do que qualquer outro, aponta para Jesus como o doador da vida, como o próprio Deus. Ele dá um forte apoio ao tema de João de que Jesus é o divino Filho de Deus, e que, crendo, podemos ter vida por meio Dele (Jo 20:30, 31). 

No entanto, quando chegamos ao final dessa história incrível (Jo 11:45- 54), na qual muitos que viram creram (Jo 11:45), desenvolve-se uma ironia poderosa, mas triste: Jesus mostra que é capaz de trazer os mortos de volta à vida, e, ainda assim, aquelas pessoas pensam que conseguiriam detê-Lo matando-O? Que exemplo das fragilidades humanas em contraste com a sabedoria e o poder de Deus!



Sexta-feira, 11 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 5
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 300-310 (“Crise na Galileia”); 418-428 (“A ressurreição de Lázaro”); 429-433 (“Líderes em conspiração”). 

“A vida de Cristo, que dá vida ao mundo, está em Sua palavra. Era por Sua palavra que Cristo curava a enfermidade e expulsava os demônios; por Sua palavra acalmava o mar e ressuscitava os mortos; e o povo dava testemunho de que Sua palavra tinha poder. Ele transmitia a palavra de Deus, como o fizera por intermédio de todos os profetas e mestres do AT. Toda a Bíblia é uma manifestação de Cristo, e o Salvador desejava fixar a fé de Seus seguidores na Palavra. Quando Sua presença visível fosse retirada, a Palavra devia ser sua fonte de poder. Como seu Mestre, deviam viver ‘de toda palavra que procede da boca de Deus’ (Mt 4:4). 

“Assim como a vida física se mantém pela comida, a espiritual é mantida pela Palavra de Deus. E toda pessoa deve receber, por si mesma, vida dessa Palavra. [...] Não a obteremos simplesmente por meio de outra pessoa. Precisamos estudar cuidadosamente a Bíblia, pedindo a Deus o auxílio do Espírito Santo [...]. Devemos escolher um versículo, concentrando a mente na tarefa de compreender o pensamento nele posto por Deus para nós, e pensar bastante no assunto até que o compreendamos completamente” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 306, 307). 

Perguntas para consideração 

1. Ainda que os milagres de Jesus tenham sido surpreendentes, eles produziram reações divididas: alguns responderam com fé, outros com dúvida. Mesmo diante de evidências poderosas, as pessoas ainda podem escolher rejeitar a Deus? 

2. Os sinais apontam para Cristo como o divino Filho de Deus. Por que a divindade de Cristo é tão importante para a fé Nele como Salvador? 

3. Leia 1 Coríntios 1:26-29. De que forma vemos hoje esse mesmo princípio em ação? Quais são as “loucuras” em que os cristãos creem das quais os “sábios segundo a carne” zombam? Quais são as coisas que cremos e que “envergonham” os “fortes”? 

Respostas às perguntas da semana: 1. O milagre aconteceu na época da Páscoa. Jesus e Moisés subiram um monte; e ambos alimentaram o povo. Jesus era o Profeta semelhante a Moisés. 2. O povo tentou fazê-Lo rei à força. Jesus mostrou que é o pão da vida, enviado por Deus. 3. O pecado. Jesus mostrou que a doença nem sempre é causada pelo pecado pessoal. 4. Os líderes perguntaram quem era Jesus e como o cego foi curado. O cego respondeu que Jesus havia sido enviado por Deus, porque o curou. 5. Jesus ressuscitou alguém que tinha morrido havia quatro dias, mostrando que Ele é a ressurreição e a vida.



Resumo da Lição 2
Sinais da divindade

FOCO DO ESTUDO: João 9:1-34; 11:1-44; 6:14 

ESBOÇO 

Introdução: Reflita mais uma vez sobre o fato notável de que o Filho divino e eterno de Deus Se esvaziou de Si e tornou-Se Deus encarnado. Essa extraordinária realidade é amplamente fundamentada nas Escrituras. Nossas capacidades humanas limitadas são desafiadas ao tentarmos compreender essa realidade infinita. A fim de nos ajudar nesse esforço, Deus fez o máximo para que pudéssemos compreender, tanto quanto possível, essa verdade bíblica essencial para a salvação. 

Nesta semana, refletiremos sobre três milagres que constituem provas conclusivas da divindade de Cristo. Esses milagres oferecem evidências adicionais, deixando claro que Jesus é mais do que simplesmente um homem. Como exemplo, considere a transfiguração no monte, um evento no qual Seu círculo íntimo de três discípulos testemunhou Sua impressionante e divina glória. 

Inesperadamente, Ele foi “transfigurado diante deles. O Seu rosto resplandecia como o Sol, e as Suas roupas se tornaram brancas como a luz” (Mt 17:2). Além disso, esse milagre foi claramente atestado por Moisés, que foi ressuscitado, e por Elias, o profeta transladado. 

Ou quem pode negar a divindade de Jesus no milagre da multiplicação dos pães e peixes? Tal fenômeno foi único, sem precedentes na história. Alguns creram; entretanto, estranhamente, outros não creram, apesar das evidências claras. É muito trágico que a teimosia e o orgulho os tenham levado a enxergar as trevas em lugar da Luz do Mundo, que estava ali diante deles. O grande EU SOU, a quem o reverenciado profeta Moisés conhecia, habitou entre eles, mas se recusaram a recebê-Lo como seu Messias. 

O pão material no milagre da multiplicação tinha como objetivo direcionar a atenção do povo para Cristo, o pão da vida, que não apenas provê e sustenta a vida corporal, mas também concede a vida eterna. 

Ao analisarmos a fundo a expressão “EU SOU” no contexto do Evangelho de João, percebemos que o discípulo estava especialmente atento à representação divina de Deus revelada a Moisés na sarça ardente: “Deus disse a Moisés: – Eu Sou o Que Sou” (Êx 3:14). Jesus aplicou esse título diretamente a Si mesmo, em declarações como “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6) e “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11:25). 

Em João 9:1 a 34, o poder divino de Jesus também se evidenciou na cura do cego e, particularmente, como detalhado em João 11, no notável milagre da ressureição de Lázaro. No comentário a seguir, estudaremos mais a fundo esses dois milagres.

COMENTÁRIO 

Em breve, contemplaremos o rosto de Jesus e nosso corpo mortal será transformado, segundo o próprio corpo imortal e glorioso de Cristo. Esse evento será extraordinário! Nós O conheceremos, experimentaremos o Seu amor e passaremos a eternidade em Sua presença, sem nunca esgotar o tema de Seu amor incomparável ou compreender plenamente Sua natureza eterna. 

“Este é verdadeiramente o profeta” (Jo 6:14) 

Quando Cristo alimentou os 5 mil com os poucos e simples ingredientes do almoço de um menino, aqueles que testemunharam o milagre disseram o seguinte sobre Jesus: “Este é verdadeiramente o Profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6:14). Essas palavras remetem às palavras de Moisés, que apontam para um tipo de Jesus: “O Senhor, seu Deus, fará com que do meio de vocês, do meio dos seus irmãos, se levante um Profeta semelhante a mim; a Ele vocês devem ouvir” (Dt 18:15). 

É razoável considerar Moisés como um tipo de Jesus. Afinal, eles compartilham semelhanças em suas missões de libertar as pessoas da escravidão, por exemplo. Entre todos os personagens bíblicos, Moisés é aquele que mais se assemelha a Jesus em Seu ministério de intercessão. Depois que Israel, no deserto, se rebelou contra Deus ao adorar o bezerro de ouro, Moisés se ofereceu para morrer em seu lugar, para ser o substituto do povo. Em Êxodo 32:32, lemos o comovente relato do apelo de Moisés a Deus para que poupasse a vida do Seu povo rebelde. Moisés falou com Deus, dizendo: “Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, peço-Te que me risques do livro que escreveste”. 

A dedicação abnegada de Moisés ao seu povo rebelde e seu desejo de morrer em lugar dos outros são dignos de admiração. No entanto, tal oferta graciosa não pode conceder perdão do pecado nem diminuir a sua penalidade, que é a morte, pois apenas o sacrifício do divino “Profeta” Jesus poderia realizar tal façanha impossível. Somente Jesus possui a justiça e a vida necessárias para substituir nossos pecados e a morte. 

A cura do cego (Jo 9:1-34) 

Como vimos na semana passada, na narrativa sobre o paralítico, o homem estivera nesse estado desesperador durante 38 anos. Contudo, o cego mencionado em João 9 era “cego de nascença” (Jo 9:1). Imagine nunca ter tido a chance de ver nada nem ninguém! 

Além disso, para agravar a situação, esse pobre cego não apenas sofreu fisicamente, mas também enfrentou sofrimento espiritual, mental e emocional. A percepção pública era que aqueles que estavam doentes na sociedade sofriam por causa dos seus próprios pecados ou dos pecados dos seus pais. O cego foi levado a acreditar que não apenas as pessoas ao seu redor o consideravam culpado, mas que até mesmo Deus olhava para ele com desfavor. 

Esse equívoco também estava na mente dos discípulos, levando-os a questionar: “Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego?” (Jo 9:2). Em seu anseio por atribuir culpa, eles se assemelhavam a cristãos bem-intencionados, porém equivocados, nos dias de hoje. Da mesma forma, os amigos insensatos de Jó tentaram atribuir a culpa a ele por sua tragédia e doença terrível. Vamos aprender com esses erros. Em vez disso, por que não seguirmos o exemplo de Jesus, concentrando-nos na solução, não no problema? Ele veio a este mundo não para condenar, mas para salvar (Jo 3:17). 

A resposta de Jesus expandiu a visão dos discípulos sobre a Sua missão a um nível mais elevado. Deus desejava usar a cegueira desse homem para revelar Seu poder de cura. Além disso, esse milagre pretendia revelar que Cristo é o doador da vida eterna e da sabedoria, inspirando as pessoas com a luz da verdade e da salvação. Cristo relacionou Sua obra com a luz do dia, dizendo: “É necessário que façamos as obras Daquele que Me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9:4, 5). 

É bastante revelador e irônico que os líderes religiosos, dotados de visão física intacta, tenham teimosamente se recusado a enxergar a luz que Cristo irradiava ao seu redor. Assim, eles deliberadamente se envolveram cada vez mais profundamente na escuridão espiritual até que sua cegueira para a verdadeira luz se tornasse irreversível. Por outro lado, a receptividade do cego à luz de Cristo não apenas lhe proporcionou a capacidade de ver fisicamente, mas também permitiu que sua visão espiritual fosse esclarecida, possibilitando o reconhecimento de Jesus como o Filho de Deus, o único digno de adoração. 

Jesus poderia ter curado o cego imediatamente. Mas, por motivos sábios, Ele queria que o homem participasse do processo de cura. Depois de usar saliva para fazer argila, o Salvador espalhou a mistura nos olhos do cego. As mãos que fizeram e aplicaram o bálsamo eram as mãos do Criador, o único capaz de curar, Aquele que moldou a Terra e as estrelas. O cego, assim ungido com argila, obedeceu às palavras de Cristo e dirigiu-se imediatamente ao tanque de Siloé para se lavar. Ao fazê-lo, foi curado instantaneamente. Podemos comparar essa história com a narrativa do AT sobre Naamã, o comandante do exército sírio. O profeta Eliseu instruiu Naamã a se lavar sete vezes no rio Jordão para ser curado da lepra. No início, Naamã resistiu vigorosamente, mas acabou cedendo, lavou-se e foi miraculosamente purificado. 

A argila úmida não continha propriedades mágicas; somente Cristo era capaz de curar o cego. O Salvador apenas usou a substância como um canal para Seu poder. Além disso, podemos argumentar que Jesus usou agentes terapêuticos simples para promover o seu uso na cura. “Cristo fez uso dos simples agentes da natureza. Se, por um lado, Ele não encorajava o uso de medicamentos compostos de drogas, por outro lado, aprovou o uso de remédios simples e naturais” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB,2021], p. 662). 

Jesus é capaz de curar e está disposto a fazer isso hoje, seja instantaneamente ou gradualmente, por meio de milagres diretos ou de remédios simples? Como devemos participar de Seu ministério de cura como Seus representantes? Reflitamos sobre esta citação inspirada: Jesus “está tão disposto a curar o enfermo hoje como quando estava pessoalmente na Terra. Os servos de Cristo são Seus representantes, instrumentos pelos quais Ele atua. Por intermédio deles, Jesus deseja exercer Seu poder de curar” (O Desejado de Todas as Nações, p. 661).

A ressureição de Lázaro (Jo 11:1-44) 

Jesus disse a Marta: “Eu Sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25). Observe, novamente, que Jesus usou a expressão divina “Eu Sou” para destacar que Ele não apenas dá a vida, mas Ele é a própria vida. Essa promessa garante o seu cumprimento quando Jesus voltar para levar os Seus queridos para casa. Aqueles que dormem em Cristo serão acordados numa fração de segundo na ressurreição, como se o tempo não tivesse passado. 

Aqueles que descansam em Jesus aguardam o dia da ressurreição e participarão da vida e do destino eterno com Cristo. Jesus confirmou essa gloriosa realidade ao assegurar aos Seus discípulos: “Porque Eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14:19). Jesus é a própria vida e o Doador da vida. Ao acreditarmos nessas verdades bíblicas, não deveríamos temer a morte. Em sua primeira epístola, João reitera essa verdade: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está no Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5:11, 12). 

Essa esperança gloriosa é bem aquilo de que o mundo precisa desesperadamente, pois ninguém possui vida, exceto Cristo. Ele é a única solução perfeita para a condição de decadência da humanidade. Essa verdade é a melhor notícia de todas, e devemos ansiar por compartilhá-la com um mundo que está à beira do desespero! “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. [...] A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para aquele que crê” (O Desejado de Todas as Nações, p. 423, 424). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Considere as seguintes questões e comente com a classe: 

1. Reflita sobre o termo bíblico “profeta”. Por que a Bíblia chama Jesus de profeta? Essa designação pode gerar confusão para algumas pessoas, pois Ele não era apenas um profeta. Por exemplo, os muçulmanos consideram Jesus um profeta. No entanto, acreditamos que Ele é mais do que isso: Jesus é também o divino Filho de Deus e o Salvador do mundo. 

2. Moisés serviu como um tipo de Cristo na Sua intercessão pelo povo rebelde. Cristo intercedeu por aqueles que O estavam crucificando. Estêvão, no livro de Atos, age de modo semelhante a Jesus ao interceder pelos seus inimigos? Como pode tal paralelo nos instruir sobre como devemos encarar aqueles que nos perseguem? 

3. Por que a cegueira espiritual é incurável sem a intervenção da cura divina? 

4. Jesus afirmou que os pecados dos pais não foram a causa do sofrimento do cego. Como você concilia essa verdade com Êxodo 20:5, que diz que Ele “visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que” O odeiam? 

5. Embora João 14:19 e 1 João 5:11 e 12 deixem claro que temos a certeza da salvação em Cristo, por que, então, é um desafio concretizar essa certeza em nossa vida? Como podemos explicar o medo da morte que alguns cristãos têm?

 


Silenciando os Skin-Walkers

Arizona | Alisson

Allison, uma instrutora de equitação na Escola Adventista do Sétimo Dia de Holbrook, ouviu pela primeira vez sobre os skin-walkers quando uma aluna drasticamente lhe disse para não assoviar no escuro.

“Pare, agora!”, disse a garota, Kai.

“Por quê?”, disse Allison, que apreciava assoviar tanto no escuro quanto na luz.

Kai, com medo, explicou que assoviar no escuro era um convite para os skin-walkers visitarem. Em sua cultura navaja, um skin-walker é um tipo de bruxo maligno que tem os poderes de se transformar, possuir ou disfarçar-se em um animal.

Allison garantiu à garota que Deus era mais poderoso que qualquer skin-walker e que, se ela se juntasse ao time de Deus, não teria nada para se preocupar. “Eu acho que continuarei assoviando”, disse ela, gentilmente. “Desculpe-me, mas eu não faço parte de nenhum outro time.”

Quando Kai viu que Allison não estava assustada e percebeu que ela também poderia fazer parte do time de Deus, ela parou de ficar com medo.

Kai não era a única garota com medo de skin-walkers em Holbrook.

Enola, de quinze anos, levava consigo uma amiga todas as noites quando ia para o estábulo da escola a fim de alimentar e dar água para seu cavalo como parte das aulas de equitação. Ela havia pedido permissão primeiro, e Allison, vendo que ela tinha medo do escuro, autorizou, dizendo: “Tudo bem, desde que você não demore mais para fazer seu trabalho”.

Então, numa manhã, Enola anunciou que havia ido para o estábulo na noite anterior sem sua amiga.

“Eu fui para o estábulo cuidar do meu cavalo, sozinha, pela primeira vez”, disse ela.

Allison expressou surpresa. “Você não levou ninguém com você?”, perguntou.

“Não”, disse Enola.

“Você não tinha medo do escuro?”, perguntou Allison.

Enola respondeu um tanto quanto audaciosa: “Bem, sim. Por que você acha que eu sempre levava alguém comigo?”

“Você estava com medo?”, perguntou Allison.

“Sim, claro que eu estava”, disse a garota. “Mas eu meio que queria ver se algo aconteceria.”

“O que você quer dizer com isso?”

“Bem, estar no escuro por aqui não é seguro. É quando os skin-walkers podem pegar Arizona | 5 de outubro você.”

Então Allison entendeu o medo do escuro de Enola. Ela disse: “E …?”

“E … nada aconteceu!”, Enola exclamou.

“Claro que não!”, disse Allison.

“Não, você não entende”, a garota disse. “Eles quase me pegaram antes. Mas então entendi quão estúpida eu sou. Por que eles me pegariam aqui?”

“Diga-me mais”, disse Allison.

“Bem, é como se nada pudesse chegar até mim enquanto estou no campus da escola”, disse a garota. “Às vezes eu me pergunto: 'Se eu colocar um pé do lado de um lado do portão principal e o outro do outro lado, será que eles conseguem pegar metade de mim?'” Ela riu.

Allison sorriu. Ela estava feliz que Enola estava testemunhando o poder de Deus no Céu no campus da escola de Holbrook, no Arizona. A decisão de Enola de ir sozinha para o estábulo no escuro foi uma oportunidade para Deus provar que Ele, sem dúvidas, é digno de confiança. Foi bom estar no time Dele!

A experiência lembrou Allison que Holbrook é uma verdadeira escola missionária nos Estados Unidos. “Este é, com certeza, um campo missionário”, disse ela.

Obrigado por suas ofertas que apoiaram a Escola Adventista do Sétimo Dia Indígena de Holbrook. As duas ofertas mais recentes para a Divisão Norte-Americana, recolhidas em 2018 e 2021, estão ajudando a construir um novo Centro de Vida Estudantil no campus onde Deus vive e os alunos não têm medo de skin-walkers.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre Holbrook, Arizona, no mapa.

  • Saiba que o nome das garotas foi alterado para proteger a privacidade delas.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024

Tema geral: Temas do Evangelho de João

Lição 2 – 5 a 12 de outubro

Sinais da divindade

Autor: Manolo Damasio

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

João conviveu com Jesus por mais de três anos. Seus traços humanos eram perceptíveis para o discípulo amado. João O viu cansado, faminto, chorando – experiências comuns de um ser humano. Sua divindade, mesmo não sendo inicialmente percebida, tornou-se uma certeza elementar no cristianismo. João pretende, em seu evangelho, apresentar certos episódios que apontavam para a identidade divina de Jesus e Sua pré-existência.

João apresenta a natureza divina de Jesus, que nas palavras de Ellen G. White, possuía “vida original” e “não derivada”.

Nesta semana, veremos outros três sinais, três milagres, e as reações que eles provocaram. Há uma certa ironia em cada um dos casos e lições que os investigadores futuros não deveriam deixar de captar.

 

A multiplicação dos pães e peixes

A Bíblia relata a presença de 5 mil homens, sem incluir mulheres e crianças, que passaram o dia ouvindo os ensinos de Jesus. Mesmo entre os mais conservadores, defende-se a ideia de que não havia menos de 15 mil pessoas.

Ninguém poderia imaginar que o ajuntamento se estenderia ao longo de todo o dia. E diante do cansaço das pessoas, os discípulos sugerem a Jesus despedir o povo. Estômagos vazios refletiam a fome de um povo faminto da verdade.

Jesus viu uma oportunidade de revelar Sua glória. Nem os mais entusiasmados poderiam imaginar o que Jesus estava prestes a realizar. Com a ajuda de um menino generoso e de sua prudente mãe, Jesus alimenta aquela vasta multidão. Até para os menos atentos, o paralelo era óbvio. De modo semelhante à experiência de Moisés, Jesus dá de comer às pessoas de forma miraculosa. Um novo profeta. Uma nova libertação. Um novo monte. Um novo teste. Um novo pão. O mesmo poder. O mesmo Eu Sou.

Um Messias que atraía as pessoas, capaz de curar enfermos e alimentar multidões, estava em harmonia com as expectativas distorcidas de um Messias libertário. Tendo um líder como Jesus, pensavam eles, o exército de Israel poderia fazer frente à força romana, expulsando seus dominadores do território e recuperando sua hegemonia e independência.

Estava entre eles alguém com habilidades extraordinárias. O entusiasmo dos discípulos somado à interpretação míope das profecias os levou à elaboração de um plano que Jesus tratou rapidamente de frustrar.

No dia seguinte, o povo foi em busca de Jesus, do outro lado do mar, na esperança de outro junta-panelas. Os especialistas em marketing pessoal poderiam dizer que Jesus foi um péssimo candidato a Messias. O milagre poderia ter sido utilizado para impulsionar Sua popularidade, mas Jesus não ajustou Sua agenda às expectativas das pessoas. Jesus Se recusou a fornecer outra refeição comum e apresentou a Si mesmo como o Pão da vida, o verdadeiro alimento para a alma. O primeiro Eu Sou dos sete que João registra em seu livro.

Frustrados por expectativas não realizadas, muita gente foi embora naquele dia para nunca mais voltar. Vítimas da incredulidade que eles mesmos nutriram.

A cura de um cego de nascença

O próximo sinal é registrado no capítulo 9 e traz consigo lições importantes e provocativas. Um cego de nascença é curado em pleno sábado. O milagre contém um certo grau de ironia ao desafiar costumes e tradições humanas.

O sofrimento muitas vezes é um tipo de filtro através do qual interpretamos as coisas. Se alguém está sofrendo é porque fez alguma coisa errada. A pergunta dos discípulos revela um pouco disso: “Quem pecou para que nascesse cego?” (v. 2).

É inegável a relação do sofrimento com a realidade do pecado, mas nem sempre a matemática simples de causa e efeito se aplica. Existem elementos ocultos aos olhos humanos que interferem. Muitas perguntas sem respostas. O caso de Jó deveria ajudar nessa compreensão.

A resposta de Jesus contraria essa lógica mesmo sem cobrir todas as possibilidades. O que está em relevo aqui é a revelação da glória de Deus. E Jesus Se apresenta novamente como um Ser divino. O tipo de milagre, usando como matéria-prima o barro, reporta ao ato criativo registrado em Gênesis. Um milagre em “dois tempos” que alvoroçou a cidade.

A narrativa joanina é impressionante. O ex-cego é tratado como uma espécie de criminoso. Interrogado duas vezes. Sua família é trazida e colocada na parede. E quanto maior a resistência da elite religiosa para aceitar a realidade dos fatos, maior notoriedade o milagre ganhava.

A ironia do milagre está na postura dos homens cegados pela incredulidade. A condição deles era pior do que a situação do homem impedido de ver desde o seu nascimento.

Um coração orgulhoso, tomado pelo preconceito, inspira muito pouca esperança. E quanto mais fortes são os apelos divinos, quando resistidos, tornam a pessoa mais rebelde e obstinada.

A ressurreição de Lázaro

Por alguma razão, João é o único dos quatro evangelhos a registrar o que é considerado por muitos o milagre mais impactante realizado por Jesus em Seu ministério terrestre – a ressurreição de Lázaro.

Diferentemente dos outros dois casos de ressurreição, o da filha de Jairo e o do filho da viúva em Naim, a ressureição do irmão de Marta e Maria ganha contornos dramáticos pela relação de Jesus com a família, por algumas razões: Sua aparente demora para atender ao pedido dos amigos, a proximidade de Jerusalém, a quantidade de testemunhas e o fato de Lázaro já estar enterrado há 4 dias. O choro de Jesus, a disfarçada decepção das irmãs e a tentativa de descredibilizar Jesus em não evitar a morte, tudo isso traz à narrativa elementos muito envolventes.

João está coletando evidências do poder divino de Jesus e esse sinal é determinante. O doador da vida tem poder sobre a morte.

Os milagres analisados nesta semana trazem lições e alertas importantes. O tamanho do milagre acaba não sendo suficiente porque a indisposição para crer resiste a qualquer fato.

Os três milagres produzem reações correspondentes. Quando o pão foi multiplicado e a multidão atendida com fartura, muitos não creram e não perceberam. Quando o cego foi restaurado de sua condição, outros se recusaram a ver, permanecendo em sua cegueira. E ao ressuscitar Lázaro, devolvendo-lhe a vida, uma parte das testemunhas planejou matar Jesus e o próprio Lázaro.

A Palavra de Deus comunica fé aos que a ouvem.

“Deem vocês mesmos de comer a eles”

“Vá lavar-se no tanque de Siloé”

“venha para fora!”

Há Nele virtude e poder, inerentes à Sua natureza.

O Guia que alimentou Israel com o pão do Céu, desceu para alimentar Sua igreja. O mesmo Agente que formou o homem do pó, completou no cego o que estava faltando. Aquele que soprou nas narinas de Adão chamou Lázaro de volta à vida.

Na verdade, Jesus fez diante dos Seus discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em Seu nome ” (Jo 20:30, 31).

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se Bacharel em Teologia pelo UNASP-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É Mestre em Liderança pela Andrews University e Pós-graduado pelo UNASP, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.