Por que João escreveu seu evangelho? Será que ele desejava enfatizar os milagres de Jesus? Ou alguns de Seus ensinos específicos?
Sob o poder e a influência do Espírito Santo, João explicou o porquê. O apóstolo disse que, embora muitas outras coisas pudessem ter sido escritas sobre a vida de Cristo (Jo 21:25), as histórias que ele incluiu foram registradas para que os leitores cressem “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, [tivessem] vida em Seu nome” (Jo 20:31).
Nesta semana, estudaremos alguns dos primeiros milagres de Jesus, conforme relatados por João, desde a transformação da água em vinho em um casamento e a cura do filho de um oficial até a cura do paralítico no tanque de Betesda.
João chama esses milagres de “sinais”. Nesse caso, sinais não se referem a algo como uma placa de trânsito, mas a eventos miraculosos que apontam para uma realidade mais profunda: Jesus é o Messias. Em todos esses relatos, encontramos exemplos de pessoas que responderam com fé. E os exemplos delas nos convidam a fazer o mesmo.
Nota do editor: A sigla “RPSP” significa “Reavivados por Sua Palavra”.
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1. Leia João 2:1-11. Que sinal Jesus fez em Caná, e como isso ajudou Seus discípulos a crer Nele?
Quando os discípulos viram Jesus realizando o milagre da transformação da água em vinho, isso ofereceu evidências em favor da decisão deles de segui-Lo. Afinal, como esse sinal tão poderoso não apontaria para Jesus como Alguém enviado por Deus? (Os discípulos provavelmente ainda não estavam prontos para entender que Ele é Deus.)
Moisés era o líder dos israelitas e tirou Israel do Egito por meio de inúmeros “sinais e maravilhas” (Dt 6:22; 26:8). Deus o usou para libertar Israel dos egípcios (ele era, em certo sentido, o “salvador” do povo).
Deus profetizou, por meio de Moisés, que enviaria um Profeta semelhante a ele e pediu a Israel que O ouvisse (Dt 18:15; Mt 17:5; At 7:37). Esse “profeta” era Jesus e, em João 2, Ele fez o primeiro sinal, que apontava para a libertação de Israel do Egito.
O rio Nilo era um recurso essencial para os egípcios, que o consideravam uma divindade. Uma das pragas do êxodo foi dirigida ao rio – suas águas foram transformadas em sangue. Em Caná, Jesus realizou um milagre semelhante, mas, em vez de transformar água em sangue, transformou-a em vinho.
A água veio de seis potes de pedra que eram usados para purificação em rituais judaicos, ligando o milagre ainda mais aos temas bíblicos da salvação. Ao narrar a transformação da água em vinho, e assim referir-se ao êxodo, João estava apontando para Jesus como nosso Libertador.
O que o anfitrião da festa achou do vinho não fermentado que Jesus ofereceu? Ele ficou realmente surpreso com a qualidade da bebida e, sem saber do milagre que Jesus tinha realizado, pensou que haviam guardado o melhor vinho para o final.
O termo grego oinos é usado tanto para o suco de uva fresco quanto para o vinho fermentado (Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, p. 1377, 1378). Ellen G. White afirma que o suco produzido pelo milagre não era alcoólico (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 110). Sem dúvida, aqueles que sabiam o que tinha acontecido ficaram surpresos.
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Durante Seu ministério terrestre, Jesus realizou milagres que ajudaram as pessoas a crer Nele. João registrou esses milagres para que outros também cressem em Jesus.
2. Leia João 4:46-54. Por que o evangelista faz uma conexão com o milagre realizado na festa de casamento?
Ao relatar o segundo sinal que Jesus fez na Galileia, João aponta para o primeiro sinal, ocorrido nas bodas de Caná. Ele parece estar dizendo: “Os sinais que Jesus fez irão ajudá-lo a compreender quem Ele é.” Então, João acrescentou: “Este foi o segundo sinal que Jesus fez, depois de ir da Judeia para a Galileia” (Jo 4:54).
À primeira vista, a resposta de Jesus ao pedido do oficial parece dura. No entanto, esse oficial fez da cura do filho a condição para crer em Jesus. Por isso, Cristo leu o coração dele e identificou uma doença espiritual mais profunda do que a doença que ameaçava seu filho. Como um raio que corta o céu, o homem subitamente reconheceu que sua pobreza espiritual poderia custar a vida do filho.
É importante reconhecer que os milagres, por si só, não provavam que Jesus era o Messias. Outras pessoas realizaram milagres. Algumas eram profetas verdadeiros, outras eram falsos profetas. Os milagres revelam apenas a existência do sobrenatural; eles não significam, por si só, que vêm de Deus (Satanás também pode realizar “milagres”, se, com essa palavra, queremos dizer atos sobrenaturais).
O oficial, angustiado, lançou-se à misericórdia de Jesus, suplicandoLhe que curasse seu filho. A resposta de Jesus foi tranquilizadora. Ele disse: “Vá, o seu filho vai viver” (Jo 4:50). No original grego, a expressão “vai viver” está no tempo presente. Esse uso é chamado de “presente futurista”, em que um evento futuro é mencionado com tanta certeza como se já estivesse acontecendo. O homem não correu para casa, mas, crendo em Jesus, chegou só no dia seguinte – e descobriu que a febre havia deixado o filho exatamente na hora em que o Senhor disse aquelas palavras.
Que razão poderosa para crer em Jesus!
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O próximo sinal que João registra aconteceu junto ao tanque de Betesda (Jo 5:1-9). Acreditava-se que, de vez em quando, um anjo agitava a água e que o primeiro doente a entrar no tanque era curado. Como resultado, os pórticos do tanque ficavam lotados de pessoas que esperavam ser curadas na próxima vez em que isso acontecesse. Jesus foi a Jerusalém e, ao passar perto do tanque, viu a multidão à espera de um milagre.
Que cena deve ter sido! Aquelas pessoas, algumas muito doentes, esperando uma cura que jamais viria. Que oportunidade para Jesus!
3. Visto que as pessoas que estavam junto ao tanque queriam ser curadas, por que Jesus perguntou ao paralítico se ele queria ser curado? Jo 5:1-9
Quando alguém está doente há muito tempo, acaba se acostumando com isso e, por mais estranho que pareça, às vezes pode ser perturbador deixar esse problema para trás. Em sua resposta, o homem deu a entender que desejava ser curado. O problema é que estava procurando a cura no lugar errado – enquanto Aquele que criou as pernas humanas estava bem na frente dele. O homem mal sabia quem estava falando com ele. Depois da cura, deve ter começado a compreender que Jesus era Alguém especial.
“Jesus não pediu àquele sofredor que tivesse fé Nele. Disse simplesmente: ‘Levanta-te, toma o teu leito e anda’ (Jo 5:8). Mas a fé do homem se apoderou daquelas palavras. Cada nervo e músculo vibrou com nova vida, e a energia da saúde encheu os membros paralisados. Sem duvidar, determinou-se a atender à ordem de Cristo, e todos os músculos obedeceram à sua vontade. Colocando-se rapidamente de pé, sentiu-se capaz de realizar todas as suas atividades.
“Jesus não dera nenhuma certeza de auxílio divino a ele. O homem podia ter duvidado, perdendo a única oportunidade de cura. Contudo, acreditou na palavra de Cristo e, agindo de acordo com ela, recebeu força” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 202, 203).
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Sinais, maravilhas e milagres, por si só, não provam que alguma coisa é de Deus. Mas, por outro lado, quando vêm Dele, é perigoso rejeitá-los.
4. Leia João 5:10-16. Que lições aprendemos com a dureza de coração dos líderes em relação a Jesus e ao milagre que Ele havia realizado?
Quando Cristo Se revelou ao homem que havia sido curado, este imediatamente disse aos líderes religiosos que Jesus fizera isso. Poderíamos imaginar que esse seria o momento perfeito para louvar a Deus, mas, em vez disso, os líderes “perseguiam Jesus, porque fazia essas coisas no sábado” (Jo 5:16).
Entre os judeus, as curas eram permitidas no sábado apenas em caso de emergência. Aquele homem estava paralítico há 38 anos; portanto, sua cura não se tratava de emergência. Além disso, por que haveria necessidade de carregar o leito? Alguém que tinha poder divino para realizar tal milagre também deveria saber se era permitido levar um leito para casa no sábado. Jesus estava tentando conduzir aquelas pessoas a verdades bíblicas mais profundas, para além de regras e regulamentos humanos que, em alguns casos, acabavam ofuscando a verdadeira espiritualidade.
5. Até que ponto as pessoas podem ficar espiritualmente endurecidas, apesar das evidências? Jo 9:1-16; Mc 3:22, 23; Mt 12:9-14
Como aqueles líderes religiosos puderam ser tão cegos espiritualmente? A resposta provável é que foi por causa do seu próprio coração corrompido, da crença equivocada de que o Messias os libertaria de Roma naquele momento, do amor ao poder terrestre e da falta de entrega a Deus. Tudo isso os levou a rejeitar a verdade que estava bem diante deles.
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O milagre junto ao tanque de Betesda deu uma ótima oportunidade para que João enfatizasse quem é Jesus. O evangelista dedica nove versos para descrever o milagre e cerca de 40 versos para descrever Aquele que realizou o milagre.
6. Por que Jesus foi perseguido por fazer o milagre no sábado? Jo 5:16-18
À primeira vista, é enigmático que João 5:18 pareça dizer que Jesus violava o sábado. No entanto, um estudo mais atento de João 5:16-18 deixa claro que, de acordo com o próprio Jesus, o “trabalho” que Ele fazia no sábado estava em perfeita harmonia com Seu relacionamento com o Pai. Deus não para de sustentar o Universo no sábado. Consequentemente, ao fazer aquela atividade no dia sagrado, Jesus estava reivindicando ter natureza divina. Os líderes religiosos O perseguiram com base na suposta violação do sábado e em Sua reivindicação de igualdade com Deus.
7. O que Jesus disse para ajudar os líderes a vê-Lo como Ele é, algo atestado de modo poderoso pelo milagre realizado? Jo 5:19-47
Jesus defendeu Suas ações em três etapas. Primeiro, Ele explicou Seu relacionamento íntimo com o Pai (Jo 5:19-30). Jesus mostrou que Ele e o Pai agem em harmonia, a tal ponto que Ele tem o poder tanto para julgar o mundo quanto para ressuscitar os mortos (Jo 5:25-30).
Em segundo lugar, Jesus mencionou quatro “testemunhas” em Sua defesa: João Batista (Jo 5:31-35), os Seus próprios milagres (Jo 5:36), o Pai (Jo 5:37, 38) e as Escrituras (Jo 5:39). Cada uma dessas “testemunhas” fala em favor de Jesus.
Por último, Cristo apresenta aos Seus acusadores a condenação deles (Jo 5:40-47), revelando o contraste entre Seu ministério e o egoísmo dos líderes. Jesus disse que a condenação deles viria de Moisés (Jo 5:45-47), em quem depositavam suas esperanças.
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“Jesus não dera nenhuma certeza de auxílio divino a ele. O homem podia ter duvidado, perdendo a única oportunidade de cura. Contudo, acreditou na palavra de Cristo e, agindo de acordo com ela, recebeu força.
“Por meio da mesma fé, podemos receber cura espiritual. Pelo pecado, fomos separados da vida de Deus. Temos a alma paralisada. Por nós mesmos, somos incapazes de viver uma vida santa tanto quanto aquele paralítico era incapaz de andar. [...] Que essas pessoas tristes, lutadoras, olhem para cima. O Salvador Se inclina sobre aquele que adquiriu por Seu sangue, dizendo com inexprimível ternura e piedade: ‘Queres ser curado?’ (Jo 5:6). Ele pede que você se levante com saúde e paz. Não espere sentir que está curado. Creia na Palavra Dele, e ela será cumprida. Ponha sua vontade ao lado de Cristo. [...] Seja qual for a prática pecaminosa, o desejo dominador que, pela longa transigência, aprisiona mente e corpo, Cristo é capaz de libertar, e anseia fazê-lo. Ele transmitirá vida à pessoa que está morta em sua transgressão” (Ef 2:1; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 152, 153).
“Jesus rejeitou a acusação de blasfêmia. Ele disse: ‘Minha autoridade para fazer a obra da qual vocês Me acusam é o fato de que Eu sou o Filho de Deus, um com Ele em natureza, vontade e propósito’” (O Desejado de Todas as Nações, p. 157).
Perguntas para consideração
1. A fé foi a chave que tornou possíveis as curas. Os líderes, por outro lado, revelaram os perigos da incredulidade. Por que não devemos confundir questionamentos (o que todos temos) com descrença? Por que é importante saber a diferença entre os dois?
2. Pense na pergunta final da lição de quinta-feira. Por que a observância do verdadeiro dia de descanso e do conhecimento do estado dos mortos não nos salvam, por mais importantes que sejam essas verdades? O que realmente nos salva e como?
3. Leia João 5:47. Aqueles que negam o dilúvio mundial ou a criação ocorrida em seis dias literais não estão fazendo exatamente aquilo contra o que Jesus advertiu?
Respostas às perguntas da semana: 1. Transformou água em vinho não fermentado. Perceberam que Ele era o Libertador enviado por Deus. 2. Esses sinais (milagres) ajudariam o leitor a compreender quem é Jesus. 3. Jesus queria levá-lo a reconhecer o seu problema e a procurar a cura no lugar certo. 4. A cegueira espiritual pode nos impedir de ver as ações que Deus está realizando diante de nós. 5. Nosso coração pecaminoso e crenças equivocadas podem nos levar a rejeitar a verdade. 6. Os líderes religiosos tinham uma compreensão distorcida sobre o sábado e consideravam blasfêmia que Jesus dissesse que era Filho de Deus. 7. Jesus disse que o Pai, os milagres e as Escrituras revelam quem Ele é.
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FOCO DO ESTUDO: João 2:1-11; 5:1-16
ESBOÇO
Introdução: Ao embarcarmos no estudo deste trimestre sobre os temas do Evangelho de João, é importante considerar alguns aspectos biográficos que distinguem João dos outros três escritores dos evangelhos. João era o mais jovem dentre os quatro, viveu por um período mais longo e redigiu seu relato posteriormente aos outros autores.
Ele se retrata de maneira modesta e indireta como “este discípulo” (Jo 21:23). Entre seus companheiros, era reconhecido como “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 21:20). Essa designação pode ser interpretada como “o discípulo a quem Jesus continuou amando”, uma expressão que é ainda mais forte do que o pretérito “amado”.
Nesse contexto, é relevante ponderarmos que o nome de João significa “o Senhor é gracioso”. Ser gracioso, nesse contexto, também pode significar “ser amoroso”. João, o apóstolo do amor, escreveu muito sobre essa virtude, tanto no seu evangelho quanto nas suas epístolas, referindo-se a si mesmo como o discípulo “a quem Jesus amava” (Jo 13:23).
Será que esse verso, assim como outros similares no Evangelho de João, sugere que Jesus privilegiava João, amando-o mais do que aos outros discípulos? Não! O amor de Deus é abundante e acessível a todos. A ênfase não é que Jesus amava mais a João, mas que o coração do discípulo estava mais aberto e receptivo a Jesus e ao Seu amor.
João desejava que todos os demais abrissem generosamente seu coração a Cristo, crendo Nele como o verdadeiro Messias e o divino Filho de Deus. Portanto, imediatamente após suas considerações introdutórias, João inicia seu relato com o primeiro milagre, no qual Jesus transforma água em vinho, em Caná. Você já presenciou um milagre genuíno (diferente dos supostos milagres, retratados na mídia religiosa)? Por que era tão importante para Jesus realizar milagres? Ele continua disposto a realizar milagres poderosos por meio de Seus seguidores atualmente? Nesta semana, buscaremos respostas para essas duas últimas perguntas.
COMENTÁRIO
João mostra que Cristo, ao realizar uma série de sinais e milagres, manifestava poder divino. Esses sinais extraordinários indicam o caminho único que conduz à vida eterna. Embora João faça referência a apenas alguns milagres, é presumível que tenham sido suficientes para persuadir seu público a abraçar a certeza da salvação verdadeira e a viver de acordo com ela. Não podemos deixar de nos perguntar quais outros milagres incontáveis João testemunhou, mas não registrou. João atesta a veracidade de que “Jesus fez diante dos Seus discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em Seu nome” (Jo 20:30, 31).
Seria bom perguntar: O que é um “sinal”? E qual é a diferença entre um sinal e um “milagre”? A palavra “milagre” vem do latim miraculum, que significa literalmente algo “de origem divina”, “para se maravilhar” ou “para se surpreender”.
No NT, há dois termos gregos empregados para descrever o que comumente chamamos de milagres. O primeiro termo é dunamis, que é literalmente interpretado como “poder”, e dele derivam palavras como dinamite, dinâmico e dinamismo, todas referindo-se a algo poderoso.
Em essência, dunamis caracteriza um milagre como demonstração do poder divino de Cristo. Ele tem poder para pronunciar Sua Palavra e cumpri-la.
Por outro lado, a segunda palavra, semeion, ou “sinal”, refere-se à autoridade de Cristo. Esse termo ajuda-nos a compreender a obra milagrosa Dele como uma demonstração da Sua autoridade divina no mundo, principalmente ao subjugar as forças do mal. Cristo tem autoridade para ordenar que os demônios se retirem, e eles obedecem.
Por que Jesus realizou tantos milagres? Em primeiro lugar, para atender às necessidades humanas, muitas das quais incluíam uma dimensão espiritual relacionada ao perdão e à restauração. Em segundo lugar, ao contrário de muitos dos chamados milagres de hoje, Jesus nunca realizou tais feitos para satisfazer a curiosidade humana, mas para prestar auxílio aos necessitados. “Nem nessa ocasião ou em qualquer outro momento em Sua vida terrestre Ele realizou um milagre em Seu favor. Suas maravilhosas obras foram todas para o bem dos outros” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 86).
Um terceiro ponto é que os milagres de Cristo serviram para dar provas da veracidade da Sua mensagem e de Sua missão para com a humanidade perdida. Quando Jesus ressuscitou o filho da viúva, o povo proclamou que “Deus visitou o Seu povo” (Lc 7:16). Essa foi uma evidência explícita de que Ele era o Messias. Para finalizar, Seus milagres serviram como cumprimento das profecias do AT, correspondendo ao que os patriarcas e profetas de Deus haviam predito sobre Ele.
O milagre em Caná (Jo 2:1-11)
É interessante notar que o primeiro milagre de Jesus (Jo 2:1-11) foi realizado no contexto de um casamento, uma instituição que remonta às primeiras ordens dadas no jardim do Éden. Por que o primeiro milagre de Jesus foi relacionado com o casamento? O casamento impacta todos os aspectos da existência. Satanás compreende a grande importância do casamento e, por isso, empenha-se em provocar disfunção e confusão nos lares, nas igrejas, nas escolas e na sociedade em geral. O casamento e sua interpretação nem sempre refletem os princípios bíblicos, e nem sempre estão alinhados ao plano de Deus. A duração média dos casamentos nos Estados Unidos é de aproximadamente seis anos.
Sem dúvida, por meio do milagre de Caná, Jesus enfatizou a importância crucial da união matrimonial e o abençoou com Sua presença. Ao endossar dessa maneira a instituição do casamento, Jesus ensina que Ele deve ocupar o centro de todo o casamento para garantir o sucesso conjugal, pois, quando O colocamos em primeiro lugar em nossa vida, Ele faz com que Seu amor transborde para o nosso cônjuge e se estenda às demais pessoas ao redor. Assim, esse primeiro milagre é altamente relevante para a nossa cultura pós-moderna, incentivando todos a retornar ao modelo Daquele que o concebeu e abençoou. Vamos, portanto, convidar nosso Criador e Redentor para orientar e abençoar todos os aspectos do namoro, noivado e casamento, a fim de proporcionar a maior bênção para a humanidade e glorificar Seu nome.
Para o Seu primeiro milagre Jesus poderia ter optado por realizar uma ressurreição extraordinária diante de uma vasta multidão de líderes judeus e autoridades. Mas, em vez disso, escolheu uma reunião modesta em uma cidade pequena e encontrou pessoas humildes em suas atividades cotidianas.
Jesus, nosso principal exemplo, Se misturou com os outros a fim de abençoá-los e elevá-los, assim como o sal se mistura com todos os tipos de alimentos para transformá-los em algo saboroso. “Alcançava o coração das pessoas, misturando-Se como alguém que desejava o bem-estar delas. [...] Ia ao encontro delas em suas ocupações diárias e manifestava interesse em seus negócios seculares” (O Desejado de Todas as Nações, p. 112). Além disso, “não devemos renunciar ao convívio social. Não devemos nos separar dos outros. Para que alcancemos todas as classes sociais, precisamos ir ao encontro delas onde estiverem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 113).
Podemos observar a abordagem de Cristo para alcançar as pessoas, manifestada até mesmo na transformação da água em vinho. Assim, Ele as elevava e abençoava. A água poderia ser vista como a representação do nosso batismo em Cristo, enquanto o suco de uva puro e não fermentado representa Seu sangue derramado para nossa redenção. Além disso, Jesus não ofereceu o vinho fermentado, que entorpecia os sentidos das pessoas, mas o suco de uva fresco e revigorante, que ajudava a recuperá-las.
O milagre no tanque de Betesda (Jo 5:1-9)
Com frequência, a doença física está associada à transgressão de leis espirituais. Nosso organismo é uma criação integrada e inter-relacionada. Tudo o que afeta uma dimensão afeta a outra. No entanto, precisamos ter cautela de modo que não julguemos nem condenemos os outros ao atribuir todas as doenças físicas a uma violação intencional das leis de Deus, pois todos os seres humanos, em algum momento, sucumbiram ao pecado. Para aqueles que enfrentam as consequências do pecado, é doloroso e desanimador perceber que talvez mereçam o que os atormenta. Agindo como Jesus, nossa atitude compassiva e solidária deve prevalecer sobre o impulso de corrigir tudo antes de oferecer ajuda. Jesus exemplifica esse princípio na narrativa da cura miraculosa do homem aleijado perto do tanque de Betesda.
É muito encorajador e instrutivo saber que Jesus não Se empenha numa análise crítica das causas da condição do homem. Ele não sofreu durante 38 longos anos com essa doença incapacitante? Por que aumentar Sua culpa e Seu sofrimento? Como seguidores de Cristo, devemos concentrar-nos nas soluções para os problemas e não apenas nos problemas em si. Esse homem parecia ser o mais miserável e desesperado nos arredores do tanque de Betesda, então Jesus o escolheu para mostrar que desejava usar Seu poder divino para ajudar os mais desamparados.
Observe que, nessa ocasião específica, Jesus não perguntou ao homem se ele acreditava Nele ou não. Perguntou apenas se ele desejava ficar bem. Então, Jesus ordenou ao homem que se levantasse, carregasse sua cama e andasse. O homem não duvidou nem esperou o momento em que ficaria bem; ele agiu de imediato, sob a ordem de Jesus. Da mesma forma, nós também, diante dos infortúnios de nossos desafios físicos e espirituais aparentemente desesperadores, precisamos voltar nosso olhar para Jesus e seguir adiante.
Independentemente de quanto tempo e esforço tenhamos investido buscando respostas em outros lugares, a solução muitas vezes está ao nosso alcance na forma do nosso amável Salvador.
Considere e leve a sério a resposta de Deus a todos os tipos de doenças incapacitantes: “Não espere sentir que está curado. Creia na Palavra Dele, e ela será cumprida. [...] Seja qual for a prática pecaminosa, o desejo dominador que, pela longa transigência, aprisiona mente e corpo, Cristo é capaz de libertar, e anseia fazê-lo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 152).
Corações duros (Jo 5:10-16)
Corações duros, se por muito tempo cultivados, ficam cada vez mais endurecidos. O coração dos fariseus estava contra Jesus desde o início, simplesmente porque Ele não se enquadrava nos seus moldes religiosos e não aderia ao rigor e às minúcias dos seus rituais e tradições. Ao agir assim, os líderes intencionalmente desconsideraram as questões mais cruciais relacionadas à salvação. Diante do milagre ambulante do homem outrora desesperado e indefeso, que durante décadas não conseguia andar e a quem Jesus acabara de curar junto ao tanque de Betesda, os líderes ignoraram insensivelmente a causa óbvia do júbilo. Em vez disso, a preocupação deles estava centrada na observância rigorosa do sábado.
Os líderes que testemunharam a cura do paralítico estavam totalmente obcecados com os regulamentos deturpados do sábado. Eles manifestaram desagrado porque o homem estava carregando sua cama; entretanto, não consideraram o sofrimento daquele homem, que agora podia se mover com vitalidade. Jesus, o Criador e Senhor do Sábado, realizou deliberadamente vários milagres no sábado para enfatizar claramente que esse dia especial deveria ser uma bênção para a humanidade.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere as seguintes questões e comente com a classe:
- Como equilibramos o fato de estarmos no mundo, mas não sermos parte dele?
- Como entender a diferença e a semelhança entre os termos dunamis e semeion? Que exemplos encontramos em cada um dos milagres de Cristo? O milagre em que Jesus expulsa demônios se enquadra na categoria de semeion? Explique.
- Quais são alguns dos riscos de nos tornarmos inflexíveis e, consequentemente, intolerantes em relação às nossas próprias opiniões?
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13° Sábado - Um visitante e um sonho
Costa Rica |Erickson
Erickson tem uma história que poucas pessoas ouviram. Ele contou parte da história para sua mãe. Ele contou a história toda para sua esposa. Suas três filhas nunca ouviram a história. Seu falecido pai nunca ouviu a história.
Erickson, que é pastor e líder adventista do sétimo dia na Costa Rica, relutou em compartilhar sua história por medo de que as pessoas não acreditassem nele. Mas depois de ouvir uma série de testemunhos incríveis enquanto ajudava a Missão Global a coletar histórias para o Informativo Mundial deste trimestre na Costa Rica, ele contou sua história para a Missão Global. Então, neste sábado, você estará entre os primeiros a ouvir a história dele. A história mudou sua vida. A história fez com que ele se tornasse um adventista do sétimo dia.
Havia apenas duas escolas na cidade onde Erickson cresceu na Guatemala: uma escola pública e uma escola adventista.
O pai mandou Erickson para a escola pública para a primeira séria, mas o menino não viu a professora durante o ano todo. A professora estava em treinamento, o diretor da escola explicou. O diretor ia até a sala de aula da primeira série algumas vezes para entregar as tarefas ocasionais. Mas ninguém o ensinou a ler, matemática ou ortografia naquele ano. Felizmente, Erickson tinha aprendido essas matérias no jardim da infância e, por isso, conseguia completar as tarefas de casa. Mas muito de seus colegas de classe foram reprovados na primeira série.
O pai ficou revoltado com a rede pública de ensino depois daquele ano, e transferiu seu filho para a escola adventista no segundo ano. Foi aí que ele aprendeu sobre Deus.
Antes de dormir à noite, Erickson se ajoelhava ao lado da cama para orar.
“Deus, ajude-me a tomar boas decisões em minha vida”, orava ele. “Ajude-me na escola, ajude minha família e especialmente o meu pai”.
A família era pobre. O pai trabalhava como motorista de ônibus longe de casa, e Erickson só o via algumas vezes por ano. Apesar da pobreza, o pai sempre conseguiu encontrar fundos para pagar pela educação de Erickson na escola adventista.
Quando Erickson orava à noite, ele desejava ver o pai com mais frequência.
“Proteja o ônibus e a mamãe, para que ela possa ganhar algum dinheiro para nossas necessidades”, orava. “Amém”.
Certa noite, quando Erickson tinha 11 ou 12 anos, ele orou e então se espreguiçou em sua cama no quarto escuro. Seus olhos estavam abertos, mas ele não podia ver nada no escuro.
De repente, uma luz brilhante, mas suave, apareceu no teto sobre sua cabeça. Não era a luz da lâmpada; Erickson tinha apagado antes de orar. A luz iluminava o quarto. Ericson não se assustou. Ele se sentia tranquilo e relaxado.
De repente, um ser brilhante saltou da luz para o chão. Erickson viu braços, pernas, um corpo e uma cabeça. Mas ele não conseguia ver olhos, orelhas, nariz, boca, ou qualquer expressão facial. A cabeça estava rodeada por um brilho suave. O ser ajoelhou-se no mesmo lugar onde o menino tinha acabado de orar ao lado da cama. Ele colocou suas mãos juntas e inclinou sua cabeça.
Erickson olhava, imaginando o que aconteceria em seguida.
As orações de Erickson geralmente duravam cinco ou dez minutos, mas essa oração terminou muito mais rápido. O ser orou por 60 a 90 segundos. Então, ele se levantou e colocou uma mão na cabeça de Erickson e outra em seu peito. Alegria encheu o coração de Erickson. Ele imaginou que estava vendo Jesus.
O ser não disse nada. Depois de tocar a cabeça e o peito do garoto por alguns segundos, ele se levantou novamente para a luz suave, ainda brilhando no teto. Então, a luz se apagou, e o quarto mergulhou novamente na escuridão.
Erickson foi tomado pela paz e pela calma. Ele sentia apenas bondade no quarto. Ele adormeceu rapidamente.
No dia seguinte, Erickson contou à mãe sobre a experiência. Ele se sentia mais próximo de Jesus do que nunca.
Mas esse não foi o fim da história.
Vários meses depois, Erikson teve um sonho sobre o sábado. Ele frequentava a igreja aos domingos desde criança e continuava a ir para deixar seu pai feliz. Mas depois que ele se matriculou na escola adventista, também começou a ir à igreja aos sábados.
No sonho, Erickson estava na igreja de seu pai durante um culto. De repente, estátuas de santos que revestiam as paredes começaram a se mover. Seus braços se moviam, e suas pernas de moviam. Rindo, elas corriam atrás do assustado menino pela igreja. Erickson podia ver outros adoradores na igreja, mas eles agiam como se nada estivesse fora do normal.
Abruptamente, Erickson viu uma luz familiar brilhante, mas suave, na porta da igreja. Era a mesma luz que ele tinha visto em seu quarto vários meses antes.
Ericson se sentiu aliviado. Ele sentiu que Jesus estava próximo e que ajuda estava a caminho.
Então, o ser que tinha orado no quarto de Erickson surgiu da luz na porta da igreja. Ele tomou o menino pela mão e o levou para fora da igreja. Novamente, o menino podia ver braços, pernas, corpo, e uma cabeça, mas não podia ver as feições faciais.
Do lado de fora, o ser ficou entre Erickson e a igreja. Ele não disse uma só palavra. Em vez disso, apontou o dedo para a igreja e depois o sacudiu, alertando o rapaz para não adorar mais ali.
Na manhã seguinte, Erickson não contou à mãe sobre seu sonho. Ele tinha medo de que ela contasse ao seu pai. O pai queria que ele se tornasse um padre, e ele tinha medo da reação do pai.
Mas depois do sonho, Erickson nunca mais foi ao culto no domingo novamente. Ele percebeu que Jesus o estava guinado em um caminho de retidão, e quis segui-Lo. O pai, que ia à igreja somente no Natal e na Páscoa, nunca pediu ao menino que voltasse à sua igreja.
Cerca de um ano depois do sonho, Erickson decidiu entregar seu coração a Jesus e ser batizado. Ele tinha 13 anos e passou a pertencer à Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Hoje, Erickson Bala é um pastor e líder de igreja que supervisiona o alcance missionário em sua terra natal, Costa Rica. Ele decidiu quebrar seu silêncio sobre seu passado como um lembrete neste 13º Sábado de que Deus está ativo na missão na Divisão Interamericana, que inclui a Costa Rica e a Guatemala. Ele deseja especialmente que as pessoas saibam que Deus está buscando ativamente o coração das crianças e dos jovens, incluindo aqueles que serão impactados pelas ofertas deste trimestre. Parte da oferta ajudará a abrir um centro de influência para compartilhar o amor de Jesus com crianças em situação de risco na Costa Rica. Outros projetos deste trimestre incluem dois centros de influência para alcançar crianças em situação de risco na Colômbia, dois centros de influência para alcançar pessoas da classe alta no México e a construção de uma grande escola de ensino fundamental na Dominica. Obrigado por sua oferta generosa de hoje.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024
Tema geral: Temas do Evangelho de João
Lição 1 – 28 de setembro a 5 de outubro
Sinais que apontam o caminho
Autor: Manolo Damasio
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Diferentemente dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), João segue um roteiro próprio e com um objetivo bem definido: “para que vocês creiam que Jesus é o Cristo” (Jo 20:30).
Apontado pela maioria dos estudiosos como escrito no fim do primeiro século, João pode ser considerado uma espécie de complemento a tudo que já havia sido escrito a respeito de Jesus.
O discípulo amado reúne uma coletânea de histórias e testemunhos com a intenção de reafirmar a identidade divina de Jesus. Fica evidente em seu relato quão estonteante pareceu tal revelação a um povo com uma crença essencialmente monoteísta. A reação do povo comum e da liderança religiosa reflete a reação de muitos a quem o evangelho seria pregado ao longo dos séculos subsequentes.
Nesta semana, vamos iniciar uma jornada atentos aos sinais ao longo do caminho que, já sabemos, nos levará ao “Filho de Deus” […] que nos dá “vida em Seu nome” (Jo 20:31).
O milagre inaugural
Apenas João recupera a memória desse milagre que ocorre no início dos trabalhos públicos de Jesus. O grupo de discípulos não estava completo, e os poucos que já andavam com Jesus para cima e para baixo, ainda não o faziam em tempo integral.
Havia uma atração especial por Jesus, mas Sua verdadeira identidade e missão não eram claras. O episódio em Caná da Galileia, entre outras coisas, serviria para fortalecer a fé dos discípulos, dando a eles um pequeno vislumbre do futuro, mas também criando uma extraordinária conexão com o passado.
Ao descrever a cena, João acaba por estabelecer uma relação com Moisés, que havia transformado água em sangue como um “sinal” do poder de Deus. Agora Jesus, o novo Libertador (Dt 6:22; 26:8; 18:15; Mt 17:5; At 7:37), transforma água em vinho, sinalizando Seu poder divino.
O pedido da mãe demonstrava certa ansiedade para que seu Filho colocasse as manguinhas de fora e finalmente revelasse quem era. Maria pediria ajuda em relação à falta de vinho Se não visse Nele algo extraordinário? A resposta de Jesus parece indicar que essa intervenção não fazia parte do plano original mas, pelo pedido dela, um ajuste na rota foi feito, o que acabou servindo aos propósitos divinos.
O texto deixa claro que o sinal em Caná da Galileia alimentou nos discípulos a crença de que Jesus não era só mais um Rabi entre tantos (verso 20).
Mais um sinal
João está guiando sua audiência através de um roteiro planejado. Quando ele narra a cura do filho do oficial do rei, o apóstolo menciona que esse tinha sido o “segundo sinal que Jesus fez, depois de ir da Judeia para a Galieia” (Jo 4:54).
Quando o oficial aborda Jesus, fica evidente que o homem tinha reservas em seu coração. A fé que precisava ser exercida era insuficiente e Jesus precisou tratar de um problema invisível aos olhos mortais. Aquele que lia a alma precisava despertar a fé naquele pai angustiado. Aparentemente ásperas, as palavras de Jesus: “Se […] não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis” (Jo 4:48) levaram o homem a reconhecer sua limitação.
Ele creu em Jesus. A fé gerou nele calma e paz. Não mais afetado pela pressa, chegou em casa no dia seguinte e percebeu que a cura tinha ocorrido na mesma hora que Jesus lhe garantiu o benefício.
Um caso escolhido a dedo
O próximo sinal registrado por João é uma iniciativa de Jesus. Diferentemente dos dois primeiros casos mencionados, desta vez Jesus não é abordado com um pedido desesperado. Ele vai a Jerusalém, a um lugar conhecido pela miséria e o sofrimento, e escolhe alguém sobre possa exercer Seu poder e manifestar Sua bondade.
Tudo aqui tem um propósito definido. Tudo aqui tem um objetivo previamente planejado. O tanque de Betesda ficava num complexo de cinco andares. A expectativa dos doentes era influenciada por uma crendice popular em completa desarmonia com o caráter de Deus que Jesus buscava revelar.
Na rotina ordinária de abandono e desespero, um homem amargava há trinta e oito anos as consequências de uma paralisia. Quando abordado por Jesus com a pergunta: “Você quer ser curado?”, o paralítico lamenta sua desvantagem. Suas expectativas tão baixas até aquele momento o impediam de ver no Estranho sua grande esperança.
Diferentemente do oficial do rei, que precisou manifestar fé no início da conversa, ao paralítico foi oferecida a solução sem qualquer exigência prévia.
A fé precisa ser exercida. O que pode variar é o momento em que ela é requerida.
As palavras de Jesus despertaram a fé naquele pobre homem, que não esperou nenhuma evidência. “Sem duvidar, determinou-se a atender à ordem de Cristo, e todos os músculos obedeceram à sua vontade” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 152).
Transformados ou deformados
Seria natural esperar uma reação positiva diante de um milagre dessa natureza, mas infelizmente o que vemos é a trágica realidade de um apelo resistido.
O milagre é realizado no sábado e vem acompanhado de uma instrução: “Pega o teu leito e anda”, uma tarefa inimaginável para alguém que levava a sério a guarda do sábado naquela época.
Nada aqui é por acaso. Jesus está provocando uma reação. Ele pretende levar o povo a refletir sobre o significado do sábado e sobre Sua identidade.
Ao reivindicar Sua natureza divina, como sugeriu C.S. Lewis em sua obra, Mero Cristianismo, Jesus não nos deixou muitas alternativas. Para dizer o que disse, Jesus seria um lunático, mentiroso, um demônio ou Ele era quem realmente dizia ser. A ideia de que Ele era simplesmente um homem comum, uma espécie de professor que inspirava as pessoas, essa opção, Jesus jamais nos deixou. Você pode cuspir Nele, rejeitá-Lo ou cair a Seus pés como Senhor e Deus.
O registro de João nos mostra como é perigoso resistir à verdade e abafar as convicções do Espírito de Deus.
Em Sua defesa, Jesus menciona quatro testemunhas: (1) a voz profética na figura de João Batista; (2) os Seus milagres, (3) o Pai e (4) as Escrituras. Ele assegura que Seus antagonistas não teriam como se defender da condenação futura e que Moisés, a quem eles tanto veneravam, testificaria contra eles.
João se concentra em fatos que atestam a divindade de Jesus. O problema é que Jesus não Se encaixava nas expectativas de uma elite religiosa que havia construído um Messias segundo suas próprias ambições.
A verdade trazida por Jesus transforma ou deforma. Nossa disposição determinará o tipo de mudança que ela vai provocar. Mas uma coisa é certa, ninguém permanece o mesmo.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se Bacharel em Teologia pelo UNASP-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É Mestre em Liderança pela Andrews University e Pós-graduado pelo UNASP, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.