Lição 4
19 a 25 de outubro
Testemunhas de Jesus como o Messias
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Jo 13
Verso para memorizar: “Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3:3).
Leituras da semana: Jo 1:19-23; Is 40:1-5; Jo 1:29-37; Rm 5:6; Jo 1:35-39, 43-51; 3:1-21

Sem dúvida, Jesus deu às pessoas evidências bíblicas poderosas que confirmaram as reivindicações que Ele fazia sobre Si mesmo, inclusive esta: “Em verdade, em verdade lhes digo: quem crê em Mim tem a vida eterna” (Jo 6:47). 

No entanto, há algo a mais: transformar água em vinho; alimentar milhares de pessoas com apenas alguns pães; curar o filho do oficial; curar o paralítico no tanque de Betesda; dar visão ao cego de nascença; e ressuscitar Lázaro dentre os mortos. O evangelista recorre a inúmeros eventos e pessoas para dar testemunho de quem é Jesus: judeus, gentios, ricos, pobres, homens, mulheres, governantes, pessoas comuns, instruídos e pessoas sem educação formal. 

João aponta até mesmo para o testemunho do próprio Pai e para as Escrituras – todos dão evidências da identidade de Cristo. 

O estudo desta semana começa com o poderoso testemunho de João Batista. Outras testemunhas também sobem ao palco: André e Simão Pedro, Filipe e Natanael e uma testemunha bastante inesperada, o fariseu Nicodemos. Mas outra testemunha fica nas sombras (o outro discípulo que estava com André; Jo 1:35, 40): o próprio João, irmão de Tiago. 

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Domingo, 20 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 14
O testemunho de João Batista

Como vimos na lição da semana passada, o Evangelho de João começa com Jesus Cristo, a Palavra (ou o Verbo), em Sua existência eterna antes da criação. Mas no mesmo prólogo de João, João Batista aparece como testemunha de Jesus. Alguns judeus da época esperavam dois messias: um sacerdotal e outro real. João ensina claramente que João Batista não reivindicava ser um desses messias; em vez disso, era uma testemunha do único e verdadeiro Messias. 

1. Leia João 1:19-23. Como João Batista explicou sua identidade, seu ministério e sua missão? 

Os líderes religiosos enviaram sacerdotes e levitas para perguntar a João quem ele era. Diante das altas expectativas messiânicas que havia na Judeia, era importante que João Batista esclarecesse sua relação com essas expectativas. Ele não era a Luz, mas tinha sido enviado por Deus para dar testemunho da Luz e preparar o povo para a vinda do Messias (Jo 1:6-8). Por isso, ele respondeu de maneira tão clara quanto possível: “Eu não sou o Cristo” (Jo 1:20). 

Além disso, João batizava com água, mas Cristo batizaria com o Espírito Santo (Jo 1:26, 33). João não era digno de desamarrar as correias das sandálias de Jesus (Jo 1:27). Cristo era mais importante do que João, porque existia antes dele (Jo 1:30). Jesus era o Filho de Deus, e João apenas apontou para Ele (Jo 1:34). 

2. Leia Isaías 40:1-5 e João 1:23. Como o Evangelho de João usa esses versículos do profeta Isaías? 

Em uma época de estradas esburacadas e cheias de pedras, às vezes servos eram enviados à frente do rei para nivelar a superfície das estradas e eliminar curvas acentuadas para suavizar o caminho do rei. Assim, cumprindo a profecia, João veio a fim de preparar o coração das pessoas para Jesus. 

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De que forma, como adventistas do sétimo dia, devemos cumprir o mesmo tipo de ministério que João Batista realizou? Quais são os paralelos entre nós e ele?


Segunda-feira, 21 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 15
O Cordeiro de Deus

A nação hebraica esperava um Messias que a libertasse de Roma. Um dos objetivos do Evangelho de João era mudar a compreensão dos leitores sobre o Messias, para que reconhecessem em Jesus o cumprimento das profecias a respeito do Rei vindouro. O Messias não seria um governante terrestre. Ele tinha vindo para cumprir todas as promessas do AT a respeito Dele mesmo, inclusive o Seu autossacrifício em favor do mundo, e para restaurar o relacionamento entre Deus e o Seu povo. 

3. Leia João 1:29-37. Que proclamação João Batista fez sobre Jesus? Que imagem ele usa para retratá-Lo e por que ela é tão significativa para a compreensão de quem era Jesus e qual seria Sua missão? 

A declaração de João Batista sobre Jesus como o Cordeiro de Deus confirma o propósito do Evangelho de João, que é trazer uma compreensão renovada da obra e da natureza do Messias. Jesus seria o cumprimento das promessas do sistema sacrifical, remontando à promessa do Redentor, dada pela primeira vez em Gênesis 3:15. 

“Quando, no batismo de Jesus, João O apontou como o Cordeiro de Deus, nova luz foi projetada sobre a obra do Messias. A mente do profeta foi dirigida às palavras de Isaías: ‘Como cordeiro foi levado ao matadouro’” (Is 53:7; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 99). 

4. Leia Marcos 10:45, Romanos 5:6 e 1 Pedro 2:24. Como esses versos nos ajudam a compreender o papel de Jesus como o “Cordeiro de Deus”? 

Ainda que João Batista precisasse conhecer mais sobre o ministério de Jesus, tinha certeza de que Ele era o Messias prometido, Aquele que viera cumprindo as profecias. 

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Pense mais profundamente em Jesus como o “Cordeiro de Deus”. Que imagens esse título lhe traz à mente, e como sua ligação com o sistema sacrifical do AT o ajuda a apreciar o grande preço da salvação?


Terça-feira, 22 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 16
Os dois discípulos de João

Dois discípulos de João estavam com ele quando Jesus passou. João declarou: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1:36). Ao ouvir a mensagem sobre o Cristo, que cumpriria as profecias sobre a vinda do Messias, deixaram João para seguir a Jesus, reconhecendo que Ele era maior do que João e era o cumprimento da mensagem do profeta.

5. Leia João 1:35-39. O que esses dois discípulos fizeram depois de ouvir o testemunho de João Batista sobre Jesus? 

Desejando estar com Jesus, aqueles discípulos passaram o dia com Ele. Imagine que coisas incríveis eles aprenderam e experimentaram naquela oportunidade! 

Devem ter sido realidades transformadoras, porque, em pouco tempo, o desejo deles era compartilhar aquela experiência com outras pessoas. André, um dos dois discípulos, imediatamente encontrou seu irmão, Simão, e disse: “Achamos o Messias! (‘Messias’ quer dizer ‘Cristo’).” Quando André levou seu irmão a Jesus, Ele imediatamente mostrou que o conhecia, dizendo: “Você é Simão, filho de João, mas agora será chamado Cefas” (Jo 1:41, 42). Jesus conhecia e entendia Pedro. A verdade de que Cristo conhece as pessoas é um tema recorrente em João (Jo 2:24, 25). 

“Se João e André tivessem sido dominados pela incredulidade que caracterizava os sacerdotes e líderes, não teriam se colocado como discípulos aos pés de Jesus. Teriam se aproximado Dele como críticos, para julgar Suas palavras. [...] Esses primeiros discípulos não fizeram isso. Haviam atendido ao chamado do Espírito Santo na pregação de João Batista. Então reconheceram a voz do Mestre celestial. [...] Uma luz divina foi projetada sobre o ensino das Escrituras do AT. Os complexos temas da verdade apareceram sob nova luz” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 101). 

Toda a ênfase do Evangelho de João é trazer à luz quem é Jesus, para que essa boa-nova possa ser compartilhada com o mundo. 

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De que forma Cristo e a sua fé Nele transformaram a sua vida? Que outras mudanças você ainda gostaria que acontecessem?


Quarta-feira, 23 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 17
Filipe e Natanael

6. O que Filipe acreditava em relação à identidade de Jesus? Jo 1:43-46 

Filipe era de Betsaida, assim como André e Pedro. Ele encontrou Natanael e lhe contou sobre Jesus. João chamou Jesus de “Cordeiro de Deus” (Jo 1:29). André disse a Pedro que havia encontrado “o Messias” (Jo 1:41). Mas Filipe menciona Jesus como Aquele sobre quem Moisés e os profetas escreveram e acrescenta o nome “Jesus de Nazaré” (Jo 1:45). A referência a Nazaré desencadeou a forte reação de Natanael. 

Natanael tinha preconceitos contra Nazaré. Um rei não viria de tal local. O preconceito cega os olhos, impedindo-os de ver o que as pessoas são. Filipe parece ter reconhecido, talvez a partir de conversas anteriores com Natanael, que o modo adequado de lidar com o preconceito não é o debate, mas convidar a pessoa a experimentar a verdade. Ele disse: “Venha ver” (Jo 1:46). Foi isso que Natanael fez. 

7. Leia João 1:47-51. Como Jesus convenceu Natanael de quem Ele era e qual foi a resposta do discípulo? 

O texto bíblico não menciona como Natanael respondeu ao convite de Filipe. No entanto, ele se levantou e foi ver. Sua amizade com Filipe era mais forte do que o preconceito, e sua vida mudaria a partir daquele momento. 

Jesus diz palavras bonitas sobre Natanael (Jo 1:47), um grande contraste com o que o próprio Natanael havia dito sobre Jesus (Jo 1:46). O discípulo responde surpreso, porque, afinal, não O conhecia. 

Depois Jesus diz que o tinha visto debaixo de uma figueira (Jo 1:48), e essa declaração convence Natanael. Por discernimento divino, Jesus viu Natanael orando, buscando a verdade debaixo daquela árvore (ver Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 102, 103). Natanael então faz uma confissão cheia de entusiasmo, chamando Jesus de Mestre (Rabi), Filho de Deus e Rei de Israel (Jo 1:49). A revelação de um fato aparentemente insignificante levou a uma confissão de fé.

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Quinta-feira, 24 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 18
O testemunho de Nicodemos

8. Leia João 3:1-21. Como o testemunho de Nicodemos reforça o tema central do Evangelho de João? 

Nicodemos era mestre em Israel e um abastado membro do Sinédrio. Seu testemunho tem papel importante por vários motivos. Ele se referiu a Jesus como “Rabi” e apontou os sinais que Jesus fazia como evidência de Sua missão divina. Antes que Nicodemos percebesse, ele já mencionava evidências de que Jesus é o Messias. 

Nicodemos entendia os sinais como evidência do chamado divino de Jesus, mas não como alguma coisa que apontasse para Ele como o cumprimento das profecias do AT a respeito do Messias. Por isso, Nicodemos procurou Jesus levando algumas dúvidas. Naquele momento ele não reconhecia Jesus como o Cristo. 

9. O que Jesus disse a Nicodemos para mostrar que o conhecia? Jo 3:3-21 

Jesus conhece o coração de cada pessoa. Sua resposta a Nicodemos parece abrupta, mas Ele vai direto ao assunto. Embora os judeus acreditassem que os gentios precisavam ser convertidos, muitos não entendiam que eles também, mesmo fazendo parte do povo escolhido, precisavam de uma experiência de conversão. Ninguém nasce salvo, independentemente da sua nacionalidade ou da igreja em que foi criado. 

A maravilhosa herança dos judeus, que remonta a Abraão, sem dúvida lhes oferecia privilégios (Rm 3:1, 2). Mas isso não era suficiente. Jesus disse a Nicodemos algo impensável: ele, mestre e líder em Israel, precisava nascer de novo, do alto! 

Jesus então confrontou Nicodemos com sua própria ignorância espiritual (Jo 3:10). Em outras palavras: “Como é que você, um mestre tão respeitado, não sabe disso?” Deve ter sido uma repreensão muito forte. 

Apesar de quaisquer dúvidas que Nicodemos tivesse a respeito de Jesus naquele momento, depois ele se uniria aos seguidores de Cristo (Jo 19:39). 

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O que significa “nascer de novo” e por que Jesus deu tanta ênfase a isso?


Sexta-feira, 25 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 19
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (CPB, 2021), p. 125- 132 (“Nicodemos”). 

Nicodemos “examinou as Escrituras de maneira nova, não para discutir uma teoria, mas a fim de receber a vida eterna. Ao submeter-se à direção do Espírito Santo, começou a ver o reino de Deus. 

“Por meio da fé, recebemos a graça de Deus; mas a fé não é nosso Salvador. Ela não obtém nada. Ela é a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus méritos, o remédio contra o pecado. [...] O arrependimento vem de Cristo tão certamente como o perdão. [...] 

“Todo aquele que tem sido enganado e mordido pela serpente, pode olhar e viver. ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!’ (Jo 1:29). A luz que brilha da cruz revela o amor de Deus. Seu amor nos atrai a Ele. Se não resistirmos a essa atração, seremos levados ao pé da cruz em arrependimento pelos pecados que crucificaram o Salvador. Então o Espírito de Deus, por meio da fé, produz uma nova vida. Os pensamentos e desejos são postos em obediência à vontade de Cristo. O coração e a mente são novamente criados à imagem Daquele que age em nós para sujeitar a Si mesmo todas as coisas. Então a lei de Deus é escrita na mente e no coração, e podemos dizer com Cristo: ‘Agrada-Me fazer a Tua vontade, ó Deus Meu’” (Sl 40:8; O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 130, 131). 

Perguntas para consideração 

1. João Batista preparou o caminho para Jesus. O ministério dele foi bemsucedido, do ponto de vista humano? Como você define “sucesso” em termos espirituais? 

2. João Batista expressou dúvidas sinceras (Mt 11:2, 3; Lc 7:19). O que motivou as perguntas dele e o que aprendemos com isso sobre como ser firmes em nossa fé? 

3. Como Nicodemos, alguém que tinha conhecimento, podia ser tão ignorante em relação às questões mais importantes? Que lições aprendemos com essa situação? 

Respostas às perguntas da semana: 1. Ele disse que era apenas a voz que clama no deserto, preparando o caminho para o Messias e cumprindo a profecia de Isaías. 2. O texto mostra que João Batista iria aplainar o caminho diante de Deus (Jesus), para que a glória do Senhor se manifestasse. 3. Disse que Jesus é o Cordeiro de Deus, que cumpre todo o sistema sacrifical do AT. O sacrifício de Cristo é o centro de Sua identidade e missão. 4. Jesus deu a vida em resgate pelos ímpios e carregou nossos pecados. 5. Eles foram, viram onde Jesus morava e passaram aquele dia com Ele. 6. Acreditava que Jesus era o cumprimento das profecias do AT sobre o Messias. 7. Jesus disse que o viu orando debaixo da figueira. Natanael O reconheceu como o Filho de Deus e Rei de Israel. 8. Nicodemos apontou os milagres de Jesus como evidência de que Ele havia sido enviado por Deus. 9. Disse que Nicodemos precisava de uma experiência de conversão

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Resumo da Lição 4
Testemunhas de Jesus como o Messias

FOCO DO ESTUDO: João 1:35-39, 43-46 

ESBOÇO 

Introdução: Jesus, a Fonte de toda a verdade, iluminou o mundo com a luz da verdade. Dessa forma, Ele aumentou a quantidade de luz dada aos seres humanos. Apesar da abundância de evidências convincentes, alguns nos dias de Cristo escolheram permanecer nas trevas. Em seu preconceito e orgulho, optaram por não ouvir a verdade e ignorar qualquer luz. Embora Deus fique entristecido quando isso acontece, em Seu amor, Ele nos permite fazer nossas escolhas, mesmo que sejam equivocadas. 

A lição desta semana destaca o relato de algumas testemunhas oculares de Jesus, como João Batista e seus dois discípulos, André e João. Também aborda o testemunho visual de Filipe e Natanael, assim como o testemunho de Nicodemos, um fariseu e distinto membro do Sinédrio, que abriu seu coração à luz da verdade de Deus. Seu testemunho seria forte e convincente, pois ele assumiria grandes riscos ao desafiar seus pares poderosos. Em sua conversa noturna com Jesus, os lábios de Cristo proferiram a mais bela declaração e a mais linda promessa da Bíblia: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). 

Ao considerar o testemunho ocular de João, surge a questão: por que João Batista, uma figura respeitada e admirada pelo povo, ofereceria ao mundo algo que não fosse um testemunho verdadeiro sobre Jesus? João resumiu todo o evangelho ao confirmar que Jesus era verdadeiramente Aquele sobre o qual profetizaram: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29), uma profecia agora de fato cumprida diante dos olhos do povo. Perante os relatos de tais testemunhas oculares, não deveríamos estar completamente convencidos de que o Cristo vivo é o nosso Salvador e Senhor? 

COMENTÁRIO 

O testemunho de João Batista 

Os judeus da época de Cristo tinham suas próprias concepções sobre a vinda do Messias e eram inflexíveis em fazer com que tudo se encaixasse em seus esquemas preconcebidos. Eles suspeitavam de que João Batista talvez tivesse as características do Messias, mas ele testificou de que era apenas um precursor do verdadeiro Messias, enviado profeticamente por Deus a fim de preparar o caminho para Ele. Pouco depois, João apontou Jesus como “o Cordeiro de Deus”. Contudo, Jesus e Seu sacrifício pelos nossos pecados não correspondiam às expectativas dos líderes judeus em relação a um Messias terreno e que fosse rei, que derrotaria seus opressores, governaria sobre eles e, finalmente, sobre o mundo.

Hoje, alguns céticos também não dão muita importância ao conceito bíblico de sacrifício. Apontam para o sacrifício de Cristo para justificar a sua indiferença. Esses céticos dizem que Jesus não precisou derramar Seu sangue para salvar a humanidade pecadora, pois Ele poderia ter nos salvado simplesmente por meio de uma demonstração de Seu amor e pela realização de milagres. A Bíblia nos ensina que a vida está no sangue, e a humanidade perdida necessitava da vida presente no Filho. Os anjos não poderiam ter cumprido essa tarefa em nome da humanidade, pois eles receberam emprestada a vida do Doador da vida. Deus ordenou inúmeros sacrifícios de animais inocentes para apontar para a necessidade do sangue inocente de Cristo para a remissão dos pecados e a concessão da vida eterna. 

Por essa razão, João afirmou claramente: “Eu não sou o Cristo” (Jo 1:20) nem a Luz, mas apenas uma testemunha cumprindo a profecia bíblica. Em duas ocasiões distintas, João declarou que Jesus era, de fato, o Cordeiro de Deus, o cumprimento e a culminação do sistema sacrificial. Ele proclamou essa verdade à multidão quando avistou Jesus e também a dois de seus próprios discípulos (Jo 1:29, 36). 

João Batista, uma testemunha ocular dos acontecimentos do batismo de Jesus, ouviu a voz do Pai anunciar que Jesus era Seu Filho amado em quem Ele Se comprazia. Além disso, o Espírito Santo desceu e permaneceu sobre Jesus enquanto Deus impressionava João em relação à divindade do Salvador. Por isso, João disse: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1:34). Diante dessa declaração, surge a indagação de quantas evidências adicionais um cético necessita para crer. Infelizmente, se alguém persiste em duvidar constantemente, acaba se envolvendo em um manto de escuridão. 

Os dois discípulos de João (Jo 1:35-39) 

Os dois discípulos de João Batista, André e João, este último sendo o escritor do evangelho, já tinham ouvido a pregação de João Batista a respeito do cumprimento da profecia do AT em Cristo. Assim, quando João Batista direcionou a atenção deles para Jesus, o grande Mestre diante deles, decidiram acreditar e desejaram segui-Lo. Em lugar de adotarem uma postura crítica como os fariseus, questionando cada palavra e movimento de Jesus, optaram por confiar na convicção do Espírito. Além disso, devem ter depositado confiança na seriedade e veracidade do testemunho incontestável de João Batista, conforme registrado nas Escrituras. 

Você pode se perguntar: como sabemos que o segundo discípulo mencionado é João, o discípulo amado? André é explicitamente mencionado pelo nome, enquanto João, talvez por modéstia ou relutância em se referir a si mesmo, é, de fato, esse segundo discípulo. André foi quem apresentou seu irmão Pedro a Jesus. André, Pedro e João foram os primeiros três homens chamados para formar o núcleo dos 12 discípulos originais. “Deixando João Batista, os discípulos foram em busca de Jesus. Um deles era André, o irmão de Simão; o outro, João, o evangelista. Esses foram os primeiros discípulos de Jesus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 101). 

Aparentemente, esses dois discípulos, André e João, estavam profundamente interessados na messianidade de Jesus e na surpreendente verdade que Ele lhes ofereceria. Observe a resposta reveladora deles à pergunta de Jesus quando começaram a segui-Lo. “O que vocês estão procurando?”, Ele perguntou. Contrariamente à nossa expectativa, eles perguntaram sobre Sua residência. 

“Rabi, onde o Senhor mora?” (Jo 1:38). Eles não estavam apenas interessados em seguir Jesus; eles desejavam ficar com Ele para aprender mais sobre Sua missão. E ficaram com Ele o restante do dia, aprendendo coisas incríveis sobre Ele. E nós hoje? Desejamos apenas acreditar em Jesus, mas não permanecer em Sua presença? Gostamos da Sua companhia? Na verdade, a única maneira de transformar nossa vida é contemplá-Lo, como João instruiu aos seus discípulos. 

Filipe e Natanael (Jo 1:43-46) 

De André, João e Pedro, agora dirigimos nosso foco para Filipe e Natanael. Percebendo que seu amigo Natanael era um pouco preconceituoso e certamente não ingênuo, Filipe tentou apresentar evidências mais convincentes sobre o Messias usando Moisés e os profetas. Quando Natanael hesitou em acreditar ao ouvir que Jesus era de Nazaré, Filipe optou por não debater nem discutir, mas simplesmente o convidou a vir e ver! (Jo 1:46). É notável que Jesus tenha utilizado a mesma abordagem ao convidar André e João a vir e ver por si mesmos. 

Há algo poderoso e transformador em passar tempo com Cristo. Embora possamos debater teologia e filosofia em favor da verdade, nosso testemunho se torna mais eficaz quando convidamos as pessoas gentil e sinceramente a descobrir Jesus por experiência própria. Em nosso testemunho, devemos concentrar-nos na prioridade de ajudar os outros a conhecer Jesus pessoalmente, e então muitas objeções ou dúvidas poderão desaparecer. Ensinar doutrinas é certamente importante, mas é fundamental começarmos com Jesus como o cerne de todo o conhecimento. 

É crucial observar o contraste entre a perspectiva de Natanael sobre Jesus e a visão que Jesus tinha dele. Natanael inicialmente desconsiderou Jesus por Sua origem em Nazaré, uma atitude que reflete nossos próprios preconceitos em relação aos outros, muitas vezes com base em nacionalidade, raça ou cultura. No entanto, Jesus tinha uma visão diferente de Natanael, elogiando-o como um “verdadeiro israelita, em quem não existe fingimento algum!” (Jo 1:47), um elogio encorajador que motivou Natanael a explorar mais sobre aquele Nazareno. Quando Natanael testemunhou a capacidade profética de Jesus, ele acreditou imediatamente. “Mestre, o Senhor é o Filho de Deus! O Senhor é o Rei de Israel” (Jo 1:49). 

O testemunho de Nicodemos (Jo 3:1-21) 

João, ao relatar a vida de Jesus, destaca-se como o escritor do evangelho que examina os encontros pessoais que Jesus teve com indivíduos específicos, como Nicodemos e a mulher samaritana. Nos relatos desses encontros, Jesus demonstra imparcialidade, não favorecendo um tipo de pessoa em detrimento de outro. Em vez disso, Ele busca envolver-Se significativamente com todos que estão abertos à verdade, seja um líder judeu altamente respeitado como Nicodemos ou uma menosprezada mulher samaritana. 

Nicodemos era fariseu e uma figura importante do Sinédrio, o mais alto tribunal judaico, mais próximo de um governo interno. A palavra “Sinédrio” vem da palavra grega sunedrion, que significa literalmente “um concílio”. Era composto por 71 membros, divididos em três divisões, conforme Mateus 27:41, como segue: 

1. Sumos sacerdotes (o sumo sacerdote governante, sumos sacerdotes aposentados e membros da família do sumo sacerdote). Esse primeiro bloco era formado principalmente por saduceus. 

2. Escribas (predominantemente fariseus). 

3. Anciãos, que eram representantes das principais famílias aristocráticas. 

O cargo de sumo sacerdote tornou-se corrupto, frequentemente sendo vendido por Roma pelo lance mais alto. 

O nome grego de Nicodemos significa literalmente “vencedor sobre o povo”. Conhecido por sua riqueza, Nicodemos também foi um professor ilustre. Ele se sentiu fortemente convencido a se encontrar com Jesus por causa de todas as coisas incomuns que ouvira sobre Ele. No entanto, Nicodemos precisava ter cuidado. Ele não podia fazer nada que pudesse ofender seus colegas líderes e causar danos irreparáveis às suas relações com eles; contudo, Nicodemos não podia ignorar a forte evidência de que Jesus era o Messias. Foi exatamente por isso que ele se encontrou com Jesus à noite, onde pôde desfrutar de alguma privacidade ao conversar pessoalmente com Ele. Jesus nos encontra onde estamos em nossa jornada espiritual. Ele realmente não Se importa com a maneira pela qual chegamos a Ele, desde que venhamos a Ele com coração sincero. 

Nicodemos teve a oportunidade de testar o valor espiritual do caráter imaculado e da integridade de Jesus. Como consequência, Nicodemos posteriormente defendeu Jesus contra o Sinédrio, que queria condená-Lo sem ouvi-Lo, como aprendemos em João 7:51. Observe a progressão da experiência de Nicodemos com Jesus: ele se encontrou com Cristo em particular, aprendendo sobre a verdadeira conversão; ele O defendeu perante o Sinédrio; e, no fim, ele foi corajoso o suficiente para ajudar a tirar Seu corpo da cruz para ser enterrado. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Considere as seguintes questões e comente com a classe: 

1. Reflita sobre a declaração do Pai sobre o Filho no batismo de Jesus. Será que Deus olha para você e faz a mesma afirmação que fez sobre o Filho, declarando que você é Seu filho amado, em quem Ele Se compraz? Leve em consideração a resposta encorajadora encontrada na página 80 de O Desejado de Todas as Nações, segundo parágrafo. Como aplicar essa garantia à sua vida e qual diferença ela faz? 

2. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Que diferença faria se nos concentrássemos primeiro em nos livrar dos pecados e depois em contemplar Jesus, invertendo as duas ideias desse texto? 

3. O encontro de Nicodemos com Jesus o capacita a testemunhar de maneira eficaz para as pessoas influentes na sociedade? 

4. Compare o impacto do testemunho de Cristo a Nicodemos com o Seu testemunho a Natanael. Quais lições podem ser aprendidas com esses dois exemplos?

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Chamado para despertar

Arizona | Marisa

Marisa acordou de repente às 2h30 da manhã. Não havia motivo para ela acordar. Ela estava dormindo profundamente em seu apartamento no terceiro andar em Spokane, Washington. Ela ficou pensando se precisava ir ao banheiro.

Alguns minutos depois, ela estava caminhando de volta do banheiro quando notou um brilho amarelo incomum fora da janela. Olhando para fora da janela, ela ela viu as chamas quentes subindo pelo lado de fora da parede do seu quarto. Seu apartamento estava pegando fogo.

Marisa chamou suas cachorras, Maggie e Daisey

“Garotas, venham!”, ela ordenou.

As cachorras estavam se encolhendo em um canto. Elas sabiam que algo estava errado.

À ordem de Marisa, as cachorras a seguiram até a sala. Ela abriu a porta da frente, e uma fumaça preta subiu. Ela fechou a porta.

“Garotas, venham!”, disse ela.

Marisa e as cachorras foram para a sacada. Olhando para baixo do terceiro andar, Marisa viu as pessoas correndo de um lado para o outro. O prédio era do outro lado da rua de um parque onde os moradores de rua dormiam. Agora, os moradores de rua estavam batendo freneticamente nas janelas e portas, pedindo para as pessoas saírem de suas camas e apartamentos. Um morador de rua parecia estar no comando, e Marisa o chamou.

“Ajuda-me!”, gritou ela. “Eu não sei o que fazer. Eu não consigo sair pela minha porta da frente.”

O homem olhou para cima ficou bastante sério. “Se você quiser viver, vai precisar pular”, disse ele.

“Mas eu tenho duas cachorras.”

“Vai precisar jogá-las também.”

Marisa pegou uma cachorra e jogou-a. Em seguida, a outra. Depois disso, ela subiu no parapeito e caiu na sacada do segundo andar. De lá, ela pulou até o chão.

Ela teve alguns hematomas e um tornozelo torcido, mas nem percebeu. Estava apenas preocupada com suas cachorras.

“Maggie!”, gritou ela. “Daisey!”

Uma vizinha disse que havia visto as cachorras aterrissarem em segurança e correrem em direção ao parque.

Esse foi um grande alívio para Marisa, e então ela foi ao parque, chamando por elas.

Não havia sinal das cachorras.

Marisa lembrou-se de que seu telefone estava no apartamento. O único número que ela havia decorado era o de seu irmão. Marisa pediu o telefone de alguém emprestado e ligou para ele. No segundo toque, ele atendeu. Marisa ficou surpresa. Ele dormia profundamente e era difícil de se acordar.

Marisa lhe contou o que estava acontecendo. “Eu preciso que você venha me buscar para me ajudar a procurar minhas cachorras”, disse ela.

Seu irmão chegou, e os dois foram de carro em busca das cachorras.

Caminhões de bombeiros chegaram.

“Estou sentindo que precisamos voltar ao parque”, disse Marisa.

No parque, ela chamou pelas cachorras, e Maggie veio correndo. Marisa ficou tão feliz! Ela caiu no chão, chorando e abraçando a cachorra.

Levou 17 horas para encontrar Daisey. Pessoas desconhecidas vasculharam a rua. Uma página na rede social de animais de estimação postou uma notícia. Um canal de televisão local entrevistou Marisa por causa da cachorra, e até a polícia espalhou um boletim.

Naquela noite, o irmão de Marisa ligou para dizer que Daisey havia sido encontrada. Ele estava gritando Daisey pela rua, e a cachorra reconheceu sua voz e correu até ele. Os espectadores pegaram seus celulares para gravar o alegre reencontro de Marisa com sua cachorra.

Para Marisa, aquela foi uma noite de milagres. Ela perdeu tudo pelo fogo, mas Deus salvou sua vida e a de suas cachorras.

Mas por quê?

Enquanto Marisa orava por respostas, ela sentiu Deus responder: “Porque eu não desisti de você ainda”. As palavras foram como um bálsamo para sua alma.

Marisa trabalhava em um centro de saúde mental para crianças e adolescentes. Ela havia sido contratada pelo governo dos EUA como agente penitenciária de adolescentes e pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mas quando a Covid chegou, ela ficou desempregada. Normalmente otimista, ela se viu em um período sombrio do qual parecia não poder escapar.

O fogo a tirou da tristeza profunda. Ao perceber que Deus não havia desistido dela, ela se lembrou de seu chamado de trabalhar com crianças e decidiu voltar a fazer isso.

Meses depois, ela se mudou para o Arizona para trabalhar como preceptora da Escola Adventista Indígena de Holbrook. No dormitório feminino, ela supervisiona várias dezenas de garotas com a ajuda de Maggie e Daisey, que as garotas amam. Ela não poderia estar mais feliz.

“Eu não consigo me imaginar fazendo outra coisa”, disse ela.

Esta história missionária oferece uma olhada nos bastidores da Escola Adventista Indígena de Holbrook, que recebeu parte das ofertas em 2018 e 2021 para construir um novo Centro de Vida Estudantil. Obrigado por sua oferta deste trimestre que ajudará a espalhar o evangelho na Divisão Norte-Americana.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre Holbrook, Arizona, no mapa.

  • Assista a um vídeo no YouTube da Marisa com Maggie e Daisey em: bit.ly/NAD-Marisa.

  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Norte-Americana: bit.ly/nad-2024.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024

Tema geral: Temas do Evangelho de João

Lição 4 – 19 a 26 de outubro

Testemunhas de Jesus como o Messias

 

Autor: Manolo Damasio

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Introdução

O relato de Lucas no início do Livro de Atos descreve os últimos momentos de Jesus com os discípulos, uma cena marcada pela emoção da despedida, pela segurança de uma promessa extraordinária e pela ordem dada à igreja na figura dos discípulos, chamados agora de apóstolos (At 1:8, 9). Ao dizer “sereis Minhas testemunhas”, Jesus estava ordenando à igreja que compartilhasse de sua experiência com Cristo a partir daquilo que viveram com Ele.

João Batista

O Evangelho de João traz o testemunho de diferentes pessoas que pretendem confirmar as reivindicações de Jesus sobre quem Ele dizia ser. O testemunho de João Batista ganha certo destaque no quarto evangelho, embora as condições do seu nascimento e o parentesco com Jesus sejam ignorados. O primeiro encontro de Jesus com o primo e a compreensão do profeta em relação à identidade de Jesus são impressionantes. Apesar do parentesco e da proximidade afetiva entre as mães (Lc 1:39-45), não temos qualquer evidência de que João Batista e Jesus tenham se encontrado ao longo de 30 anos.

O ministério profético exercido por João Batista e sua preparação para essa missão cumpriram com exatidão a profecia de Isaías, de que alguém prepararia o caminho do Messias (Is 40:3-5). Essa compreensão protegeu João de qualquer desvio de finalidade e reforçou sua própria identidade. Ao ser questionado sobre quem era e quais eram suas intenções, João deixou claro que não era o Messias. Diante da insistência da comitiva de Jerusalém, João declarou ser apenas “uma voz” (Jo 1:23).

João organizou evidências que atestam a divindade de Jesus, mas, paradoxalmente, preserva o testemunho do Batista, quando ele aponta para o primo às margens do Jordão dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus”, o Filho de Deus destinado a morrer segundo a tipologia do santuário.

Jesus era O Condenado, sobre o qual repousaria a culpa da humanidade. Ao mesmo tempo, Ele era tão superior e Majestoso que João Batista não se via digno de desamarrar Suas sandálias. Essa aparente contradição reforça o absurdo de um Messias sofredor, algo que levaria bastante tempo para os discípulos compreenderem.

André, Filipe e Natanael

Dentre os discípulos do Batista, Jesus encontraria parte do seu time. Um deles, André, estaria entre os mais destacados discípulos, fazendo parte do Seu círculo mais íntimo. André estava com João Batista quando Jesus passou por eles e ouviu em primeira mão o profeta apontar para Cristo e dizer: “Eis o Cordeiro de Deus!” A sequência do relato registra que, ao ouvir isso, Filipe e outro que estava com ele foram atrás de Jesus (Jo 1:35-39).

Depois de ter passado o dia com Jesus, André foi contar ao seu irmão, o famoso Simão Pedro. E ao abordá-lo com a novidade, disse: “achamos o Messias” (v. 41). Quanta certeza vemos estampada nesse texto! Quanta convicção!

Quando André levou seu irmão a Jesus, o Mestre “olhou para ele” e o chamou pelo nome, deixando claro que o conhecia muito bem (v. 42). Jesus sabia quem era Pedro e sabia também quem ele se tornaria por meio do relacionamento Consigo.

Filipe e Natanael também foram atraídos ao deserto pela pregação de João. O profeta clamava por uma mudança de vida. Filipe e Natanael não apenas responderam favoravelmente aos apelos de João Batista como também se tornaram seus discípulos. Curioso é que não sabemos muito sobre essa dupla. Talvez o ingresso de ambos no grupo de discípulos de Jesus seja a porção em maior relevo no relato bíblico da história deles.

Quando Filipe falou a Natanael a respeito de Jesus, a expressão utilizada é estimulante: “Achamos!” “Achamos Aquele de quem Moisés escreveu na lei e a quem se referiram os profetas” (v. 45). Se Filipe tivesse parado aí, não saberíamos nada sobre a percepção de Natanael, e provavelmente de outros, sobre o contexto da origem de Jesus. Natanael deixou escapar seu preconceito e Filipe não parece motivado a argumentar. Ele apenas responde: “Vem e vê” (v. 46).

Todo esse movimento de poucos versículos e a saudação que se segue, de Jesus a Natanael, são muito inspiradores. Filipe O chama de “Aquele” (v. 45) e Natanael logo depois chama Jesus de “Mestre”, “Filho de Deus” e “Rei de Israel” (v. 49). São testemunhos poderosíssimos selecionados por João logo no início do seu evangelho.

Nicodemos

Outro relato que serve como testemunho é o de Nicodemos, um respeitado membro do Sinédrio que teve a oportunidade de uma entrevista íntima e pessoal com Jesus. Por alguma razão desconhecida, somente João relata esse episódio. Ele se dá no início do ministério público de Jesus, numa de Suas primeiras idas a Jerusalém.

A figura em destaque é um príncipe de Israel. Temos a tendência inicial de não gostar dele porque, já no verso 1 do capítulo 3, João o identifica como “fariseu”. Essa palavra ganhou uma conotação pejorativa ao longo do tempo, pelo protagonismo que tiveram os membros dessa organização judaica na condenação e morte de Jesus. Mas no primeiro século da era cristã ser um fariseu era motivo de orgulho para os judeus.

Existiam essencialmente 5 grupos religiosos dentro do judaísmo na época de Jesus. Os fariseus eram um dos grupos mais influentes no primeiro século. Nicodemos era um fariseu. Ele era membro do Sinédrio – a suprema corte judaica. Mesmo tendo perdido sua plena autonomia sob o domínio romano, o Sinédrio era reconhecido dentro de alguns limites, sendo formado por 71 personalidades importantes da sociedade de Jerusalém.

Devido a sua posição de destaque e uma opinião ainda não definida a respeito de Jesus, Nicodemos decidiu buscá-Lo na calada da noite. Sem olhares curiosos e o preconceito de seus colegas de trabalho, Nicodemos buscou Jesus nos recintos íntimos de um jardim em Jerusalém.

Por que Nicodemos foi ao Seu encontro? Ele se sentiu estranhamente atraído pelo humilde nazareno. Quando presenciou o episódio no templo, considerou que havia algo além da aparência. Somado a isso, as histórias de milagres se multiplicavam.

Em sua abordagem, Nicodemos escolheu as ferramentas com as quais estava habituado a trabalhar. Ele tentou pavimentar o acesso a Jesus com palavras de elogio. “Mestre”, ele disse (Jo 3:2).

Contudo, há um tom de incredulidade por trás de sua saudação. Sem se afetar pela tentativa de bajulação ou por sua disfarçada incredulidade, Jesus decidiu ir direto ao X da questão, e foi direto ao ponto. Sem rodeios. Sem meias palavras.

O Mestre resolveu responder às perguntas não formuladas. E expôs os princípios fundamentais da verdade. O homem acostumado a dar respostas começou a fazer perguntas. Pego de surpresa, no improviso, perguntou: “Como pode?” (v. 4).

A ideia de um novo nascimento não deveria ser estranha. Os conversos do paganismo à fé de Israel eram muitas vezes comparados a crianças recém-nascidas. Portanto, Nicodemos devia ter percebido que as palavras de Cristo não se destinavam a ser tomadas em sentido literal.

Contudo, em sua arrogância religiosa, jamais teria considerado que isso poderia ser aplicado aos judeus, muito menos a pessoas do seu estrato social. O conceito era atordoante demais. O príncipe de Israel só fala três vezes. Na primeira ele elogia, nas outras duas, pergunta. A verdade esboçada por Jesus o impressiona profundamente. Então Jesus respondeu a uma outra pergunta não feita.

Nos recessos de um jardim. Numa madrugada qualquer. Com a audiência de uma única pessoa, Jesus revelou os contornos do plano da redenção em tons surpreendentes. Ele nunca havia sido tão claro antes. “Importa que o Filho do Homem seja levantado” (v. 14, 15).

Nas 28 palavras do verso 16 fica evidente a necessidade de crer. Não um tipo de convencimento intelectual, de admiração ou de mera comoção. A crença exigida transborda os limites do entendimento. Ela transforma a vida. Sem crer não há vida eterna, e a intenção de João ao escrever seu evangelho é enfatizar essa ideia.

“Na verdade, Jesus fez diante dos Seus discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em Seu nome” (Jo 20:30, 31).

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se Bacharel em Teologia pelo UNASP-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É Mestre em Liderança pela Andrews University e Pós-graduado pelo UNASP, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.