Cada evangelho retrata o início do ministério de Jesus de maneira peculiar. Mateus apresenta Jesus chamando os discípulos e depois pregando o Sermão do Monte. Lucas narra a história do sermão inaugural de Jesus, pregado em um sábado na sinagoga de Nazaré.
João relata o chamado de alguns dos primeiros discípulos e o casamento em Caná, onde Jesus realizou Seu primeiro sinal.
O evangelho de Marcos apresenta o chamado de quatro discípulos e descreve um sábado em Cafarnaum, bem como o que aconteceu depois.
Esse “sábado com Jesus” no início de Marcos dá ao leitor uma noção de quem é Jesus. No texto que estudaremos nesta semana (Mc 1:16-45), são registradas bem poucas palavras de Jesus: um breve chamado ao discipulado, uma ordem dirigida a um demônio, um plano para visitar outros lugares e instruções a um leproso que havia sido curado, de que ele deveria se apresentar diante de um sacerdote a fim de ser purificado. A ênfase está nas ações, especialmente ligadas à cura de pessoas. O evangelista gostava de usar a palavra “imediatamente” para ilustrar o movimento de ações rápidas do ministério de Jesus.
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1. Leia Marcos 1:16-20. Quem eram os homens que Jesus chamou para serem Seus discípulos, e qual foi a reação deles?
Marcos 1 não registra muitas palavras de Jesus. No entanto, Marcos 1:17 apresenta Suas palavras a dois pescadores, Simão, que seria chamado de “Pedro”, e seu irmão, André. Os dois estavam parados na margem do mar da Galileia, lançando uma rede.
Esses dois homens estavam trabalhando na pescaria, mas Jesus tinha um propósito maior para a vida deles na obra de “pescar” pessoas para o reino de Deus. Em Marcos 1:19 e 20, Tiago e João estavam em um barco com o pai e os empregados, consertando as redes. Jesus também queria transformá-los em pescadores de pessoas. Nesse processo, o Mestre precisava consertar o coração deles. Lucas indica que Pedro também tinha um barco e que Tiago e João eram parceiros de Pedro e André (Lc 5:1-11). Possivelmente houvesse diferenças entre os dois grupos de irmãos. Apesar dessas possíveis diferenças, Jesus chamou todos eles ao discipulado.
O chamado de Jesus foi simples, direto e profético. Ele os chamou para segui-Lo, isto é, para se tornarem Seus discípulos. Jesus indicou que, se respondessem ao Seu chamado, Ele assumiria a tarefa de torná-los pescadores de gente.
Simão, André, Tiago e João ouviram o chamado de Jesus e prontamente deixaram tudo para seguir o Mestre. Por que esses homens fizeram isso? O evangelho de João apresenta mais detalhes a respeito do quadro (Jo 1:29-42).
Aparentemente os dois irmãos eram seguidores de João Batista e ouviram a proclamação dele de que Jesus era o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Então encontraram Jesus e passaram um tempo com Ele perto do rio Jordão. Consequentemente, a decisão deles de aceitar o chamado de Jesus para o ministério não foi uma brincadeira nem uma aventura, mas uma atitude muito bem pensada.
Mas por que Marcos não apresentou mais detalhes? Provavelmente para enfatizar o poder de Jesus. Ele fez um chamado, pescadores dispostos responderam, e a vida deles, bem como o próprio mundo, nunca mais seriam os mesmos.
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Muitos se recordam de momentos inesquecíveis em que sentiram a presença de Deus. Esses momentos foram não apenas inesquecíveis, mas transformadores.
Isso aconteceu com as pessoas de Cafarnaum naquele sábado: “E maravilhavam-se com a Sua doutrina, porque os ensinava como alguém que tem autoridade e não como os escribas” (Mc 1:22). Enquanto Jesus estava ensinando, um endemoninhado, impactado pelo poder de Seus ensinos, gritou: “Sei muito bem quem Você é: o Santo de Deus!” (Mc 1:24). E então Jesus expulsou o demônio.
Pense no significado das palavras ditas pelo demônio, que reconheceu Jesus como “o Santo de Deus”. Ele admitiu que Jesus era o santo emissário de Deus, em contraste com as hostes impuras e profanas de Satanás. Naturalmente, em um ambiente de culto, esperamos coisas e pessoas santas, não coisas profanas e impuras. Assim, nessa história existe um forte contraste entre os poderes do bem e as forças do mal. Nesse evento, vemos a realidade do grande conflito. Mesmo que as pessoas ainda não soubessem quem Jesus era, aquele demônio sabia e reconheceu isso publicamente.
A ordem para que o demônio saísse do homem é totalmente compreensível, mas o que dizer da ordem: “Cale-se”? (Mc 1:25). Nessa história surge um tema bastante marcante no Evangelho de Marcos: o apelo de Jesus ao silêncio sobre quem Ele é. Os estudiosos chamam isso de “segredo messiânico”.
O pedido de silêncio faz sentido por causa das conotações políticas que as expectativas messiânicas tinham em Sua época. Era arriscado afirmar ser o Messias. No entanto, junto com os apelos ao silêncio encontramos revelações inconfundíveis de quem Jesus é. Com o tempo, ficou claro que a identidade de Jesus não podia ser escondida, e a verdade de quem Ele era se tornaria o centro do evangelho. As pessoas precisam não apenas saber quem é Jesus, mas também tomar uma decisão sobre como responderão à Sua vinda ao mundo e ao significado dessa vinda para elas.
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3. Leia Marcos 1:29-34. Como Jesus ajudou a família de Pedro, e que lições espirituais podemos aprender desse relato?
Depois do culto na sinagoga, Jesus Se retirou com Seu grupo de discípulos (Pedro, André, Tiago e João) para a casa de Pedro, evidentemente para passar o restante do sábado desfrutando de uma refeição e comunhão entre amigos.
No entanto, a sogra de Pedro estava com febre, o que na época significava que ela corria o risco de morrer. Eles contaram a Jesus sobre a doença, e então Ele tomou a sogra de Pedro pela mão e a ajudou a levantar-se. Ela imediatamente começou a servi-los. Que exemplo poderoso do princípio de que aqueles que foram salvos e curados por Jesus servirão aos outros em resultado disso!
Muitas vezes Jesus é apresentado curando alguém com um toque (Mc 1:41; 5:41), embora outras vezes nenhum toque seja mencionado (Mc 2:1-12; 3:1-6; 5:7-13).
Jesus, contudo, não havia encerrado Suas atividades daquele dia. Depois do pôr do sol, muitos foram à casa de Pedro para serem curados, por terem visto o que tinha acontecido na sinagoga ou por terem ouvido falar disso. Ainda que Jesus não tivesse problema em curar no sábado, as pessoas demoraram para ir a Jesus em busca de cura por causa das horas do sábado. Os leitores de Marcos observavam o sábado.
Marcos diz que toda a cidade estava reunida à porta da casa naquela noite (Mc 1:33). Levaria algum tempo para que Jesus ajudasse todas aquelas pessoas.
“Durante horas a fio, iam e voltavam, pois ninguém sabia se no dia seguinte o Médico ainda estaria entre eles. Nunca antes Cafarnaum presenciara um dia como aquele. O espaço se enchia de vozes de triunfo e aclamações pela libertação. O Salvador Se sentia feliz pela alegria que produzira. Quando presenciou os sofrimentos dos que tinham ido até Ele, Seu coração se moveu de compaixão [...].
“Enquanto o último enfermo não foi curado, Jesus não cessou de trabalhar. [...] Estando a cidade ainda imersa no sono, o Salvador, ‘tendo-Se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava’” (Mc 1:35; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 197, 198).
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4. Que lições importantes aprendemos com essa história? Mc 1:35-39
Jesus Se levantou antes do nascer do sol e foi a um local tranquilo para orar. A oração era o foco das ações de Jesus. Todos os outros verbos da frase são mencionados de forma bastante sucinta: Ele Se levantou, saiu e foi (em grego, todos esses verbos estão no tempo aoristo, o que indica ações concluídas). Mas o verbo “orar” está no tempo imperfeito, que é usado, especialmente nesse texto, para indicar um processo em andamento. Isto é, Jesus estava orando e continuou orando. Era muito cedo quando Jesus saiu de casa, o que indica que Ele passou bastante tempo em oração.
Os evangelhos descrevem Jesus como um homem de oração (Mt 14:23; Mc 6:46; Jo 17). Esse foi um dos principais segredos do poder de Seu ministério.
5. O que Lucas 6:12 ensina sobre a vida de oração de Jesus?
Muitos cristãos estabelecem horários de oração. Essa prática é boa e correta, mas também pode se tornar uma rotina, algo feito de maneira quase mecânica. Uma forma de romper com um padrão fixo é mudar ocasionalmente o horário da oração ou orar durante mais tempo do que o habitual. A questão é não se prender a algum tipo de fórmula que nunca possa ser modificada.
Pedro e seus companheiros não acompanharam Jesus ao lugar de oração. Talvez soubessem da localização, porque O encontraram lá. Eles contaram a Jesus que todos O estavam procurando, sugerindo que o Mestre continuasse a emocionante experiência do dia anterior, com mais cura e ensino. Surpreendentemente, Jesus contestou, indicando que em outros lugares haveria um campo mais amplo de serviço. “Jesus, porém, lhes disse: – Vamos a outros lugares, aos povoados vizinhos, a fim de que Eu pregue também ali, pois foi para isso que Eu vim” (Mc 1:38).
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6. Leia Marcos 1:40-45. O que essa história nos ensina sobre Jesus e Seu relacionamento com as pessoas marginalizadas da sociedade?
A lepra mencionada nessa passagem, e em textos do Antigo Testamento, não se refere apenas ao que hoje é conhecido como hanseníase. Uma tradução mais exata do termo bíblico seria algo como “doença grave de pele” ou “dermatose”, porque incluía várias doenças epidérmicas. A hanseníase pode ter chegado ao antigo Oriente Próximo por volta do 3o século a.C. (David P. Wright e Richard N. Jones, “Leprosy”, Anchor Bible Dictionary [Doubleday, 1992], v. 4, p. 277-282). Ainda que esse leproso mencionado pudesse ter hanseníase, não sabemos ao certo qual era a grave doença que ele sofria.
O leproso teve fé que Jesus podia purificá-lo. Segundo Levítico 13, um leproso era ritualmente impuro e tinha que evitar o contato com os outros (Lv 13:45, 46).
Jesus, porém, teve compaixão daquele homem e tocou nele “e disse: – Quero, sim. Fique limpo!” (Mc 1:41). Em casos normais, essa ação teria contaminado Jesus até o pôr do sol, quando Ele deveria Se banhar para tornar-Se ritualmente puro (Lv 13–15). Contudo, Marcos deixa claro que a ação de Jesus de tocar o doente purificou o homem de sua lepra. Assim, Jesus não ficou contaminado ao tocar no leproso.
Jesus enviou o homem a um sacerdote com a instrução de oferecer o sacrifício que Moisés havia ordenado para tais casos (Lv 14). Jesus defendia e apoiava o que Moisés havia ensinado (Mc 7:10; 10:3, 4; 12:26, 29-31). Esse entendimento é o oposto da posição dos líderes religiosos, que distorciam a intenção original dos ensinos dados por intermédio de Moisés. Isso explica porque Jesus mandou que o homem mantivesse silêncio sobre o ocorrido (Mc 1:44). Se ele contasse sobre a cura, isso poderia prejudicar a decisão do sacerdote, levando-o a se opor a Jesus.
Mas o leproso curado parece não ter entendido isso e, desobedecendo ao mandamento de Jesus, espalhou a notícia por toda parte, tornando impossível que Ele entrasse publicamente nas cidades para desenvolver Seu ministério.
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Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 191-199 (“Em Cafarnaum”), e p. 200-208 (“Um ex-leproso”).
Que retrato de Jesus encontramos em Marcos 1? Jesus tinha autoridade para chamar discípulos, e eles respondiam. Ele era santo, em contraste com os espíritos impuros sob o domínio de Satanás. É apresentada uma grande batalha entre o bem e o mal, e Jesus tem mais poder do que os demônios. Ele demonstrava compaixão pelos doentes e os ajudava, tocando-os quando talvez ninguém mais o faria.
“Certa vez, Jesus estava falando na sinagoga sobre o reino que viera estabelecer e de Sua missão de libertar os cativos de Satanás, quando foi interrompido por um agudo grito de terror. [...]
“Agora tudo era confusão e pavor. A atenção do povo se desviou de Cristo, e Suas palavras não foram escutadas. Esse era o desígnio de Satanás em levar a vítima à sinagoga. Mas Jesus repreendeu o demônio (Lc 4:35). [...] Aquele que vencera Satanás no deserto da tentação foi novamente colocado face a face com Seu inimigo. O demônio exercia todo o poder para manter domínio sobre a vítima. Perder terreno aqui seria dar a Jesus uma vitória. [...] Entretanto, o Salvador falou com autoridade e libertou o cativo” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 194).
Nosso Senhor desenvolveu um ministério bastante atarefado, indo de um lugar para outro, quase constantemente em contato com muitas pessoas. Por meio da oração Ele manteve calma e constância em relação às pessoas e ao Seu próprio ministério.
Organize um plano de oração e estudo das Escrituras. Reserve um tempo para desenvolver um temperamento tranquilo, guiado pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus.
Perguntas para consideração
- Por que a oração é essencial? Você entende o propósito e a eficácia da oração?
- Podemos dar um bom testemunho mesmo quando precisamos ficar em silêncio?
- Quem são os “leprosos” de hoje? Como alcançar essas pessoas com o evangelho?
Respostas e atividades da semana: 1. Simão, André, Tiago e João. 2. Jesus libertou um endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum. Todos admiraram o poder de Sua palavra e Sua fama se espalhou. 3. Jesus curou a sogra de Pedro. 4. Jesus orava muito. Ele procurava lugares e momentos especiais para orar. Sua vida de oração impulsionava Sua vida em missão. 5. Jesus orava no monte; Ele orava muito; Jesus passou a noite em oração. 6. Jesus teve compaixão do leproso, tocou nele e o curou.
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TEXTOS-CHAVE: Marcos 1:16-45; 5:19
FOCO DO ESTUDO: Marcos 1
ESBOÇO
Introdução: No evangelho de Marcos, Jesus inicia Seu ministério terreno em associação com o Pai. Marcos mostra claramente, desde o início do relato, que Jesus é o “Filho de Deus” e O representa como o “Santo de Deus”. Como o Filho de Deus, Jesus pregava o “evangelho de Deus” (Mc 1:14). Dotado dessas credenciais celestiais, Ele iniciou um ministério muito ativo na Terra, conforme retratado no primeiro capítulo de Marcos.
Temas da lição: O estudo desta semana considera os seguintes aspectos do ministério de Jesus, conforme apresentados em Marcos 1:
-
O ministério de Jesus em associação com o Pai.
-
A missão de Jesus de Cafarnaum a toda a região da Galileia.
-
A vida de oração de Jesus.
-
Sua autoridade.
-
Seus encontros com os demônios.
COMENTÁRIO
O ministério de Jesus em associação com o Pai
A vida e o ministério de Jesus Cristo constituem uma demonstração abrangente do evangelho. Ele é a personificação viva das boas-novas para toda a humanidade. Jesus tinha uma percepção totalmente clara sobre Sua missão neste mundo: alcançar pessoas de todos os lugares com o evangelho de Deus.
“Vamos a outros lugares, aos povoados vizinhos, a fim de que Eu pregue também ali, pois foi para isso que Eu vim” (Mc 1:38). De acordo com Marcos, Jesus Se envolveu em um ministério diário ativo.
É interessante notar que Marcos descreve inúmeras vezes não apenas as ações de Jesus, mas também o papel ativo de Deus no ministério de Seu Filho. O Pai e o Filho trabalham em estreita associação (Jo 5:19). Vemos isso em Marcos 5:19: “Jesus [...] ordenou-lhe: – Vá para a sua casa, para os seus parentes, e conte-lhes tudo o que o Senhor fez por você e como teve compaixão de você” (grifo nosso). “Marcos retrata Deus como agente em 75 ocasiões. A atuação explícita de Deus aparece associada a 35 ocorrências de verbos” (Paul L. Danove, The Rhetoric of Characterization of God, Jesus, and Jesus’ Disciples in the Gospel of Mark [Londres: T & T Clark, 2005], p. 30). Quando Deus, o Pai, é mencionado como o agente de determinada ação, Marcos usa os termos “Deus” ou “Senhor” (em grego, kyrios) para se referir a Ele ou cita um texto do AT. Exemplos desses usos podem ser encontrados em Marcos 5:19; 9:37; 10:6, 9; 11:25; 13:19, 20.
De Cafarnaum a toda a região da Galileia
De acordo com Marcos 2:1, Jesus morou em Cafarnaum (veja também Mt 4:13). Foi lá que Ele estabeleceu Sua sede durante a maior parte de Seu ministério público. Em Mateus 9:1, Cafarnaum é chamada de “a Sua própria cidade”. (Veja também R. H. Mounce, “Capernaum”, International Standard Bible Encyclopedia [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1979-1988], p. 609.)
O dia de Jesus começava bem cedo pela manhã, como lemos em Marcos 1:35: “Tendo-Se levantado de madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus saiu.” Marcos retrata Jesus andando de um lugar para outro na região da Galileia (Mc 1:14, 39). Os lugares que Ele mais frequentava eram definitivamente as áreas ao redor de Cafarnaum, até o mar da Galileia (Mc 1:16), bem como as cidades próximas (Mc 1:38). No entanto, trabalhou em toda a região da Galileia (Mc 1:39), incluindo as áreas relativamente mais distantes e despovoadas fora das cidades (Mc 1:45).
Em Cafarnaum, Jesus visitou a sinagoga (Mc 1:21), além de várias outras sinagogas da região (Mc 1:39), para ensinar e pregar. Da mesma forma, quando visitava Jerusalém, Ele ia diariamente ao templo para ensinar (Mc 14:49). Jesus proclamou o evangelho de Deus (Mc 1:14). Além disso, curou aqueles que enfrentavam sofrimentos físicos e mentais: “Toda a cidade estava reunida à porta da casa. E Ele curou muitos que se achavam doentes de todo tipo de enfermidades. Também expulsou muitos demônios” (Mc 1:33, 34).
Jesus, Homem de oração
Jesus é retratado no evangelho de Marcos realizando uma ação após a outra. Marcos destaca Seu ministério como uma série de eventos que aconteciam imediatamente após um incidente anterior. O advérbio grego euthus (traduzido como “logo, depressa, imediatamente”) é encontrado em 51 versos nos quatro evangelhos, sendo 41 vezes em Marcos (Mc 1:21, 28; 6:45, 50; 14:43, entre outros versos; veja William Arndt, F. W. Gingrich e Frederick W. Danker, eds., A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature [Chicago, MI: University of Chicago Press, 2000], p. 406). Fica claro que o relato de Marcos é o evangelho em ação. No entanto, embora a ênfase esteja em um Jesus bastante ativo, ocupado em Seu ministério, Marcos também ressalta que o ministério de Jesus girava em torno de uma vida de oração.
A oração era um elemento-chave da experiência humana de Jesus e uma grande prioridade em Seu ministério (Mc 1:35). Embora Sua vida cotidiana estivesse cheia de inúmeras atividades, a comunhão com o Pai não era opcional em nenhuma circunstância. No início do evangelho, Marcos destaca a experiência de oração de Jesus. Ele também observa a experiência de oração de Jesus quando enfrentou espíritos demoníacos durante Seu ministério (Mc 9:29) e nos dias finais de Sua obra na Terra (Mc 14:32-38).
Autoridade de Jesus
A primeira referência à autoridade de Jesus é encontrada em Marcos 1:22: “E maravilhavam-se com a Sua doutrina, porque os ensinava como Alguém que tem autoridade e não como os escribas.”
Em seu comentário sobre Marcos, Eugene Boring explica que “para o judaísmo e o cristianismo antigo, Deus era a autoridade final; a questão era como a autoridade de Deus é intermediada. No judaísmo, a autoridade divina é mediada pela Torá, que, portanto, deve ser interpretada pelo debate e a votação de estudiosos qualificados. Para Marcos, a autoridade de Deus é mediada pela palavra de Jesus, que simplesmente a pronuncia” (Mark: A Commentary [Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 2006], p. 63). Esse fato explica a preocupação dos líderes judeus ao interrogarem Jesus. “Os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos vieram ao Seu encontro e Lhe perguntaram: – Com que autoridade Você faz estas coisas? Ou quem Lhe deu esta autoridade para fazer isto?” (Mc 11:27, 28).
Além disso, devemos ter em mente que os escribas eram mestres da letra da lei, mas, ao que parece, nunca foram realmente transformados pela essência dela. Assim, não eram capazes de viver e encarnar a lei, demonstrando na vida a dimensão prática do evangelho (Mc 1:22). Devemos observar a discussão entre Jesus e alguns judeus descrita em João 5. Jesus lhes disse: “Vocês examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim. [...] sei, entretanto, que vocês não têm o amor de Deus em vocês” (Jo 5:39-42). Jesus, o Mestre e o Exemplo por excelência, foi além da conformidade superficial com as meras letras da lei, enfatizando a demonstração viva e real da verdade bíblica.
Marcos 1:27 nos ajuda a compreender melhor a questão que envolve a autoridade de Jesus: “Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: – Que é isto? Uma nova doutrina! Com autoridade Ele ordena aos espíritos imundos, e eles Lhe obedecem!” O autor mostra que o povo relacionava o ensino de Jesus à autoridade, a qual, por sua vez, estava visivelmente associada às ações. Marcos associa e fundamenta a autoridade de Jesus com os milagres que Ele realizava. Em outras palavras, a autoridade de Jesus envolvia exousia, termo grego que significa “conhecimento e poder” (Arndt, Gingrich e Danker, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, p. 353). Para Marcos, a proclamação das boas-novas feita por Jesus inclui milagres.
Jesus e os demônios
Em Marcos, é bastante notável o confronto de Jesus com os demônios. O evangelho relata que as forças demoníacas desafiavam o ministério de Jesus (Mc 1:34, 39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17). Essas forças são descritas como espíritos malignos ou imundos (Mc 1:23, 26; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:25). Marcos descreve como endemoninhadas as pessoas a quem esses demônios afligiam (Mc 1:32; 5:15, 18). Nenhum outro evangelho concentra tantas referências às forças do mal.
É importante observar três aspectos dos encontros de Jesus com as forças do mal:
1. O mal estava presente desde o início do ministério de Jesus (Mc 1:23). De fato, segundo Marcos, o primeiro milagre de Cristo foi expulsar o espírito maligno de um homem na sinagoga de Cafarnaum (Mc 1:25).
2. Ao contrário dos líderes de Israel, os demônios reconheceram a verdade sobre Jesus e Sua identidade. Os demônios diziam que Ele era o “Santo de Deus” (Mc 1:24), o “Filho de Deus” (Mc 3:11) e o “Filho do Deus Altíssimo” (Mc 5:7).
3. Jesus sempre vencia os demônios. Marcos relata que os demônios exclamaram: “Você veio para nos destruir?” (Mc 1:24). Em outra ocasião, os demônios “prostravam-se diante Dele” (Mc 3:11). Jesus expulsou os demônios dos hospedeiros humanos, independentemente de quantos espíritos imundos habitavam a vida do endemoninhado (Mc 5:9; 16:9).
Considere este estudo perspicaz sobre a libertação do endemoninhado na sinagoga: “Jesus tem o poder porque é o Filho de Deus, o Ungido de Deus, possuído pelo Espírito Santo. A palavra de Jesus torna eficaz a soberania de Deus; o espírito impuro opõe-se a essa soberania e desafia Jesus, ao mesmo tempo em que profana o recinto sagrado da sinagoga. [...] Os demônios podem protestar, mas são incapazes de impedir que a soberania de Deus se espalhe rapidamente por meio do poder libertador da Palavra de Jesus” (Ricardo Aguilar, “La Liberación de un Poseído en una Sinagoga (Mc 1,21b-28)”, em Reflexiones Bíblicas Para un Mundo en Crisis, ed. Javier Quezada [Cidade do México: Mission Nosotros A. C., 2010], p. 190-193).
Jesus, como Aquele que veio para estabelecer o Reino de Deus (Mc 1:15), é supremo acima de todos os espíritos demoníacos. “O Seu domínio é domínio eterno” (Dn 7:14). Seu domínio inclui a supremacia sobre os poderes terrenos e sobre as forças espirituais do mal. No evangelho de Marcos, Satanás é designado como um inimigo derrotado.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Ellen G. White descreveu com precisão o ministério ativo de Jesus Cristo: “A vida do Salvador na Terra não foi de comodidade e dedicação aos próprios interesses; pelo contrário, Ele atuava com persistente e fervoroso esforço pela salvação da humanidade perdida. Da manjedoura até o Calvário, Ele trilhou o caminho da abnegação, enfrentando tarefas árduas, viagens cansativas e exaustivas preocupações” (Caminho a Cristo [CPB, 2020], p. 78). Em seguida, ela acrescentou: “Assim também, os participantes da graça de Cristo estarão prontos para fazer qualquer sacrifício, para que outros por quem Ele morreu possam receber esse dom celestial. Eles farão tudo o que puderem para transformar o mundo num lugar melhor para que nele todos possam viver” (Caminho a Cristo, p. 78).
Muito provavelmente, a maioria dos membros da sua classe estão envolvidos ativamente em um ministério específico na igreja. Peça-lhes que considerem e reflitam sobre as seguintes questões:
- Toda a vida de Jesus foi assinalada pela abnegação, desde a manjedoura até a cruz. Algum de nós já embarcou em um ministério que exigiu bastante sacrifício?
- Como podemos viver o evangelho em nossa vida diária?
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O sábado e a infidelidade
Dominica | Úrsula Leslie
A história missionária desta semana apresenta a Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer, em Roseau, capital da Dominica. A escola, inaugurada em 1976, está sempre entre as 10 melhores da lista das 62 escolas de ensino fundamental da ilha. Mas o edifício da escola está lotado com 160 crianças desde o jardim de infância até o quarto ano. A vários quarteirões dali, 40 alunos do quinto ao sexto anos estudam em uma sala de aula improvisada em outro edifício. Mais pais querem enviar seus filhos para a escola, mas simplesmente não há espaço. Parte da oferta do 13º Sábado deste trimestre ajudará a construir uma nova escola e maior. Esta é a história de dois alunos.
Suzanne se saiu muito bem no jardim de infância na Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer. Seus pais a levaram de volta para a escola para o primeiro ano, segundo ano, e terceiro ano.
Mas quando ela passou para o quarto ano, o pai dela telefonou para a diretora. Ele não estava feliz.
“Eu estou com um problema”, disse ele.
No fim de semana anterior, ele havia pedido a Suzanne, de 9 anos, que lavasse a louça, mas ela se recusou.
“Eu não vou lavar a louça hoje porque é sábado”, disse ela.
O pai foi pego de surpresa e repetiu seu pedido com clareza.
Mas Suzanne se recusou novamente.
“Eu posso lavar a louça depois do pôr do sol”, disse ela.
Ela explicou que na escola havia aprendido sobre o quarto mandamento, que diz: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha” (Êxodo 20:8-10, ARC). Ela se via como a filha mencionada na lei de Deus. Ela considerava a tarefa de lavar a louça como um trabalho, e queria guardar o sábado abstendo-se de trabalhar.
O pai não ficou satisfeito e ligou para a diretora na segunda-feira de manhã para reclamar.
“Eu não quero duas religiões em minha casa”, ele falou para a diretora. “Eu não a mandei para uma escola adventista do sétimo dia para torná-la uma adventista”.
Com isso, ele a transferiu para outra escola.
Jack também entrou na Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer no jardim de infância. Mas ele chegou no meio do ano letivo. A professora estava ensinando os Dez Mandamentos para as crianças quando Jack apareceu, e sua atenção foi atraída pelo sétimo mandamento que diz: “Não adulterarás” (Êxodo 20:14).
“Algumas pessoas vivem juntas na mesma casa, mas não são casadas”, a professora disse. “Não é assim que deve ser, porque Deus diz que os dois devem se casar, tornar-se uma só carne e viver juntos. Eles não devem viver juntos enquanto são namorados. Eles devem ser casados”.
Jack foi para casa e disse: “Mamãe, você é casada com o papai?”
“Não”, disse a mãe.
“Mamãe, você está vivendo em pecado”, disse Jack. “A professora diz que você não deve viver em pecado. Você deveria se casar”.
A mãe ficou em choque. Ela não sabia o que dizer. Ela começou a pensar sobre as decisões que havia tomado em sua vida. Então teve uma ideia. “Jack”, disse ela, “quando o papai chegar em casa, diga a ele a mesma coisa que você me disse”.
Quando o pai chegou em casa, Jack perguntou: “Papai, você é casado com a mamãe?”
O pai ficou surpreso e disse: “Não, por que você pergunta?”
“Na aula de hoje, a professora disse que um homem não deve viver com uma mulher sem estar casado”, disse Jack. “Papai, você está vivendo em pecado. Você deveria estar casado”.
O pai decidiu ter uma conversa sincera com a mãe. Pouco tempo depois, os dois se casaram.
Mais tarde, a mãe contou a história para a diretora da escola. Ela disse que as palavras de Jack haviam levado o casal a se casar.
A diretora, Úrsula Leslie, disse que a escola tem uma missão de compartilhar a Bíblia com todas as crianças. O que acontece depois é obra do Espírito Santo.
“Os pais, às vezes, se opõem à decisão dos alunos de seguir a Cristo até o fim”, disse ela. “Esse é um dos desafios que nós temos. Alguns alunos querem ser batizados, mas os pais querem apenas que eles aprendam bons valores e nada mais”.
Mas também há histórias emocionantes sobre pais que aceitam as verdades bíblicas que seus filhos levam para casa. Somente na eternidade serão revelados os resultados dessas sementes plantadas no coração das crianças e de seus pais.
Ore pela Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer, para que as sementes plantadas no coração das crianças e dos pais deem frutos. Obrigado por suas ofertas generosas.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
• Mostre Dominica no mapa. Em seguida, mostre a capital da Dominica, Roseau, onde uma porcentagem
das ofertas deste trimestre ajudará a construir o prédio de uma escola primária.
• Assista a um curto vídeo no YouTube sobre a diretora Ursula Leslie: bit.ly/Ursula-IAD.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024
Tema geral: O Evangelho de Marcos
Lição 2 – 6 a 13 de julho
“Um dia no ministério de Jesus”
Autor: Natal Gardino
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Cada um dos quatro evangelistas escolheu o evento que mais serviu aos seus propósitos para relatar o início do ministério de Jesus. Marcos escolheu começar com um sábado cheio de atividades incríveis. Esse não foi o primeiro sábado do ministério de Jesus, pois Lucas menciona os eventos de um sábado anterior (Lc 4:16-30). Mas as lições do longo dia escolhido por Marcos são maravilhosas! Vamos a elas.
Um culto sabático poderoso
A essa altura Jesus tinha quatro dos discípulos que se tornariam apóstolos. Ele os chamou para o discipulado, eles abandonaram tudo e O seguiram (Mc 1:16-20). No sábado foram ao culto em uma sinagoga na qual Jesus seria o pregador. As pessoas ficaram encantadas com o sermão de Jesus, pois, diferentemente dos pregadores de então, que ensinavam as Escrituras com base nos escritos de famosos rabinos, Jesus ensinava as Escrituras sem lhes dar interpretações rabínicas. Isso era novidade (Mc 1:22). Jesus ensinava mostrando que Ele mesmo era a autoridade, dando às Escrituras o poder de se autoexplicarem. Certamente foi um culto poderoso, em que a Palavra de Deus foi aberta e explanada com profundidade!
Então algo muito estranho aconteceu em pleno culto e interrompeu o sermão de Jesus: um homem possesso por um demônio começou a gritar: “Você veio nos destruir?” (Mc 1:24). Embora o demônio falasse usando a forma plural, era apenas um, como fica bem claro nos versos 25 e 26. Ele falava no plural representando a categoria de anjos caídos. Ele sabia que um dia os demônios serão destruídos e, ao reconhecer Jesus, talvez tenha pensado que aquela já seria a hora (Mt 25:41).
Nos tempos de Jesus ninguém tinha poder para expulsar demônios. Os chamados “exorcistas ambulantes” (At 19:13) faziam várias rezas e aplicavam produtos supostamente milagrosos, com base em superstições que não adiantavam nada. Então Jesus fez algo que jamais haviam visto antes: ordenou ao demônio que saísse, e ele irresistivelmente obedeceu. Isso deixou a todos impressionados.
Nesse período da história do mundo, os demônios dominavam muito facilmente as pessoas. Mas Jesus veio exatamente “na plenitude do tempo” (Gl 4:4) para interromper esse poder com a Sua autoridade, a qual está disponível ainda hoje aos Seus servos (Lc 10:19).
Um deleitoso sábado à tarde
Assim como os guardadores do sábado também fazem hoje, após o culto Jesus e os discípulos foram para casa almoçar. Jesus foi para a casa de Pedro e curou a sogra dele. O texto diz que ela, ao ser curada, começou a servir aos convidados de sua casa. Ela não poderia ficar parada após ter sido curada por Jesus!
O sábado de Jesus era muito bem ocupado fazendo o bem. E quem era curado por ele fazia o mesmo! Os que são curados por Jesus não passam o sábado à tarde em ociosidade, à toa, vendo vídeos e memes no celular. Eles santificam o sábado meditando na Palavra de Deus e servindo às pessoas.
Os judeus pensavam que o sábado deveria ser passado em inatividade. Por isso, o texto diz que apenas “após o pôr do sol” (Mc 1:32) surgiram pessoas de toda a cidade trazendo alguém doente para Jesus curar (1:33).
Há um detalhe importante aqui: Marcos escreveu seu evangelho para um público que não conhecia a cultura judaica. Isso é evidente, pois ele explica as festas judaicas (Mc 14:12), os costumes dos fariseus (Mc 7:3-4), os valores das moedas palestinas (Mc 12:42) e traduz as expressões que foram ditas em aramaico (Mc 5:41; 7:34; 15:34). Não faria sentido ele explicar essas coisas para os judeus.
É muito provável que seu público primário tenha sido romano, pois ele usa alguns termos em latim, ainda que as mesmas palavras existissem em grego (Mc 6:27; 15:39). Porém, apesar das várias explicações, ele não explica por que os judeus levam os doentes apenas após o pôr do sol (Mc 1:32). Isso é uma indicação muito clara de que seus leitores, apesar de não conhecerem a cultura judaica, já guardavam o sábado e conheciam seus limites.
O poder da oração
Aquele dia foi longo para Jesus. Após o pôr do sol, é possível que Ele tenha ido dormir tarde da noite, após haver curado todas as pessoas que Lhe haviam trazido. Se foi, então Ele dormiu bem pouco, pois Se levantou de madrugada para ir a um lugar retirado a fim de orar (Mc 1:35). Esse era o segredo do poder de Jesus: a oração. Mesmo sendo Deus, havendo assumido a natureza humana Ele dependia da comunhão com o Pai para exercer eficazmente Seu ministério.
Para que pudesse ser nosso Substituto perfeito, “o Filho de Deus era submisso à vontade de Seu Pai e dependente de Seu poder. Jesus era tão plenamente vazio do próprio eu que não elaborava planos para Si. Aceitava os planos que Deus fazia a Seu respeito, e o Pai os revelava dia a dia. Da mesma forma, devemos confiar em Deus para que nossa vida seja um simples desdobramento de Sua vontade” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 157, 158).
O segredo messiânico
Marcos destaca frequentemente o que os estudiosos chamam de “o segredo messiânico”, uma característica de Jesus pela qual Ele não permitia que as pessoas (e nem os demônios) divulgassem que Ele era o Messias. Há pelo menos dois motivos para justificar essa atitude: um deles é que o nome “Messias” soava como uma conspiração contra o governo de Roma. Vários homens proclamando ser o Messias já haviam antes reunido pessoas para lutar contra o domínio romano, e foram massacrados. Jesus não deveria atrair a perseguição desnecessariamente e antes da hora. Outro motivo é que esse título atrairia muitas pessoas ao redor de Jesus, não para ouvir Suas palavras e aprender, mas com interesses e expectativas errados. Além disso, quando alguém proclamava que Jesus era o Messias, o Seu trabalho de pregação naquela cidade era interrompido, pois Ele não mais conseguia pregar. Foi isso o que aconteceu quando o leproso curado não guardou o segredo que Jesus lhe pediu. Ao contrário disso, “tendo ele saído, começou a proclamar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de Jesus não poder mais entrar publicamente em nenhuma cidade. Por isso, permanecia fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham ao encontro Dele” (Mc 1:45).
Conclusão
Esse realmente foi um grande dia escolhido por Marcos para iniciar sua narrativa sobre o ministério de Jesus! Jesus ainda está disposto e passar sábados maravilhosos conosco, tanto no culto quanto após o almoço. E que não só os nossos sábados, mas também os outros dias da semana sejam abençoados por separarmos tempo para comunhão com Deus e assim podermos agir em Seu nome e com Seu poder.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Andrews University. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022 é professor de Novo Testamento no Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.