Lição 9
23 a 29 de agosto
Vivendo a lei | 3º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: NM 12
Verso para memorizar: “Então o Senhor disse a Moisés: – Assim você dirá aos filhos de Israel: ‘Vocês viram que dos céus Eu lhes falei. Não façam deuses de prata ao lado de Mim, nem façam para vocês deuses de ouro’” (Êx 20:22, 23).
Leituras da semana: Êx 21:1-32; 22:16-31; 23; 2Rs 19:35; Mt 5:38-48; Rm 12:19; Mt 16:27

Deus desejava que Seu povo fosse diferente das nações vizinhas. Queria que fosse estabelecido como uma consagrada comunidade de fé sob Sua liderança e autoridade. Todos estariam sujeitos à Sua lei. Os juízes seriam nomeados como administradores da lei, e os sacerdotes deviam ensiná-la. Os pais também teriam papel essencial.

Em qualquer cultura, as leis revelam os ideais, objetivos e caráter do legislador. Por exemplo, quando o Faraó ordenou que os meninos hebreus recém-nascidos fossem mortos, essa lei revelou que ele era maligno. Por outro lado, se um governante decretasse que os jovens de 18 anos deviam receber educação superior gratuita, muitos considerariam isso evidência de sua generosidade e de seu desejo de que o povo prosperasse.

A lei de Deus revela quem Ele é, ou seja, Sua bondade, amor, valores, retidão e Suas restrições contra o mal. Assim como a lei é santa e justa, Deus também o é. Ao criar condições para uma vida mais plena, a lei também ajuda a nos proteger de perigos e infortúnios. O respeito a Deus, ao próximo e aos valores da vida eram a base de Seu sistema legislativo.

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Domingo, 24 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 13
O Código da Aliança

No Sinai, com a entrega da lei, Deus estabeleceu a base para ensinar Seu povo que, por meio da conexão com Ele, poderia ter uma vida santa. Mas como os princípios da lei precisavam ser aplicados na vida cotidiana, Deus deu leis adicionais, chamadas de “Código da Aliança”. Era responsabilidade dos juízes zelar por essas leis e aplicá-las corretamente.

“Com a mente cegada e pervertida pela escravidão e pelo paganismo, os israelitas não estavam preparados para valorizar completamente os princípios de grande alcance dos dez preceitos de Deus. Para que os deveres expressos no Decálogo pudessem ser mais plenamente entendidos e executados, foram dados preceitos adicionais, que ilustravam e aplicavam os princípios dos Dez Mandamentos. Essas leis foram chamadas de ‘juízos’, tanto porque eram organizadas com sabedoria e equidade infinita quanto pelo fato de que os magistrados deveriam julgar de acordo com elas. Diferentemente dos Dez Mandamentos, foram transmitidas particularmente a Moisés, que as deveria comunicar ao povo” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 260, 261).

1. Leia Êxodo 21:1-32. Quais regulamentos específicos foram dados a respeito de escravos hebreus, homicídio e lesões corporais?

O Código da Aliança ocupa vários capítulos (Êx 21; 22; 23:1-19). Todos esses regulamentos e leis tinham o objetivo de conter o crescimento do mal e construir uma sociedade organizada.

As leis que regulamentavam a escravidão eram peculiares e não devem ser confundidas com a prática cruel e perversa da escravidão moderna ou medieval. Os “escravos” hebreus eram protegidos e valorizados. Nas sociedades modernas e medievais, servos e escravos eram propriedade de seu dono, que podia fazer o que quisesse com eles. As leis bíblicas, porém, regulamentavam as coisas de modo distinto. A servidão era limitada a seis anos (Êx 21:1, 2; Jr 34:8-22); no sétimo ano, todos os escravos tinham que ser libertados, a menos que quisessem ficar com seu senhor. Os senhores também tinham que dar-lhes o descanso no sábado (Êx 20:9, 10) e prover suas necessidades essenciais.

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Embora na maior parte do mundo a escravidão tenha sido abolida, de que modo alguns de seus resquícios persistem? Como podemos combatê-los?
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Segunda-feira, 25 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 14
Mais leis

Em Sua misericórdia, Deus ensinou os juízes a lidar com as pessoas em situações relacionadas aos direitos de propriedade. A Bíblia apresenta estudos de caso, indicando, por exemplo, o que fazer se um boi atacasse o boi de um vizinho, se as pessoas roubassem um animal doméstico e o vendessem, se os animais pastassem no campo ou no vinhedo de outra pessoa, se um item que alguém tomasse emprestado fosse roubado, ou se um animal alugado fosse ferido ou morresse (Êx 21:33-36; 22:1-15).

2. Leia Êxodo 22:16-31; 23:1-9. Quais questões foram tratadas nessas leis e de que maneiras?

As leis de Deus incluíam diferentes questões. Havia regulamentações contra rebaixar ou humilhar as pessoas. Deus não queria que houvesse exploração. Em Sua misericórdia, Ele procurou corrigir as tendências pecaminosas do coração humano e restringir as inclinações naturais das pessoas. Com isso, a sociedade seria mais segura, o mal eliminado e bons relacionamentos interpessoais cultivados. Justiça e amor devem governar as ações.

3. Leia Êxodo 23:10-19. Qual era o propósito do sábado e das festas?

O sábado e as festas eram momentos de adoração, trazendo à memória eventos cruciais da história da salvação. A adoração era regulamentada de modo minucioso, porque era a base teológica para as outras atividades. O sábado foi estabelecido na criação (Gn 2:2, 3; Êx 20:8-11), estava conectado à libertação de Israel (Dt 5:12-15) e, de forma poderosa, aponta para a adoração a Deus como Criador, Redentor e Senhor (Mc 2:27, 28). 

Entretanto, havia três festas importantes que Israel deveria celebrar a cada ano: (1) a Páscoa, ou Festa dos Pães Sem Fermento, que ocorria na primavera do hemisfério norte (entre março e abril); (2) o Pentecostes, ou Festa da Colheita (ou das Semanas), sete semanas após a festa anterior, começando assim 50 dias depois; e (3) a Festa dos Tabernáculos (ou das Cabanas, ou Festa da Colheita), no outono, entre setembro e outubro (Êx 34:18-26; Lv 23:4-44; Nm 28:16-31; 29:1-40; Dt 16:1-16).

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Terça-feira, 26 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 15
O plano original de Deus

4. Quais métodos Deus desejava usar para conquistar a terra prometida? Êx 23:20-33

Não era intenção de Deus que os israelitas lutassem por seu novo território. Canaã havia sido prometida a Abraão, Isaque e Jacó e deveria ter sido recebida como uma dádiva especial de Deus para Israel.

O modelo para a conquista da terra prometida foi apresentado durante a travessia do Mar Vermelho. Deus lutou por Seu povo e deu a ele vitória completa sobre os exércitos que planejavam destruí-lo (Êx 14:13, 14). Os egípcios foram derrotados porque o Senhor interveio milagrosamente. Da mesma forma, na época do rei assírio Senaqueribe, Deus derrotou o exército assírio, mesmo sendo vasto, fortemente equipado e bem treinado, mas sem que os israelitas tivessem que lutar. Deus concedeu a vitória porque o rei Ezequias confiou na mensagem divina dada por meio do profeta Isaías (2Rs 19:35; Is 37:36).

Deus informou Abraão que a terra prometida não seria imediatamente dada aos seus descendentes, mas somente após 400 anos (Gn 15:13-16). Por quê? O motivo estava relacionado à maldade dos habitantes da terra de Canaã. Deus estava misericordiosamente trabalhando com aqueles povos, dando-lhes um longo período de graça para se arrependerem. No entanto, eles continuaram na rebelião contra Deus e Seus valores. Por isso, quando a iniquidade daquelas nações estava completa, Deus estava pronto para dar o território aos hebreus como uma nova pátria.

Além disso, o Senhor prometeu que expulsaria as nações à frente de Israel por dois métodos incomuns, mas bastante eficazes: (1) enviando “terror” sobre as nações ímpias e (2) com “vespas” que as expulsariam. Antes que os israelitas chegassem ao novo território, seus inimigos simplesmente abandonariam o lugar e fugiriam (Êx 23:27, 28).

O papel crucial na conquista da terra prometida seria desempenhado pelo “Anjo” de Deus. Esse Mensageiro era Cristo, que guiou Israel, conquistou territórios e os protegeu. Ele estava na coluna de nuvem que os guiava de dia e na coluna de fogo à noite. Israel tinha que prestar atenção e ouvi-Lo porque Ele tinha autoridade divina (Êx 23:20-23). O desafio à vontade de Deus e a descrença em Sua liderança dificultariam o avanço dos israelitas.

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O Senhor deu aos povos pagãos séculos para se arrependerem. O que isso ensina sobre a graça de Deus e os limites da graça para os que se recusam a aceitá-la?
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Quarta-feira, 27 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 16
Olho por olho

5. Leia Mateus 5:38-48. Como Jesus interpretou o significado da lei do “olho por olho, dente por dente”? Como devemos aplicá-la hoje?

No Sermão do Monte, Jesus Cristo citou textos do AT com os quais Seus ouvintes certamente estavam familiarizados. No entanto, Ele falou contra as interpretações rabínicas comuns, que ao longo dos séculos haviam se afastado do propósito original dessas leis. Ou seja, a tradição humana não apenas escondeu o propósito da Palavra de Deus, mas, em vários casos, distorceu seu significado e intenção (pense, por exemplo, nas leis que os fariseus criaram a respeito do sábado). Jesus estava restaurando essas leis ao seu propósito original.

No Sermão do Monte, ao dirigir Seus ouvintes de volta à intenção e significado originais dos textos bíblicos, Jesus estava buscando corrigir algumas dessas interpretações equivocadas.

Ele disse: “Vocês ouviram o que foi dito [...]. Eu, porém, lhes digo” (Mt 5:38). O texto de Êxodo 21:24, que menciona “olho por olho, dente por dente”, é conhecido como lex talionis, ou lei de talião. Essa frase também ocorre em outras partes da Bíblia (Lv 24:20; Dt 19:21).

A intenção original dessa lei era impedir que as pessoas fizessem “justiça com as próprias mãos” e, assim, evitar toda forma de vingança pessoal. Ela deveria acabar com as rixas de sangue ou retaliação sem que houvesse um julgamento prévio. Os danos tinham que ser avaliados pelos juízes e, então, a compensação monetária adequada seria estabelecida e paga. A justiça deveria ser feita, mas de acordo com a lei de Deus. 

Jesus Cristo, que deu essas leis sociais a Moisés, sabia o propósito dessa lei; portanto, Ele poderia aplicá-la de forma objetiva, de acordo com sua intenção original. O motivo por trás dela era trazer justiça e reconciliação restaurando a paz.

Alguém poderia argumentar que, em certo sentido, a justiça envolvia algum tipo de vingança. No entanto, a aplicação correta dessas leis era uma tentativa de encontrar o equilíbrio adequado entre justiça e vingança.

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Saber que um dia a justiça será feita nos ajuda a lidar com a injustiça do mundo?
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Quinta-feira, 28 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 17
Vingança

6. “Meus amados, não façam justiça com as próprias mãos, mas deem lugar à ira de Deus, pois está escrito: ‘A Mim pertence a vingança; Eu é que retribuirei, diz o Senhor’” (Rm 12:19, citando Dt 32:35). Que promessa e mandamento são encontrados nesses versículos? Como eles estão intimamente relacionados?

Até que o Senhor trouxesse a justiça eterna, era dever dos juízes do antigo Israel implementar a lei e determinar punições justas quando ocorresse dano ou lesão. Mas primeiro eles precisavam dos fatos. O problema era que os mestres da lei da época de Cristo aplicavam essa lei de uma forma que abria a porta para a vingança pessoal. Ao fazer isso, o princípio foi tirado de seu contexto, e o propósito original foi distorcido. Consequentemente, eles acabavam defendendo exatamente o que a lei proibia!

7. Leia Mateus 6:4, 6; 16:27; Lucas 6:23; 2 Timóteo 4:8. O que esses textos nos dizem sobre como Jesus via os princípios de recompensa e punição?

Jesus não era contra o princípio de recompensa e punição. Justiça é uma questão de princípio; é parte essencial da vida. No entanto, ninguém deve assumir, por si mesmo, o papel de juiz, júri e “carrasco”. Quão fácil seria distorcer a justiça! Não cabe a nós retribuir o dano. Se precisamos lidar com o mal, isso deve ser realizado por um tribunal constituído - é o trabalho dos juízes.

Nesse contexto, Jesus disse que devemos ser perfeitos “como é perfeito o Pai [...] que está no Céu” (Mt 5:48). Como podemos ser perfeitos como o próprio Deus? O amor altruísta é a característica essencial de Deus. Ele ensina Seus filhos a amar seus inimigos e a orar por aqueles que os perseguem. A verdadeira perfeição é amar, perdoar e ser misericordioso (Lc 6:36), mesmo em relação àqueles que não merecem. Esse princípio, e as ações as quais ele conduz, é o que significa refletir o caráter de Deus.

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Como podemos aprender a amar da maneira que nos é ordenado? Por que isso sempre envolve morrer para si mesmo?
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Sexta-feira, 29 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: NM 18
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 261-265 (“A lei de Deus”).

Vivemos no território do inimigo, e não é de admirar que podemos ser atingidos por suas armadilhas. Quem não conhece o sofrimento causado pelo pecado? Infelizmente, essa é uma parte inevitável da vida. No entanto, Deus nos dá poder para lidar com essa realidade. 

“O precioso Salvador enviará auxílio exatamente quando necessitarmos dele. O caminho para o Céu é consagrado por Suas pegadas. Cada espinho que fere nossos pés feriu também os Dele. A cruz que somos chamados a carregar, Ele a levou antes de nós. O Senhor permite que venham conflitos a fim de prepararem nosso coração para a paz. O tempo de angústia será uma prova terrível para o povo de Deus; mas será também a oportunidade de todo verdadeiro crente olhar para cima e ver pela fé o arco da promessa ao seu redor” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 525).

Perguntas para consideração

1. Muitas pessoas têm se debatido com o fato de que o Senhor expulsou nações pagãs de suas terras e, às vezes, até mesmo as exterminou. É inquietante. No entanto, como a percepção de que o amor de Deus também deve executar a justiça nos ajuda a confiar que esses acontecimentos revelaram não apenas a justiça de Deus, mas também Seu amor?

2. Logo depois das palavras de Jesus sobre amar os outros, inclusive os inimigos e aqueles que nos odeiam, Ele disse: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no Céu” (Mt 5:48). Por que Jesus apresentaria essa ordem após aquelas instruções? O que significa não apenas ser “perfeito”, mas ser perfeito “como” o Pai que está no Céu?

3. Paulo tinha uma atitude positiva e edificante em relação à lei de Deus e suas funções, mas era contra o uso indevido da lei. O que significa a declaração de que não estamos “debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6:14)? De que modo podemos usar mal a lei de Deus?

4. Qual é a diferença entre justiça e vingança? Esses dois conceitos são contrários ou apenas manifestações da mesma ideia? Como podemos saber se nosso desejo por justiça não é, na verdade, desejo por vingança?

Respostas às perguntas da semana: 1. Deus deu regulamentos que promoviam o bem-estar, reduzindo a violência. 2. As leis divinas tratavam de justiça, misericórdia e bons relacionamentos. 3. Eram momentos de adoração a Deus como Criador e Redentor. 4. Quem lutaria não seriam os israelitas, mas Deus. Os cananeus fugiriam diante de Seu poder. 5. jesus ensinou que não devemos fazer justiça com as próprias mãos. 6. Deus promete fazer justiça e nos proíbe de buscar vingança pessoal. 7. Deus trará recompensa e punição justas, conforme nossas obras.

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Resumo da Lição 9
Vivendo a lei | 3º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Êx 20:22-24
FOCO DO ESTUDO: Êx 20:21-26; 21; 22; 23:1-33

ESBOÇO

Introdução: Além da lei moral, também conhecida como Decálogo, ou as Dez Promessas de Deus, que são tradicionalmente chamadas de Dez Mandamentos, o Senhor também deu a Moisés os mishpatim (literalmente, juízos), também traduzidos como ordenanças, regras, leis ou regulamentos. Essas leis aplicavam na prática os princípios do Decálogo à vida diária dos israelitas. Essa seção de leis, escrita em um pergaminho por Moisés, era chamada de “Livro da Aliança” (Êx 24:7), e esse “Código da Aliança” é ampliado de Êxodo 20:22 a 23:19. A seguir está o sermão de Deus sobre como, e sob quais condições, Ele conduzirá Seu povo à terra prometida (Êx 23:20-33).

Temas da lição: Deus expandiu e explicou as Dez Promessas ou as Dez Palavras ao Seu povo no Código da Aliança. Essa amplificação de mandamentos específicos pode ser detectada diretamente nas seguintes passagens:

1. A primeira promessa sobre o Deus único e vivo está em Êxodo 20:23 e Êxodo 23:13.

2. A segunda promessa sobre a adoração verdadeira e sobre dizer não aos ídolos está em Êxodo 20:23b, Êxodo 22:20 e Êxodo 23:24, 32b, 33.

3. A terceira promessa sobre reverência a Deus e o que Ele representa está em Êxodo 22:28a.

4. A quarta promessa sobre o descanso sabático está em Êxodo 23:10-12.

5. A quinta promessa sobre honrar os pais está em Êxodo 21:15, 17.

6. A sexta promessa sobre respeitar a vida está em Êxodo 21:12-14, 23, 29.

7. A sétima promessa sobre respeitar o casamento está em Êxodo 22:16, 17.

8. A oitava promessa sobre respeitar a propriedade está em Êxodo 22:1-4.

9. A nona promessa sobre respeitar a reputação das pessoas e a verdade está em Êxodo 22:11 e Êxodo 23:1-9.

10. A décima promessa sobre respeitar a si mesmo sendo puro de mente e não cobiçando permeia todo o Código da Aliança.

Essas leis específicas (casuísticas ou apodíticas) refletem o Decálogo no sentido mais amplo, por exemplo, todas as prescrições sobre ferimentos ou danos apontam para a sexta promessa e as regulamentações sobre roubo para a oitava promessa. O objetivo desses “juízos” é ajudar os crentes a ser homens e mulheres íntegros.

COMENTÁRIO

Os capítulos 19 a 24 de Êxodo tratam do estabelecimento (Êx 19:3-8) e renovação, ou confirmação, da aliança de Deus com Seu povo em uma cerimônia solene envolvendo a aspersão de sangue, indicando o selamento dessa aliança (Êx 24:3-8). Essas passagens são como dois suportes de livros, colocados no início e no fim de uma prateleira. No meio, são apresentados os princípios fundamentais do caráter de Deus em relação à humanidade. Esses valores universais e eternos, não tendo limites culturais ou temporais, são expressos nas leis morais, o Decálogo ou as Dez Promessas (Êx 20:1-17), e depois explicados em mais detalhes no Código da Aliança (Êx 20:22-26; 21; 22; 23:1-33). A aplicação e extensão do Decálogo na forma do Código da Aliança, por razões práticas, podem ser estruturadas da seguinte maneira:

O prólogo (Êx 20:22-26; 21:1)

1. Casos envolvendo escravos hebreus (Êx 21:2-11)

2. Casos envolvendo penas de morte (Êx 21:12-17)

3. Casos envolvendo danos pessoais (Êx 21:18-32)

4. Casos envolvendo danos à propriedade, proteção e roubo (Êx 21:33-36; 22:1-15)

5. Casos envolvendo vida em sociedade (Êx 22:16-31)

6. Casos envolvendo justiça e vizinhança (Êx 23:1-9)

7. Leis relacionadas aos períodos sagrados (Êx 23:10-19)

O epílogo (Êx 23:20-33)

Os princípios por trás desses regulamentos do Código da Aliança podem ser aplicados até hoje; no entanto, devemos fazê-lo sem implementar as penalidades ou punições a eles associadas, porque foram dadas e limitadas ao sistema teocrático de Israel. A teocracia terminou, junto com as leis sacrificais, com a morte de Jesus na cruz (Dn 9:25-27; Mt 27:51; Cl 2:14) e com o apedrejamento do diácono Estêvão, em 34 d.C. (At 7:54-60). A morte de Estêvão marcou o fim da profecia das 70 semanas de Daniel 9:24-27, cumprindo a dispensação do tempo dos judeus e marcando o início da proclamação do evangelho para o mundo inteiro, tanto para judeus quanto para gentios (Mt 28:18-20; At 1:8). 

“Onde Eu fizer celebrar a memória do Meu nome” (Êx 20:24)

Logo depois do pronunciamento dos Dez Mandamentos, que define o tom para o que se segue, Deus declarou: “Vocês viram que dos céus Eu lhes falei [referindo-se à recente pronúncia majestosa, oral e pública das Dez Promessas; veja Êx 20:1; Dt 5:24] ... em todo lugar onde Eu fizer celebrar a memória [hebraico zakar, “lembrar”, “vir à memória”] do Meu nome, virei até vocês e os abençoarei” (Êx 20:22-24). Essa ênfase quádrupla no divino “Eu”, em relação ao que Deus fez e fará, é crucial. A forma gramatical “celebrar a memória do Meu nome” (Êx 20:24) tem o Senhor como sujeito apenas nesse versículo. O próprio Senhor quer assegurar ao Seu povo que estará com ele. Deus promete que estará presente com o povo nos lugares em que Ele estabelecer Seu nome e fizer com que o povo seja honrado; ali Ele o abençoará.

Essas localizações incluem também vários lugares temporários, e especialmente posteriormente, o templo em Jerusalém, onde Ele seria genuinamente adorado. A declaração implica que as pessoas devem responder adequadamente ao Senhor e cultivar um relacionamento com Ele. Sua presença e bênção não são automáticas. Ele estará onde Seu nome será lembrado. Isso nos conecta com a revelação que Deus fez do Seu nome a Moisés e, por meio dele, aos israelitas, pelo qual Ele deve “ser lembrado de geração em geração” (Êx 3:15). Assim, no centro teológico das leis do altar de Êxodo 20:24-26, a presença e a bênção de Deus são sublinhadas. Deus já havia demonstrado que Ele estava no meio do Egito, embora Ele não fosse reconhecido como tal pelos egípcios (Êx 8:22). Mas agora Deus proclama que Ele estará no meio de Israel.

O verso central do Livro de Êxodo

De acordo com os comentários marginais Massoréticos ao texto em hebraico, o verso do meio do Livro de Êxodo é 22:27. Esse verso destaca um dos atributos essenciais do Senhor: a graça, que Ele concede livremente e que pode ser definida como um favor imerecido oferecido à humanidade. O contexto fala sobre o cuidado de Deus pelos pobres, e a razão é dada: “Porque Eu sou misericordioso”. Observe que esse é o único atributo do Senhor em toda a Escritura que é enquadrado dentro da fórmula de autoidentificação “Eu Sou”. É o que Ele é: o Senhor é misericordioso. Essa verdade essencial sobre Deus é mencionada quatro vezes em Êxodo: duas vezes como um adjetivo (Êx 22:27; Êx 34:6) e duas vezes na forma verbal (Êx 33:19). O povo de Deus deve ser tão misericordioso quanto Deus é, ajudando de maneira altruísta aqueles que estão necessitados.

A lei da retaliação (Êx 21:23-25)

A chamada lex talionis (a lei da retaliação ou lei de talião) é frequentemente mal compreendida e usada para desacreditar o caráter de Deus e os ensinamentos do Antigo Testamento em uma tentativa de “provar” que o Deus do AT é vingativo. Essa noção está longe da verdade e da compreensão correta do significado e da intenção dessa lei. O propósito era limitar a retaliação ou vingança pessoal, impedindo assim um indivíduo ou família de fazer justiça com as próprias mãos. Era uma lei humana destinada a juízes que lidavam com casos diferentes quando ferimentos ou danos haviam ocorrido. A lei devia garantir a aplicação da compensação apropriada (não exagerada). Por trás dessas regulamentações, estava principalmente a recompensa financeira (veja, por exemplo, Êx 21:19, 22, 30, 32, 34-36) ou ofertas de liberdade da escravidão (Êx 21:26, 27), para que a comunidade israelita fosse protegida e o mal fosse restringido.

A conquista de Canaã

Deus assegurou aos israelitas que assim como Ele tinha lutado por eles na experiência do Mar Vermelho (Êx 14:13, 14, 26-31), Ele o faria novamente quando eles entrassem na terra prometida. Ele mesmo iria à frente deles e derrotaria seus inimigos (Êx 23:20-31). O divino “Eu” ou o sujeito oculto aparece 13 vezes na tradução dessa passagem, em que Deus declara o que Ele faria por Israel, capacitando-o a herdar o novo território: (1) “Eis que Eu envio um Anjo adiante de vocês” (Êx 23:20); (2) “serei inimigo dos que são inimigos de vocês” (Êx 23:22a); (3) “ [Eu serei] adversário dos que são adversários de vocês” (Êx 23:22b); (4) “Eu os destruirei” (Êx 23:23); (5) “Tirarei as enfermidades do meio de vocês” (Êx 23:25); (6) “Darei a vocês uma vida longa” (Êx 23:26); (7) “Enviarei o Meu terror diante de vocês” (Êx 23:27a); (8) “[Eu vou]... confundir todos os povos que vocês encontrarem” (Êx 23:27b); (9) “Farei com que todos os seus inimigos virem as costas e fujam de vocês” (Êx 23:27c); (10) “Enviarei vespas diante de vocês” (Êx 23:28); (11) “Pouco a pouco os expulsarei de diante de vocês” (Êx 23:30); (12) “Porei as suas fronteiras” (Êx 23:31a); e (13) “Entregarei nas suas mãos os moradores da terra” (Êx 23:31b).

Deus também declara o que Seu povo precisa fazer em resposta para que possa experimentar essa bênção divina ao máximo: (1) “Deem atenção” e “ouçam o que ele [o anjo] diz” (esse é o Anjo do Senhor, o Mensageiro pré-encarnado, Jesus Cristo; veja Gn 16:7; Êx 3:2, 4, 7; Êx 14:19); (2) “não se rebelem contra Ele” (Êx 23:21); (3) “Não se curvem diante dos deuses deles, nem os adorem, nem sigam os costumes deles” (Êx 23:24); (4) “destruam totalmente esses ídolos e despedacem as suas colunas” (Êx 23:24); (5) “Não façam nenhuma aliança com eles, nem com os deuses deles” (Êx 23:32); (6) “Eles não habitarão na sua terra, para que não façam com que vocês pequem contra Mim”, porque a sua adoração idólatra seria “uma cilada para [eles]” (Êx 23:33).

Assim, o Senhor os advertiu enfaticamente a não entrar em um relacionamento de aliança com nações vizinhas nem seguir suas práticas idólatras adorando seus deuses. Tais relacionamentos e práticas dissociariam Israel de seu relacionamento com o Deus vivo, seu Criador e Redentor, causando sua ruína.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. O plano original de Deus era que, ao som da trombeta de carneiro, Seu povo “subisse ao monte” (Êx 19:13). O que realmente aconteceu e por que os israelitas deixaram de aceitar esse grande convite que Deus lhes ofereceu? (Discuta com a classe textos como Êx 19:16b; Êx 20:19 e Dt 5:5, 25).

2. De acordo com a história em Êxodo 19, os israelitas sentiram medo quando Deus falou diretamente com eles. Qual é a diferença entre um medo adequado e um medo inadequado (Êx 20:19-21)? O que significa o ensinamento bíblico de que devemos “temer a Deus”? 

3. Por que é fundamental que nossa relação vertical com o Senhor seja refletida na dimensão horizontal do nosso trabalho e no cuidado com as pessoas que necessitam de nossa ajuda e respeito?

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Querendo conhecer Deus

Namíbia | Kazuvakua

Nas profundezas do deserto da Namíbia há um povo que tem o mesmo estilo de vida há centenas de anos. O povo himba é seminômade, deslocando-se com rebanhos de gado e cabras de poço em poço para garantir que tenham água suficiente durante os longos e quentes meses da estação seca. Durante a curta estação chuvosa, as famílias retornam aos seus assentamentos de três ou quatro cabanas, chamadas de aldeias, para cultivar milho para sustentá-las pelo resto do ano. Kazuvakua é uma himba de 24 anos e mãe de três filhos pequenos. Ela está aprendendo sobre Deus por meio de uma iniciativa evangelística que teve início com uma oferta trimestral de 1993. Esta é a história dela.

Kazuvakua ficou intrigada quando um estranho apareceu em sua casa no deserto da Namíbia. Ela nunca o tinha visto antes, e ele a convidou para ir a um lugar onde ela nunca havia estado. Ele a convidou para ir à igreja.

Kazuvakua ficou feliz em receber o convite. No sábado, ela foi ao culto realizado debaixo de uma árvore, localizada a cerca de 15 minutos a pé de sua casa. Mulheres e crianças de outras casas também se reuniram em torno da árvore. Cerca de 15 propriedades estavam agrupadas a uma distância aproximadamente igual da árvore.

A experiência na igreja foi incomum para Kazuvakua. O pastor ensinou canções e pregou. As músicas eram novas e difíceis para Kazuvakua aprender. Ela nunca tinha ouvido falar do Deus sobre o qual eles estavam cantando, mas gostou das músicas. Ela gostou da mensagem das músicas. As músicas falavam sobre um Deus que supria todas as necessidades das pessoas. O sermão era sobre arrependimento. Quando o pastor terminou, Kazuvakua entendeu que precisava se arrepender para ser salva por Deus.

Ela voltava para a árvore todos os sábados que o pastor vinha. Então, o pastor foi transferido para outra região da Namíbia, e um obreiro bíblico começou a ir duas vezes por mês para falar debaixo da árvore. Kazuvakua ia toda vez que ele falava. Quando o obreiro bíblico conduziu uma semana de ênfase espiritual, ela foi à árvore todos os dias para ouvir. Ela também foi todas as noites quando ele liderou duas semanas de reuniões evangelísticas. O obreiro bíblico trouxe um projetor e um gerador e os colocou em uma tenda a uma curta distância da árvore. Enquanto ele falava sobre viver com Deus por toda a eternidade, Kazuvakua gostava de ver imagens coloridas na tela.

Mas Kazuvakua perdeu o batismo de três pessoas que entregaram seus corações a Deus no final das reuniões. O obreiro bíblico providenciou uma caminhonete para levar os três candidatos ao batismo e seus amigos até a cidade mais próxima com um templo da Igreja Adventista. Sem a caminhonete, teria sido uma caminhada de sete horas apenas para ir. Mas Kazuvakua não foi porque tinha que cuidar das vacas de sua família em um campo. Era seu dever. Se ela tivesse deixado as vacas, teria desonrado sua família. 

Mas Kazuvakua quer ser batizada um dia. Ela sente que está pronta. Ela ama a Deus de todo o coração. "Eu amo a Deus como Salvador e Provedor", disse ela. "Ele pode providenciar tudo o que eu pedir." Ela ora antes de dormir e ora quando acorda. Suas orações são curtas. Ela diz simplesmente: "Deus, ajude-me".

Mais do que tudo, ela quer conhecer melhor a Deus. Ao contrário de muitas pessoas himbas, ela aprendeu a ler. No entanto, ela não tem uma Bíblia. Há uma grande escassez de Bíblias em sua língua. "Eu quero uma Bíblia", disse ela. "Quero conhecer melhor a Deus."

Ore pelo trabalho da igreja com o povo himba na Namíbia. Parte de uma oferta trimestral de 1993 deu início a um programa de evangelismo ao povo himba que levou à realização de cultos de adoração no sábado perto da propriedade de Kazuvakua. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 27 de setembro, destinada aos projetos trimestrais, que ajudarão a expandir ainda mais a divulgação do evangelho na Namíbia e em outros países da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostrar a Namíbia no mapa. Aponte a cidade de Opuwo, localizada no norte, onde se encontra o prédio da Igreja Adventista mais próximo da propriedade de Kazuvakua.

• Assista a um curto vídeo do YouTube de Kazuvakua em: bit.ly/Kazuvakua-SID.

• Saiba que Kazuvakua fala e lê a língua otjiherero. Por razões financeiras e outras, há uma grande escassez de Bíblias em otjiherero.

• Saiba que duas ofertas trimestrais anteriores, em 1993 e 2012, foram responsáveis por espalhar o evangelho ao povo himba, que conta com cerca de 50.000 indivíduos. Parte da oferta de 2012 foi usada para distribuir MP3 players contendo a Bíblia para eles. Dois dos projetos deste trimestre também incluem a Namíbia: um projeto para distribuir Bíblias dos Aventureiros para crianças carentes e um projeto para produzir uma série de vídeos curtos sobre o fruto do Espírito.

• Baixe fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2025

Tema geral: “O livro de Êxodo”

Lição 9 – 23 a 29 de agosto

Vivendo a lei

 

Autor: Felipe Alves Masotti

Editor: Fernando Dias de Souza

Revisora: Rosemara Santos

 

Nosso estudo desta semana aborda o chamado “código da aliança”, encontrado em Êxodo 21 a 23. Esta seção amplia o Decálogo, exemplificando a aplicação prática das “Dez Palavras” no cotidiano de Israel. Em sua maior parte, trata de questões relativas à propriedade privada. A função dessas leis era prover um paradigma inicial para a organização da sociedade israelita emergente, além de elaborar noções de justiça, equidade e responsabilidade civil. A preocupação de Deus com aspectos tão fundamentais revela profundo significado teológico.

 

O ambiente e a mensagem

O código da aliança inicia com a menção aos “estatutos” (Êx 21:1). O termo hebraico mishpatim refere-se literalmente a “decisões judiciais”, apontando para leis de natureza casuística, formuladas para exemplificar o procedimento correto em casos semelhantes. Curiosamente, o código começa com dez leis sobre a escravidão, uma característica singular em comparação com outros códigos do Antigo Oriente Médio. Embora, à luz das sensibilidades modernas, Êxodo 21:2 a 11 possa parecer desconfortável, essas leis representavam um avanço humanitário em relação às práticas desumanizadoras das nações vizinhas.

Em Israel, o escravo era frequentemente tratado como “irmão” (Lv 25:39-42; Dt 15:12; Jr 34:9, 14, 17). Ele tinha direito ao descanso sabático e festivo (Êx 20:10; 23:12; Dt 5:14; 16:11, 12, 14). Também podia participar da Páscoa se fosse circuncidado (Êx 12:44, 45). Se fosse maltratado, seu sangue seria vingado (Êx 21:20). Danos físicos graves garantiam-lhe a liberdade (Êx 21:26, 27). Observe a força da legislação bíblica: “Não entreguem ao seu senhor o escravo que, tendo fugido dele, se refugiar entre vocês. Poderá morar com vocês, no lugar que escolher, em alguma das cidades que for do seu agrado; não o oprimam” (Dt 23:15, 16). Essa postura era radicalmente diferente da cultura escravagista dos povos vizinhos.

 

Justiça civil e punições capitais

Êxodo 21:12 a 17 trata de três leis sobre crimes punidos com pena capital. A legislação visava coibir o uso excessivo da força e evitar o aumento de justiça por vingança pessoal. Homicídios não dolosos, por exemplo, recebiam providência especial, como a designação de cidades de refúgio (Êx 21:14).

Interessantemente, os crimes de homicídio e desonra aos pais são colocados lado a lado: ambos puníveis com a morte. Essa associação destaca a santidade da origem da vida e a importância da autoridade familiar na mentalidade bíblica. Do verso 18 em diante, até Êxodo 22, são tratadas diversas questões práticas: responsabilidade civil, propriedade particular, danos causados por animais, restituições e casos diversos. Em todos esses temas, o código de Êxodo inova em relação aos padrões legais contemporâneos, colocando dignidade humana e justiça restaurativa como princípios fundamentais.

 

A misericórdia como estrutura social

Êxodo 23 encerra o código da aliança com uma notável ênfase na misericórdia social, sobretudo em favor dos marginalizados. Os versículos 10 e 11 ordenam que, a cada sete anos, a terra descansasse, para que os pobres tivessem acesso ao que nela crescesse espontaneamente. Esse princípio é ampliado (Lv 25:1-7, 18-22) e associado à remissão de dívidas (Dt 15:1-10). A misericórdia também alcançava os estrangeiros e os servos, que deveriam repousar no sábado (Êx 23:12). O sábado, portanto, aparece como um espaço de inclusão, descanso e dignidade para todos, um testemunho da bondade de Deus em Israel.

 

O calendário religioso e a vida agrícola

Êxodo 23:14 a 19 descreve as três principais festas até então: a Festa dos Pães sem Fermento, a Festa das Primícias e a Festa da Colheita. Todas estão conectadas com o ciclo agrícola, reforçando a temática da provisão divina e gratidão coletiva. A ausência de menção ao Dia da Expiação ou ao Ano-novo (a Festa das Trombetas) deve-se provavelmente ao momento histórico: o povo ainda não havia instituído o santuário nem essas festas, que só seriam regulamentadas em Levítico 23 e Números 28 e 29.

 

O modelo da conquista: a justiça antecede a vitória

Êxodo 23:20-33 apresenta o plano divino para a conquista de Canaã. Há aqui um contraste intencional: as leis anteriores pressupõem um Israel já estabelecido na terra, enquanto esta seção descreve o caminho até lá. Deus promete enviar o Anjo do Senhor adiante, mas exige obediência irrestrita (Êx 23:20, 21). O termo hebraico pesha’ (transgressão dolosa) aparece em Êxodo 23:21 e designa o ato intencional de quebrar a aliança. O verbo marar (“rebelar-se”) reforça a ideia de resistência raivosa e deliberada contra a autoridade divina — o mesmo espírito que o povo havia demonstrado antes do Sinai.

Obediência ao Anjo significaria vitória. Êxodo 23:27 e 28 traz a promessa de terror e vespas como instrumentos de Deus. O “terror” representa o pavor divinamente induzido sobre as nações. Já o termo hebraico tsir‘ah, comumente traduzido como “vespas”, é raro e ambíguo. Pode se referir a doenças, pragas militares, ou mesmo a operações enfraquecedoras anteriores do Egito sobre Canaã, dada sua semelhança fonética com Mitsrayim (Egito). Seja qual for a interpretação, o ponto é claro: o próprio Deus lutaria as batalhas de Israel.

 

O ambiente precede a mensagem

O código da aliança comunica uma verdade teológica essencial: o ambiente vai além da mensagem. Israel, como reino sacerdotal, precisava criar e sustentar um ambiente justo e solidário, no qual a presença de Deus pudesse ser percebida e vivida por todos. A chamada à pureza não se trata de perfeccionismo legalista, mas de uma consciência da santidade divina em contraste com a fragilidade humana. Deus, conhecendo profundamente a natureza caída do povo, oferece um sistema equalizador — a Lei e, em breve, o Santuário — para que a liberdade não fosse destruída pela ganância ou pelo egoísmo. Por isso, os próximos capítulos de Êxodo se voltam à construção do Tabernáculo. O santuário será o meio pelo qual o ambiente de justiça poderá ser mantido, e a presença de Deus poderá continuar habitando entre o povo.

 

Referências:

Richard M. Davidson, A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2022).

Jacques B. Doukhan, Richard M. Davidson, Genesis and Exodus. Seventh-day Adventist International Biblical Commentary, v. 1 (Nampa, ID: Pacific Press, 2025).

Michael G. Hasel, “Êxodo”, em Ángel Manoel Rodríguez (editor-geral), Comentário Bíblico Andrews (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), v. 1.

Nahum M. Sarna, Exodus: The Traditional Hebrew Text with the New Jewish Publication Society Translation (Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 1991).

Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022).

 

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe Alves Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Curitiba. É mestre em Interpretação Bíblica pelo Unasp e doutor em Teologia do Antigo Testamento pela Universidade Andrews. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), But the Wise Shall Understand (Tübingen: Mohr Siebeck, 2025) e Exploring the Composition of the Pentateuch (University Park, PA: Eisenbrauns, 2020). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.