Fora Cristo que, por entre trovões e relâmpagos, proclamara a lei no Monte Sinai. A glória de Deus, qual fogo devorador, havia repousado no cume do monte, e este tremera diante da presença do Senhor. O povo de Israel, prostrado em terra, havia escutado com temor os sagrados preceitos da lei. Que contraste com a cena sobre o monte das bem-aventuranças! Sob um céu de verão, sem som algum a quebrar o silêncio, a não ser o cântico dos pássaros, Jesus revelou os princípios de Seu reino. No entanto, Aquele que falava ao povo naquele dia, em tom amoroso, estava lhes desvendando os princípios da lei proclamada no Sinai. […]
A lei dada no Sinai era a enunciação do princípio do amor, a revelação apresentada à Terra da própria lei do Céu. Foi ordenada pela mão de um Mediador, proferida por Aquele que tem o poder de colocar o coração das pessoas em harmonia com os princípios divinos. Deus havia revelado o desígnio da lei, quando declarou a Israel: “Ser-Me-eis homens consagrados” (Êx 22:31).
Entretanto, Israel não percebeu a natureza espiritual da lei e, com demasiada frequência, sua professada obediência não passava de uma observância de formas e cerimônias, em vez de ser uma entrega do coração à soberania do amor. Quando Jesus, em Seu caráter e Sua obra, apresentava às pessoas os santos, generosos e paternais atributos de Deus e lhes mostrava a inutilidade de meras formas cerimoniais de obediência, os guias judaicos não recebiam nem compreendiam Suas palavras. Achavam que Ele Se demorava muito ligeiramente nos reclamos da lei; e, quando lhes expunha as próprias verdades que constituíam a alma do serviço que lhes era divinamente indicado, eles, olhando apenas o exterior, acusavam Jesus de tentar derrubá-la.
As palavras de Cristo, embora proferidas com serenidade, eram ditas com uma sinceridade e poder que moviam o coração do povo. Em vão, apuravam o ouvido à espera de uma repetição das mortas tradições e exigências dos rabis. Eles se admiravam “porque Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7:29). Os fariseus notavam a vasta diferença entre sua maneira de instruir e a de Cristo. Viam que a majestade, a pureza e beleza da verdade, com sua profunda e branda influência, estavam tomando posse de muitos (O Maior Discurso de Cristo, p. 45-47).