O poeta Edmund Cooke escreveu: “Sabemos que não vamos viver eternamente, mas sempre temos a expectativa da vida.” De fato, a conexão com a vida é tão forte que ninguém pensa na própria inexistência. Mesmo que alguns conjecturem sobre sua morte, na realidade, não se veem como mortos, mas, sim, como vivos, em uma plateia qualquer, observando seu próprio funeral.
O devocional de hoje copia um título de Ernest Becker, que ganhou o Prêmio Pulitzer de 1974. O mais surpreendente desse livro é que, embora tenha sido escrito por um agnóstico não favorável ao cristianismo, ele se tornou uma das melhores sínteses da angústia humana diante da certeza da morte.
Partindo das ciências sociais, as conclusões do autor são interessantes, especialmente por virem de alguém que não possuía fé em Deus. Ele inicia questionando por que ansiamos por figuras imortais e autoridades celestiais. Sua conclusão é que nascemos com a necessidade de acreditar que sobreviveremos à morte e que somos especiais para o Universo.
Entretanto, alguns racionalistas tentaram persuadir as pessoas de que Deus não existe, que não há paraíso, redenção ou juízo. Por não suportar a realidade que trocava a fé pelo racionalismo, a sociedade começou a conceber meios pelos quais pudesse lidar com a ausência de Deus. Assim, criaram o “romance apocalíptico”, um mecanismo de defesa elaborado e simbólico contra o reconhecimento de nossa mortalidade.
Alguns dizem: “Já que estamos aqui por acidente e vamos morrer mesmo, o jeito é voltar-se para o sexo e o romance, a fim de buscar alguma experiência mística.” Isso explica a ênfase aos prazeres e ao hedonismo. Para outros, é preferível ficar dopado para suportar a realidade. Afinal, como disse o astrofísico agnóstico Neil Tyson, “o Universo é frio, caótico e não está nem aí para você”.
Realmente, a sociedade continua buscando novas “ilusões” que lhe permitam conviver com a certeza de que a serpente mentiu. Becker reconheceu a importância da fé nesse cenário, não por ser verdadeira, mas por ser necessária. Ele chegou perto, mas errou o alvo. Nossa fé não é uma anestesia contra a realidade; é a certeza de que a morte será vencida, não com a negação dela, mas com a redenção trazida por Jesus.