Assim como a rainha Ester, minha mãe era uma mulher de coragem que confiava em Deus. Após anos de abuso físico e verbal do meu pai, depois que ele chegava em casa bêbado, ela soube que era hora de acabar com o terror das ameaças à sua vida. Precisava pensar em como cuidaria de suas três filhas de dez, sete e cinco anos. Ela era dona de casa e não tinha qualificações para trabalhar fora. Mas o Senhor lhe deu um emprego em uma fábrica e um consultório médico para faxinar. Deus também lhe deu um apartamento seguro onde minha tia e minha avó moravam.
Ela nos ensinou os deveres práticos da vida: cozinhar, limpar e costurar. Ela nos dava tarefas para fazer depois da escola e à noite. Uma mulher de grande amor, ela sacrificou suas próprias necessidades e desejos, enviando-nos para estudar no colégio e faculdade adventistas. Nós, as filhas, trabalhávamos nos verões e durante o ano letivo para ajudar o máximo que podíamos. Minha mãe usou seu mesmo casaco de inverno e outras roupas por muitos anos antes de poder comprar roupas novas. Ela nunca reclamou.
Uma mulher de oração, mamãe liderava nossos cultos matinais e vespertinos em que estudávamos a Bíblia e decorávamos versos bíblicos. Na igreja, muitas vezes ela ajudava nas classes infantis. Não tirava nenhum cochilo no sábado à tarde e se juntava à minha tia e à minha prima para brincar com jogos bíblicos. As refeições poderiam ter sido escassas em outros dias, mas nossos almoços de sábado sempre eram especiais.
Minhas irmãs e eu nos tornamos bem-sucedidas em nossos respectivos campos de atuação. A mais nova é membro de uma equipe de estudo infantil, e às vezes trabalha com crianças com deficiência. A irmã do meio trabalha como enfermeira. Trabalhei para o sistema educacional adventista como professora e diretora de escola por trinta e cinco anos. Fiz o melhor que pude para seguir o exemplo de minha mãe enquanto meu esposo e eu criávamos nossos filhos. Eles também se tornaram bem-sucedidos em suas carreiras e são membros ativos em suas igrejas.
Tudo isso aconteceu por causa da coragem de uma jovem mãe anos atrás. Apesar de ser mãe de três filhas, ela teve a coragem de confiar em Deus e sair pela fé de uma vida doméstica abusiva a fim de poder criar suas filhas para conhecer e amar ao Senhor. Mal posso esperar pela breve volta de Jesus, quando nos reencontraremos com nossa mãe e passaremos a eternidade juntas.
{ Patrícia Mulraney Kovalsk }