Em 9 de julho de 2011, o Sudão do Sul se tornou o mais novo país a conquistar sua independência da República do Sudão, encerrando assim “a guerra civil mais longa da África”. O país é oficialmente a República do Sudão do Sul e tem como capital a cidade de Juba. Durante mais de 20 anos de guerra civil, milhares de pessoas morreram e milhões foram deslocadas.
Em janeiro de 2015, meu marido, Harville, e eu aceitamos um chamado para servir como missionários no Sudão do Sul. Fomos informados de que ainda existiam algumas insurgências que poderiam causar distúrbios. Mas a nossa fé era forte o suficiente para crer que o mesmo Deus que havia nos chamado para servi-Lo nos protegeria do perigo.
O complexo missionário da nossa igreja é uma grande área fechada de vários hectares, localizada em um dos distritos de Juba. Dentro dele estão a sede da igreja, o escritório de ajuda humanitária, a clínica médica, a igreja, a escola primária, a pousada e as casas para administradores e chefes de departamento daquela região. Os meses de janeiro a março são os mais quentes do ano por lá. As temperaturas podem atingir até 41 °C. A eletricidade na cidade é alimentada por gerador. Como nosso escritório principal possuía apenas um gerador, a eletricidade era limitada ao horário comercial, das 9h às 13h, das 14h às 17h30 e das 19h à meia-noite.
A casa de hóspedes estava inacabada, e fomos alojados em uma van de 6 metros, que era propriedade do ministério de ajuda humanitária. A van tinha uma janela minúscula e acomodava apenas uma cama, uma mesa e um armário. Depois de um mês e meio, mudamos para a casa de hóspedes, cuja construção havia sido concluída. Foi um desafio ficar sem ar-condicionado depois da meia-noite. Assim, tínhamos que abrir as janelas para que o ar pudesse circular no quarto. Harville e eu tivemos crises de malária que nos deixaram terrivelmente doentes. Finalmente, depois de vários meses, recebemos uma casa confortável para morar.
Certa noite, fui acordada pelo som de tiros. Fiquei com medo de que fosse o início de outra guerra civil. Os tiros que ouvi acabaram sendo uma ocorrência “normal” noturna. Por fim, nos acostumamos. Apesar dos perigos que nos rodeavam, eu não tinha medo, porque Deus “é o meu refúgio e a minha fortaleza”. Hoje, Ele também é o seu refúgio e a sua fortaleza.
Ellen Porteza Valenciano