Quinta-feira
29 de dezembro
A velha poltrona rosa
De Deus dependem a minha salvação e a minha glória; Ele é a minha forte rocha e o meu refúgio. Confie Nele em todo o tempo. Salmo 62:7, 8

No braço esquerdo da velha poltrona rosa, há um pequeno rasgo triangular no estofamento. A poltrona é limpa e confortável, mas é usada. Encontrei-a em uma loja de móveis usados, esperando para ser o tesouro de alguém. Como ler sentada na parte debaixo de uma beliche no quarto de descanso dos capelães é desconfortável, comprei a poltrona e a levei para o quarto. Nosso quarto é um dos quartos de descanso de residentes e estudantes de medicina. Escritas na parte detrás da poltrona, estão as palavras: “Esta poltrona pertence aos capelães. Fique à vontade para usá-la neste cômodo.”

Nosso hospital atende a traumas de nível um, e não é incomum que os nossos médicos sejam desafiados com situações difíceis. Quando comecei a usar o quarto de descanso, fiquei imaginando como eu poderia fazer amizade com os médicos que usavam os quartos próximos ao meu, mas eu raramente os via; na maior parte do tempo, eu só os ouvia. No meio da madrugada, eu era acordada com os alarmes chamando-os a todo tipo de emergência. Além de tentar voltar a dormir e ficar imaginando se eu também seria chamada, tudo o que eu sabia fazer era orar pelo médico que foi chamado. E se eu não conseguisse voltar a dormir, sentava-me na minha velha poltrona rosa e orava enquanto fazia tricô ou lia.

Certa manhã, trombei em uma médica enquanto saíamos, cada uma de seu quarto. Notando a velha poltrona rosa, ela disse: “Queria que meu quarto tivesse uma poltrona dessas.” Eu disse a ela que poderia usar a poltrona sempre que a porta estivesse aberta. Então segui meu caminho.

Meses depois, minha nova amiga e eu nos encontramos novamente no corredor. Ela confessou: “Tenho usado sua poltrona.” Também me disse que precisava de um lugar confortável para descansar enquanto esperava por resultados ou para pensar e orar. Ela me disse que havia até adormecido na minha poltrona, e que aquela velha poltrona rosa, com o rasgo triangular no braço esquerdo, “era como um santuário” para ela, e me agradeceu por compartilhá-la.

Naquele instante, entendi que Deus estava usando minha velha poltrona rosa como um “santuário” para pelo menos uma médica. Fiquei curiosa para saber o que mais Deus estava usando sem eu perceber.

Carol Hurley Turk