Nosso filho, Garrick, recebeu seu primeiro passaporte com apenas cinco semanas de vida. Quando meu marido, Larry, e eu tivemos que preencher as informações no cartão de aterrissagem dele, brincamos que sua profissão era: “criança”.
Apreciamos cada pequeno progresso de Garrick: falar, comer bananas, brincar na caixa de areia, pegar sapos, andar de triciclo. Estávamos ansiosos por essas mesmas coisas com nosso segundo bebê. Mas aí, Gillian nasceu com sérios problemas de saúde. Ela morreu quando tinha quatro meses de idade. Não poderíamos ter outro filho.
Lágrimas rolaram dos meus olhos quando uma mãe se sentou perto de mim na igreja com seu bebê gordinho e risonho. Gradativamente, fui aprendendo a lidar com a dor e a mudar as expectativas.
Três anos depois, eu já não sofria por não poder ter mais filhos, mas daí, Judy, mãe da Emily, a melhor amiga do Garrick, anunciou que estava grávida.
Mal consegui dizer que estava feliz por eles. Enquanto ela dirigiu sorrindo para a casa dela, eu voltava para casa com lágrimas nos olhos. Larry se virou para mim e perguntou o que estava acontecendo.
– É bom ter um filho, mas quando temos o segundo… – Parei de falar, em um misto de confusão e tristeza. Sofri durante toda a gestação de Judy. Emily ficou conosco quando Judy entrou em trabalho de parto, e Garrick ficou em êxtase quando soube que o pequeno Geoff tinha nascido. Eu tive que ir para o outro quarto chorar. A família deles era abençoada. A nossa não.
Mas, conforme os anos vão passando, tenho aprendido a ver as bênçãos em nossa vida – e também a abrir meu coração para recebê-las. Nós três coubemos juntos em uma canoa e descemos mais de 700 quilômetros pelo Rio Yukon. Muitas férias de verão do Garrick foram cheias de terra, cavando junto nas escavações arqueológicas do pai dele, porque, como uma família de três pessoas, conseguíamos pagar esse tipo de viagem. Também, como tínhamos somente um filho, ficava mais fácil escolher qual livro ler na hora de dormir.
Essas não eram as bênçãos que eu tinha imaginado, mas são as que nossa família recebeu. Quando meus olhos foram abertos para que as pudesse ver, e meu coração foi aberto para que eu pudesse agradecer, minha vida mudou.
{ Denise Dick Herr }