Meu marido, Larry, e eu esquiamos quase todos os dias naquele inverno. Colocávamos nossos esquis e subíamos as encostas que margeavam o lago atrás da nossa casa. Fazíamos uma corrida por entre as árvores e acelerávamos os deslizes pelo lago congelado. Ocasionalmente, nos fins de semana, íamos para as montanhas em busca de paisagens mais bonitas e de uma topografia mais desafiadora. Mas, numa manhã de domingo, decidimos explorar uma nova trilha. Alguns amigos nos deixariam no início de uma trilha e nós esquiaríamos até a cidade de Banff , onde nosso carro ficaria estacionado. 

Esquiamos num dia de sol e depois atravessamos áreas de sombra sob as árvores verdejantes, sempre atentos às poças de gelo do fim de inverno. Então, escorreguei, meus bastões balançaram e meus esquis derraparam para fora da pista. Caí de cara no chão, com os óculos de sol sobre a minha testa. Fiquei sem fôlego, deitada na trilha por alguns instantes. Fiquei com dor de cabeça, mas não quebrei nenhum osso. 

– Sua testa está sangrando – Larry falou. 

Ele tirou os óculos antirrefl exo e os entregou a mim, a fi m de que eu pudesse me ver neles. Minha testa estava cortada em dois lugares, logo acima das sobrancelhas. 

– Onde está o kit de primeiros socorros? Precisamos fazer um curativo e levá-la para a emergência. Acho que você vai precisar de pontos. 

Ele colocou dois curativos em minha testa e seguimos pela trilha, esquiando mais devagar e com mais cuidado. Fiquei várias horas aguardando atendimento no hospital e estava bastante irritada com a demora. Comecei a analisar as lesões das pessoas ao meu redor. Havia três estações de esqui nas proximidades e eu era a única pessoa que não estava sentindo dor por causa de um punho, braço ou perna quebrados. Ainda assim, aquela percepção não melhorou meu humor. Fiquei sentada, triste e com pena de mim mesma. 

Quando me chamaram, o médico retirou os curativos. De repente, a vida ficou muito melhor. Eu me senti quase feliz. Sim, o médico decidiu que não era necessário dar pontos, mas meu humor mudou principalmente porque minhas sobrancelhas não estavam presas. Meu rosto não estava fixo em uma expressão de tristeza perpétua. Eu podia sorrir. Percebi que um coração e um rosto alegres são bons remédios! 

Denise Dick Herr