A expressão “dois pesos e duas medidas”, frequentemente mencionada no contexto dos negócios e relacionamentos do dia a dia, atesta que as pessoas em geral estão muito distantes do princípio enunciado por Moisés no Antigo Testamento: “Usem balanças de pesos honestos, tanto para cereais quanto para líquidos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os tirei da terra do Egito” (Lv 19:36, NVI). O capítulo trata de leis que visavam proteger os direitos dos pobres, trabalhadores, surdos, cegos e estrangeiros. Nenhum privilégio concedido à nação justificaria o tratamento discriminatório. A missão salvadora de Deus incluía todos. Pessoas de qualquer origem deveriam ser amadas e acolhidas pelos israelitas a fim de que fossem atraídas ao verdadeiro Deus. Havia uma razão pela qual os israelitas deveriam ser honestos no trato com o semelhante: “Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Isso era tudo para um povo que desejavam fazer diferença e honrar o nome do Senhor que os havia libertado.
Os cristãos não podem se esquecer desse princípio. Se entre eles não puderem ser encontradas justiça e integridade, onde mais poderiam estar, considerando as condições atuais do mundo? Tempos mais tarde, Jesus ampliou o entendimento sobre o mandamento, acrescentando à ideia de justiça a generosidade em doar: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.”
Expressão comum no comércio oriental, “medida calcada, sacudida e transbordante” indicava que aquilo que fosse pesado ou medido deveria ser prensado, sacudido, de modo que transbordasse do recipiente para benefício de quem receberia. O retorno é garantido: “A medida que usarem também será usada para medir vocês.”
Normalmente, associamos esse princípio apenas às questões materiais. De fato, isso está incluído na imagem, especialmente se nos lembrarmos de que a verdadeira religião está relacionada ao cuidado para com os necessitados (Tg 1:27). Além de negociar, trocar, comprar e vender coisas, há virtudes e valores espirituais e fraternos que o filho de Deus pode compartilhar com justiça e generosidade.
Podemos dar reconhecimento aos que servem a Deus com fidelidade, ânimo a quem enfrenta dificuldades e lutas, inspiração aos que vivem sob nossa influência, gratidão aos generosos. Não vamos economizar nisso.