Meu marido e eu estávamos voando do Brasil para o Paraguai. De repente, ouvimos alguns sons estranhos e o avião estremeceu quando uma das asas começou a quebrar. Orei intensamente e imaginei os anjos do Senhor segurando o avião – mas eu queria muito vê-los de verdade naquele momento! Após a aterrissagem segura, o diretor da companhia aérea nos ofereceu uma carona em um táxi privado. Depois que o diretor chegou ao seu destino, o motorista seguiu conosco.
Naquela noite, paramos em um restaurante. Ao entrarmos, passamos por alguns fazendeiros, que tinham armas e violões e estavam sentados no chão, cantando. Fomos encaminhados a uma mesa. Dei uma olhada em todo o restaurante. Num canto, havia um bar onde um boiadeiro estava de pé, encarando-me ousadamente.
Eu me senti imediatamente desconfortável. Uma segunda olhada rápida confirmou que ele continuava me olhando com insistência.
– Por que ele está me olhando assim? – perguntei ao meu marido.
– Apenas não olhe para trás – ele aconselhou. – Ou ele vai pensar que você está interessada nele. Daí, ele pode atirar em mim e levá-la embora.
Senti um calafrio e abaixei a cabeça, começando a contar os quadrados vermelhos na toalha de mesa xadrez vermelha e branca. Uma garçonete nos trouxe a refeição, que incluía frango assado, arroz e feijão. O motorista estava morrendo de fome. Nada de conversas! Ele estava muito ocupado devorando sua comida. Na verdade, ele chupou os ossos do frango e os jogou na toalha da mesa (para meu desgosto e choque).
– Isso é normal? – perguntei discretamente ao meu marido.
– Não conheço a cultura dele – foi a resposta que ele deu.
A essa altura, ainda cercada por caubóis e armas, minha imaginação estava à flor da pele, pensando no pior cenário possível. Por favor, Deus, protege-nos! Ajuda-me a me acalmar. Quando terminamos de comer, fomos para o carro.
– Ai, não! Não é possível! – eu ofegava. – Quem tirou as rodas do nosso carro?
Segurei firmemente a mão do meu marido.
– Eles vão nos matar!
Mas logo alguns homens apareceram, carregando as mesmas rodas que haviam acabado de roubar, e as venderam de volta para o motorista. Ficamos felizes em ir embora! Obrigada, Senhor, porque os santos anjos são reais!
Monique Lombart de Oliveira