Ontem, você viu a importância de diferenciar princípios éticos de aplicações morais e como ambos se complementam nos atos de Deus. Hoje, vamos falar sobre a proposta reiterada de atualizar a Bíblia, a qual para muitos seria quase uma tentativa de reescrever seu conteúdo para permitir condutas inaceitáveis.
Note que o verbo “atualizar”, em sua etimologia latina (actus+agere), refere-se ao impulso (agere) de movimentar um ato (actus) que estava inativo. Ou seja, atualizar era quase sinônimo de “voltar às origens”.
Contudo, a semântica agregou ao termo a ideia de fazer modificações, introduzir acréscimos, entre outros significados. Isso é evidenciado na proposta exagerada de adaptar a Bíblia, como se fosse necessário reescrevê-la para que tivesse relevância em nossos dias. No entanto, nada estaria mais distante do modo como Cristo e os apóstolos lidaram com as Escrituras.
Note que 1.400 anos separam Moisés de Jesus e Paulo. Porém, nenhum deles sentiu a necessidade de atualizar a lei. Pelo contrário, se houve atualização, foi para torná-la ainda mais radical. Jesus equiparou, por exemplo, o insulto ao assassinato, e a lascívia ao adultério.
O Senhor, de fato, impediu o apedrejamento da mulher adúltera, mas não atualizou a lei afirmando que ela poderia continuar como estava. Suas últimas palavras na ocasião foram: “Vá e não peque mais” (Jo 8:11). Ele mesmo disse que não veio anular a lei, mas cumpri-la (Mt 5:17).
O apóstolo Paulo, por sua vez, declarou que a letra mata e o espírito vivifica (2Co 3:6), mas também disse que o mandamento é santo, justo e bom (Rm 7:12). Isso sem contar que alertou sobre a ira de Deus que se revelava contra aqueles que advogavam práticas sexuais ilícitas (Rm 1:18-32).
Se a lei pudesse ser atualizada, não haveria necessidade de Cristo ter morrido por nós; bastaria adequar a sentença do Éden: “Certamente não morrerás.” No entanto, quem fez essa alteração foi a serpente, e não Deus.
Muitos não querem lutar contra o pecado, mas, sim, “resolvê-lo” com vícios que adormecem a consciência. Precisamos de mensagens que acalmem os aflitos, mas também sacudam os acomodados. Quando o liberalismo entra nas igrejas, a justiça de Cristo se retira pela porta dos fundos.