Nunca fui muito popular na escola. Um episódio, em especial, tornou isso ainda mais claro. Quando eu estava cursando o 9o ano do ensino fundamental, houve em cada turma a semana da cortesia. Cada aluno escreveria mensagens para os colegas. Seriam mensagens de elogio, admiração, conforto, incentivo. O objetivo era estimular nos alunos o desejo de ajudar alguém próximo com uma mensagem oportuna.
A cada manhã, o pessoal traria seus bilhetinhos bem escritos e dobrados e os depositaria em uma caixa sobre a mesa do professor. As mensagens seriam entregues somente na sexta-feira. Assim, um certo ar de competição se instalou. Quem receberia o maior número de bilhetes? Quem seria o mais lembrado?
O que eu não tinha de popularidade achava que tinha de esperteza. Logo formulei um plano: “Eu não sou popular, então não vou receber muitas mensagens dos meus colegas. Mas, e se eu escrevesse algumas mensagens anônimas para mim mesmo?” Parecia perfeito! Voltei para casa no fim das aulas e passei a tarde preparando bonitos cartões para mim mesmo. Escrevi 20 ao todo.
Na sexta-feira, um momento foi reservado para a entrega dos bilhetes. Eu ficava ansioso toda vez que alguém se dirigia até minha carteira e dizia: “Cândido, mensagem para você!” Era uma sensação muito gostosa que eu experimentava somente até perceber que já conhecia aquela letra. No fim da distribuição, eu tinha em mãos 21 bilhetes: os 20 que eu mesmo havia escrito e um da professora. Sim, ela escreveu para todos os alunos. Não me recordo se fui o campeão de mensagens daquele dia, só sei que voltei para casa triste. Tudo que tinha nas mãos eram mensagens de mentira.
É preciso coragem para encarar quem somos de verdade. O mais fácil é seguir pela vida levados pelas mentiras que contamos a nós mesmos ou embalados pelas opiniões superficiais de pessoas à nossa volta que não estão comprometidas com o nosso desenvolvimento e a nossa salvação. Aceita um conselho? Rasgue seus bilhetes e ouça o que Deus diz a seu respeito. Ele conhece você e quer ver você feliz de verdade.