No livro de Oseias, podemos ver o amor de Deus sendo representado pelo marido dedicado e perdoador que não mede esforços nem sente constrangimento em buscar manter consigo a esposa adúltera, que simboliza a conduta de Israel (Os 2:14-23). Também vemos o fluir abundante do amor divino na figura dos pais que, apesar de toda rebeldia manifestada pelo filho, não desistem dele nem o rejeitam (Os 11:1-4, 8, 9). Outras representações no livro, também ricas em significado, são empregadas para denunciar o comportamento idólatra do povo de Deus. São metáforas que evidenciam os terríveis resultados de alguém escolher se afastar do Senhor.
Assim, vemos a terra de luto por causa da transgressão do povo (Os 4:3); a semeadura de ventos que frutificam tempestades, a ausência de colheita ou a usurpação dela por estrangeiros (Os 8:7); e a destruição nacional, à semelhança da neblina que se esvai, do orvalho que seca com o nascer do sol ou da fumaça perdida de vista depois de sair pela chaminé (Os 13:3). Há outros simbolismos, todos relacionados ao triste fruto do pecado contra Deus e ao Seu amor paciente, insistente, misericordioso e inalterável. Ele não deseja a destruição de nenhum de Seus filhos. Por amor, anuncia as consequências da desobediência a fim de livrá-los; por amor, as permite, caso não Lhe deem ouvidos. Castigos e repreensões oferecem aos filhos de Deus, em todo tempo e lugar, oportunidade para reflexão e aperfeiçoamento espiritual.
Anunciado o juízo tão amargo “como erva venenosa nos sulcos dos campos” (Os 10:4), e o pranto pelo bezerro de ouro diante do qual se curvavam (v. 5), Deus continuava a manifestar Seu amor e Sua misericórdia. Era a última chance para que buscassem o Senhor, antes da destruição diante dos assírios.
Caso mudassem a maneira de pensar e agir em relação a Deus, receberiam a salvação como chuvas torrenciais. O terreno do coração deveria ser preparado, ou seja, tornado maleável, isento de ervas daninhas. A lição ainda é atual, considerando que vivemos numa época em que, independentemente das formas, não nos faltam ídolos lutando ou sendo utilizados para nos seduzir. Lembrando que fazemos um ídolo de tudo o que se interpõe entre nós e Deus, o apelo do Senhor ainda é o mesmo. É tempo de preparar nosso coração para recebê-Lo na proporção de Sua infinita misericórdia e na medida em que O buscarmos.