Era agosto, e voltávamos para casa depois de um fim de semana na Flórida. O calor era tremendo e a umidade no ar também. Eu (Júlio) temia não só o cansaço e a noite; temia a chuva que ameaçava cair. Perto do pôr do sol, porém, o temporal desabou. A visibilidade era mínima. Reduzi a velocidade, mas não parei. No banco do carona, meu amigo espanhol, antes distraído e sonolento, estava agora a ponto de ter um ataque. “Melhor parar, não acha?”, disse-me apreensivo. Para mim, essa não era a melhor decisão em um declive, com baixa visibilidade e enormes caminhões trafegando a 80 km por hora, sob chuva. Ainda assim, saí da pista e parei. No banco de trás, minha esposa e meus filhos. Quanto tempo aquela chuva implacável duraria? Não dava para saber.
Um escritor espanhol chamado Fernán Pérez de Oliva escreveu: “Quem é do Céu, em que outro lugar pode estar bem?” Teria ele razão? É estranho pensar que nascemos em um lugar ao qual não pertencemos de fato, não é? Meu amigo europeu jamais tinha visto uma chuva tropical. Eu sim. Ele não sabia o que esperar. Eu, porém, sabia, por experiência própria. No entanto, saber o que está acontecendo não tira o medo do que pode vir. O coração humano é o único mar bravio no Universo que se agita à revelia de Deus. Por isso, o Senhor “precisa” de sua permissão para acalmá-lo. Diante de um futuro incerto, ajuda saber que Deus não nos abandonou à própria sorte. Ser cristão é ser de outro mundo; e quem é da pátria celestial não estranha chuva tropical. Passa pelo vale das sombras sem perder de vista o brilho do Céu.
Naquele dia, no norte da Flórida, Deus respondeu à nossa oração aflita. Voltamos para a estrada e seguimos em frente. Ainda chovia forte. Só depois de algum tempo é que a água diminuiu e a visibilidade aumentou. Horas mais tarde, cansados e tensos, chegamos ao nosso destino, sãos e salvos.
Querido leitor, haja o que houver, confie, não se desespere. Muito em breve, chegaremos em casa, e nosso Pai estará esperando, com um sorriso, para nos receber. Tenho certeza de que dirá: “Filho, obrigado por Me deixar segurar o volante com você. Tudo vai ficar bem. A tormenta já passou.” Eu quero muito que esse dia chegue logo. E você?