Até mesmo as pessoas mais altruístas já ficaram surpresas ao perceber que estavam colocando seus desejos à frente de necessidades básicas de outras pessoas. De fato, todo indivíduo tem carências que precisam ser supridas; mas, quando penso a respeito desse assunto, eu me sinto culpada por certas “coisinhas”.
Você já orou a Deus pedindo por “coisinhas”? Já teve o desejo de que Ele passasse suas demandas à frente na fila de “pedidos urgentes”, ainda que o objeto de tal urgência fosse algo como uma vaga para estacionar, a chuva que não deve cair quando você estiver voltando para casa ou saindo do cabelereiro, ou até mesmo a respeito de uma roupa nova para ir a um evento? Dependendo do contexto, pedidos como esses são, realmente, muito importantes, porém, em certas ocasiões, são superficiais, meros caprichos.
É possível que você tenha tudo de que precisa e, ainda assim, queira conquistar mais. Por outro lado, pode ser que você tenha desejos que ainda não se realizaram, mas, no fundo de seu coração, sabe que essa “falta” é o melhor para sua vida. Finalmente, a ansiedade pode levar você a agir de forma a “abreviar” o tempo de Deus, que sempre será o tempo certo.
Seria egoísmo pedir a Deus por “coisinhas”, enquanto outras pessoas enfrentam situações graves como doenças terminais, traição, abuso, violência, depressão, dentre tantas outras? Além disso, temos nós largado pelos cantos os “mimos” concedidos por Deus em resposta aos nossos pedidos, assim como uma criança que, ao ganhar um brinquedo que pediu a seu pai amoroso, o abandona esquecido em algum canto da casa?
Como um pai sábio que, dentro do possível, presenteia seu filho para vê-lo feliz, desde que isso não comprometa sua educação, Deus Se alegra em nos conceder dádivas que tornarão o fardo de nossa vida mais leve aqui, caso elas não atrapalhem nossa jornada à Canaã celestial.
Confesso que hoje ainda oro pedindo por coisinhas. No entanto, peço também a Deus que abra meus olhos e, dessa forma, eu possa reconhecê-las e ser grata, sejam elas concedidas ou não. O “sim” para mim pode significar o “não” para outra pessoa. O contrário também pode acontecer. Seja qual for o desfecho, Deus continuará sendo bom.
Bruna Cornieri