Terça-feira
06 de agosto
Comida de formiga
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Mateus 6:11 (ARA)

Com as primeiras chuvas da primavera, milhares de formigas saúvas saem em revoada. As fêmeas, ou içás, com dois centímetros e meio, são bem maiores que os machos, conhecidos como bitus. Após o acasalamento em pleno voo, o macho morre e a içá pousa. Esse cruzamento serve para a vida toda, pois ela tem um depósito onde guarda o sêmen dele. Nos 15 ou 20 anos seguintes, os ovos serão fertilizados sem ele.

Quando caem em uma rodovia, são atropeladas aos montes. Gordas, como a ponta de um dedo mínimo, são um petisco para os pássaros, que fazem a festa. Ao cair, a içá traciona uma asa de cada vez e com o auxílio de uma das patas, arranca-as. Não dá para saber se ela sente dor, pois faz isso com a maior naturalidade.

Andando de um lado para o outro, inquieta, procura o melhor lugar para cavar. Uma vez coloquei algumas em um terrário, mas elas rejeitaram a minha oferta. Após cavar um túnel, ela dá início ao novo formigueiro do qual será rainha. Ao mesmo tempo em que põe milhares de ovos, a içá guarda em um canto da cova um pedaço de fungo de sua antiga colônia, trazido em um cantinho da boca. Esse fungo é a semente para iniciar a provisão de alimento do futuro formigueiro.

Enquanto não há fungo suficiente, todos se alimentam dos ovos inférteis. Ao mesmo tempo, as formigas acumulam folhas e restos em panelas especiais. As ceifadoras, as menores formigas do sauveiro, recebem as folhas, fazem a seleção e o trabalho de repicagem. Os fungos cultivados na horta do sauveiro são o único alimento delas.

Mas nem sempre os fungos são amigos. Há um tipo que é inimigo das saúvas, matando-as por infecção. Depois que se instala vai crescendo devagar, até cobrir o corpo do inseto. Paralisada, a formiga morre. Então, um talo de 10 centímetros cresce atrás de seu pescoço. Nesse caso, o que poderia ser alimento vira veneno.

Na Oração do Senhor, Jesus lembra que devemos orar apenas pelo pão de cada dia. Com isso, Ele nos ensina a confiar no Pai que está no Céu, que nos dá alimento e todas as demais bênçãos. Jesus também disse: “O pão nosso de cada dia.” Atualmente, milhares de pessoas morrem de fome, mas não é por falta de comida.
O que há é uma péssima distribuição de recursos. Uma minoria retém a maior parte do bolo, deixando para a maioria apenas as migalhas. Quem confia não acumula, reparte. E quem reparte recebe mais ainda.